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Verdades incómodas

27 Maio, 2013

Por João César das Neves: «Existem algumas verdades sobre a crise que muitos tentam esconder. Elas perturbam o mito confortável de que as culpas pertencem a um grupo de malfeitores, quase todos políticos. O melhor é deixar as coisas como estão, pois assim todos podemos considerar-nos vítimas, sem arrependimento ou remorso. Recomenda-se então que não leia o resto deste texto, revelador de factos subversivos.

Os reformados estão hoje entre os críticos mais vociferantes. Mas seria bom que notassem que não descontaram o suficiente para as reformas que agora gozam. Basta uma continha simples para perceber que a contribuição de uma pequena parcela do ordenado nunca permitiria vir a receber um montante quase igual a essa remuneração durante um período quase igual ao do desconto. Isto chama-se “crise da segurança social” e é tema de estudos e debates há décadas.

Pode dizer-se que têm direito a receber o que diz a lei, aliás escrita pela geração agora reformada. Mas o que não faz sentido é protestar abespinhado contra o corte como se fosse um roubo dos montantes acumulados. Desde 1974 que o nosso sistema de pensões não é de capitalização, sendo pagas as reformas pelos descontos dos trabalhadores do momento. Quando uma geração concede a si própria benesses superiores ao que pôs de parte, não se deve admirar que mais tarde isso seja cortado, por falta de dinheiro. Se alguém pode dizer-se roubado, não são os actuais pensionistas, mas os nossos filhos e netos, que suportarão as enormes dívidas dos últimos 20 anos, e não apenas na segurança social.

Outro mito cómodo é o que diz que os direitos dos trabalhadores e o Estado social estão a ser desmantelados. De facto, os direitos que a lei pretendeu conceder nunca foram dos trabalhadores, mas de alguns trabalhadores. Muitos empregados no privado nunca tiveram aquilo que agora cortam aos funcionários públicos. Além disso, a percentagem média de contratados a prazo é, desde 1983, quase 18%, ultimamente sempre acima dos 20%. Somando isto aos desempregados, inactivos, clandestinos, etc, vemos a larga privação dos supostos direitos. Os exageros das regulamentações neste campo são só benefícios que um grupo atribuiu a si mesmo. Como isso aumenta os custos do trabalho, prejudica fortemente o crescimento e o emprego, agravando as condições dos mais necessitados.»

118 comentários leave one →
  1. Grunho permalink
    27 Maio, 2013 18:33

    Podes casar-te com ele.

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  2. 27 Maio, 2013 18:35

    as há que interrogar o sábio: http://lishbuna.blogspot.pt/2013/05/blog-post_456.html

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  3. 27 Maio, 2013 18:35

    Queria dizer “Mas há que…”

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  4. Portela Menos 1 permalink
    27 Maio, 2013 18:58

    O que fez o Estado ao dinheiro recebido dos descontos dos trabalhadores e das entidades patronais? Gastou-o em PPP’s ? Nas de Cavaco ou nas de Sócrates?
    JCN não tem nada a dizer sobre DESEMPREGO? Pois não; ele é bom é a dar-nos catequese bolorenta.

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    • Fernando S permalink
      27 Maio, 2013 19:34

      “JCN não tem nada a dizer sobre DESEMPREGO?”

      JCN : “Como isso aumenta os custos do trabalho, prejudica fortemente o crescimento e o emprego, agravando as condições dos mais necessitados.»

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      • Portela Menos 1 permalink
        27 Maio, 2013 22:05

        E isso, por um acaso, é alguma critica à política governamental? Também leio essa parte nos posts dos editores do Blasfémias 🙂

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      • Joaquim Amado Lopes permalink
        27 Maio, 2013 22:37

        Não adianta, Fernando.
        O mundo do Portela resume-se à crítica ao Governo. Não lhe interessa que o desemprego aumente porque essa é a consequência inevitável do que se tem que fazer para lidar com o resultado das políticas que nos trouxeram à situação em que estamos. Assim como não lhe interessa que fazer o que os sindicatos e oposição “exigem” leve à falência do Estado e, portanto, a muito mais desemprego e empobrecimento.
        Não é que não entenda estas evidências. Mas a função do Portela é criticar o Governo, seja a que propósito fôr e com ou sem razão. O último comentário dele é bastante explícito nesse sentido.

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      • Portela Menos 1 permalink
        27 Maio, 2013 23:04

        JAL, está equivocado; o desemprego aumenta, não por incompetência dos governantes ou por uma qualquer “consequência inevitável…” mas por uma opção política/ideológica, uma opção de classe.
        O governo foi eleito, tem os seus seguidores. Aceite que tenha opositores.
        Finalmente, o meu mundo não se resume à crítica ao Governo. Há mais mundo para além dos governos, governantes e apoiantes, mesmo que tenha familiares no desemprego e outros confiscados nas suas reformas.

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      • Fernando S permalink
        28 Maio, 2013 01:16

        Portela Menos 1 (27 Maio, 2013 22:05) :
        “E isso, por um acaso, é alguma critica à política governamental?”

        Não vejo onde esta essa critica …
        Se eu quizesse criticar o governo actual teria de o fazer noutros planos … Mas não vou dar essa satisfação ao Portela, que de resto não concordaria com o sentido da maior parte dessas eventuais criticas, sobretudo porque não tenciono perder tempo com questões marginais face ao que é hoje fundamental no confronto politico em curso na sociedade portuguesa … e não apenas !

        Voltando ao assunto em discussão.
        O financiamento do sistema de reformas, que se junta a outras componentes do Estado Social, pesa significativamente sobre o custo do trabalho para os empregadores. O que, naturalmente, prejudica o emprego. Este aspecto esta mesmo para além das causas conjunturais da elevada taxa de desemprego actual. O desemprego estrutural ja vem a crescer desde ha muito, inclusivamente muito antes da crise de 2008. Mesmo sem a recessão actual o desemprego seria hoje bastante alto, muito acima das taxas “naturais” historicas em Portugal.
        Como é evidente, esta dimensão estrutural do desemprego não tem nada a ver com o governo actual.
        A não ser que o governo precisaria de encontrar tão cedo quanto possivel mecanismos que permitam atenuar e compensar o elevado custo fiscal do trabalho. Tem sido, de resto, uma recomendação constante da Troika. Foi feita uma tentativa importante com a famigerada medida dita da “TSU” mas, infelizmente, acabou por ser abandonada.
        No que diz mais especificamente respeito ao sistema de pensões, o governo vai continuar a ter de encontrar no curto prazo dinheiro para financiar o aumento acentuado de gastos com as pensões pagas actualmente e vai ter de continuar a rever os critérios de modo assegurar alguma sustentabilidade a mais longo prazo. Algumas medidas pontuais, mas ainda insuficientes, ja estão agendadas.

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      • Fernando S permalink
        28 Maio, 2013 01:25

        Joaquim,
        O Portela é um incansavel e brilhante ( 😉 ) defensor das politicas que são responsaveis pelo elevado desemprego que temos hoje.
        Acresce que, se se fizesse hoje aquilo que o Portela gostaria e propõe, o desemprego seria ainda mais elevado. Com a agravante de levar o pais para um impasse de onde levaria muito tempo a sair.

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      • Duarte de Aviz permalink
        28 Maio, 2013 03:24

        “o desemprego aumenta, não por incompetência dos governantes ou por uma qualquer “consequência inevitável…” mas por uma opção política/ideológica, uma opção de classe.” —– Quiça a mesma opção feita pelos irmãos CASTRO, da ilha maravilhosa.

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      • Portela Menos 1 permalink
        28 Maio, 2013 17:48

        “O desemprego estrutural ja vem a crescer desde ha muito, inclusivamente muito antes da crise de 2008″…
        ou seja, Sócrates e os que governam hoje – o chamado bloco central – são os pais do desemprego estrutural, juntamente com a “crise, que tem as costas largas 🙂
        Entretanto, com o aumento dos custos de ssocial, com a decisão de incluir no fundo de desemprego o maior despedimento colectivo da história de portugal, 30.000 pessoas, vamos deixar de ouvir os mesmos do costume com as criticas do costume…
        ps:
        uma boa polémica traz sempre alguma luz, apesar de idiotices monárquicas do “mestre de aviz”

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      • Fernando S permalink
        29 Maio, 2013 00:06

        Portela Menos 1,
        Para ter mais espaço coloco a minha resposta no final da caixa de comentarios.

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    • Fincapé permalink
      27 Maio, 2013 23:00

      Hoje ainda se estão a reformar trabalhadores que faziam uma a uma tigelas para apanhar a resina dos pinheiros. Pessoas que se fartavam de trabalhar com métodos que não são os de hoje. O liberalismo quer afastar esses trabalhadores da produtividade atual. Quer reformá-los dando-lhes o valor do seu trabalho de há 40 anos no fabrico das dúzias de tigelas que faziam por dia. No fundo são contra férias, contra reformas, contra as oito horas diárias. Isto é, são contra eles e contra os outros. Só são a favor dos acumuladores de riqueza sem grande esforço, normalmente estrangeiros. Uns queridos. 😉

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    • 29 Maio, 2013 23:34

      Sobre desemprego e outras coisas do género, sugiro que leias a “Introdução à Economia” do mesmo autor (João César das Neves)

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  5. Churchill permalink
    27 Maio, 2013 19:04

    Como em tudo na vida terá alguma razão, mas generalizar é conversa fiada.
    Sim, alguns não descontaram para aquilo que recebem, mas outros fizeram-no (alguns até morreram durante a vida ativa sem receber nada).
    Uns adquirem direitos sem os “merecer”, mas outros não.
    .
    Depois lá vem outra vez a conversa dos privados isto e os públicos aquilo. Se algumas condições são melhores agora é pela mesma razão que foram piores até há pouco tempo. Ainda há perto de 15 anos os bons alunos conservadores saiam das universidades com boas notas e procuravam trabalhos mal remunerados na “função pública”, depois haviam os bons alunos liberais que iam à procura das empresas da moda, e não paravam de procurar melhor até chegarem a cargos de algum relevo (normalmente a ganhar de 5 a 10 vezes mais que os outros). Haviam os alunos médios e fracos, que entraram nas jotas e seguiram o caminho dos cargos políticos (Passos, Seguro, Portas, et all), os que se fizeram à vida com as cunhas dos familiares, ou os restantes que ficaram com as sobras.
    O Professor César das Neves quase sempre incentivou os jovens a assumirem o risco.
    Agora quando as dificuldades apertam, os que nunca quiseram repartir os ganhos (e com razão, pois o risco era deles), querem agora repartir as perdas (como dá jeito esquecem a parte do risco!), e o outrora Professor Neves passou a ser o ultraconservador que quer tirar aos que pagaram para ter forma de financiar todos (a não ser que queira retirar de todo as pensões aos pendurados do sistema, mas isso ainda não o ouvi dizer).
    Se não se importa não coloque no mesmo saco todos os gatos, nem todos fizeram vida de yupie e pavonearam BMW da empresa e casa de férias na Comporta.
    Quem quis resultados altos teve de apostar forte, se perderam azar.

