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mudar para quê?

10 Setembro, 2010
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Eu entendo o que a Helena Matos quer dizer aqui sobre o PSD, mas não creio que a conflitualidade interna do partido chegue para explicar as sucessivas derrotas eleitorais e o crescimento do PS. Sá Carneiro e Cavaco Silva chegaram ao poder com o partido em guerra civil, e não foi por esse motivo que os portugueses deixaram de confiar neles. O que se passa é que Sá Carneiro e Cavaco tinham projectos claros para o país, que os diferenciavam do que era, ao tempo, o Partido Socialista. Hoje, nada distingue, no essencial, o PSD do PS. De resto, se atendermos à evolucão das sondagens, quando Passos Coelho esteve melhor foi quando criticou o modelo político actual e anunciou que faria diferente. Comecou (e continuará) a cair a partir do momento em que viabilizou as políticas do governo e se acobardou com o ataque inteligente que José Sócrates lhes fez dizendo que Passos poria em causa o Estado Social, como se isso fosse crime de lesa-pátria. Ora, se o PSD de Coelho quer, como quer o governo de Sócrates, defender o actual modelo social e político, e se, ainda por cima, viabiliza o governo e as suas políticas, porque razão hão-de os portugueses mudar de voto?

42 comentários leave one →
  1. Arnaldo Madureira permalink
    10 Setembro, 2010 14:32

    1 – O PSD perde votos porque parece aos eleitores que está a pôr em causa o Estado Social. Não porque pôr em causa o Estado Social pareça um crime de lesa-pátria.

    2 – De qualquer modo o que o PSD propõe é que o Estado continue a garantir sistemas públicos de saúde e educação que cubram todo o território e toda a população, gratutitos para quem não pode pagar os serviços e (esta é a novidade) não gratuitos para quem pode pagar os serviços. Para estes, equivale a um aumento de impostos.

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  2. 10 Setembro, 2010 15:01

    Hoje, nada distingue? Nunca o PSD e o PS, desde o inicio do século XXI, estiveram tão ideologicamente separados. E é essa separação, nomeadamente na função a dar ao Estado, que derrota o PSD nas sondagens – o eleitorado vai nas conversas demagógicas da Esquerda.

    Com cerca de 20% de extrema-esquerda no Parlamento, sindicatos marxistas, estamos à espera do quê? Todos os candidatos presidenciais de esquerda, os únicos que se encontram já em “campanha”, caracterizam as ideias do PSD como “atentados ao Estado Social”. Alguns, descaradamente, vão mais longe, como o célebre “atentado à Democracia”.

    O eleitorado só tomará consciência quando o garrote estiver apertado – não falta muito.

    O erro político do PSD, e aqui entra Passos Coelho, foi lançar a ideia da revisão constitucional sem primeiro consultar todos os “barões” do partido. Uma ideia dessa natureza, tão profunda e complexa nas alterações e soluções que pretende atingir, necessita obrigatoriamente de uma política de comunicação em uníssono: o PSD, o partido, está de acordo com a revisão constitucional. Tal não aconteceu. O que passou cá para fora foi que Passos Coelho “esticou-se”, entrou em águas pantanosas, passe a expressão.

    A consequência está aí. Está na frente um partido que nega a realidade: constrói uma nova, obviamente falsa.

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  3. 10 Setembro, 2010 15:11

    Sucinta e irrebatível conclusão !, neste post de Rui A.

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  4. Fernando S permalink
    10 Setembro, 2010 15:12

    Por em causa o “Estado Social” não faz agora nenhum sentido. Mesmo de um ponto de vista “liberal”.
    Mesmo um “liberal” tem de partir de um dado objectivo : os portugueses não são doutrinalmente “liberais”, querem um Estado que lhes de alguma segurança, na saude, na educação dos filhos, no emprego, no desemprego, na velhice, etc.
    Propor uma alternativa politica que não tenha em conta esta pretenção dos cidadãos e, sobretudo, dos eleitores é prescindir de qualquer possibilidade de chegar ao poder e de reformar o actual “Estado Social”.
    O que os eleitores podem eventualmente aceitar como projecto politico alternativo ao do PS não é um que mostre a intenção de acabar com o “Estado Social” mas sim um que proponha reformas de fundo no “Estado Social”.
    Não é verdade que neste aspecto nada distinga o PSD do PS. Apesar de, como em qualquer grande partido de poder, existirem diferentes sensibilidades internas, o PSD tem uma visão sobre o papel do Estado que, mesmo não sendo fundamentalmente diferente da do PS (e os portugueses não querem uma que o seja), tem muitas diferenças. O PSD, talvez até mais agora com a liderança de Pedro Passos Coelho, tem propostas para a reforma do “Estado Social” diferentes e, sobretudo, bem mais ousadas do que o PS.
    A dificuldade para o PSD e para o seu lider actual esta precisamente em conseguir convencer os eleitores portugueses de que é necessario e possivel reformar o actual modelo de “Estado Social” sem por em causa o principio mesmo da existencia de um “Estado Social”, seja ele qual for.
    As sondagens recentes mostram bem esta dificuldade.

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  5. Carlos Dias permalink
    10 Setembro, 2010 15:14

    Mudar para quê?

    Isso é uma resposta que o FMI vai dar quando chegar à Portela (mais cedo ou mais tarde).

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  6. Francisco Colaço permalink
    10 Setembro, 2010 15:17

    #5, Fernando S.,

    No fundo, diz-nos o que já sabemos: apenas um mentiroso acede ao poder. Terá de prometer o que de antemão e conscientemente sabe não poder cumprir.

