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Temos de decidir o país que queremos ser, disse ele

5 Janeiro, 2012
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Em Outubro de 2010, há bem mais de um ano, Alexandre Soares dos Santos participou numa conferência do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica sobre se ainda valeria a pena investir em Portugal. As intervenções estão agora publicadas em livro. Lembrei-me de ir ver o que tinha dito na altura. É muito interessante:

“Antes de pensar em investir em Portugal, preocupa-me que nós, portugueses, não sejamos capazes de decidir, de uma vez por todas, que sociedade é que queremos. Para onde é que nós queremos levar o nosso país. Como é que queremos viver. Não podemos é andar, por um lado, a dizer que precisamos do investimento privado e, por outro lado, insultarmos os investidores, atribuindo-lhes a culpa de todos os males que existem neste país. Somos acusados de não pagarmos impostos, de fugirmos a isto, de fugirmos àquilo, quando a iniciativa privada em Portugal é a única que cria emprego (…). 

Temos pois de decidir se queremos uma sociedade socialista ou se queremos uma sociedade em que a iniciativa privada é aceite como alguma coisa de útil para um país pois gera riqueza.

Temos também de saber o que querem os partidos políticos. Os partidos em Portugal limitam-se a uma luta entre eles, têm falta de sentido de Estado, preocupam-se com os seus problemas e depois queixam-se da iniciativa privada. Isto tem que acabar. Será, pergunto eu, que estão conscientes do mal que provocam ao país quando, no parlamento, estão permanentemente a atacar aqueles que investem? Ou quando estão a tomar medidas que só servem para criar problemas? (…)

Temos também uma administração que não está disposta a dialogar, ao contrário do que sucede na Holanda. Lá discute-se com o governo os impostos que se devem pagar, e o que fica estabelecido é cumprido. Aqui não. Aqui ninguém sabe, por exemplo, se a meio do ano não aparece uma nova lei sobre as SGPS, por exemplo. Com estes comportamentos estão a convidar as pessoas para ir embora. Em vez de procurarem atrair as holding estrangeiras para Portugal, estão a convidar as holding portuguesas a saírem do país. Isto é de um desconhecimento total, pois a consistência de uma política fiscal é fundamental.”

Pois…

19 comentários leave one →
  1. silva permalink
    5 Janeiro, 2012 10:22

    No despedimento colectivo de 112 familias do Casino Estoril nada foi cumprido no artigo 362º
    e depois dizem que as pessoas não querem trabalhar .
    artigo 362.º
    intervenção do ministério responsável pela área laboral
    1 – o serviço competente do ministério responsável pela área laboral participa na negociação
    prevista no artigo anterior, com vista a promover a regularidade da sua instrução substantiva e procedimental e a conciliação dos interesses das partes.
    2 – o serviço referido no número anterior, caso exista irregularidade da instrução substantiva e procedimental, deve advertir o empregador e, se a mesma persistir, deve fazer constar essa menção da acta das reuniões de negociação.
    3 – a pedido de qualquer das partes ou por iniciativa do serviço referido no número anterior, os serviços regionais do emprego e da formação profissional e da segurança social indicam as medidas a aplicar, nas respectivas áreas, de acordo com o enquadramento legal das soluções que sejam adoptadas.
    4 – constitui contra-ordenação leve o impedimento à participação do serviço competente na
    negociação referida no n.º 1. o governo está a dar apoio a este despedimento.

    É só preencher tempo nada se faz, nem se investiga…… é deixar andar até a maioria da população morrer para se dar a notícia que o desemprego baixou.

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  2. José Estalinho permalink
    5 Janeiro, 2012 10:31

    Os investidores, essa espécie em extinção que merece ser protegida. Quase verti uma lágrima ao ler este texto. Ainda bem que este Soares dos Santos não fugiu a impostos nem a “isto e àquilo”. Ufa!

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  3. José Estalinho permalink
    5 Janeiro, 2012 10:34

    Ah, ah, ah. Só agora reparei: “a inciativa privada é a única que cria emprego”. É boa. Então os 700000 inúteis funcionários públicos, também foi a iniciativa privada que os criou? Este trocatintismo sem coluna vertebral… vocês são uns pândegos.

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  4. 5 Janeiro, 2012 10:37

    Quando alguém me canta ‘nós portugueses’, sem mandato…
    é caricato.