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  6. Trinta e três permalink
    27 Maio, 2013 19:30

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    • 27 Maio, 2013 21:59

      No meio da tempestade, temos a Benção Divina que deu lucidez e coragem a Paulo Morais. Deus lhe dê longa e abençoada vida, Amén!

      Oxalá tenha reflexos na prática política e económica deste Povo

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    • A C da Silveira permalink
      28 Maio, 2013 11:35

      Este também defende que não se deve pagar a divida. Pediram emprestado para ganhar eleições? então agora têm de pagar. A troika veio para cá para garantir o pagamento das dividas do estado? então havia de ser para quê? para dizer ao governo do Sócrates que podia continuar a gastar à tripa-forra? Este marmanjo desde que lhe tiraram a teta da boca, têm a mania que é o “Mascarilha”. Ai-O Silver!

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      • Trinta e três permalink
        28 Maio, 2013 12:31

        A este “marmanjo” não tiraram coisa alguma. Foi ele que saiu, denunciando a corrupção circundante. Ao contrário de outros.

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  7. maria ferreira permalink
    27 Maio, 2013 19:42

    TANTO BURRO PRÁÍ. O dinheiro não se cava.Um trabalhador para cada reformado não dá. O sistema vai falir. QQ trabalhador desconta 10%, se trabalhou 40 anos, logo só descontou o equivalente a 4 anos para a reforma. Se viver 30 anos, faltam 26 anos que alguém terá que pagar. Quem se está a abotoar são aqueles que fizeram a constituição e as benesses em proveito próprio. Não são os pobres que estão fazendo barulho mas sim os abotoados.

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    • Fincapé permalink
      27 Maio, 2013 21:57

      “TANTO BURRO P’RAÍ.” Mais uma burrinha, maria ferreira. Ou uma mulinha. 😉
      Já ouviu falar de máquinas e de automatização? Sabe de onde vem a maioria da produção? Se calhar pensa que é do trabalho braçal. Veja se consegue imaginar uma fábrica que produza hoje mil vezes mais com mil vezes menos trabalhadores. São coisas destas que libertam os seres humanos, maria ferreira. Pelos vistos, JCN também ainda não deu por nada e a Helena também não. Com pena minha. 😉

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    • Euro2cent permalink
      28 Maio, 2013 00:03

      > QQ trabalhador desconta 10%,

      Camarada, o desconto é de perto de 35% do salário nominal. O resto é pago pela entidade patronal. (Sim, o trabalhador custa mais de 120% à empresa.)

      Ou seja, 40 anos de trabalho deviam dar para 20 de reforma, mesmo sem valorização do investimento.

      Em média. Muitos trabalhadores não chegam a receber reforma, ou morrem pouco depois.

      Quem descontou 40 anos *tem* razão de queixa.

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      • 28 Maio, 2013 08:24

        Mas esse desconto é para pagar toda a SS, não apenas reformas. Serve para pagar subsídios de desemprego, as reformas dos regimes não contributivos e a enorme burocracia do sistema. E estamos a falar de privados. Os descontos dos funcionários publicos, para lá de serem basicamente ajustes contabilisticos, são muito inferiores.

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      • Rafael Ortega permalink
        28 Maio, 2013 11:37

        subsídios de desemprego, de maternidade e paternidade, pensões de invalidez, RSI, abonos de família nada disso existe.

        e a inflação também não existe? Provavelmente com o que uma pessoa descontava há 30 anos hoje não pagava nem um café.

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  8. António permalink
    27 Maio, 2013 20:42

    Concordo perfeitamente.

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  9. Tiradentes permalink
    27 Maio, 2013 21:07

    As PPPs porteladas eram investimento público aquando do xuxalismo socratino e foram 56.
    As PPs porteladas eram forma de dar de ganhar aos baqueiros aquando do cavaquismo e foram 1.
    As PPPs são aquilo que um portela quiser e queria ele mais uma ppp-tgv.

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  10. Churchill permalink
    27 Maio, 2013 21:08

    Maria
    O trabalhador desconta 11 e o patrão mais 23. Se trabalhar 36 e se reformar aos 65 para ficar reformado o mesmo tempo iria morrer aos 101.
    Qualquer fundo de pensões no mundo normal capitaliza o dinheiro, e valoriza acima da inflação.
    Esses dados são para as exceções, acabem-se com elas e tudo volta aos carris.

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    • Joaquim Amado Lopes permalink
      27 Maio, 2013 22:49

      Seria assim se:
      1. O ordenado não aumentásse ao longo desses 36 anos ou o cálculo da reforma fosse relativo a todo o tempo e não aos últimos ou aos melhores dos últimos anos;
      2. A Segurança Social não pagásse também subsídio de desemprego, subsídio de doença, subsídio de maternidade, subsídio de aborto, rendimento social de inserção, regime não contributivo (reformas para quem nunca descontou), …
      .
      Corrigir as “exce(p)ções” só tem implicações para as futuras reformas, não devolve o dinheiro já distribuído e, portanto, não cobre as reformas actuais nem o que os trabalhadores actuais já descontaram.

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      • Churchill permalink
        28 Maio, 2013 10:53

        Lopes
        Se a inflação não for superada pela capitalização dos fundos é por muito anormal má gestão. Não é preciso ser um génio para saber que com 100 milhões na carteira se conseguem rentabilidades seguras acima da taxa de inflação nominal.
        A SS paga isso tudo e é aí que está o problema. Na tão falada administração publica não é o CGA que paga, apesar de estar sempre a ser mal comparado (quando dá jeito baralhar a conversa!).
        .
        Sobre as exceções expliquei-me mal. Era mesmo para ir aos casos de pensões já atribuídas, e cortar mais nos que não contribuíram, em vez da teoria de cortar pelos valores brutos. Para mim faz mais sentido cortar 100€ a uma pensão de 500 que nunca descontou do que a uma de 1000 que durante 40 anos contribuiu para o sistema.

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      • Joaquim Amado Lopes permalink
        28 Maio, 2013 20:11

        Churchill,
        O regime não-contributivo é apenas uma gota de água. Todos os outros subsídios e o facto de a reforma ser baseada nos rendimentos dos últimos anos é que faz toda a diferença.
        .
        Quanto a onde foi investido o dinheiro da Segurança Social, boa parte foi em dívida da República. Ou seja, se fôr feito o default (como a oposição reclama), a Segurança Social fica a arder com esse dinheiro.
        E a discussão sobre “para onde foi” o dinheiro que devia estar capitalizado é importante (para se fazerem realmente as contas a quanto dinheiro seria e se calar os que dizem que só recebem o que descontaram) mas, seja qual fôr a conclusão, não altera o facto de que é impossível manter o sistema de pensões e subsídios como está.
        .
        E não concordo com ” faz mais sentido cortar 100€ a uma pensão de 500 que nunca descontou do que a uma de 1000 que durante 40 anos contribuiu para o sistema”.
        .
        A Segurança Social não é um sistema de capitalização mas de solidariedade. Não se desconta para a “nossa” reforma, desconta-se para o sistema cuja finalidade é apoiar quem necessita (na velhice, na doença, quando não se pode trabalhar, …).
        Na minha opinião, faz muito mais sentido cortar 100€ na pensão daquele a quem esses 100€ fazem menos falta. Ainda mais quando esses 100€ são pagos por quem está agora a trabalhar.

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  11. @!@ permalink
    27 Maio, 2013 21:13

    O Snowman a deslizar.
    “Entre 1991 e 1995 foi assessor económico do primeiro-ministro, em 1990 foi assessor do ministro das Finanças”, periodo que corresponde ao maior aumento dos salários da função pública”.
    “é importante considerar que a maior parte não é do Estado. As empresas estão descapitalizadas, as famílias endividadas, os bancos desequilibrados. Todos participámos da loucura dos últimos 20 anos; não apenas os políticos. As maiores responsabilidades são dos dirigentes, mas o povo não foi só vítima inocente de uma festa de que gozou durante décadas”. Finalmente reconhece que é só no sector “privado” o problema mais grave.
    “A culpa até é dos credores, que alimentaram a mesma loucura. Esta é a última verdade incómoda. A nossa dívida, das maiores do mundo, nunca poderá ser paga. Assim, todos os envolvidos terão de suportar algum custo, devendo encontrar-se uma partilha razoável”.
    É o mesmo snowman???

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  12. PiErre permalink
    27 Maio, 2013 21:36

    O João César das Neves não sabe o que diz.
    Ele não sabe que o Estado roubou as Caixas de Previdência para colectivizar a Segurança Social e depois pôs-se a espatifar o dinheiro que os trabalhadores tinham aforrado nessas Caixas de Previdência e a distribui-lo pelos amigos e clientes que nunca tinham descontado.
    Este assunto já mete nojo. É uma roubalheira pegada.
    E a D. Helena Matos também não percebe nada do assunto, ou então também faz parte da trupe.