    Creio que é um filme repetido desde…

    Enganas-me uma vez, vergonha tua; enganas-me a segunda, vergonha minha.

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  7. Fernando S permalink
    10 Setembro, 2010 15:34

    5. Francisco Colaço,

    Não sei se percebi bem … Não sugiro que o PSD prometa o que sabe não poder cumprir … Acho que o PSD deve dizer que não vai acabar com o “Estado Social” mas que o vai reformar, até para o salvar da falencia e para melhorar a eficiencia. Não é um exercicio facil mas é a unica via para poder mudar alguma coisa. Claro que se conseguir convencer os portugueses de que esta via é viavel tera depois de reformar verdadeiramente o sistema, sob pena de se desacreditar e falhar como real alternativa ao PS. O que também não sera facil, tera fortes oposições, provocara descontentamentos, e pode inclusivamente levar a perder as eleições seguintes.

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  8. Arnaldo Madureira permalink
    10 Setembro, 2010 15:40

    #2
    Já leu a proposta do PSD?

    #4
    Só os portugueses? Em que país não há estado social ou é menor do que o nosso?
    Quais são essas propostas ousadas, além das que referi em #1 ponto 2?

    #5
    Não pode cumprir o quê?

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  9. Arnaldo Madureira permalink
    10 Setembro, 2010 15:41

    #6
    Ah, isso é diferente. Reformar é uma coisa aceitável. Acabar com ele, não.

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  10. 10 Setembro, 2010 15:56

    O Povo Português está viciado em subsídios e em vida fácil. Tomem nota do peso brutal dos encostados:
    600 mil desempregados
    mais 100 mil que passam a vida a fazer formação da treta subsidiada
    mais 2 milhões de aposentados, um terço dos quais na faixa etária dos 50/60 anos, quase jovens ainda. Vão viver mais 30 anos à custa dos que trabalham.
    mais 650 mil funcionários públicos, dois terços dos quais de esquerda e extrema-esquerda.Portugal é o único país da Europa cujo eleitorado dá 20% dos votos a partidos da extrema-esquerda.
    Portugal não tem saída. Só pode empobrecer. Um empobrecimento merecido. Espero que os credores parem de comprar dívida pública portuguesa e se apercebam de que nos tornámos um povo de calaceiros viciados em dívidas.

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  11. Fernando S permalink
    10 Setembro, 2010 16:03

    7. Arnaldo Madureira,

    Escrevi em 4.:
    “O que os eleitores podem eventualmente aceitar como projecto politico alternativo ao do PS não é um que mostre a intenção de acabar com o “Estado Social” mas sim um que proponha reformas de fundo no “Estado Social”.”
    Claro que não se aplica apenas aos portugueses.

    “Quais são essas propostas ousadas,…”?
    Por sinal eu disse apenas “mais ousadas”, mas pouco importa.
    Por exemplo, para além de “serviços não gratuitos para quem pode pagar os serviços” (o que ja não seria pouco), capitalização no sistema de pensões, maior flexibilização do mercado de trabalho, etc. Se se avançasse por esta estrada ja seria bastante ousado !…

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  12. Francisco Colaço permalink
    10 Setembro, 2010 16:03

    #6, Fernando S,

    Estava a falar obviamente do José Socrates. Mas, com a rabbit season aberta desde Junho e a duck season (caça ao pato do Presidente) oficialmente aberta hoje, o PSD vai perorar no deserto.

    Como se combate o mentiroso? Não é dizendo a verdade, é expondo o mentiroso. Ninguém quer saber a verdade. Metade das pessoas nem sabe bem o que é isso do Estado Social, (mas se o Sócras (erro intencional) diz que o PSD quer acabar com as conquistas de Abril é porque deve ser alguma coisa séria).

    Denunciar o mentiroso é este: rasgar o acordo do PEC. Não é podir desculpa. O PS e o Governo estiveram-se nas tintas para a sua parte. É chamar com todos os dentes, clara e literalmente o Primeiro Ministro de aldrabão e o Partido Socialista de ter sido transformado por eles numa corja de larápios. Mas NESTES termos! Os portugueses sabem bem quem mentiu e como anda o país, aliás, graças às mentiras do José Sócrates. O caudilho que puder abrir a caça à raposa fox season vai receber a adesão da maior parte do país.

    Infelizmente, é necessário que o PSD fale a uma só voz, de cima para baixo, sem que o tio Martelo venha deitar àgua na fervura. Isso é que é tão possível como ouvir a verdade da boca de José Sócrates.

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  13. Anti Socialista permalink
    10 Setembro, 2010 16:09

    «1 – O PSD perde votos porque parece aos eleitores que está a pôr em causa o Estado Social. Não porque pôr em causa o Estado Social pareça um crime de lesa-pátria.

    2 – De qualquer modo o que o PSD propõe é que o Estado continue a garantir sistemas públicos de saúde e educação que cubram todo o território e toda a população, gratutitos para quem não pode pagar os serviços e (esta é a novidade) não gratuitos para quem pode pagar os serviços. Para estes, equivale a um aumento de impostos.»

    Óbvio. Portugal é um país maioritariamente de esquerda, e parte da nossa «direita» é social-democrata. Cavaco Silva teve duas maiorias absolutas, em parte porque na altura havia dinheiro para distribuir.

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  14. Arlindo da Costa permalink
    10 Setembro, 2010 16:12

    Isto só vai a ilegalização dos actuais partidos.

    Constituir um Governo de Salvação Nacional.

    Dissolver o Parlamento.

    Convocar uma Assembleia Constituinte.

    E daqui a dois anos, depois das coisas estarem na ordem e os criminosos na cadeia, devem ser realizadas eleições democráticas.

