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Desinformação sobre Chipre

26 Março, 2013

A qualidade da informação em Portugal é tão fraquinha ao ponto de as pessoas debaterem incessantemente Chipre sem saberem quase nada sobre Chipre, o que obviamente só pode levar a conclusões erradas ou absurdas. Os pontos seguintes são essenciais para perceber as opções da União Europeia em relação a Chipre, mas raramente são mencionados nos debates ou nas notícias:

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1. Chipre não tem capacidade de se financiar nos mercados e precisa de ajuda externa.

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2. Os maiores bancos cipriotas estão falidos. Falidos mesmo. Não é um problema de liquidez como o Banif ou o BCP, é falidos como o BPN (algumas pessoas também não percebem esta diferença, mas pronto).

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3. Só seria possível salvar os bancos cipriotas com injecções de dinheiro a fundo perdido, coisa que a UE não pode fazer porque as regras não o permitem. Nem a UE quer porque isso beneficiaria os infractores que não cumprem as regras do euro.

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4. Chipre poderia salvar os bancos assumindo as dívidas destes, como fez a Irlanda. Mas essa opção não é viável. Chipre não teria capacidade para pagar a dívida e a União Europeia não aceita essa opção porque não empresta dinheiro que sabe não poder nunca recuperar. O FMI idem.

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Porque é que esta informação é omitida? Porque facilita a narrativa infantil de que a UE e a Alemanha só querem fazer maldades a Chipre e ao Sul da Europa. É isso que as pessoas querem ouvir. Os factos são irrelevantes.

24 comentários leave one →
  1. piscoiso permalink
    26 Março, 2013 09:59

    Prontes, apaga-se Chipre do mapa.

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  2. 26 Março, 2013 10:28

    Caro João Miranda: bem explicado. Obrigado. Realmente, não vale a pena ler a imprensa portuguesa. É desinformação em estado puro. Jornalismo de causas.

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  3. Cfe permalink
    26 Março, 2013 10:32

    Bem fundamentado porem na frase destacada repete um erro recorrente (de muitos)
    “Nem a UE quer porque isso beneficiaria os infractores que não cumprem as regras do euro.”

    A questão é salvar ou não os bancos e não os banqueiros!

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  4. neotonto permalink
    26 Março, 2013 10:55

    Pergunta de mais calado do tipo político que económico…nesta segunda parte nao podemos competir nem ficamos dispostos a competir com o pseudo-argumentario do JM.
    Quém? Quém ficava interesado em que um ilha perdida do Mediterraneo adherise na CEE e sobretudo no Euro? Quem foi? Houve algum empurraçaocinho pela parte de algum pais em especial para que isso acontecesse ?
    E que daqueles barros…
    Ficamos na espera da parte (politica) de Chipre entre no pensamento do JM e um pegue com um postecisto neste assunto…

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  5. Jorge permalink
    26 Março, 2013 11:37

    Bom. A nossa imprensa está inquinado por interesses (económicos, partidários,…) a quem não interessa informar, mas sim deformar. Vejam-se os altifalantes entregues a políticos (politiqueiros) de toda a espécie.

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  6. zezito permalink
    26 Março, 2013 11:55

    O deprimente analfabetismo existente em grande parte dos portugas (escutem-se por exemplo as intervenções nos foruns de opinião das televisões e das rádios) é sobretudo manifesto nos jornalistas e comentadores políticos, para não falar em deputados de uma estúpida “esquerda” que envergonham os verdadeiros progressistas.
    Os comentários e opiniões que se ouvem na opinião publicada, sobre o caso da bancarrota dos bancos cipriotas, é uma boa prova desse analfabetismo.

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  7. Eleutério Viegas permalink
    26 Março, 2013 12:03

    Os do Sul são uns coitadinhos!… A “Mercle” é uma ogre… E os outros são demónios.

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  8. XisPto permalink
    26 Março, 2013 12:25

    Bem observado. O JM começa a ficar consensual e isso é inquietante.

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  9. Duarte permalink
    26 Março, 2013 13:42

    1 Euro num banco Cipriota vale o mesmo que 1 Euro num Banco Alemao, hoje?
    Temos entao duas moedas na UE ou Chipre ja saiu do Euro?

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  10. 26 Março, 2013 14:24

    Primeiro queriam taxar os ricos. Agora não querem taxar nada. É crime.
    R.