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  13. PiErre permalink
    27 Maio, 2013 21:41

    Breve história da SEGURANÇA SOCIAL

    A propósito das notícias sobre as dificuldades da Segurança Social, é interessante relembrar o historial associado a esta matéria.
    A Segurança Social nasceu da Fusão (Nacionalização) de praticamente todas as Caixas de Previdência existentes, feita pelos Governos Comunistas e Socialistas, depois do 25 de Abril de 1974. As Contribuições que entravam nessas Caixas eram das Empresas Privadas (23,75%) e dos seus Empregados (11%). O Estado nunca lá pôs 1 centavo. Nacionalizando aquilo que aos Privados pertencia, o Estado apropriou-se do que não era seu. Com o muito, mas muito dinheiro que lá existia, o Estado passou a ser “mãos largas”! Começou por atribuir Pensões a todos os Não Contributivos (Domésticas, Agrícolas e Pescadores). Ao longo do tempo foi distribuindo Subsídios para tudo e para todos. Como se tal não bastasse, o 1º Governo de Guterres(1995/99) criou ainda outro subsídio (Rendimento Mínimo Garantido), em 1997, hoje chamado RSI. Os deputados também se autoincluiram neste pote mesmo sem o tempo de descontos exigidos aos beneficiários originais. E tudo isto, apenas e só, à custa dos Fundos existentes nas ex-Caixas de Previdência dos Privados. Os Governos não criaram Rubricas específicas nos Orçamentos de Estado, para contemplar estas necessidades. Optaram isso sim, pelo “assalto” àqueles Fundos. Cabe aqui recordar que os Governos do Prof. Salazar, também a esses Fundos várias vezes recorreram. Só que de outra forma: pedia emprestado e sempre pagou!

    Em 1996/97 o 1º Governo Guterres nomeou uma Comissão, com vários especialistas que em 1998, publicam o “Livro Branco da Segurança Social”.

    Uma das conclusões, que para este efeito importa salientar, diz respeito ao Montante que o Estado já devia à Segurança Social, ex-Caixas de Previdência, dos Privados, pelos “saques” que foi fazendo desde 1975.

    Pois, esse montante apurado até 31 de Dezembro de 1996 era já de 7.300 Milhões de Contos, na moeda de hoje, cerca de 36.500 Milhões €. De 1996 até hoje, os Governos continuaram a “sacar” e a dar benesses, a quem nunca para lá tinha contribuído, e tudo à custa dos Privados.

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  14. Fincapé permalink
    27 Maio, 2013 21:52

    É sempre a mesma lengalenga. Alguma falta de criatividade, é o que é.
    ———
    “A culpa até é dos credores, que alimentaram a mesma loucura. Esta é a última verdade incómoda.”
    – Certo, companheiros.
    ———
    “Mas seria bom que notassem que não descontaram o suficiente para as reformas…”
    “Desde 1974 que o nosso sistema de pensões não é de capitalização, sendo pagas as reformas pelos descontos dos trabalhadores do momento.”
    – Estas duas partes do texto completam-se ou contradizem-se. Pois não, as reformas não resultam de capitalização, porque se resultassem seria bom JCN, com ajuda divina, ajudar a descobrir o dia da morte de cada um. É que se alguém tivesse o azar de morrer aos 115 anos, se calhar só se poderia reformar aos 90.
    – Mais uma vez, JCN parece fazer de conta que não existem máquinas e automação, supondo que a maioria da riqueza é criada só pelo trabalho.
    – Além do mais, JCN não fala das reformas atribuídas sem descontos, nem das falhas de transferência de verbas dos governos para a CGA e para a SS. O que é bastante estranho, diga-se.

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    • Trinta e três permalink
      27 Maio, 2013 23:37

      “Mais uma vez, JCN parece fazer de conta que não existem máquinas e automação, supondo que a maioria da riqueza é criada só pelo trabalho”.
      Ora aí está algo a que poucos parece darem importância e que condiciona toda a análise futura, nomeadamente o tal pós-troika de que se pretende começar a falar: nunca mais teremos oferta de emprego, para ocupar a maior parte dos atuais desempregados. Negar isto, pressupõe aceitar que se elimine muito do petencial tecnológico de que a nossa sociedade dispõe. Agora, organizem lá as coisas sem estado social e vão ver o barril de pólvora que arranjam.

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  15. Portela Menos 1 permalink
    27 Maio, 2013 22:13

    um chupa-chupa para quem adivinhar o autor da frase:
    .
    “Como nos vamos livrar deles [funcionários públicos]? Reformá-los não resolve, porque deixam de descontar para a CGA e diminui as receitas de IRS. Só resta esperar que acabem por morrer”.

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  16. deluci permalink
    28 Maio, 2013 00:24

    Podes casar-te com ele, com ele e o António marinho, terrorista.
    O antónio marinho é primário de inteligência e daí raciocina como um terrorista.
    E ainda sonham com beppes grillos, ui, balha-me deus, antónio pinho, nós cá já temos cada palhaço à solta.
    Mas esse antónio, vê-lo ali no prós e contras, é o terrorista de primeira.
    E se lá phoda, ó marinho antónio.

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  17. Portela Menos 1 permalink
    28 Maio, 2013 00:33

    http://www.publico.pt/politica/noticia/a-estrategia-do-medo-1595615
    .

    (…) Em Portugal não se vive, nem se sonha, sofre-se em pesadelo!

Álvaro de Campos, irmão gémeo de Fernando Pessoa, diria que “as facturas são feitas por gente que tem amores, ódios, paixões políticas…”

As facturas a pagar são-no para gente que mói a vida no interior do seu sofrimento, nos silêncios de vidas que se aninham nos ventres de quem está já muito comido e macerado pelo calendário da existência de quarenta e tal anos de trabalho para este Estado que, sem alma, sem respeito e sem solidariedade, a massacra. Não se destinam ao Terreiro do Paço que desacerta as contas por incompetência, truques, manipulações.

Ao seu povo, estes governantes servem facturas de contas e dívidas que aquele não contraiu!

Como abutres, esvoaçam o espaço, de garra afiada e pronta a descarnar o que já está descarnado. (…)

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  18. tric permalink
    28 Maio, 2013 02:56

    “Se alguém pode dizer-se roubado, não são os actuais pensionistas, mas os nossos filhos e netos, que suportarão as enormes dívidas dos últimos 20 anos, e não apenas na segurança social.”
    .
    não são…é que são os actuais pensionistas que actualmente apoiam os seus filhos e os netos…roubando aos actuais pensionistas estão a roubar aos filhos e netos…nos tempos de correm…mas enfim…como hoje tornou-se um objectivo civilizacional judaico a destruição
    da familia cristã…um conflito de gerações entre “juventude” e “velhos”…os “velhos”, que representam as nossas tradições, as nossas raizes…os “velhos portugueses” a serem desprezados pela Europa!!!??? o Martim, é que está a dar… mas também é natural, veja-se o que está a passar na Syria!!! as raizes da cristandade estão a ser dizimadas…no Iraque…Syria…Libano…fisicamente…em Portugal, a perseguição da-se ainda no campo psiquico percepcional…como é exemplo do que se discute na Assembleia Judaica de Portugal…velhos e jovens…tradição vs progressismo…a Europa está a apostar no pogressismo…veja-se o Tribunal Europeus do Direitos Homem e a Amnistia Internacional que interferem e apoiam a destruição da noção de “familia cristã” em Portugal…em Portugal!!??? Portugal…uma Nação Cristãcom quase mil anos de existencia…vamos ter que mudar a nossa noção de familia…para satisfazer os “ideais” do Tribunal Europeu e aa Amnistia Internacional…mas enfim, a Europa apostou no progressismo…liberalismo…judaico!!!

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  19. 28 Maio, 2013 07:54

    Peço muita desculpa ao senhor Neves por não morrer dentro dos prazos desejáveis, vou empanturra-me de lagosta, caviar e bom Barca Velha para ver se o colesterol me leva.

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  20. 28 Maio, 2013 11:47

    O charlatão JC das Neves tem prazer de ver os portugueses, cada vez, mais pobres, pois a sua cartilha diz: ” É dos pobres o Reino do Céu” !

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  21. A C da Silveira permalink
    28 Maio, 2013 12:49

    O que mais me espanta na discussão sobre as reformas, é ver aqui e noutros sitios, os que serão mais prejudicados com este verdadeiro roubo que as actuais gerações estão a fazer aos filhos e aos netos, que pagarão queiram ou não esta extorsão, a defender a situação que os irá deixar sem reformas nem estado social. Será masoquismo, ou apenas estupidez natural?

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  22. Castrol permalink
    28 Maio, 2013 18:07

    Grande César da Neves!!!

    Parabéns pela frontalidade e clarividência com que aborda os assuntos mais polémicos da atualidade!

