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A ler

15 Maio, 2013

Henrique Raposo a propósito do livro  Apontamentos Políticos – Eanes e os Partidos em que o general Garcia dos Santos, chefe da casa militar do Presidente Ramalho Eanes) relata as reuniões entre Ramalho Eanes e os partidos no período 1976-1979: “Ao longo destes quatro anos de reuniões, há uma coisa que salta à vista: ninguém estava muito interessado em discutir os problemas do país; o permanente jogo palaciano entre os partidos abria um abismo entre o sistema partidário e a realidade financeira, económica e social de Portugal. É como se a nação concreta fosse uma questão secundária para os partidos. Perante este divórcio quase cómico entre partidos e realidade, confesso que apanhei uma espécie de susto retroactivo: o país andava ao deus dará, em roda livre, porque ninguém queria assumir o ónus das escolhas governativas que poderiam evitar o colapso. As raras conversas sobre a governação concreta eram rapidamente remetidas para slogans vagos. Cunhal não era o único a usar a cassete. Estes primeiros anos criaram assim o absurdo paradoxo que marcou até hoje a vida da III República: aqueles que deviam ser os primeiros a percepcionar os problemas concretos são, na verdade, os primeiros a recusar ver esses problemas. Em consequência, a entrada do FMI em 1977 (e depois em 1983) foi apenas a conclusão óbvia deste estado de coisas. O país tornou-se ingovernável, porque a governação não era o business dos partidos. O seu business era a sobrevivência eleitoral, a conquista da posição-charneira dentro do sistema partidário»

 

26 comentários leave one →
  1. YHWH permalink
    15 Maio, 2013 09:06

    Qualquer semelhança com a actualidade é pura… Realidade.

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  2. Manuel permalink
    15 Maio, 2013 10:31

    E alguma vez foi diferente a realidade dos partidos? Não é essa a sua essência?

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  3. 15 Maio, 2013 10:46

    O sistema político-partidário tem sido ao longo deste desprezível período “democrático”,a causa do afundar permanente da afirmação do País. Os partidos políticos não são solução para nada,são o cerne do problema em que estamos envolvidos e cujas consequências estão cada vez mais à vista

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    • RCAS permalink
      15 Maio, 2013 16:15

      @!@

      Os Portugueses na sua grande maioria, tem grande apetência para andar á volta da floresta, sem nunca nela penetrarem. Á sempre uma desculpa algo que o impede.
      Este artigo demonstra á saciedade um dos grandes cancros da mentalidade do povo e da maioria das nossas elites. Falta-lhes aquilo que é apanágio das elites escandinavas e da europa central, mentalidade de rigor, exigência, organização, responsabilidade.
      Ao longo da nossa história junta-se a este elevado defice, a vaidade de ” pavões vaidosos,” a manhosice, a chico-esperteza, a apetência pelas mordomias, o povinho que se desenrasque,exactamente ao contrário das suas congeneres escandinavas que se preocuparam em criar condições para que a “base” da piramide tivesse condições dignas para uma vida honesta!
      O PROBLEMA não são os partidos,não á democracia sem partidos, nem as pessoas que lá estão, mas sim a sua MENTALIDADE. e isto faz TODA a diferença.
      Não ganhamos nada em “assobiar para o lado” como é nosso apanágio!

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  4. 15 Maio, 2013 11:02

    Relativamente ao post anterior, como já vivo em Gaia, não tenho dúvidas: CAA

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  5. Joaquim Carreira Tap permalink
    15 Maio, 2013 11:08

    A forma como os partidos políticos estão constituídos, desde as escolhas para as direcções ou secretariados, até à formação das listas para os cargos políticos é um caminho para os grupos dominantes se governarem e não para governarem o País. O mal é de raiz que não pode dar um fruto diferente.

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  6. Fincapé permalink
    15 Maio, 2013 12:17

    Vá lá. Finalmente, ganhámos juízo. Agora o país já não anda ao deus dará, nem em roda livre. Até temos um PM que assume “que se lixem as eleições”.
    Já nos “safemos”!