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  15. Anti Socialista permalink
    10 Setembro, 2010 16:15

    A implantação de qualquer projecto liberal no nosso país demorará muito tempo. Implica vencer eleições com medidas «sociais», garantir o segundo mandato, e aí então implementar medidas liberais. Nós não somos a Inglaterra ou os EUA. O socialismo minou a Justiça, a comunicação social ou a Universidade, de tal forma que até individualidades que eu conheço, de mérito reconhecido e currículo invejável, ficam inebriados quando recebem o convite para os eventos do Governo e do PS.

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  16. Fernando S permalink
    10 Setembro, 2010 16:26

    11. Francisco Colaço,

    Acho bem que se combata o PS e o governo Socrates.
    Mas “rasgar o acordo do PEC” significa uma crise politica e eleições antecipadas. Apenas faz sentido se existirem condições para que o PSD ganhe as proximas eleições e tenha uma maioria para governar.
    Por enquanto nada é menos certo.
    Infelizmente, como mostram as sondagens, não me parece adquirido que “[]os portugueses sabem bem quem mentiu e como anda o país, aliás, graças às mentiras do José Sócrates.”
    Também não estou convencido de que “[]o caudilho que puder abrir a caça à raposa fox season vai receber a adesão da maior parte do país.” De qualquer modo não vejo candidatos a “caudilhos” nem acredito que fosse uma real solução para os problemas do pais.

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  17. 10 Setembro, 2010 16:36

    Uma das coisas mais asquerosas praticadas por esta liderança do PSD, quer tacitamente antes de liderar quer agora que lidera, foi o amplo compromisso com ISTO que o socialismo rapinesco, volúvel e falsário representa: statu quo devorista patente no descontrolo da Despesa, apesar de toda a sociedade estar comprimida até ao chão.

    O compromissismo do PSD merece coça, seja nas sondagens seja no que for. Abaixo a República, viva o Rei!

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  18. Arnaldo Madureira permalink
    10 Setembro, 2010 17:12

    #9
    Isso é para ofender, 650000 funcionários públicos encostados? Professores, médicos, enfermeiros, polícias, juízes encostados?

    #12
    Mas que direita? A que não há, mas gostava que houvesse? Se é social democrata, não é direita. O que é a direita? É a que quer a saúde, a educação e a segurança social fora do Estado? Se é isso, diga-me onde há direita, porque não conheço qualquer país decente onde isso exista.

    #14
    Liberal? O que é isso? Está a referir-se às ideias liberais contra o Estado Social? Só isso é que é liberal? E o Partido Liberal inglês de Nick Clegg não é liberal? Vá ler o que ele pensa da educação pública e privada e do NHS. Está na internet e encontra facilmente. Acha que a Inglaterra tem menos Estado Social do que nós? Acha que as Universidades americanas não estão cheias de esquerdalhistas? Acha que a educação primária e secundária americana é menos pública do que a nossa?

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  19. Alexandre Carvalho da Silveira permalink
    10 Setembro, 2010 17:42

    No tempo de Sá Carneiro, e quando Cavaco Silva ganhou em 1985, o PS apesar de Mario Soares ter metido o socialismo na gaveta, continuava a ter uma matriz marxista: defendia a estatização da grande industria, da banca, dos media, e durante anos opos-se como nos lembramos às privatizações, e à iniciativa privada em muitos sectores da economia. De resto é esse PS que Manuel Alegre representa, e por isso tem como apoiante mais fervoroso o BE.
    Mas Guterres percebeu depois de 91 que com essas posições nunca mais ganhavam eleições legislativas, e os famintos militantes socialistas não metiam a mão no prato. Resolveu com o maior despudor ocupar o espaço politico do PSD dizendo com a sua conhecida lata, e cito palavras dele, que “as politicas do PS são parecidas com as do PSD, só que o PS executa-as melhor”. E assim ganhou as eleições de 95 levado ao colo pelo Emidio Rangel.
    Sócrates viu que a coisa resultava, e ganhou em 2005 prometendo tudo e mais alguma coisa, os 150 mil empregos que não dependiam dele etc.,dizendo que é de esquerda, mas sempre encostado aos bancos, aos donos dos media, e às grandes construtoras.
    PPCoelho não tem curriculo, nem pedalada nem pessoal para lutar contra isto. O Relvas e o Macedo não estão à altura das circunstancias. Ele apostou no apodrecimento do governo socretino, mas a coisa não lhe está a correr bem.
    Só no proximo ano, quando o FMI vier governar isto PCoelho, se não continuar a fazer grandes asneiras terá a sua chance. Até lá vai ter que esperar sentado.

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  20. Alexandre Carvalho da Silveira permalink
    10 Setembro, 2010 17:46

    #9 Ramiro Marques Embora pouco politicamente correcto, tem toda a razão nos numeros que cita. E enquanto 20% da população votar na estrema esquerda Portugal não tem chance de se desenvolver.

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  21. El Der permalink
    10 Setembro, 2010 17:47

    “dizendo que Passos poria em causa o Estado Social, como se isso fosse crime de lesa-pátria”

    Deduzo das suas palavras que, num governo que ajuda tanto a banca e alta finança deva financiar-se nos cortes aos poucos auxílios que dão aos pobres que têm fome, continuando a isentar de impostos operações como a venda da Vivo.
    Acabar com o Estado Social pode não ser um crime de lesa-pátria, mas que é um crime que mataria de autêntica fome uma boa percentagem da população portuguesa, não tenha dúvidas. Com “Estado Social” temos, mesmo assim, já mais de 20% da população no limiar da miséria.