    A continuar este estado de coisas, a Segurança Social estará falida em menos de 10 anos…

    O Pior cego é o que não quer ver! E há por aí tantos ceguinhos…

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  23. Fernando S permalink
    29 Maio, 2013 00:07

    Portela Menos (28 Maio, 2013 17:48) :
    “Sócrates e os que governam hoje – o chamado bloco central – são os pais do desemprego estrutural, juntamente com a “crise, que tem as costas largas 🙂

    Os partidos do “arco da governação”, o PS e o PSD, sem excluir o CDS (atenção : “o bloco central” foi apenas uma coligação entre o PS e o PSD e representa relativamente pouco tempo no total do periodo), teem naturalmente uma grande responsabilidade nas politicas que estão na origem do elevado desemprego actual. Não apenas o “estrutural”, de mais longo prazo e abastraindo da conjuntura (onde se inclui a recessão actual) mas também no “conjuntural”, aquele que resulta directamente da politica de austeridade em curso (sim senhor, porque esta politica existe hoje por causa do dos erros do passado, do despesismo dos governos anteriores).
    Mas, dito isto, as responsabilidades passadas não acabam nestes partidos. Um outro partido, embora muito pouco representativo em termos eleitorais, mas com uma forte influencia na sociedade, nomeadamente através dos sindicatos e de outras posições adquiridas a seguir ao 25 de Abril de 1974, mesmo estando fora do governo, pesou também na evolução do modelo économico. Falo obviamente do PCP.
    Outros sectores das “elites”, ditos normalmente “de esquerda”, sem filiação patidaria e/ou ligados às organizações de extrema-esquerda que desembocaram a certa altura no Bloco de Esquerda, também eles com uma influencia politica e ideologica muito superior às respectivas expressões eleitorais, também teem responsabilidades no que se passou.
    De notar que os partidos e sectores mais à esquerda do PS criticavam e opunham-se aos governos em exercicio sobretudo por considerarem que as respectivas politicas não eram suficientemente … despesistas, intervencionistas, estatalistas. Se porventura tivessem tido maiores responsabilidades directas na governação a situação do pais teria sido bem pior e teria degenerado ainda mais cedo (mesmo sem crise internacional).
    Ou seja, os apoiantes e simpatizantes da extrema-esquerda, seja ela a “ortodoxa” (PCP) ou a “burguesa” (BE), por mais criticos que tenham sido dos governos anteriores, não teem qualquer razão aceitavel para virem hoje dar lições sobre as causas da crise e do desemprego.
    Dentro do PS, José Socrates tem efectivamente uma enorme responsabilidade no desencadear da crise actual. Primeiro, ainda antes da crise internacional de 2008, quando ja existiam sinais de que a economia portuguesa tinha perdido competitividade e de que a divida publica se embalava, e quando as condições da economia mundial ainda eram favoraveis, ao desperdiçar a oportunidade para fazer reformas e corrigir a derrapagem das contas publica. Depois, a partir da crise de 2008, ao enveradar por um aumento ainda maior das despesas e dos investimentos publicos, o que, para além de não ter resolvido o problema de fundo da economia, a falta de competitividade, acabou por agravar ainda mais o problema das finanças publicas.
    No PSD, a governação esteve praticamente sempre a cargo de sectores e personalidades que representavam uma orientação mais « social-democrata », favoravel ao crescimento do « Estado Social » e empenhada na realização de investimentos publicos muito significativos. Cavaco Silva foi, como Primeiro Ministro, uma das personalidades mais destacadas com este tipo de politica, depois continuada por outros « sociais-democratas », mais ou menos « cavaquistas ».
    Não penso que se possa dizer que « os que governam hoje », apesar de fazerem parte ou estarem proximos dos dois partidos da coligação, o PSD e o CDS, se inscrevem numa mesma linha de continuidade com o passado.
    Por alguma razão, uma grande parte dos « historicos » do PSD e do CDS teem vindo a assumir posições e a fazer declarações fortemente criticas do actual governo e da sua politica.
    Melhor ou pior, com maior ou menor sucesso, o governo liderado por Pedro Passos Coelho tem procurado equilibrar as contas publicas e fazer reformas estruturais. Esta orientação, exigida e apoiada pela chamada « Troika », representa claramente uma inversão de politica economica relativamente ao passado.
    O aumento do desemprego nos ultimos dois anos, incluindo o que resulta directamente da austeridade, tal como esta, é apenas uma consequencia inevitavel das politicas do passado.
    No fim de contas, a crise actual do modelo economico portugues mostrou que os recursos produtivos do pais, incluindo o trabalho, estavam a ser mal utilizados, em excesso em sectores produtores de bens e serviços não transaccionaveis destinados ao mercado interno (incluindo os serviços publicos), em falta em sectores produtores de bens e serviços transaccionaveis, tanto para a exportação como para o mercado interno (susceptiveis de substituir importações).
    O ajustamento em curso tem diversas facetas e uma delas é precisamente, numa primeira fase, o desinvestimento nos primeiros sectores e, numa segunda fase, o reinvestimento dos recursos libertos, incluindo o trabalho, nos segundos sectores. As duas fases sobrepõem-se em parte mas a primeira é ainda claramente dominante, o que explica o aumento rapido do desemprego. Mas, se o processo de ajustamento não for interrompido ou retardado, a inversão de tendencia na situação do emprego deve naturalmente acontecer nos proximos tempos.

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    • Portela Menos 1 permalink
      29 Maio, 2013 00:42

      Conclusão: só governo vai com o passo certo!
      Eu não acho normal o governo e os seus seguidores se fecharem em concha ás criticas; criticas que não são só internas (psd) mas portuguesas, europeias, mundiais. Antigos dirigentes da União, incluindo alemães, chamam a atenção dos actuais dirigentes da UE; a própria administração americana tem dados alguns recados aos actuais moradores de Bruxelas e até a China está a ficar preocupada com a recessão. Gente insuspeita de ser da esquerda radical lança sistematicamente alertas para o caminho para o abismo que a Europa está a levar – dando o exemplo de Portugal – e um grupo cada vez menor de teóricos continua a avançar contra a parede.
      Todos os números e indicadores, excepto a balança comercial por via do definhamento do mercado interno, são um desastre trimestre após trimestre. Chamar “processo de ajustamento” a um empobrecimento geral da população – onde se inclui uma radical diminuição dos custos de mão-de-obra que tende a aproximar Portugal dos mais pobres países da Ásia – é um sofisma que cada vez tem menos adeptos e nem a burguesia nortenha, por interposição de Rui Rio, se revê nesta política!
      ps:
      culpar os que nunca governaram o país de co-responsáveis da crise é, no mínimo, demagogia e não creio que tenha muitos adeptos, pelo menos por parte dos que estão a sofrer com as políticas, e não são nem poucos, nem são só FP’s…

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  24. Fernando S permalink
    29 Maio, 2013 13:07

    Portela Menos 1 (29 Maio, 2013 00:42),

    A conclusão é que a politica do governo é mais correcta do que aquela que é proposta pelos seus criticos à esquerda e que ja mostrou no passado que leva inevitavelmente ao desastre !

    O governo e os seus apoiantes não se fecham mais às criticas do que aqueles que criticam sem reservas nem concessões… Como é, de resto, o caso do Portela.

    Claro que uma politica de rigor e de reformas tem mesmo de suscitar criticas dos mais diversos quadrantes. Mexe com muita coisa e os preconceitos e os interesses assim postos em causa são muitos e fortes.
    Mas não é verdade que as criticas sejam realmente mais importantes do que os apoios.
    No plano interno existe efectivamente uma frente alargada de criticas à politica do governo, que vai dos tradicionais opositores a qualquer governo que não seja de esquerda até certos sectores profissionais e empresariais passando pelo « fogo amigo » dos inevitaveis « idiotas uteis » à direita. Mas o « barulho » feito é claramente e artificialmente ampliado pela visibilidade publica que é dada a estas criticas, em particular pela generalidade dos orgãos de comunicação social, directamente ou indirectamente ligados a interesses instalados que se sentem ameaçados pelas politicas do governo e que desde cedo tomaram partido e causa contra a politica de austeridade.
    No plano internacional a tendencia geral e dominante é antes de apoio e elogio à politica de rigor e reformas do governo portugues. Apesar da situação economica ainda ser dificil, Portugal ganhou ao longo dos dois ultimos anos em credibilidade externa. Credibilidade esta que, de resto, ja permitiu obter concessões importantes nas negociações com os nossos credores.
    As referencias que o Portela faz a certas declarações de dirigentes internacionais não dizem respeito a Portugal mas sim a uma discussão mais geral sobre a melhor maneira de conciliar as politicas de rigor orçamental, de qualquer modo consideradas indispensaveis, com outras medidas que possam favorecer o crescimento economico.
    Não nos iludamos : ninguém no mundo vai pagar no nosso lugar a conta dos erros de politica economica que foram cometidos no nosso pais !

    Também não é verdade que «todos os numeros e indicadores … são um desastre». Para além daquele que refere, o relativo à balança comercial, e que é um resultado muito mais importante e positivo do que o Portela sugere, outros resultados favoraveis podem ser avançados : a redução dos déficits orçamentais ; a diminuição dos custos financeiros e o alargamento dos prazos da divida publica ; a melhoria da situação do sector bancario e financeiro ; o aumento da poupança privada ; a melhoria da qualidade do investimento ; a retoma da produção industrial ; etc ; etc.
    Para todos os efeitos, o indicador mais abrangente e objectivo de que, apesar do agravamento da recessão, a situação e o potencial de recuperação da economia portuguesa melhoraram, é a resposta positiva dos mercado financeiros, onde os investidores se mostram cada vez mais disponiveis para comprar divida publica portuguesa a taxas de juro mais baixas, actualmente a niveis de meados de 2010.
    O modo como o Portela subestima a melhoria da situação da balança comercial, que é hoje praticamente excedentaria, é tipico duma atitude de critica sistematica e sectaria. Um dos problemas mais graves do nosso pais é precisamente o facto de gastarmos mais do que temos e produzimos. Uma das vias para corigir este desequilibrio é precisamente importar menos e exportar mais. Estamos a importar menos. Estamos sobretudo a importar menos bens de consumo que são dispensaveis ou que podem ser substituidos por produção interna e menos bens de investimento utilizados por sectores onde as nossas capacidades são excessivas (p.e., construção). Isto não é «definhamento» do mercado interno mas antes um ajustamento virtuoso da economia. Também estamos a exportar mais. Apesar das condições externas, que não dependem obviamente da nossa recessão interna, serem desfavoraveis. E apesar da nossa economia ainda não ter tido o tempo necessario para que sejam feitas todas as reformas estruturais que devem permitir às empresas exportadoras ganhar em produtividade e em competitividade.

    Quanto ao que diz sobre o «empobrecimento geral da população » gostaria de lembrar o seguinte.
    Ha efectivamente uma diminuição dos rendimentos médios dos portugueses e quem mais sofre são as categorias queja tinham rendimentos mais baixos e, sobretudo, que são hoje afectadas pelo flagelo do desemprego.
    Mas dizer que este «empobrecimento» é «radical» e nos aproxima «dos mais pobres paises de Asia» é demagogia pura e simples. O Pib per capita em 2011 em Portugal era cerca de 30 vezes superior ao do Bangladesh (que nem sequer é o mais pobre da região) e teria diminuido entre 2010 e 2012 em menos de 10%.
    Acresce que a responsabilidade pelas actuais dificuldades dos portugueses é sobretudo daqueles que defendem o tipo de politicas que «desajustaram» gravemente a economia portuguesa tornando agora inevitavel um forte e rapido «reajustamento».
    Se porventura esta correcção não fosse feita o empobrecimento dos portugueses seria então muitissimo maior !

