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Hipocrisia ou ignorância crassa?

2 Outubro, 2010
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Vasco Pulido Valente retrata hoje no Público o que foi a I República, a qual “justifica” o gasto de mais de uma dezena de milhões nas comemorações do seu centenário (bolds meus):

(…) Não admira que a República nunca se tenha conseguido consolidar. De facto, nunca chegou a ser um regime. Era um “estado de coisas”, regulamente interrompido por golpes militares, insurreições de massa e uma verdadeira guerra civil. Em pouco mais de 15 anos morreu muita gente: em combate, executada na praça pública pelo “povo” em fúria ou assassinada por quadrilhas partidárias, como em 1921 o primeiro-ministro António Granjo, pela quadrilha do “Dente de Ouro”. O número de presos políticos, que raramente ficou por menos de um milhar, subiu em alguns momentos a mais de 3.000. Como dizia Salazar, “simultânea ou sucessivamente” meio Portugal acabou por ir parar às democráticas cadeias da República, a maior parte das vezes sem saber porquê.

Em 2010, a questão é esta: como é possível pedir aos partidos de uma democracia liberal que festejem uma ditadura terrorista em que reinavam “carbonários” vigilantes de vário género e pêlo e a “formiga branca” do jacobinismo? Como é possível pedir a uma cultura política assente nos “direitos do homem e do cidadão” que preste homenagem oficial a uma cultura política que perseguia sem escrúpulos uma vasta e indeterminada multidão de “suspeitos” (anarquistas, anarco-sindicalistas, monárquicos, moderados e por aí fora)? Como é possível ao Estado da tolerância e da aceitação do “outro” mostrar agora o seu respeito por uma ideologia cuja essência era a erradicação do catolicismo? E, principalmente, como é possível ignorar que a Monarquia, apesar da sua decadência e da sua inoperância, fora um regime bem mais livre e legalista do que a grosseira cópia do pior radicalismo francês, que o 5 de Outubro trouxe a Portugal?

 

Um país com Instituições dignas e um pingo de decência e de vergonha, não gastaria um cêntimo a comemorar a fantochada da I República. Mas estamos num país insane cujos dirigentes perderam há muito qualquer réstea de bom senso.

23 comentários leave one →
  1. socialista vaselinado permalink
    2 Outubro, 2010 13:34

    Ora ora vamos ao fundo de qualquer maneira..mais vale gastar..um morto não gasta e nao estamos quase zombies..como estes..embora de forma diferente..mas tecnicamente é o mesmo…
    http://gulfnews.com/business/economy/ireland-in-crisis-1.689847?localLinksEnabled=false&utm_source=Feeds&utm_medium=RSS&utm_term=Business_RSS_feed&utm_content=1.689847&utm_campaign=Ireland_in_crisis

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  2. socialista vaselinado permalink
    2 Outubro, 2010 13:34

    Digo..nós…

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  3. piscoiso permalink
    2 Outubro, 2010 14:07

    Apesar do respeito pela História,
    não sou muito de comemorações
    como se andássemos a nadar em milhões.

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  4. 2 Outubro, 2010 14:10

    Quem do país apenas conhece o ângulo possível a partir da sua mesa do Gambrinus, diz coisas estranhas… Um dia, o Dr. Vasco até “descobriu” que, de Lisboa à Ota, eram 3 horas de viagem… Ora, se não acreditarmos no mito dos “brandos costumes”, facilmente concluímos que aquilo que se passou na República não foi diferente do que se passou a seguir a muitas outras revoluções e, exceptuando os golpes e contra-golpes, não é muito diferente do que se passa hoje. Para além disso, ficou uma mudança de regime, a separação da Igreja do Estado, tentativas de reformar a Educação. “Ah! Mas não passaram de tentativas!”. E agora?

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  5. Licas permalink
    2 Outubro, 2010 14:17

    . . . e agora tems ISTO . . .

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  6. Eleitor permalink
    2 Outubro, 2010 16:09

    Trinta e três,
    Antes de mais, eu consigo vislumbrar vantagens e desvantagens entre os regimes republicano e monárquico, pelo que não consigo decidir qual dos regimes será preferível. No entanto, olhando para a actual situação das monarquias europeias, sou capaz de pensar que resultaram melhor do que as repúblicas.
    Lá porque o VPV frequenta (estou a citá-lo) o Gambrinus isso não lhe tira razão. E se há pessoas em Portugal que são autoridades nesse período histórico, VPV inclui-se, seguramente, entre elas. Festejar a I República, pretendendo apresentá-la como o que ela não foi, é um embuste mas é só mais um entre muitos a que vimos a habituar-nos por parte do “socialismo” que todos os dias enche a boca com a “ética republicana” (seja lá o que isso for) mas que, tendo em vista o que se passa, deve querer dizer “coçar para dentro”. Vamos gastar milhões a comemorar um golpe de estado contra uma democracia, feito escassos meses após umas eleições livres. Golpe de estado esse que retirou o direito a voto a mulheres e a analfabetos e limitou, servindo-se de acções que hoje seriam apelidadas de terroristas, a liberdade de imprensa, a liberdade religiosa, a livre opinião. Finalmente, um golpe de estado que implantou um regime que levou o país à bancarrota e que originou uma ditadura (a mais prolongada na Europa). Não é grande motivo de orgulho, mas é uma boa ocasião para propaganda, para negócio e para fazer chegar umas massas aos amigos envolvidos nas celebrações.