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  11. Fincapé permalink
    26 Março, 2013 14:39

    Talvez seja assim como João Miranda diz. E sendo assim parece que os cipriotas são os únicos culpados.
    Mas não são. Primeiro, teríamos de recuar à entrada do Chipre na UE. Depois, teríamos de ponderar a entrada do Chipre no euro. E teríamos de ver o que fez o eurogrupo, a comissão e o parlamento europeu para prevenir isto que está a acontecer.
    Existe a mania de dizer que o passado não resolve os problemas. Pois não. Pode a Europa continuar agora a fazer as asneiras que quiser porque daqui a cinco anos ninguém lhes pode apontar nada.
    Queriam tudo dentro da UE e de preferência também no euro; aldrabaram as contas da Grécia à frente dos olhos daquelas aventesmas; todos sabiam tudo e agora agem como ratazanas.
    Tantas e tantas vezes em conversa de café eu e muitos outros nos questionámos sobre quem ganharia com essa irresponsabilidade de meter todos no mesmo saco e o mais rapidamente possível. Gente sem juízo.
    Basta ouvir aquele mânfio holandês (mas até parece alemão) que é presidente do eurogrupo a balbuciar coisas tipo “o Chipre é exceção… as medidas aplicadas ao Chipre podem ser repetidas noutros países… as medidas aplicadas ao Chipre são… não sei bem…” para percebermos com quem estamos metidos.
    A principal coisa que corre mal na Europa são os idiotas que a dirigem e muitos que já a dirigiram.

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  12. trill permalink
    26 Março, 2013 16:07

    para este não há mobilidade nem há cortes, para este há direitos adquiridos (ao fim de 6 anitos)! http://www.publico.pt/politica/noticia/passos-cria-lugar-para-silva-carvalho-na-presidencia-do-conselho-de-ministros-1589180

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  13. 26 Março, 2013 16:33

    Portugal não tem de se preocupar com isto, porque cá é inconstitucional.
    (comentário humorístico)

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  14. Balio permalink
    26 Março, 2013 16:39

    Eu não sei bem qual a diferença entre um banco falido e um banco com problemas de liquidez.
    Aliás, segundo tenho lido, na prática é frequentemente muito difícil destrinçar entre as duas situações.
    Suponhamos que eu emprestei todo o meu dinheiro e agora não sou capaz de comprar pão para comer, estou falido ou estou com problemas de liquidez?

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  15. 26 Março, 2013 19:19

    Balio,
    o Balio pode ser podre de rico e ter problemas de liquidez. Basta que seja possuidor de um terreno avaliado em 100 milhões sem que ninguém o queira comprar.

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  16. mário permalink
    26 Março, 2013 19:28

    vou supor que com este comentário à informação incompleta sobre o chipre, não se queira também, por arrasto, retirar responsabilidades à péssima gestão europeia e do FMI.

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  17. JOchoa permalink
    26 Março, 2013 20:55

    Caro Joao Miranda, o que mencionou são factos! E contra isso nao há argumentos. Mas há outros factos igualmente relevantes que importa saber (1) A Europa já há muito que conhecia a situação e com ela foi conivente, enquanto houve vantagens e daí tirou proveitos (2) Como disse o Krugman “Há muitos potencias Chipres por aí” e então não se faz nada?! (3) e provavelmente o mais importante, porque é que os bancos não podem falir? Se calhar não podem … então também não podem dar biliões de Euros a alguns, muito poucos, e quando dão prejuízo a maioria que paga …Isto não é democracia, isto é terrorismo financeiro. Uns com lucros gigantescos que olham só para seu umbigo e cometem erros (ou não…) e depois somos nós que pagamos o despesismos e ganância dos senhores banqueiros!! P.S. Acham que são os oligarcas Russos que vão perder dinheiro? Recordem-se que nestes últimos dias os bancos no Chipre estiveram fechados, mas as sucursais em Londres estiveram abertas e não tiveram mãos a medir “…Também foram autorizadas transferências para empresas e compras de produtos humanitários e medicamentos.” [In publico] Querem um desenho? Para quem quer saber as causas e porquês está tudo muito explicado … “JUST CONNECT THE DOTS”

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  18. JDGF permalink
    26 Março, 2013 23:01

    O Chipre como País está arrumado…(*)
    Mas o que está pendente é quem vai pagar a sua falência. Porque certamente, ninguém crê que Ulisses fará a viagem de regresso a Ítaca …
    Resta, portanto, o sucessor do arcebispo Makarius … e vão recuar meio século.
    Assim está bem?
    – Ah! falta ‘celebrar’ a clarividência do Ecofin.
    (*) – Tem relações muito estreitas com a Grécia….