    Quanto às responsabilidades dos partidos que nunca estiveram no governo do pais, ja me expliquei no comentario anterior.
    Estes partidos teem infelizmente uma significativa capacidade de condicionamento das politicas publicas e de bloqueio das reformas economicas necessarias à economia.
    De resto, a existecia e a permanencia de certos aspectos anacronicos e socializantes da actual Constituição são também uma expressão da influencia destes sectores na vida politica nacional.
    Imagine-se o que seria se porventura tivessem estado ou estivessem directamente no governo !!

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    • Joaquim Amado Lopes permalink
      29 Maio, 2013 14:24

      Fernando S,
      A posição do Portela pode ser resumida a: a culpa por estarmos a ir contra a parede é de quem está a tentar travar e mudar de direcção, não de quem quer continuar a acelerar e não admite que se toque no volante.

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    • Trinta e três permalink
      29 Maio, 2013 14:43

      “Idiotas úteis” á direita, segundo o Fernando: Adriano Moreira, Silva Peneda, Manuela Ferreira Leite, Medina Carreira, Paulo Morais, Marcelo Rebelo de Sousa… Tudo gente que, por todos os motivos e mais um e, ainda, pela idade de grande parte, deve criticar só para ocupar os cargos dos Coelhos, Moedas e afins. Haja paciência!

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    • Fernando S permalink
      29 Maio, 2013 14:56

      Joaquim,

      Não podia ser melhor dito !! 🙂

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    • Fernando S permalink
      29 Maio, 2013 15:11

      Trinta e tres,

      Não disse quem eram… Mas pode considerar esses e outros. Sendo que não dizem todos necessariamente as mesmas coisas, não são todos igualmente “idiotas” e “uteis”, não teem toos as mesmas razões e motivações pessoais, não tiram todas as mesmas conclusões politicas, nomeadamente no que se refere ao grau de critica ou apoio do governo de Passos Coelho.
      Lembro também que, ao contrario do Trinta e tres, muitas destas pessoas, embora criticando o governo, não desejam nem defendem a sua queda.
      A expressão “idiotas uteis” pode parecer demasiado dura, e até insultuosa, mas é apenas um termo convencional que é desde ha muito utilizado por analistas politicos com um sentido muito preciso. Respeito naturalmente estas e outras pessoas, por mais que discorde delas. Como respeito todas as pessoas que teem opiniões diferentes das minhas (desde que, naturalmente, seja reciproco).

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    • Portela Menos 1 permalink
      29 Maio, 2013 15:32

      Vou tentar ler o ultimo relatorio da OCDE …

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      • Portela Menos 1 permalink
        29 Maio, 2013 17:43

        OCDE – 2013/2014: défice 6,4%/5,1% ; PIB -2,7%/0,2% ; dívida 127,7%/130,1%
        .
        Não é uma questão de incompetência, é uma opção ideológica, um revanchismo e um terrorismo social sem procedentes. Tudo em nome de um “ajustamento”, levado a cabo por um conjunto de radicais que nem questionam os patrões de Bruxelas sobre o desastre e o pesadelo dos portugueses. Tudo em nome de que temos “vivido acima das nossas possibilidades” e que temos um Estado gordo…

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  25. Fernando S permalink
    29 Maio, 2013 23:51

    Portela Menos 1,

    Mas do que é que se queixa ?!…
    O déficit continua a baixar … (o saldo estrutural até ja é … positivo !!)
    Afinal a recessão não é em “espiral” e acaba para o ano !!
    Obviamente, a divida pubica acumulada aumenta ainda em resultado do déficit mas aproxima-se de um maximo e a previsão é que de seguida possa ser estabilizada e progressivamente diminuida (a OCDE fala de pelo menos 15 a 20 anos para se poder voltar aos limites de 60% do Pib do Pacto de Estabilidade) !
    Estes numeros e estas evoluções mostram que o ajustamento esta a resultar !

    Ao contrario do que o Portela parece sugerir, tudo isto é aprovado e elogiado pelos tais “patrões de Bruxelas”.
    Ainda recentemente, o Comissario Europeu dos Assuntos Economicos, Olli Rehn, afirmava que “o programa português continua assim amplamente no bom caminho, e isso é muito importante”.

    Ja agora, que se faz referencia às ultimas previsões da OCDE sobre Portugal, que “oh escandalo !” estariam ligeiramente abaixo de outras feitas pelo governo português, a UE, o FMI, e para que não haja qualquer duvida quanto ao essencial da posição desta organização internacional, talvez não seja inutil lembrar aqui algumas afirmações do seu Secretario-Geral, Angel Gurria, numa conferencia de imprensa conjunta com o PM português a 14/05/2013 em Paris :
    (tradução livre do ingles)
    “Vemos com admiração a coragem, a direcção, e os passos decisivos que foram tomados em Portugal para realizar um dos processos de ajustamento mais impressionantes, num contexto dos mais dificeis no mundo, num dos momentos mais dificeis a que nos foi dado assistir no nosso tempo de vida, literalmente. A situação [em Portugal] ja era suficientemente complicada quando assumiu as suas funções de PM mas o contexto dificil tornou-a ainda mais complicada. Por isso, gostaria agora de reafirmar publicamente ao PM que a OCDE continuara a apoiar Portugal nos seus esforços de reformas no sentido de assegurar que depois do enorme esforço que o pais esta a fazer vira um periodo de crescimento sustentado no médio e longo prazo e de maior bem-estar para todos os portugueses”.

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    • Joaquim Amado Lopes permalink
      30 Maio, 2013 00:47

      Lamento, Fernando S, mas receio que Angel Gurria esteja redondamente enganado.
      Depois do enorme (mas claramente insuficiente) esforço que o país está a fazer, o PS voltará ao Governo, o cabo do travão será cortado (com os aplausos de Portelas e afins) e voltaremos a ir em direcção à parede a velocidade crescente.

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      • 30 Maio, 2013 02:29

        Então porque é que os valores do défice estão a ser renegociados na europa? Mas afinal quanto mais depressa fosse feito o ajustamento melhor?
        Porque é que em vez de cumprirmos já os 3% este ano, o défice ficará provavelmente 2 valores mais acima?
        Ninguém com um palmo de testa recusará a consolidação, mas é preciso haver resultados..que justifiquem os sacrificios.Não ando a suportar aumentos de impostos que deem sistematicamente em nada.
        Supostamente já deviamos ter só 4.5%,e temos em vez disso, 6,4

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    • Fernando S permalink
      30 Maio, 2013 01:20

      Joaquim,
      O pais teria naturalmente muito a ganhar se o esforço fosse ainda maior.
      Mas também é a omelete que é possivel fazer com os ovos que temos … Sejamos realistas e não peçamos o impossivel !!
      Também não sou tão negativo como o Joaquim quanto aos resultados. Se a politica actual, mesmo com as suas limitações, fosse continuada até poderiamos ultrapassar a crise actual mais cedo do que se imagina e ficar daqui a uns anos com uma economia mais equilibrada e produtiva. O que nos poderia ainda voltar a dar um novo periodo de convergencia com a Europa a médio/longo prazo.
      O problema é precisamente esse que o Joaquim levanta.
      Infelizmente … é bem capaz de ter razão … Vendo o estado da opinião publica, a probabilidade do PS voltar ao governo cedo demais é efectivamente muito grande.
      Que desperdicio ! Vai ser uma enorme perda de tempo e de recursos.
      Esperemos apenas que o tradicional pragmatismo do PS quando esta no governo permita dar alguma continuidade minima ao ajustamento e salvar ainda o pais da catastrofe (saida do Euro, etc).
      Não seria a primeira vez que o PS “meteria o socialismo na gaveta” (“allo, Sr Dr Mario Soares !!… 😉 ).
      Mas reconheço que estou a ser optimista !! 🙂

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      • Joaquim Amado Lopes permalink
        30 Maio, 2013 03:01

        Fernando S,
        Independentemente do que é ou não possível fazer neste momento (e as corporações, incluíndo o Tribunal Constitucional, estão a fazer por que se faça o menos possível), o que foi feito até agora é claramente insuficiente. Não apenas ainda há deficit público como continuam a ser usadas manobras contabilísticas para o “maquilhar”. Com a agravamente de que algumas dessas manobras (incorporação na Segurança Social de fundos privados de pensões, p.e.) são receitas “envenenadas”.
        É verdade que o Governo tem sido impedido de fazer algumas das coisas correctas que tentou mas também é verdade que tem demonstrado muito pouca vontade para fazer o que é necessário. Não apenas não avançou com as medidas simbólicas que ajudariam a colocar a opinião pública do seu lado como tem cedido quase em toda a linha aos interesses corporativos (veja-se o caso da RTP).
        .
        Na linha do resumo que fiz da posição do Portela (e que o Fernando entendeu melhor do que o Portela alguma vez quererá entender), o Governo tem estado mais preocupado em ir abrandando o carro na esperança de que a parede se vá afastando do que em mudar realmente de direcção.
        .
        Quanto ao “tradicional pragmatismo do PS quando esta no governo”, a tradição já não é o que era. Ou esqueceu-se de José Sócrates?

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  26. Portela Menos 1 permalink
    31 Maio, 2013 00:23

    Um social-democrata não é de direita:
    .
    http://www.ionline.pt/node/50262667

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    • Fernando S permalink
      31 Maio, 2013 01:32

      A frase de Sa Carneiro foi feita num contexto politico em que assumir-se “de direita” era praticamente assimilado a um posicionamento contrario ao “espirito do 25 de Abril” e comprometido com o regime anteror, dito “fascista”.
      Não sei se diria o mesmo, ou com as mesmas palavras, nos tempos actuais.
      De qualquer modo, hoje em dia é uma frase sem grande interesse ou relevancia.