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  7. Fincapé permalink
    2 Outubro, 2010 16:50

    Em toda a Europa as monarquias foram eliminadas pela democracia. Esta, a democracia, disse aos reizinhos: pronto, vocês ficam aí – primeiro, como relíquia, segundo, como atracção turística, terceiro, fazendo de contas que ainda são um símbolo. Esta última condição pressupunha que ela, a monarquia, não tivesse utilidade nenhuma. E assim se fez. Portugal fez de maneira diferente. Pegou nessa inutilidade (na altura mais perniciosa do que inútil) e eliminou-a. Depois, não conseguiu transformar a República num regime tão decente como os seus genes o indicavam. É que isto de uma “pessoa” ter bons genes nem sempre significa que será uma criatura decente. No entanto, os genes da República mantêm-se. Os da monarquia desintegraram-se por todo o lado, menos na Coreia do Norte, onde ainda há a monarquia absoluta. Pergunto: que interesse tem andarmos a discutir o sexo dos anjos? Não estou, obviamente, a retirar a grande pertinência do post. Já agora: li o artigo do Pulido Valente que me parece amargo como sempre, pouco conseguido e demonstrando algumas lacunas culturais, algumas já atrás referidas, como o não entendimento da génese das revoluções. Questão, aliás, referida num comentário anterior. E para ter esse entendimento, não é necessário ser mais do que um provinciano como eu.

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  8. A C da Silveira permalink
    2 Outubro, 2010 17:23

    Essa das Monarquias Constitucionais da Europa serem reliquias tem a sua graça. Provavelmente foi a estabilidade democratica que essas “reliquias” proporcionaram aos seus países que permitiu que TODOS os países mais evoluidos e ricos da Europa sejam Monarquias.
    Esta nossa Republica é agora, como na 1ª republica, propriedade da Maçonaria, que anda para aí com a boca cheia de “etica republicana” cujo modelo deve ser o estilo que Socrates imprimiu à sua actividade politica desde que faz parte dos governos do País: Cova da Beira, Freeport, licenciatura na Universidade Independente, etc., ou a de Manuel Alegre que se reformou no final dos anos 70 com um lugar vitalicio de deputado, porque para alem de fazer versos, nunca trabalhou na vida.
    Em vez de chamar a esta efemeride “Comemoração dos 100 anos da Republica”, chamar-lhe-ia antes “Comemoração dos 100 anos da Abolição da Monarquia”.
    Vasco Pulido Valente, tem toda a razão.

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  9. 2 Outubro, 2010 17:35

    Trinta e três,
    E importa não esquecer os crimes – sim, crimes! – da I República, em que avulta o envio para a frente de guerra de milhares de jovens impreparados para isso e que viriam a pagar com a vida a loucura dos mandantes republicanos.
    Este aspecto tem sido pouco lembrado – o VPV, por exemplo, não o refere no artigo de hoje -, mas constitui um dos episódios mais tristes de um dos mais negros períodos da História de Portugal (1910-1926).
    Fincapés e outros idiotas não conseguem tirar dos olhos as palas que a propaganda esquerdista lhes enfiou um dia. É deixá-los asnear à vontade…

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  10. Fincapé permalink
    2 Outubro, 2010 18:13

    A tua ignorância é tão profunda que confundes esquerda e direita com monarquia e República. E és também um insultador militante, tal a “força” que vês nos teus argumentos.

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  11. 2 Outubro, 2010 19:31

    Mete mas é a viola no saco, ó idiota! Tu é que estás agarrado a estereótipos. Não vês um palmo à frente do nariz e vens para aqui vomitar disparates. Vai-te f****!

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  12. 2 Outubro, 2010 19:32

    Ou, antes, vai apanhar onde apanham as galinhas, que parece ser o teu hábito.