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  5. 5 Janeiro, 2012 10:39

    1º) Só por ingenuidade ou ignorância, podíamos pensar que as coisas iam correr de outro modo. Se é compreensível a gritaria do PCP e do BE (está de acordo com os seus objetivos), não o é a linha estratégica do governo, composto por partidos que defendem o mercado aberto, a integração no euro e as atuais diretivas da União Europeia. O resultado só podia ser este.
    .
    2º) Assim sendo, o pagamento da dívida através do aumento da receita do estado, só pode incidir nas famílias, nos trabalhadores por conta própria e nas pequenas empresas que não tenham capacidade para fazer o que fez a Jerónimo Martins.
    .
    3º) Soares dos Santos tem razão quando diz que é preciso decidirmos em que sociedade queremos viver. Só que as opções não são, apenas, as que enuncia. Ele faz parte de um dos tais grupos que optou por investir em setores “resguardados” da economia, não produzindo um alfinete. Está de acordo com o que tem sido a orientação da UE e dos diversos governos portugueses, mas foi essa orientação que lançou a Europa na crise em que se encontra. Numa economia de mercado, com visão estratégica, a opção do grupo de Soares dos Santos (e de outros que tais…) tinha sido fortemente penalizada à partida e, provavelmente, estaria hoje virada para setores produtivos.

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  6. 5 Janeiro, 2012 10:41

    Correção:
    Onde se lê “trabalhadores por conta própria”, deve ler-se “trabalhadores por conta de outrem”. As minhas desculpas.

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  7. tina permalink
    5 Janeiro, 2012 10:52

    Em suma, Soares dos Santos cansou-se de dar perólas a porcos.

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  8. Pine Tree permalink
    5 Janeiro, 2012 11:09

    Camaradas.
    Soares dos Santos terá e tem os seus méritos mas não façam dele um santo. O alto capital é cúmplice do Estado no esmagamento do pequeno empresário. E o povo, sobretudo o povo que vive à mesa do orçamento (60% do eleitorado) achou muito bem. Agora, ao que parece o bolo já não chega para todos e começam as disputas internas. Fixe para nós a quem isso pouco interessa.
    Espero que não haja guerra, mas se houver, sou o primeiro c’avalo.

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  9. Pine Tree permalink
    5 Janeiro, 2012 11:11

    Adenda: o Senhor Trinta-e-Três deu no vinte. Soares dos Santos é mais um dos que fizeram fortuna no campo dos bens não-transacionáveis.

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  10. Português permalink
    5 Janeiro, 2012 12:49

    O sr. 33 está a esquecer toda a área industrial deste grupo, que mantém há vários anos uma fábrica da Unilever a funcionar em Portugal?

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  11. A. Silva permalink
    5 Janeiro, 2012 13:15

    Outro que quando as coisas lhe começarem a correr mal tem um lugarzinho no Pingo Doce, não é doce?

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  12. afédoshomens permalink
    5 Janeiro, 2012 14:57

    o monhê estava um dia destes de drink na mão ao lado da madame filipa e do paneleiro antónio barreto num lançamento livreiro à custa dos contribuintes que pagam para as fundações de merda que pululam por aí!

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  13. Arlindo da Costa permalink
    5 Janeiro, 2012 15:44

    O Xexé Soares dos Santos como pessoa não vale nada. Nem em moral, nem em ética e muito menos em patriotismo.
    É um oportunista.
    E a sua fama de contorcionista ao Fisco já é lendária.
    É como o randy Constantino: Uma fama que vem de longe…

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  14. 5 Janeiro, 2012 17:27

    700 mil que estão dependentes dos restantes milhões de trabalhadores para serem pagos.

    Apenas um aumento da iniciativa privada poderá permitir um aumento da função pública, não o contrário. E caso aconteça, será com o crédito. Mas já deu para ver os resultados….

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  15. beirão permalink
    5 Janeiro, 2012 18:50

    Vai-te mas é a banhos pró Ganges e fica lá.

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  16. blitzkrieg permalink
    5 Janeiro, 2012 22:25

    Soares dos Santos pagou meio milhão de IRS em 2010. E passou há muito a idade da reforma.

    Criou mais de 20 mil empregos.

    As suas empresas, lucrativas, pagam anualmente um elevado valor de impostos, em particular de IVA.

    Se Portugal tivesse 50 Soares dos Santos seria um País rico.

    Eu invejo o que Soares dos Santos conseguiu com o seu trabalho. E gostaria muito de conseguir fazer o que ele fez.

    As aventesmas dos comentários acima que tenham pago mais IRS, mais IVA, criado mais emprego, que atirem a primeira pedra.

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  17. Pedro Lérias permalink
    6 Janeiro, 2012 13:50

    Engraçado. Soares dos Santos tinha um Odivelas Parque às moscas, de lojas fechadas e, de repente, com enorme custo para o erário público, a Loja do Cidadão de Odivelas instalou-se lá, longe da população que tem que lá ir de carro ou autocarro de propósito, sem concurso ou consulta dos mais interessados. Curioso.

    A riqueza privada em Portugal está grandemente dependente de dinheiros públicos. Mas gostam de dar esta ideia de trabalhadores de mérito.

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  18. 9 Janeiro, 2012 19:14

    Nesta terra só se fala em pagar impostos; ninguém fala em trabalhar e criar riqueza…
    Um Estado rico e um Povo pobre…de que serve?

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