      Nesta noticia linkada o que é de realçar é que Pacheco Pereira se junta a uma iniciativa de Mario Soares reunindo gente ligada ao PS, ao PCP e ao BE, para critcar o governo e a politica de austeridade.
      Pacheco Pereira é livre de fazer e dizer o que quer e onde quer.
      Obviamente que actualmente esta muito mais “à esquerda” do que “à direita”.

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      • Portela Menos 1 permalink
        31 Maio, 2013 01:40

        “gente ligada ao …”
        gostei! vcs nem disfarçam…

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      • Fernando S permalink
        31 Maio, 2013 02:06

        Da noticia por si linkada :
        “Este encontro ficará marcado por ter conseguido reunir no mesmo espaço o PS, o PCP e o BE.”

        “Gostou” do que ?!…
        “Voces” quem ?!…
        “Disfarçam” o que ?!…

        Podendo ser mais claro, agradeço.
        Não sendo, agradeço na mesma !

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  27. Fernando S permalink
    31 Maio, 2013 01:13

    Caro rr  (30 Maio, 2013 02:29),

    As metas estabelecidas no acordo com a Troika eram ambiciosas ?
    Eram. Ja se sabia. Confirma-se agora. Mas na governação, como na vida em geral, é bom ter à partida metas ambiciosas, embora realistas (não inviaveis e impossiveis), mesmo que não se tenha a certeza de as realizar.
    Além de que, não nos esqueçamos, essas metas foram praticamente impostas pela Troika em contrapartida da assistencia financeira de emergencia que foi então garantida. O que era então perfeitamente compreensivel e legitimo.
    De resto, no momento das contabilidades politicas, convém não esquecer que o acordo foi negociado e celebrado pelo governo anterior. Muito embora, é verdade, tenha sido igualmente subscrito e assumido pelos dois partidos da actual coligação de governo.

    Porque é que essas metas não se realizaram exactamente como o que estava previsto ?
    Ninguém pode dar uma resposta taxativa e matematica a esta questão.
    Foi certamente um conjunto vasto de factores.
    Digamos que ha factores mais politicos, sobretudo internos, e factores mais economicos, internos e externos.
    No plano mais politico, a politica de austeridade e reformas foi dificultada por bloqueios e fortes resistencias politicas, institucionais e sociais, por um lado, e por algumas hesitações e contradições na area politica de apoio ao governo. Estas dificuldades fizeram com que, por um lado as despesas publicas não tivessem sido cortadas tanto quanto seria desejavel pelo que foi necessario compensar com maiores aumentos de impostos e, por outro lado, a medida de descida do custo fiscal do trabalho suportado pelas empresas em contrapartida do aumento da parte dos trabalhadores ou dos impostos sobre o consumo fosse abandonada.
    No plano mais economico.
    A recessão interna foi mais forte do que o previsto.
    Deveu-se a diferentes razões, internas e externas. Algumas delas.
    O ritmo de aumento das exportações, que se previa ser o motor central na actividade economica num processo em que era inevitavel uma diminuição importante da procura interna, e que esteve até acima das expectativas iniciais numa primeira fase, baixou significativamente numa segunda fase em resultado duma desacelaração importante da procura externa num contexto internacional, no resto do Mundo e sobretudo na Zona Euro, que se revelou menos favoravel do que se previa em 2011.
    O impacto negativo das restrições do crédito à economia, por sua vez decorrentes da situação financeira do pais e da indispensavel recentragem do sector bancario, foi mais importante do que previsto inicialmente. Embora dificil de quantificar, este é provavelmente o factor mais importante.
    A redução acentuada dos gastos do Estado, despesa e investimento, contribuiu de modo significativo para a diminuição da procura interna. Embora inferiores ao desejavel e inicialmente programado, sobretudo no que se refere à despesa, estes cortes foram mesmo assim significativos, de varios biliões de Euros, com diversos efeitos multiplicadores, e afectaram sériamente certos sectores de actividade mais dependentes do Estado (como a construção).
    Finalmente, o aumento de impostos, que intencionalmente poupou quase completamente as empresas (o IRC não foi aumentado), e incidiu sobretudo sobre o consumo e o rendimento das familias, teve inevitavelmente um impacto na procura interna. Dito isto, o maior impacto não foi directamente economico (menos rendimento para consumir ; a famosa curva de Laffer não é valida num contexto recessivo de curto prazo) mas sim psicologico, em termos dos indicadores de confiança dos agentes economicos, tanto das familias como das empresas.

    Poderia o governo de Passos Coelho ter antecipado e contornado todos ou alguns destes factores desfavoraveis e imprevistos ??…
    Julgo que não.
    A começar pelas suas proprias limitações e contradições internas.
    Passando pelo contexto politico e social do pais.
    Acabando no contexto economico externo.
    A vontade do governo, ou pelo menos do Primeiro Ministro e do Ministro das Finanças, era a de respeitar as metas inicilmente acordadas indo mais longe na austeridade e nas reformas.
    Não foi capaz. Não por incompetencia, como por vezes se ouve dizer por ai (de resto, a competencia « técnica » é um factor bastante marginal a este nivel) mas porque a realidade existe e se impõe.

    Os resultados obtidos nestas condições foram maus e traduzem um falhanço da politica de austeridade e reformas do governo e da Troika ?
    Não penso que se possa sustentar isso.
    Apesar de todas as dificuldades e hesitações, os resultados ja alcançados vão na boa direcção, estão em linha com os objectivos pretendidos. Senão vejamos.
    A consolidação orçamental esta a fazer-se. O déficit orçamental, mesmo o nominal, com medidas extraordinarias (as quais, diga-se de passagem, não são apenas do lado das receitas), depois de ter atingido um pico de 10% em 2010, e apesar de todas as condições desfavoraveis acima referidas, inverteu a tendencia e tem vindo a descer. Em particular, o saldo primario estrutural, que é o indicador que melhor reflete a evolução da estrutura das contas publicas descontando o que resulta dos efeitos conjunturais, foi em apenas 2 anos reduzido em quase 7 pontos percentuais do Pib e é hoje ligeiramente positivo. Este é o resultado que mais impressiona os principais analistas e protagonistas externos, incluindo os credores e os mercados, justificando os elogios (a Irlanda e Portugal são frequentemente apresentados como exemplos de que as politicas de ajustamento podem resultar) e a descida do custo do financiamento da divida publica. O facto da divida publica acumulada estar ainda a crescer não tem nada de anormal nem de alarmante. Estava previsto. Enquanto os orçamentos anuais forem negativos a divida tem mesmo de crescer. E cresce graças aos empréstimos da Troika. Porque se não existisse esta ajuda, como alguns « imbecis » dizem ser preferivel, a divida poderia crescer menos ou até descer mas o pais estaria completamente na bancarota. De resto, o maior crescimento da divida tem também a ver com o facto de nela terem sido incluidas verbas que ou estavam anteriormente de fora ou que estão na tesouraria do Estado mas não foram ainda utilizadas nem se sabe se o virão a ser (é o caso de uma parte da componente da ajuda da Troika destinada, se necessario, ao sector bancario). O mais importante é que a divida esta agora controlada e podera establizar e diminuir à medida que a consolidação orçamental for avançando. A divida publica portuguesa é actualmente quase exactamente identica, em percentagem do Pib, à irlandesa. Os credores e os mercados não consideram hoje esta divida como estando em risco de não reembolso.
    O ajustamento da economia portuguesa tem também avançado noutras frentes. Nomeadamente : uma balança de pagamentos anual praticamente equilibrada ; o custo salarial médio a descer ; a poupança a subir ; a qualidade produtiva do investimento a melhorar ; a produção industrial a subir ; um maior equilibrio entre recursos aplicados nos sectores de bens transaccionaveis e não transaccionaveis ; etc.
    Algumas das reformas estruturais consideradas necessarias ao ajustamento e ao aumento da eficiencia da economia foram realizadas ou estão em curso e agendadas : as privatizações ; a flexibilização do mercado de trabalho ; maior abertura e mais concorrencia em sectores ditos « prestatarios » (bancario e financeiro, energia, combustiveis, telecomunicações, transportes, etc) ; a reforma do Estado ; etc.

    O rr acha que tudo isto é igual a … « nada » !!
    Claro que tudo o que foi feito até agora e os resultados ja obtidos é ainda pouco e insuficiente.
    A consolidação orçamental ainda não esta ganha.
    As reformas estruturais, em particular a do Estado, são ainda incompletas e insuficientes.
    A carga fiscal é agora mais elevada do que nunca (embora tenha descido ligeiramente em percentagem do Pib) e deve começar a ser reduzida o mais rapidamente possivel (rr, o « possivel é tão ou mais importante do que o « rapidamente » !.. 😉 ).
    Mas dizer que é « nada » é passar completamente ao lado da realidade !

    O rr acha que o facto de Portugal estar a « negociar » com as partes que integram a Troika, em particular a UE, uma revisão dos valores ou dos prazos das metas orçamentais, é a demonstração de que os resultados da politica do governo são maus.
    Por sinal a unica coisa que neste momento o governo portugues esta a tratar (não é uma « negociação ») é de um escalonamento ja aceite do pagamento do empréstimo da Troika.
    No que se refere às metas do déficit, o PM disse apenas que, se fosse necessario o governo poderia solicitar uma alteração das metas. Mas a verdade é que o Presidente do Eurogrupo veio ha dias dizer que o governo portugues não tinha feito nenhum pedido mas que se o viesse a fazer a UE estaria pronta para dar uma resposta favoravel.
    Ou seja, é precisamente o contrario do que diz o rr.
    Foi graças ao sucesso da politica actual que o governo ja pode obter algumas concessões e pode continuar a contar com a compreensão dos credores, da UE, dos mercados, da generalidade dos observadores.
    Esperemos que, muitos dos portugueses que estão descontentes com a austeridade e que são a favor duma « renegociação » do programa da Troika, venham mais cedo ou mais tarde a perceber este aspecto e a não preferir « entregar o ouro ao bandido » !! (salvo seja)

    Claro que nada é ainda suficiente, é necessario continuar, ir bem mais longe em muitas daquelas areas e obter resultados ainda melhores.
    Claro que o esforço de ajustamento devera continuar durante ainda muitos anos, mesmo depois do fim da emergencia financeira e do fim do programa da Troika.