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  22. Arnaldo Madureira permalink
    10 Setembro, 2010 17:54

    #21
    Tem muita sorte em ter professores que ensinam os seus filhos, médicos que os tratam e juízes e polícias que mantêm a lei e a ordem. Quer mesmo experimentar professores, médicos e polícias encostados? E reformar-se com a poupança que o seu banco desbaratou em produtos tóxicos?

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  23. Licas permalink
    10 Setembro, 2010 17:59

    Mesmo contrariando os passa culpas crónicos Tugas a ainda não realização da impressão do documento referente ao acórdão da sentença do caso Casa Pia, se * de facto *, se tratar de uma erro técnico – informático é da máxima urgência instaurar uma averiguação interna dirigida a esclarecer como a equipa encarregue :
    __1__Não cuidou da manutenção do equipamento incluindo o(s) programa(s) informático(s).
    __2__Essa manutenção não tenha incluído prévios testes * em branco * regulares,
    __3__O equipamento não tenha ido substituído dando-se o caso de natural desgaste originado pela sua sobre ocupação.
    ***
    Nestes items está directamente visada a equipe técnica encarregue deste trabalho e por conseguinte deve ser exemplarmente PUNIDA (mesmo, até, com a expulsão, dos Funcionários envolvidos. É o que nós todos esperamos, ou melhor, esperaríamos se não tivéssemos o azar de nascer neste País de Faz – de – Conta. (Portanto o ingénuo sou eu por protestar. . .)

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  24. Alexandre Carvalho da Silveira permalink
    10 Setembro, 2010 18:27

    #23 Madureira Quem é que está a falar de medicos, professores, policias e juizes? Acha mesmo que um país como Portugal precisa de quase 700 mil funcionarios publicos? É por haver tanta gente a pensar assim que isto chegou onde chegou. Mas acredite no que lhe digo: o governo não consegue controlar as contas do estado, e por isso depois das presidenciais vamos ter cá o FMI. Os sinais estão aí, só não os vê quem não quer.
    Portanto esses 50% dos portugueses que vivem do estado, funcionarios ou reformados, vão ver os seus rendimentos diminuidos, simplesmente porque não vai haver dinheiro para lhes pagar.
    O Estado e a os bancos portugueses já não se conseguem financiar em lado nenhum, daí a visita que o Teixeira dos Santos fez à China. Esses são os agiotas mor, são o ultimo recurso para quem não consegue arranjar dinheiro nos mercados financeiros. E os bancos há quase um ano que só conseguem dinheiro no BCE, com base nas medidas tomadas contra a crise. Quando esta teta secar vai ser o descalabro.

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  25. Anónimo permalink
    10 Setembro, 2010 18:31

    “… porque razão hão-de os portugueses mudar de voto?”
    Diría mais: e para quê ir, sequer, votar?

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  26. Arnaldo Madureira permalink
    10 Setembro, 2010 19:10

    #25

    Ver comentário #21, que apoia o #9, onde os 650000 fp são rotulados de encostados.

    Há muitas formas de reduzir a despesa, sem tratar mal os fp que trabalham. Já dei um exemplo do ME. Para quê tratar mal os professores, se se pode eliminar 1.000.000.000 euros de desperdícios nos SERVIÇOS GERAIS DE APOIO, ESTUDOS, COORDENAÇÃO E COOPERAÇÃO?

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  27. António Barreto permalink
    10 Setembro, 2010 20:32

    O PSD precisa de sintetizar as diferenças do seu projeto em três ou quatro pequenas frases e comunicá-lo com eficácia à população. Sem medo; o Povo tem que perceber o que está em jogo, sem equívocos; tem que ser confrontado com as consequências dos seus atos. Não há mais tempo para conversas redondas, cinzentismos, para o vamos a ver, o está quase, quase.

    O Povo quer governantes esclarecidos, decididos e corajosos. É o que Sócrates parece ser! É preciso concretizar; apresentar uma dúzia de medidas relevantes para iniciar o processo de inversão do descalabro económico em que nos encontramos – ou acabará o tão famigerado Estado Social -. Admiro a Paula Teixeira da Cruz e o Angelo Correia; sabem o que dizem e não têm medos.

    Caso contrário, concordo com o (#14) Arlindo, apesar de preferir um Governo de Unidade Nacional ao de Salvação Nacional. A Terceira República esgotou-se por falta de competência política.

    De qualquer forma, no contexto atual da UE, a autonomia de pequenos e pobres países como Portugal tenderá a desaparecer. Então, para quê um Governo? Foi nisto que pensou Mário Soares quando se decidiu pela adesão à CEE?

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  28. Euro2cent permalink
    10 Setembro, 2010 21:02

    > O Povo Português está viciado em subsídios e em vida fácil.

    E então as “elites” nem se fala.

    Chamem quando tirarem a “reforma” a um dos papa-reformas do regime …

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  29. 10 Setembro, 2010 21:05

    A autonomia na pobreza é porreiro para quem não é pobre.

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  30. Arnaldo Madureira permalink
    10 Setembro, 2010 21:30

    #28
    E tem a certeza que lhe desagrada a promiscuidade entre o Estado e os negócios?

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  31. Francisco Colaço permalink
    10 Setembro, 2010 23:22

    O José Sócrates está-se nas tintas para o Estado Social, conquanto este sirva de flâmula para manter o Estado Socialista.

    Já agora, a história dos 383 milhões de euros sempre teve desenvolvimento ou morreu no Oblivion?