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  7. @!@ permalink
    15 Maio, 2013 12:18

    E sub-repticiamente aparecem textos deste teor a procurar por em causa o funcionamento da democracia partidária esquecendo o como funcionava a ditadura de Salazar assente na manipulação de pessoas estratégicamente colocadas na sociedade portuguesa, e na “cunha” e que aquilo era sete gatos para um poleiro. Olhava-se para o Américo Tomás que parecia não fazer mal a uma mosca só que por detrás estava a mulher que lhe devia infernizar o lar. E já agora como é que o Excelentissimo General chegou a Chefe dos Estados Maior das Forças Armadas e a Chefe da Casa Civil da Presidencia da República? Foi pelos serviços prestados? concerteza! mas também por algo mais, não?

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    • J. Madeira permalink
      15 Maio, 2013 14:23

      Não é preciso aparecerem textos como este! Pelo aumento da abstenção
      nos actos eleitorais os portugueses mostram já ter compreendido que os
      partidos políticos são muito semelhantes a associações de malfeitores!
      Todos vivem em circuito fechado com único propósito satisfazer as suas
      mais próximas clientelas … o resto logo se vê!!!

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      • 15 Maio, 2013 16:20

        O aumento da abstenção é lido das mais variadas formas tantas quantas o nº de abstenção, mas daí concluir-se que a sociedade está farta da democracia parlamentar ou partidária é demasiado arriscado.

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    • Tiro ao Alvo permalink
      15 Maio, 2013 16:49

      Podemos não concluir que a sociedade portuguesa está farta da democracia, mas temos que concluir que os nossos políticos actuais estão longe do mínimo desejável e que, mesmo os do “arco do poder” estão muito mal servidos, já que dos outros nem é bom falar.

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  8. Monti permalink
    15 Maio, 2013 13:43

    Pois, o general Chefe do Exército:
    Que sendo conhecido do ministro Cravinho, do curso no IST,
    foi dirigir a JAE;
    Que quando levantou a questão da corrupção instalada,
    levou o ministro a dispensá-lo;
    Era preocupante para o Partido & suas Finanças.
    Mal visto por Don Mário Corleone, enquanto chefe militar e amigo de Eanes, nem por isso impedido de ir para a JAE socialista.
    Problema, a pretensão de ‘limpar’ o antro financiador dos pp.
    Portanto, Portugal vive de facto em democracia.

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  9. Carlos Dias permalink
    15 Maio, 2013 13:59

    Mas Portugal é governado de outra maneira?

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  10. Vasco permalink
    15 Maio, 2013 16:34

    As minhas desculpas desde já. Como não posso comentar no post pretendido, comento aqui! José Pedro Lopes Nunes vá bardamerda mais o seu CAA. Pelas últimas declarações da criatura e seus apoiantes vê-se o calibre do animal. Mais uma merda a roubar!!

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  11. Joaquim Carreira Tap permalink
    15 Maio, 2013 16:50

    A educação como o dinheiro não podem andar encobertos e de quando em vez salta para a ribalta. Parabéns ao Vasco pela sua emérita contribuição para a discussão dos problemas do país e pelo respeito pelas opiniões contrárias. É destes comentadores que o país precisa para elevar o nível da vivência entre nós. Chegados aqui já pouco há a fazer.

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  12. Fernando S permalink
    15 Maio, 2013 17:44

    Não concordo com esta ideia de que a causa dos males actuais do pais é o sistema partidario.
    Estes males são antes uma consequencia das politicas defendidas e seguidas pelos partidos. E os partidos são, de algum modo, uma emanação e uma representação da sociedade portuguesa. Defendem e seguem politicas que conjuntos significativos de cidadãos, de eleitores, desejam e aprovam.
    Ou seja, o que deve ser questionado, ao nivel da sociedade portuguesa no seu conjunto, é o tipo de politicas que foram sendo seguidas ao longo do tempo.

    A alternativa institucional aos partidos é, naturalmente, a ausencia dos partidos, ou pelo menos do pluralismo partidario, a ausencia de eleições, ou pelo menos de eleições livres e justas, é o fim da democracia, é a ditadura.
    Esta alternativa é bem pior do que a democracia.
    Desde logo, pura e simplesmente porque as liberdades civicas e a participação nas escolhas dos governantes também fazem parte das aspirações dos cidadãos.
    Mas principalmente porque, no fim de contas, os resultados praticos das ditaduras acabam por ser normalmente piores do que os das democracias, por mais imperfeitos que estes sejam.
    A historia esta ai para o provar.
    As ditaduras nunca resolveram os problemas de modo satisfatorio e sustentavel e, por isso mesmo, acabaram sempre, e quase sempre mal. Com consequencias que se arrastam ao longo do tempo, mesmo durante as fases democraticas. O caso portugues pos 25 de Abril de 1974 é um exemplo.
    Mas, com todos os seus defeitos e limitações, as democracias ainda são hoje em dia os regimes politicos dominantes das sociedades que no final tiveram e teem melhores resultados (ou resultados menos maus, como se queira).