    E este é precisamente o principal problema.
    Ja nem é tanto o saber se Portugal esta ou não a conseguir fazer face à emergencia financeira e a fazer as reformas estruturais indispensaveis. Melhorou pior, foi feito e esta a ser feito.
    O mais importante, o maior risco da situação actual, é saber se, sim ou não, a politica de austeridade e de reformas, e com ela o ajustamento da economia, vai continuar nos proximos meses e nos proximos anos.
    Com este ou com qualquer outro governo, pouco importa.
    Porque se não continuar, então sim, pode-se dizer que todo (ou quase) esforço feito até agora e os resultados obtidos, nomeadamente em termos de credibilidade e regresso aos mercados, vai por agua abaixo.
    O simples facto de haver duvidas e este respeito pode, de um momento para o outro, lançar de novo o nosso pais na emergencia.

    O Joaquim Amado Lopes, por exemplo, aqui em cima, não acredita que o governo actual tenha feito e consiga ainda fazer o suficiente no tempo que lhe resta para por o nosso pais a salvo do que podem vir a ser as politicas irresponsaveis dum novo governo, quase certamente do PS (ou, diria eu, na menos ma das piores hipoteses, formado com o beneplacito dos « sociais-democratas » e « cristãos-democratas » « criticos » do PSD e do CDS).
    Eu também considero que, no estado actual da opinião publica em Portugal, a probalidade do governo de Passos Coelho não sobreviver às proximas eleições legislativas, ou até de cair politicamente antes disso, é muito alta.
    Por isso também estou preocupado.

    Dito isto, é curioso que nem os credores nem os mercados parecem assim tão preocupados com esta eventualidade. Se fosse o caso a credibilidade do governo portugues seria muito provavelmente bem menor e os mercados não estariam a baixar os juros da divida portuguesa.
    Porque ?
    Quem sabe ?!..
    A minha hipotese é a de que talvez todos estes observadores e protagonistas externos (e talvez outros internos) estejam convencidos (pelo menos até agora !…) que um novo governo, seja ele qual for, mesmo sendo dum PS que se diz contra a austeridade, não poderia voltar atras e seria obrigado, pelas circunstancias e pela necessidade, a manter e a continuar com uma politica de austeridade e de reformas estruturais, com ou sem programa da Troika.
    No fim de contas, a ideia é que, mesmo que eventualmente se perca algum tempo e que a politica do novo governo seja menos eficaz e de resultados menos positivos, a orientação geral vai continuar a ser a mesma.
    Ou seja, um novo governo vai complicar tudo mas não vai forçosamente significar o fim da austeridade !
    Pode até, de certo modo, muito provavelmente, e depois duma primeira fase de idilio, implicar ainda mais austeridade !
    E este ainda é o que eu chamaria um cenario … optimista !

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    • 31 Maio, 2013 02:44

      Fernando, não me leve a mal:Gostaria de responder ao seu comentário, mas é demasiado longo mesmo.Sei que a sua capacidade de sintese é parca, mas é uma tarefa que me tira tempo.
      Para começo de conversa: não gosto da renegociação das metas.É uma forma de nunca cumprirmos o que tem de ser cumprido.
      No plano politico, ve-se que há uma resistência ideológica ao corte da despesa, e até um entusiasmo com os aumentos de impostos.O Fernando pode dizer perfeitamente que não, mas indepentendemente do grau, não há vontade do governo em mudar.O governo não fez mais não porque não lhe foi possivel, mas porque não quis.Porque não quis,pura e simplesmente.A Recessão internacional, tem algum papel, mas não explica tudo.Não é desculpa.Não foi desculpa,quando era um frequente argumento dos apoiante de Sócrates para os seus falhanços, não o será agora.
      Não vejo o fundamento da sua opinião sobre a curva de laffer,ou seja, como se pode sustentar que ela não é válida.Nós temos uma carga de fiscal alta.Haverá outros factores, mas quanto mais caro for um produto, menos o vou consumir, ou menos produtos consumirei.Quanto mais caros forem os produtos, mais dinheiro vou querer guardar para mim,menos disponibilidade financeira terei.Se assim fosse, nunca seria preciso baixar impostos, e isso não tem absolutamente nada de psicológico, mas sim de matemática.Pura e simples matemática e racionalismo..A sua tese teria mais sentido, noutros cenários que não o nosso
      Esquece-se que os objetivos eram primeiro para este ano, de 3%, depois para 4,5%, e agora de 5,5%,Quando deviamos ter tomado medidas para atingir os valores inicialmente propostos, e não o contrário(os valores ajustarem-se ás medidas).
      Quanto ás reformas, houve uma, minima do mercado de trabalho, e relativamente ao resto, até agora há conversa a mais, mas não há muita concretização dessas reformas.Para já, só constam no papel.Tirando as poucas privatizações e a do mercado de trabalho, não vi de resto reformas significativas,ou que estejam a ser implementadas.Portanto, peço-lhe desculpa, mas o nada é muito mal real do que diz
      Quanto aos défices, de facto, há um equilibrio da balança comercial,mas não é um feito do governo,sendo ao invés, das familias e do sector privado.O sector privado já fez o seu ajustamente,muito ao contrário do que aconteceu com o Estado, que continua quase igual ao que era anteriormente.O esforço na despesa do Estado foi bastante inferior ao que foi feito no setor privado, é isso que eu contesto,.O défice de 2012 foi 1,9 acima do que estava imprevistos.Desceu? Sim, mas foi bastante menos do que devia ter sido.De 2011 para 2012, apenas descemos um valor de défice,se tivermos em conta que o défice sem receitas extraordinárias em 2011 foi de 7,5%.
      E por último, só com uma fé infinita, é que alguém pode acreditar que o governo descerá os impostos alguma vez.
      Decididamente, gostaria de ter a sua vivacidade e optimismo, mas.. o meu cepticismo vence esses valores.
      É manifestamente tudo isto, insuficiente.Com maior ou menor grau nos aspectos secundários, é um governo ao lado dos anteriores no que é essencial.Por isso quando o Fernando, fala em libertários e liberais radicais que estão “na discussão errada” eu digo-lhe o seguinte: não é que estejamos no lado errado.Nós estamos bem nessa discussão.O problema é que para mal dos nossos pecados, o governo está do lado do socialismo e do marasmo! Com disfarçe ou sem disfarçe, ou maior ou menor grau, é um governo social-democrata como a maior parte do que tem existido em Portugal.
      Quando fala em sectores sociais democratas do PSD e CDS,não vejo em que aspectos Passos Coelho é diferente desses.O discurso pode até ser liberal, como já foi, mas meu caro Fernando, eu não confundo os discursos com os feitos e a obra
      É a minha convicção, e não vejo razões para dizer o contrário.Sinceramente, é assim.

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  28. Fernando S permalink
    31 Maio, 2013 01:14

    Caro Joaquim Amado Lopes (30 Maio, 2013 03:01),

    A minha resposta ao que diz aqui em cima esta em boa medida na minha resposta ao comentario do rr. Eu diria mesmo que esta resposta até é mais para si ja que o rr é radicalmente insensivel aos factos e aos argumentos que costumo avançar. Julgo não me enganar dizendo que aquilo que me separa do rr é muitissimo mais do que aquilo, muito pouco e não essencial, que me separa do Joaquim. Apesar de tanto eu como o rr nos proclamarmos « liberais », e de partilharmos por isso alguns valores e objectivos, a verdade é que as nossas visões do mundo, e em particular da economia, são muito diferentes. A tal ponto que, no que se refere ao principal confronto politico em Portugal no momento presente, somos mais adversarios do que aliados. Apesar de tudo (e até ver !..;) ) vejo o Joaquim como estando do mesmo lado da barricada !

    Não vou agora pronunciar-me sobre alguns dos aspectos de pormenor que o Joaquim refere neste seu ultimo comentario (manobras contabilisticas, medidas simbolicas, interesses corporativos, RTP). Não digo que não tenham alguma importancia e que o Joaquim não tenha pontualmente alguma razão no que diz (nomeadamente no que se refere a certos erros de comunicação do governo), mas, para além do que possa ser a minha analise e opinião, sinceramente, e desde ja lhe peço desculpa por dizer isto desta maneira e sem mais justificações, estes aspectos não me parecem ser determinantes no confronto politico actual.

    Por isso, prefiro fazer agora uma consideração de caracter mais geral.

    Se dependesse apenas de mim, um liberal convicto e « doutrinario » de longa data, a sociedade portuguesa seria profundamente reformada de cima a baixo. Poupo-lhe a lista. Mas garanto-lhe que ficaria surpreendido.
    Acontece que o que se passa e pode vir a passar em Portugal não depende apenas de mim. Melhor, não depende em nada de mim !:)
    Como não depende sequer da pequena minoria que são todos os « liberais doc » em conjunto, dos mais radicais aos mais moderados.
    Depende sim do que é hoje a realidade concreta do pais e do mundo. Em particular, depende do que são os portugueses, com uma historia às costas, dos multiplas ideias e aspirações individuais e colectivas, da correlacção de forças entre diferentes interesses e diferentes posições ideologicas e politicas mais ou menos estruturadas e organizadas. Depende também, e muito, do contexto internacional.
    Assim sendo, como cidadão, a minha preocupação não é tanto a de dizer o que é que deveria ser feito em absoluto e de defender os meus pontos de vista contra tudo e contra todos.
    Interessa-me mais perceber até que ponto e em que condições é que uma evolução da sociedade, e nela em particular da economia, num sentido mais liberal, pode ser conseguida, na pratica e de modo sustentado e consolidado.
    Por isso politicamente, procuro-me situar relativamente à linha de confronto principal entre os que procuram liberalizar e os que procuram « socialistizar » a sociedade e a economia. O que, em certas circunstancias pouco favoraveis, pode até significar apoiar aqueles que apenas resistem mais do que outros a uma evolução ainda mais socializante (por exemplo, nos antigos paises comunistas a dissidencia e a oposição vinham muitas vezes de sectores que também se reconheciam no socialismo mas que acreditavam que este podia ser compativel com a liberdade ; por esta razão eram muitas vezes designados como « liberais »).
    Claro que ha varias linhas de confronto entre mais ou menos liberdade. Mas algumas delas, senão mesmo quase todas, são irrelevantes a nivel politico na medida em que não influem sobre a real evolução da sociedade. O que é relevante e conta são as linhas de confronto que podem fazer mexer o estado das coisas em termos de mais ou menos liberdade. Ou seja, onde a defesa de mais liberdade ou de menos socialismo tem algumas chances de obter resultados efectivos. Por outras palavras, não vejo nenhum sentido nem nenhuma utilidade em tomar partido em relação a linhas de confronto sem qualquer influencia sobre a realidade. Os valores e os programas são naturalmente importantes. Mas se não são viaveis politicamente não teem qualquer interesse.