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  32. JCA permalink
    11 Setembro, 2010 11:39

    .
    Espelhos ‘cheneses’:
    .
    -Andy Xie (ex-MorganStanley): a Industria Financeira é um ‘PARASITA GIGANTESCO não é precisa para nada.
    Enquanto quem faz Política não compreender que a Industria Financeira nunca mais é precisa para a Economia Real e que deve ser dramaticamente reduzida, o sector continuará a ser o GIGANTESCO PARASITA da ECONOMIA REAL

    http://www.businessinsider.com/andy-xie-the-world-doesnt-need-the-financial-industry-anymore-2010-9#ixzz0z7xfg7eS


    Quando começam a recrutar gente com este perfil que está fora dos Partidos e QUE HÁ EM PORTUGAL em vez de continuarem A PROIBIR Elite, Partidos, Politicos, Analistas e Governança ?
    .
    -Professores, Sindicatos e Politicos
    .
    Governor Christie Responds To Teacher During Town Hall

    .

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  33. lucklucky permalink
    11 Setembro, 2010 11:41

    “Andy Xie (ex-MorganStanley): a Industria Financeira é um ‘PARASITA GIGANTESCO não é precisa para nada.
    Enquanto quem faz Política não compreender que a Industria Financeira nunca mais é precisa para a Economia Real e que deve ser dramaticamente reduzida, o sector continuará a ser o GIGANTESCO PARASITA da ECONOMIA REAL”

    hahaha! Sem industria financeira acabou o Estado gigante e o Social…

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  34. JCA permalink
    11 Setembro, 2010 12:01

    .
    #34, Luck
    .
    Sem ECONOMIA REAL não sobrevive nem Estado gigante, nem Estado minimalista, nem Liberalismo, nem Conservadorismo Estatista Não-Marxista ou Socialista ou Democratico ou Comunista, nem Estado Social nem Estado anti-social. Sequer Industria Financeira se se deseja sustentada e segura. É apenas questão do Tempo que demora o ‘esbracejar’ e a jactancia, ciclo de queda que não agrada a ninguém nem traz alegria ou felicidade a alguém.
    .
    Sou defensor do Liberalismo Avançado com universalidade dos Direitos Civilizacionais intocáveis (Saúde, Educação, Pensões e Idade de Reforma aos 55 anos). O Liberalismo dos sec XIX e primeira metade do sec XX não é no sec XXI aplicavel ‘a papel quimico’. A Civilização Humana avançou. Os Direitos Civilizacionais irreversiveis que não são propriedade de nenhuma ideologia fizeram do Obscurantismo ‘junk’ (lixo). Teimar em atacà-los é convidar para ‘Volta Comunismo ou Totalitarismo, que estão desculpados’.
    .

    .

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  35. 11 Setembro, 2010 13:21

    Hospitais empresa com 1,4 MIL milhões de prejuízo.

    Dava para comprar mais 2 submarinos.
    Mas sabem que mais?
    Estes números não se reflectem nas contas públicas porque se trata de parcerias
    público-privadas.

    O que é que isto quer dizer?
    Que se os Hospitais dessem lucro(!!!!) ganhavam os privados. Como dão, naturalmente,
    prejuízo – o SNS não foi desenhado para ser um negócio, mas um serviço público – assume-o
    o público.
    Pagamos nós.
    Aliás nunca percebi a voragem do grupo Mello por estes negócios que nunca podem dar
    lucro. Se um Hospital desse lucro isso seria pura especulação com o Bem público mais
    precioso: a Saúde. Esse lucro só poderia ser consequência de erro de previsão e teria de
    imediato consequências, mal fosse apurado. Como, por exemplo, a abolição das taxas
    moderadoras e esse lucro teria que ser dissolvido no exercício seguinte.

    A Saúde Pública, tal como o Ensino ou a Justiça não são negócios: são Serviços prestados
    pelo Estado e têm, evidentemete, um custo.
    O que leva, pois, um empresa privada a investir na Saúde Pública????
    Algo que não é claro.

    A Empresa privada está a investir em algo que vai, obrigatoriamente, dar prejuízo.
    Só que esse prejuízo, embora pago pelo estado, não se reflete nas contas do estado!!!
    Simplesmente não aparece.
    É o contrário do saco azul: é um buraco negro.
    http://www.joaotilly.weblog.com.pt/arquivo/277474.html

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  36. JCA permalink
    11 Setembro, 2010 13:46

    #36,
    é simples: no mundo empresarial há uma franja que se diz ‘Capitalista’ mas foge da ECONOMIA REAL como ‘gato de brasas’.
    .
    Fala bem, mas e os mecanismos de ‘Capitalismo Selvagem’ com que estão a gerir isso ? Quanto custam ? Novos milionários sem investirem um tostão, o estado paga as despesas e o investimento todo ?
    .
    Cheque-Saude, Cheque-Educação e quem tem unhas é que toca viola: seja publico, privado, cooperativo, das religiões etc. Os nordicos e tal e tal, a Suecia aplicou-o e resolveu a Educação. Mas não interessa falar nisso, não é ?
    .
    O que está em causa é com os nossos Impostos pagar-se a universalidade da Saude e da Educação. Para isso servem, o resto são negocios particulares e pessoais sob a forma de ordenados-fornecimentos-construção etc, sejam nas redes Publicas ou não-Publicas.
    .
    Porque é que para garantir os Direitos Civilizacionais de gratuitidade da Saude e Educação é obrigatório ser tudo Estado ? Não há interesses pessoais e empresariais também ligados a isso ? Se não há, ERREI.
    .

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  37. 11 Setembro, 2010 14:04

    Bem-vindo ao comentário político!
    Atendendo a que o PS pela pessoa de José Sócrates, ocupou o espaço ideológico e político do PSD, torna-se pertinente perguntar “Mudar para quê?”, sobretudo se pensarmos que o português é conservador e partilha do ditado “mais vale um pássaro na mão do que dois a voar”.