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  13. Joaquim Carreira Tap permalink
    15 Maio, 2013 17:57

    Há qualquer coisa de confuso na apreciação da forma como se estatuiram os partidos políticos. Querer uma melhor organização dos seus métodos de funcionamento não é estar contra a democracia. 99% dos opinantes não conhecem os estatutos nem os regulamentos partidários. Enchem a boa com democracia, mas esta não se esgota só nas eleições. Talvez seja necessário conhecer a toca do lobo para saber o que se passa lá dentro.

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  14. Fernando S permalink
    15 Maio, 2013 18:49

    Quanto ao facto de muita gente, a começar por mim, não conhecer em detalhe os “estatutos e regulamentos partidarios”, é perfeitamente normal ja que a maior parte dos eleitores, embora votando em partidos, não esta inscrita nem participa directamente na organização e funcionamento dos mesmos.
    O que, julgo eu, não obsta a que cada um, mesmo sem experiencia e conhecimento directos sobre o funcionamento organico dos partidos, possa ter uma opinião geral sobre o papel dos partidos na vida politica.
    Seja como for, não creio que o problema principal esteja nos “métodos de funcionamento”, nos “estatutos e regulamentos partidarios”. Mudam-se os métodos mas os resultados não mudam tanto como isso. Nos outros paises, nomeadamente europeus, a situação dos partidos não é muito diferente.
    Claro que se pode sempre melhorar alguma coisa na organização e no funcionamento das instituições politicas e, em particular, dos partidos politicos.
    Mas o problema mais importante, mais relevante, de fundo, não esta nos partidos, nem sequer na respectiva organização, mas sim nas mentalidades, ideologias e interesses, presentes e influentes no conjunto da sociedade portuguesa.
    Em poucas palavras, o nosso mal esta em que muitos dos portugueses se habituaram à ideia de um Estado intervencionista e despesista e os partidos são apenas uma expressão desta inconsciencia e irresponsabilidade colectivas.

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  15. Carlos Dias permalink
    15 Maio, 2013 19:09

    “No dia das próximas eleições autárquicas, será o dia em que gostaria de viver do outro lado do rio, em Gaia. Se vivesse em Gaia, poderia votar no meu amigo Doutor Carlos Abreu Amorim, pessoa cujas qualidades pessoais, profissionais e políticas aprendi a admirar (sem nenhuma desconsideração para com os restantes candidatos).

    José Pedro Lopes Nunes”

    Caro JPLN,
    O Blasfémias em jeito de Big Brother
    E já agora não quer mandar beijinhos para a família?

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  16. Joaquim Carreira Tap permalink
    15 Maio, 2013 19:28

    Há um princípio básico nos partidos no que se refere à escolha dos candidatos: a fidelidade partidária, mesmo que, por vezes esteja encapotada pela designação de independente. A competência e a independência são factores menos valorizados no contexto. E não digo mais nada porque pouco adianta chover no molhado.

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  17. Malaquias permalink
    15 Maio, 2013 21:57

    Os partidos politicos nesta III república como na primeira, comportam-se como uma autentica praga de gafanhotos.

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  18. Fernando S permalink
    15 Maio, 2013 22:04

    Joaquim Carreira (15 Maio, 2013 19:28) ,

    Não sei exactamente a que “candidatos” para que “lugares” se esta a referir.
    Claro que é importante que na escolha de “candidatos” a competencia e a independencia sejam também levados em conta.
    Mas não são os unicos critérios. Sobretudo quando se trata de cargos com dimensão politica, isto é, importantes na execução de um programa de governo. Não vejo como é que um governo, qualquer que ele seja, possa dispensar alguma forma de “fidelidade partidaria”, ou pelo menos de “confiança politica”, como critério importante na escolha de candidatos para muitos dos lugares de responsabilidade a preencher.
    Claro que ha sempre muitas situações ambiguas e muitos casos discutiveis.
    Mas não me parece que, neste aspecto, o caso portugues seja muito diferente dos de outros paises relativamente desenvolvidos e com democracias consolidadas.
    Também não vejo quais são as mudanças na organização e funcionamento dos partidos que poderiam evitar ou diminuir os casos de partidarite e compadrio.