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  19. manuel permalink
    28 Março, 2013 00:20

    Claro que a fuga do dinheiro para os bancos alemães, que há poucos anos estavam completamente falidos, também dá imenso jeito, não sejamos ingénuos. Eu só queria ter as mesmas condições que a Alemanha a seguir à guerra, quando viu a sua dívida perdoada em 60% e o seu pagamento indexado às exportações, não podendo ultrapassar os 5% do seu valor. Mas claro que Portugal é rico e a Alemanha é pobre, merece mais ajuda. E lá trabalham enquanto nós vamos à praia todos os dias.

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  20. Buiça permalink
    28 Março, 2013 02:01

    Ora… é muito mais divertido chamar-lhe “rombo no casco do euro”.
    É o novo paradigma da “narrativa”. Actualize-se! Os factos nada podem contra a “narrativa”.

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  21. JCA permalink
    31 Março, 2013 23:35

    .
    quiçá antecipações da uniao bancária na UE dita adiada ….
    .

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  22. JCA permalink
    1 Abril, 2013 13:40

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    ou a dita fronteira entre uma União Europeia, ainda nem federação ou confederação, e outra experiencia desajeitada doutro Imperio Europeu num sonho doutro copia do ‘Imperio Romano’ que foi unico porque ao jeito Latino.
    .
    Tais experiências ‘invejosas’ acabaram sempre com à auto-destruição ‘harakiri’ de ‘invejosos’ doutras gentes, pensares, seres e até climas; os mais recentes, a I e II GM’s, terminadas com a destruição dos autores e o declinio do que era o ser ‘Europeu’ nas novas ordens mundiais da altura. E tudo sempre à volta dos Bancos dos vários pares no Continente Europeu. Não era em vão que a sguir às botas cardadas entravam as S’S para limpar os Bancos Centrais, Museus etc etc.
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    Com as novas tecnologias, sejam informaticas ou das neurociencias ou das informação/comunicação ou das psyops houve mais outro convencimento histórico ingénuo de dispensariam botas cardadas e S´S´s na Europa. Seria a vitória. Mas não é. Tal qual a I e II G Mundiais. Se teimada, será mais outro declinio da Europa. Em prejuizo dos autores e dos lambe-botas oportunistas. E desta vez não será um declinio de 5, 10 ou 15 anos. Será de SECULOS. O resto são brincadeiras de recreio e fantasia como ora estamos em curso.
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    Não sei se na Europa há gente com ‘jogo de ancas’ e alta capacidade estadista para saltar deste comboio fantasma
    a marchar aos ziguezagues sem rumo nem maquinistas em espetaculo de gargalhada pelo resto do Mundo que assiste. Este espetaculo durará enquanto ainda restar da riqueza antiga dinheiro para a ‘maquina’ não encostar à valeta por falta de combustivel.
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    Para não assustar, antes para assinalar, apenas uma reflexão’, ou um ‘cenário’ se preferido mais ‘pra frentex’ mais elitista.
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    E para não criar pânicos, uma ‘especulação’, o tempo urge porque a curva está mesmo ali ao virar da esquina, nestas coisas as ‘elites’ optam sempre pelo comodismo, nem que seja do há-de ver-se o que acontece para se haver de ver como nos iremos safar. Só que desta não há disso tais as forças poderosissimas que entraram no xadrez histórico, umas que julgam que são e outras que o são mesmo.
    .
    Por cá, corre bem, uns iludidos, outros fantasistas, outros sonhadores e aqueloutros convencidos por fés, preferiria que os que não estão em nenhuns não fossem proibidos de os safarem a todos por antecipação. Sem Totalitarismo, Ditadura, Absolutismo mas com Liberdade e Dignidade no dia a dia de qualquer Português.
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    Mas assim não será ou se fosse seria de facto talvez o momento mais importante de toda a história deste Portugal a seguir aos Descobrimentos porque o resto foi ‘encher pneus’ entre o Palácio e a Barraca. Assim o dizem os livros.
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    E se assim não acontecer, é a vida ‘tuga’ entre os palacetes e os túgurios, tal qual recordam os canhanhos da nossa História.
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    Observemos.
    .

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