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  38. JCA permalink
    11 Setembro, 2010 14:20

    #36,
    Com isto “FAZER DO SECTOR PUBLICO VERDADEIRAMENTE PUBLICO” apareceria lá quem nomeia mas também os ‘capitalistas selvagens’ da Educação e Saude, só para falar de vencimentos de 5.000 € limpos por mês de ordenado à pala do dito ‘Estado Social’, das ‘Escolas Publicas’ dos ‘Hospitais Publicos’ tudo a ‘caminho do socialismo’ …
    .
    .
    FAZER O SECTOR PUBLICO VERDADEIRAMENTE PUBLICO.
    .
    Depois de ser considerado TRANSPARENCIA publicar o Nome de quem deve ao Fisco e à Segurança Social, a Lista a quem o Estado deve, a violação generalizada do Estado à privacidade das contas bancárias dos Cidadãos, Empresas e Familias.
    .
    fica em falta passível de grave suspeita:
    .
    publicar por ordem decrescente a lista anual de quem recebe dos Impostos dos Portugueses: todos os Rendimentos dos Cidadãos que total ou parcialmente tenham beneficiado directamente nesse ano de dinheiro do Estado sob a forma de vencimentos ou indirectamente via subsídios, contratos, auditorias, pareceres ou qualquer outra seja em sob a forma de Empresas, Fundações, Empresas Publicas ou Autárquicas ou Participadas, Gabinetes ou outros quaisquer veículos:
    .
    é o que se passa por exemplo nos ‘malvados capitalistas imperialistas americanos’ que publicam os nomes e rendimentos de Empresários, Funcionários Públicos, Presidentes, Ministros, Juizes, Professores, Médicos, Advogados, Economistas, Gestores Públicos, Autarcas, ex-eleitos durante um certo prazo ou seja lá quem for:
    .
    .
    Making the public sector truly publi
    http://transparentnevada.com/salaries/all/?page=1#results
    .
    É suposto os candidatos a inclusão nessa Lista de Transparência nada terão contra porque são gente séria e honesta que nada tem a ocultar. Nada permite duvidar.
    .
    Qual o Partido que tem isto no seu Programa ? Quais os Politicos que avançam ? Quais o elegidos que querem FAZER um Sistema Publico VERDADEIRAMENTE Publico ? Não me digam que ninguém, então para não se contradizerem impõe-se a anulação da publicação de quaisquer outras listas bem como qualquer acesso a contas bancárias.
    .
    Quem tem medo ?
    .

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  39. Arnaldo Madureira permalink
    11 Setembro, 2010 20:14

    #37

    Defendo que o governo ofereça saúde e educação públicas, tendencialmente gratuitas, a todos, em estabelecimentos estatais ou privados; e que quem quiser possa optar por serviços privados não públicos (por isso, não pagos pelo governo).

    Em Portugal já há disto tudo.
    Educação
    Até ao secundário, 92% da despesa de educação é do governo e 8% é privada. No Superior é 70% do governo e 30% privado (correspondendo a 20%-25% dos alunos). 11% dos alunos do 1º, 2º e 3º ciclos estão em escolas privadas e o governo paga os estudos a um quarto destes alunos do 1º ciclo e a mais de metade dos do 2º e 3º ciclos. No secundário, 19% dos alunos estão em escolas privadas e o governo paga os estudos de mais de um quarto deles.
    Saúde
    30% da despesa de saúde é privada. 70% é do governo (sendo, uma parte deste serviço, realizado por clínicas privadas).

    Embora algum serviço público já seja feito por servidores privados, a opção não é totalmente livre. Só algumas pessoas podem optar e só alguns servidores privados estão neste sistema. Penso (e é o que tenho defendido na minha intervenção política) que a opção devia ser livre – concorrência verdadeira, em iguais condições de financiamento público, entre escolas e clínicas do governo e privadas.

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  40. 11 Setembro, 2010 23:54

    Do Portugal Profundo
    http://www.doportugalprofundo.blogspot.com/

    Passos Coelho e o complexo bancário-construtor

    O Dr. Pedro Passos Coelho foi eleito presidente do PSD em 27-3-2010.
    Estamos em 16-5-2010. Teve, por aqui, cinquenta dias de graça.

    A minha opinião sobre a sua candidatura e o que representava foi clara
    no período anterior à sua eleição e no acto da sua vitória: entendia
    que representava alguns interesses muito prejudiciais ao País e ao PSD
    e que a sua eleição seria, por isso, muito desastrosa, ainda mais pela
    época crítica que se atravessava. Mas o facto da sua eleição devia ser
    respeitado, com a concessão de um tempo de graça, um tempo de prova em
    que ele pudesse contrariar a minha análise e enfileirar uma linha
    justa ou perder-se sem remédio na teia que já o envolvia.

    Pedro Passos Coelho não contradisse a expectativa que eu tinha e
    expressei. Pelo contrário, agravou-a. Depois de um período inicial em
    que, distanciando-se da imagem de criado da profana eminência parda
    Ângelo Correia, mostrou prudência e sentido de Estado, nomeadamente na
    questão presidencial, e certa ousadia ideológica – em seguir a
    proposta de que, com excepção de doentes e inválidos, não deve haver
    prestação social sem trabalho social -, não demorou a ceder aos
    interesses económicos de bancos e construtoras. Não era uma
    inevitabilidade: após a eleição, Passos Coelho podia seguir um caminho
    próprio, passar a representar a vontade do PSD e a interpretar o
    desígnio nacional, renegando a imagem de testa di ferro* – de
    interesses económicos e que excedem, agora, muito o universo
    pardacento da Fomentinvest. A eminência parda é agora uma hidra com
    várias cabeças, muito mais poderosa.