    Quanto à sua decisão de não dizer “mais nada porque pouco adianta chover no molhado” apetece-me cita-lo a si proprio pegando numa frase sua num comentario aqui em cima : “Parabens … pela sua emérita contribuição para a discussão dos problemas do país e pelo respeito pelas opiniões contrárias.”

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  19. Joaquim Carreira Tap permalink
    15 Maio, 2013 23:05

    Se tivesse com mais atenção a todos os comentários veria que “não adianta chover no molhado” se referia a um comentador que utilizou palavrões dirigidos a alguém na sua intervenção e não a querer colocar ponto final em qualquer discussão, porque nunca achei que a última palavra devia ser a minha. Se não me expliquei bem penitencio-me por isso. Com a troca de argumentos e ideias sempre se aprende alguma coisa, por isso respeito sempre a opinião contrária, se apresentada com correcção e devidamente fundamentada, porque sou um eterno aprendiz.
    Para mal dos meus pecados conheci o interior de um grande partido e tenho a noção de que o compadrio é moeda corrente e a competência nem sempre conta.

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  20. Fernando S permalink
    16 Maio, 2013 00:07

    Joaquim Carreira,

    Sim, é verdade, não dou toda a atenção a todos os comentarios … Se diz que a sua expressão não me dizia respeito, então percebi mal, pelo que apenas me resta retirar a minha nota e pedir desculpas.

    Não duvido que nos partidos, como de resto em muitas organizações, publicas e privadas, “o compadrio é moeda corrente e a competência nem sempre conta”.
    Não vejo é como é que o Joaquim conseguiria alterar substancialmente este estado de coisas para melhor através de mudanças nos métodos de organização e funcionamento dos partidos (ja percebi que não defende o fim dos partidos). Os “vicios” que refere dependem mais da mentalidade das pessoas e das politicas publicas do que das formas de organização nos partidos.

    Pelo meu lado, penso que uma contribuição para a diminuição daqueles “vicios” pode vir de uma efectiva redução do peso e do intervencionismo do Estado na economia. Quanto menos recursos e empregos o Estado absorver menos favoraveis serão as condições para o neopotismo, o compadrio, a incompetencia, a corrupção, o desperdicio, a ineficiencia,… No Estado, na sociedade em geral, nos partidos politicos igualmente.
    Por esta e por outras razões, porventura até mais importantes, é que digo que o problema de fundo é mais o das politicas publicas, da ideia e da pratica que se tem sobre o peso e o papel do Estado.
    Neste aspecto, a mentalidade que consiste em ver tudo através da utilização e instrumentalização do Estado não é apenas uma tara dos partidos politicos, é muito difusa e forte no seio da sociedade portuguesa, de muitos e muitos cidadãos, de muitas e muitas familias, de muitas e muitas empresas, de muitas e muitas categorias sociais, etc, etc.
    Não digo que este estado de coisas seja imutavel. Antes pelo contrario.
    Também não pretendo que se possa mudar de um dia para o outro e de forma radical.
    Creio é que é sobretudo aqui que é preciso mudar mais !

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    • 16 Maio, 2013 09:44

      “Pelo meu lado, penso que uma contribuição para a diminuição daqueles “vicios” pode vir de uma efectiva redução do peso e do intervencionismo do Estado na economia. Quanto menos recursos e empregos o Estado absorver menos favoraveis serão as condições para o neopotismo, o compadrio, a incompetencia, a corrupção, o desperdicio, a ineficiencia,… ”

      Acrescentaria que uma diminuição valente do nº de Deputados também seria uma ajuda.

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  21. Artista português permalink
    16 Maio, 2013 10:16

    Tudo verdade. Mas o general esquece que a resposta dessa malta aos partidos foi criar outro partido, o PRD. O tal que nasceu por oportunismo e desapareceu pela política de oportunismo que prosseguiu. Por isso, Senhor general, vá para a mãezinha que o deu à luz!

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