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  13. 2 Outubro, 2010 19:54

    O artigo de opinião de VPV, apenas confirma a impressão que a comissão oficial para as comemorações deixou: o babado elogio da ilegalidade, o cair de joelhos perante a prepotência e a tirania dos golpes de mão. Conhecendo-se a filiação ideológica e partidária dos mentores dos textos e a oculta batuta do conhecido maestro desta orquestra de câmara mortuária, até os mais distraídos compreendem a razão do fascínio. Os postulados d’O Mundo, parecem anacronicamente retirados do jargão leninista, tão do agrado de quem escreve prosas e segue os princípios basilares que orientam a concepção das exposições e brochuras patentes a um público geralmente desinteressado. Nem sequer disfarçam, tal é a grotesca impunidade em que se refastelam.

    A culpa deste abuso? É em primeiro lugar, da gente que no topo da hierarquia do sistema, não lê, não se informa, “não quer saber”, é preguiçosa e sobretudo, sempre sumamente cobarde, teme as arrogantes investidas de auto-promovidos “intelectuais” de duvidosa proveniência, uma infecta turma de esqueletos que invadiram academias, fundações, ministérios e secretarias de Estado. Ali ditam as suas normas e o pensamento “formatado e aceite”. Gente da engorda sem escrúpulos e que tem os homens do regime – Cavaco Silva, José Sócrates, Jaime Gama, Passos Coelho e tantos outros – à sua mercê, conhecedora do seu medo velho de décadas e da complacência perante o dislate.

    Como podem Belém e S. Bento brincar à roleta russa?

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  14. 2 Outubro, 2010 19:56

    Como hoje diz Pacheco Pereira, as comemorações oficiais consistem num over-kill.

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  15. Miguel permalink
    2 Outubro, 2010 20:17

    “TODOS os países mais evoluidos e ricos da Europa sejam Monarquias.”

    E todos os que são Repúblicas não têm por onde cair mortos. Por exemplo a Finlândia, essa Somália em plena Europa.

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  16. socialista vaselinado permalink
    2 Outubro, 2010 20:39

    ENQUANTO ANDAMOS AQUI A DISCUTIR SE O REI É MELHOR DO QUE O PRESIDENTE E A MONARQUIA É MELHOR DO QUE A REPÚBLICA NÃO PASSAMOS DA CEPA TORTA..NÃO SÃO OS REGIMES MAS AS PESSOAS QUE FAZEM A DIFERENÇA …SÃO AS PESSOAS ESTÚPIDOS…IRRA…

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  17. Licas permalink
    2 Outubro, 2010 22:18

    SÃO as PESSOAS , irra!

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  18. dragao azul permalink
    2 Outubro, 2010 22:58

    O país não tem nenhum motivo para comemorar seja o que for. Neste momento, vivemos na mais absoluta e deprimente indigência financeira, cultural e social.

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  19. Fincapé permalink
    3 Outubro, 2010 12:15

    O Carlos Dias Nunes, que ainda sonha com princesas anémicas a esvoaçar os compridos vestidos pelos recantos dos palácios, fica histérico quando um “plebeu” o contraria. Certamente, preferia colocar-se de rabo para o ar a lambuzar o anel do seu reizito.
    Tem calma, rapazinho! Tens de treinar mais os insultos, se queres mesmo ofender. Nisso, falhou a tua educação. Quando insultavas em casa, se não te davam duas palmadas no traseiro, pelo menos deveriam ter-te explicado que insultar de baixo para cima é sempre mais difícil.
    E se queres mesmo ter um reizito para bajulares, podes já começar a tratar-me por Dom. Sempre é uma forma de “treinares” para seres um menino educado.

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  20. Tiago Silva permalink
    3 Outubro, 2010 14:13

    Eu festejo a implantação da noção de que o representante da Nação, e o detentor último do poder, é apenas um cidadão como todos nós, escolhido temporariamente para a a tarefa, que podemos depor caso dele discordemos, e não o hereditário primogénito de uma família que por matar mais ou melhor no passado se alcandirou a escolha divina, e por isso fundamentalmente diferente e melhor que os seus súbditos, e que apenas o Divino pode depor, matando-o.

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  21. El Der permalink
    3 Outubro, 2010 16:48

    “noção de que o representante da Nação, e o detentor último do poder, é apenas um cidadão como todos nós”

    Um cidadão como todos nós? Lagarto, lagarto, lagarto!
    Eu não me identifico nada, nada mesmo, com tipos como Soares, Sampaio ou Cavaco! E até acho que felizmente a maioria dos cidadãos é bem melhor que isso!

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  22. 3 Outubro, 2010 19:16

    Nada contra o Gambrinus, muito pelo contrário.

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  23. Tenente Figueira permalink
    14 Outubro, 2010 12:02

    O artigo e o post são claros! Alguém carece do desenho ?
    Monarquia sim, república nunca mais…!

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