    Tenho para mim, e para os leitores, que o acudir de Pedro Passos
    Coelho a José Sócrates, na véspera da quarta-feira negra, de pânico na
    dívida soberana de Portugal e de queda das bolsas, que redundou no
    pré-acordo de 28 de Abril de 2010, foi um movimento ditado pelos
    interesses económicos em questão. A bancarrota do Estado português, em
    7-5-2010, que aqui denunciei, e a submissão de Portugal a um regime de
    protectorado da UE-FMI, na cimeira europeia de 9-5-2010, consolidaram
    o entendimento. E foram esses mesmos interesses que se lhe impuseram
    no inédito pacto de governo da madrugada de 13-5-2010, em que, à parte
    os interesses que mamam, um partido chucha e o outro chora, e o
    obrigaram a «dar a mão» a José Sócrates. A maratona negocial entre os
    lugares-tenentes Fernando Teixeira dos Santos e António Nogueira
    Leite, que, segundo o Expresso (de 15-5-2010) foi concluído às 6:55 da
    manhã, que entretanto promete uma redução adicional do défice em 2011
    para 4,6% do PIB, foi motivada pela necessidade de enterrar o pacote
    da austeridade (o tal segundo Programa de Estabilidade e Crescimento,
    para substituir a irresponsabilidade do primeiro), debaixo da
    ubiquidade noticiosa da celebração papal de Fátima, no 13 de Maio de
    2010, esvanecendo a indignação imediata pela dureza das suas medidas.
    Com natureza de escorpião, o primeiro-ministro fez constar que era
    mais suave no plano fiscal, e mais preocupado com as pequenas e médias
    empresas, do que o PSD queria, quando, segundo o Expresso de
    15-5-2010, subiu, nesse acordo, a isenção de aumento do IRC para as
    empresas até dois milhões de euros de lucro; e mandou criticar o
    parceiro de acordo pelo facto de Passos Coelho ter pedido desculpa aos
    portugueses pelo apoio à austeridade e aumento dos impostos do Governo
    Sócrates!…

    A reunião de pré-acordo PS-PSD entre Sócrates e Passos Coelho, no
    fatídico 28-4-2010, quando o Estado se encontrava à beira da
    bancarrota (que aconteceu em 7-5-2010), decorreu na mesma manhã em em
    que o Governo socialista celebrou o contrato de concessão rodoviária
    do Pinhal Interior (variante do Troviscal e outras obras absolutamente
    urgentes e imprecindíveis) no valor de 1,244 mil milhões de euros (que
    fez crescer a dívida portuguesa em mais de cerca de 1% face ao Produto
    Interno Bruto-PIB) ao consórcio Mota-Engil/BES. Não acredito que essa
    concessão, que faz crescer a dívida portuguesa face ao PIB em cerca de
    1%, não tenha sido discutida, nem que Passos Coelho se tenha oposto
    veementemente a que tal sucedesse – se assim fosse, o líder do PSD
    expressaria a sua indignação específica com tal procedimento de má-fé
    negocial e denunciaria o pré-acordo logo nessa noite ou nos dias
    seguintes. Porém, nada li da indignação do líder do PSD com esse
    absurdo despesismo do Pinhal Interior na pré-eminência da bancarrota
    nacional, o que me leva a supor ter sido consentida essa concessão.
    Mais ainda, o Governo socialista celebrou o contrato de adjudicação do
    patético troço do TGV Caia-Poceirão em 8-5-2010, no valor de 1,494 mil
    milhões de euros ao consórcio liderado pela Brisa e Soares da Costa,
    que representa mais de 1% da dívida pública portuguesa face ao PIB, na
    mesma altura em que decorria em Bruxelas a reunião crítica em Bruxelas
    para impor a José Sócrates as medidas de austeridade a tomar por
    Portugal face à bancarrota do Estado português, que tinha ocorrido na
    véspera, medidas essas em contrapartida de uma linha caritativa de
    crédito adicional e do compromisso dos bancos centrais em comprar
    dívida portuguesa para evitar a subida exponencial dois juros… E
    também neste caso não vi o PSD a denunciar o acordo por má-fé
    socratina, o que me leva a crer que esta concessão tenha sido
    consentida, por mais que se disfarce. Como se vê, cerca de dois por
    cento de aumento de dívida face ao PIB consignados a obras públicas
    não urgentes e de escassa utilidade imediata, mais ou menos o que se
    pretende poupar no défice em dois anos à custa do bem-estar do povo,
    nos salários, pensões, subsídios e impostos – e não se diga que essa
    questão não se põe por causa da diluição dos encargos ao longo de
    dezenas de anos, pois a dívida aumenta, o serviço da dívida aumenta,
    os juros aumentam e a credibilidade financeira da República Portuguesa
    diminui. Em conclusão deste assunto, verifica-se também um pacto de
    grandes obras públicas entre Sócrates e Passos Coelho, em que metade
    desta despesa de cerca de 2% da dívida pública face ao PIB, é para a
    Mota-Engil/BES e outra metade para a Brisa, do Grupo José de Mello, e
    a Soares da Costa, da Investifino, que aumentam o endividamento do
    País e diminuem o bem-estar dos portugueses, sem que o povo se
    tranquilize quanto à solvência do Estado. E, estranhamente, Bloco de
    Esquerda e PC alinham nesse despesismo absurdo das grandes obras
    públicas, realizadas á custa do bem-estar do povo.

    Para os interesses económicos predominantes no País, Pedro Passos
    Coelho significa uma emulação fresca de José Sócrates e mais
    defensável. Não, por acaso, as sondagens começam a fazer um caminho
    inverso, numa tentativa sistémica de reciclagem ambiental do
    primeiro-ministro que tem o consenso geral, mesmo no PS – com a
    excepção do próprio Sócrates… Sócrates, que veio da Cova da Beira para
    a capital ainda agarrado aos conhecimentos regionais, evoluíu, depois
    de chegar ao Governo, para um entendimento trinitário, sem perder a
    tutela profana omnipresente, que se junta nas alturas mais críticas
    quando teme que o poder possa cair… no povo. A mesma tutela, e os
    interesses do mesmo género, têm confiança de que Passos Coelho seguirá
    a mesma política promíscua e de submissão áquilo que posso chamar, na
    acepção do general Eisenhower, o complexo bancário-construtor. O
    desperdício do dinheiro do Estado em investimentos faraónicos absurdos
    tornou-se um problema tão grave quanto o ócio socialista da
    subsidio-dependência.

    Nenhum líder da oposição ignora que a co-responsabilização por um
    programa de austeridade, de um governo mortalmente afectado pela
    corrupção, lhe é prejudicial e ao seu partido: o consolo dos eleitores
    socialistas pela atitude de Passos Coelho não traz um voto ao PSD.
    Pedro Passos Coelho poderia ter feito como Mariano Rajoy, que
    responsabilizou o Governo Zapatero pela situação dramática de Espanha
    e apresentou um plano alternativo ao plano de austeridade do Governo
    socialista, deixando ao Governo de José Sócrates a responsabilidade
    pela tragédia das finanças públicas e da economia nacional e pela
    decisão de um pacote de austeridade que aumenta a receita à custa do
    bem-estar do povo em vez de diminuir a despesa das obras públicas
    socraónicas. Não é do seu interesse eleitoral arrostar com a culpa e o
    contágio do socratismo.

    Nem é do interesse do País a aliança com José Sócrates. A decisão de
    Passos Coelho apoiar o pacote de austeridade de José Sócrates não se
    pode justificar com o patriotismo. A linha patriótica não consente
    qualquer aliança com este PS ou co-responsabilização do PSD pelo
    pacote de austeridade do Governo Sócrates. Por dois motivos: porque a
    substituição do Governo socialista e a sua responsabilização é uma
    necessidade da recuperação nacional e porque o pacote de austeridade,
    mais o que tem escondido, é nefasto para as finanças e a economia do
    País. A constituição do novo bloco central de Sócrates-Coelho prolonga
    a agonia do povo e penhora ainda mais o Estado à satisfação dos
    interesses de grupos bancários e de obras públicas.

    Por tudo isto, julgo que a liderança de Passos Coelho, e da sua
    direcção, está a ser um desastre para o PSD e o País. Portanto, deve
    ser criada no PSD uma alternativa justa, moderada, reformista e sem
    qualquer compromisso com o socratismo que se prepare, durante esta
    inevitável erosão do governo socialista e as elições presidenciais,
    para servir o País em representação do povo.

    Pós-Texto (23:45 de 17-5-2010): Beijos de Judas e o tango de Sócrates
    com Passos Coelho
    A alegada posição de Miguel Frasquilho, o economista do grupo Espírito
    Santo que faz parte da entourage de Passos Coelho, expressa no
    relatório «A Economia Portuguesa – Maio de 2010» da Espírito Santo
    Research, de elogio da «consolidação das contas públicas do Governo de
    José Sócrates» e onde, de acordo com o jornal, «assegura que Portugal
    não enfrenta riscos de liquidez, evoca o PEC para realçar os esforços
    do Governo para reduzir o défice das contas e reafirma a sua confiança
    no crescimento económico impulsionado pelas reformas estruturais» é
    mais outro ferroada de Sócrates a Passos Coelho, por intermédio da
    central governamental de informação, produtora dos tais conteúdos e
    veiculada pelos meios de confiança, neste caso o DN, de 17-5-2010.
    Beijos de Judas que culminam na frase assassina, e de muito mau gosto,
    de Sócrates que, hoje, no Foro ABC, em Madrid , revelou Passos Coelho
    como seu parceiro de… tango (i, de 17-5-2010):
    «Como se diz em espanhol [sic] para dançar o tango são precisos dois.
    Durante muitos meses não tinha parceiro para dançar. Felizmente houve
    uma mudança na oposição. Tem agora um líder que olha para a situação
    com responsabilidade e patriotismo».
    Sócrates é um dançarino que morde depois de beijar. E Passos Coelho
    não recuperará desta ferida.

    * A expressão «testa di ferro» terá origem no elmo fechado (e no
    serviço de Felipe II de Espanha…) de Emanuel Felisberto de Sabóia
    (1528-1580), que, após a morte de D. Sebastião, no desastre de Alcácer
    Quibir, em 4 de Agosto de 1578, foi pretendente ao trono de Portugal
    por ser filho da infanta Beatriz de Portugal, segunda filha de D.
    Manuel I e de D. Maria de Aragão, e cunhada do imperador Carlos V.

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  41. Licas permalink
    13 Setembro, 2010 00:50

    #39 _____Aplaudo a publicação dos rendimentos declarados de todos (e só) que compartilhem dos dinheiros públicos : funcionários, políticos, autarcas, Empresas com contratos do Estado, etc.
    Para haver a necessária confiança dos Empresários Privados estes devem de estar ISENTOS DESTA OBRIGAÇÂO (digo eu, que sou um ignorante).

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