    Passando para algo de mais concreto, a actual situação politica em Portugal é um bom exemplo pratico do que acabo de dizer.
    Neste momento esta em curso um confronto politico importante em torno do modelo economico global, entre uma parte da sociedade que acha que este modelo deve ser reformado em sentido mais liberal e aqueles que resistem a esta mudança, que defendem o status quo.
    Do meu ponto de vista (mas parece-me algo de evidente e dificilmente contestavel) a linha de confronto principal ve, de um lado, o actual governo de Passos Coelho com a sua politica de austeridade e reformas apoiado pela Troika e, do outro lado, as diferentes oposições àquela politica.
    Existem naturalmente outras linhas onde se podem confrontar posições mais ou menos liberais ou posições mais ou menos socializantes.
    Por exemplo, ha quem considere que, no fim de contas, o governo de Passos Coelho e a sua politica não diferem muito do que foi feito por governos anteriores, nomeadamente pelo ultimo dirigido por José Socrates, ou que seria adoptada por um governo mais à esquerda, por exemplo do PS de José Seguro.
    Em particular, esta é posição de um conjunto de liberais mais impacientes e intransigentes (alguns deles incluem-se nas correntes ditas « libertarianas ») para quem a verdadeira linha de confronto principal se situa precisamente entre o verdadeiro liberalismo, que é o deles, e a social-democracia e o socialismo, onde insistem em incluir o governo actual.
    Eu não concordo com esta separação das aguas e o meu comentario acima, em resposta ao rr, avança com algumas das razões.
    Mas o que mais importa nem é saber se o governo de Passos Coelho e a sua politica economica são verdadeiramente liberais ou antes sociais-democratas e socialistas.
    O que conta é que esta leitura é perfeitamente minoritaria e não tem qualquer relevancia no confronto politico actual na sociedade concreta que é a portuguesa.
    Na verdade, as alternativas politicamente viaveis ao governo actual não incluem nenhuma hipotese de governo com uma politica mais liberal (ou menos iliberal, como se queira) do que aquela que é levada a cabo actualmente.
    O que esta actualmente verdadeiramente em jogo na sociedade portuguesa é a continuação ou não da politica de austeridade e de reformas. Este é o confronto politico principal e é relativamente a ele que penso que todos aqueles que, mais ou menos liberais, ou até sem se reconhecerem no liberalismo doutrinal, consideram que o modelo economico despesista e intervencionista dos anos passados, que nos trouxe inexoravelmente para a crise actual, deve ser mudado e reformado no sentido de se reduzir o peso e o intervencionismo do Estado na economia, se devem posicionar.
    Saber se, com aquele objectivo estratégico, o que o governo actual tem feito é suficiente ou não, se deveria e poderia ir mais longe e mais depressa ou não, é uma mera discussão de principios, que pode sempre fazer-se, mas que se situa fora do confronto politico que verdadeiramente tem importancia para o futuro do nosso pais nos proximos anos.
    Eu prefiro estar neste confronto principal e por isso, sem abandonar principios nem a sempre necessaria distancia critica, apoio globalmente o governo actual e a sua politica de austeridade e reformas.

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    • Portela Menos 1 permalink
      31 Maio, 2013 01:50

      uma verdadeira análise “marxista”!
      ié, de momento a correlação de forças não é objectivamente favorável a uma política de total Liberalismo, então, apoiar Passos e este governo “social-liberal” pode ser uma estratégia razoável, tendo em conta o objectivo final …
      O PC tem muito a aprender com vcs 🙂

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      • Portela Menos 1 permalink
        31 Maio, 2013 01:51

        “O PC tem muito…” quero dizer PCP e não PassosCoelho !

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    • Joaquim Amado Lopes permalink
      31 Maio, 2013 02:16

      Ou seja, está a dizer que, no contexto actual (e que não vê que possa ser alterado de forma substancial), alterar a direcção (mexer no volante) não é possível e, portanto, a opção é entre acelerar em direcção à parede e abrandar um pouco.
      .
      Concordo com que Portugal é, no essencial, um país socialista e não é possível uma alteração radical do “nosso” modo de pensar. No entanto, é possível fazer muito mais nesse sentido do que o Governo tem feito. E os erros imperdoáveis do Governo foram e estão ainda a ser:
      1. Não saber comunicar as suas políticas.
      A comunicação social que temos, ainda mais do que incompetente, é parcial mas isso devia levar o Governo a esforçar-se ainda mais e ser mais competente em termos de comunicação. Verifica-se o contrário.
      .
      2. Não dar o exemplo nem mostrar realmente um rumo de longo prazo.
      A situação de emergência em que Portugal se encontra justifica uma grande concentração de esforços naquilo que possa fazer realmente a diferença mas, sendo a montanha a escalar muito alta, impunha-se preparar a opinião pública para o longo caminho que temos pela frente através de medidas que, mesmo sem grande impacto nas contas públicas, fossem altamente simbólicas. Por exemplo:
      – reduzir os salários de todos os cargos públicos em 10 ou 20% e indexar aumentos futuros à variação do salário médio nacional;
      – indexar a evolução dos salários dos funcionários públicos à variação do salário médio dos trabalhadores do privado;
      – deixar de pagar os ordenados aos sindicalistas;
      – os ordenados dos assessores governamentais passarem a estar alinhados com os dos funcionários públicos de nível equivalente;
      – publicar todas as despesas com os gabinetes ministeriais com a respectiva justificação;
      – cortar os subsídios a Fundações e Institutos privados e concessionar-lhes serviços públicos por concurso público;
      – denunciar unilateralmente contratos claramente ruínosos para o Estado e fazer as correspondentes denúncias ao Ministério Público;
      – privatizar a RTP;
      – tornar a ADSE totalmente dependente das contribuições dos beneficiários e abri-la aos privados;
      – tal como acontece com os trabalhadores do privado, o encerramento de serviços públicos implicar no despedimento dos respectivos funcionários públicos (que poderiam ter preferência em concursos públicos que fossem abertos para outros serviços);
      – acabar com o subsídio de aborto;
      – … (e muitas mais)
      .
      E se aquilo que não dependesse apenas do Governo fosse chumbado pela Assembleia da Repúblico, pelo Presidente da República ou pelo Tribunal Constitucional, a responsabilidade recairia sobre estes, o que beneficiaria o Governo em termos de opinião pública.
      .
      Mesmo que o impacto financeiro de cada uma destas medidas fosse reduzido, estar-se-ia a transmitir a ideia de um rumo. O Governo tem feito o contrário e os portugueses julgam que o que está a ser feito é temporário e rapidamente se voltará ao bem-bom anterior. E, deixe que lhe diga, é esse o pior “pecado” que este Governo cometeu.

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    • Fernando S permalink
      31 Maio, 2013 02:20

      1. Eu não defendo nenhuma “politica de total liberalismo”. Nem sei o que é que entende por isso.
      2. Eu nunca disse que o governo de Passos Coelho é “social liberal”. Nem sei o que entende por isso.
      3. Julgo ter explicado que o meu objectivo (não sei o que é um “objectivo final”) é apoiar os sectores da sociedade que defendem uma reforma do modelo économico em sentido mais liberal.
      4. Não vejo o que é que ha de “marxista” no que disse. Simples realismo e moderação.
      5. Duvido que o PCP tenha alguma coisa a aprender comigo.
      6. E qual é mesmo o seu argumento ?!… 🙂

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      • Portela Menos 1 permalink
        31 Maio, 2013 02:47

        Argumento? Pessoas, seres humanos, desempregados, velhos, pobres, crianças…
        Mais ?

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      • Fernando S permalink
        31 Maio, 2013 03:10

        Não é argumento … é demagogia !!
        Ou pensa que uma politica para salvar Portugal da bancarota e reformar a economia para que o pais possa voltar a crescer e a criar riqueza e bem-estar não é a pensar nas “pessoas, seres humanos, desempregados, velhos, pobres, crianças…” ??!!…
        Apenas isso !!
        Ou esquece que se hoje temos pessoas a sofrer, mais desempregados, mais pobreza, mais gente necessitada … é precisamente porque durante anos e anos o pais seguiu um caminho irresponsavel gastando o que tinha e não tinha e não garantindo as condições para que não acontecesse o que esta a acontecer ??!!…
        Não me venha com essa conversa da treta das “pessoas” como se o coração fosse um exclusivo da esquerda !
        Se quizer discutimos as politicas.
        Mas com argumentos e não com processos de intenções !
        Se não quizer também não vem grande mal ao mundo e continuamos amigos.

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      • Portela Menos 1 permalink
        31 Maio, 2013 23:13

        podemos, então, falar em políticas.
        por exemplo, eu defendo a renegociação da dívida – com auditoria- responsabilizando quem, nestes 39 anos, contribuiu para ela de forma ilegal (foi um bom passo a noticia de hoje da saída dos “gestores/administradores” da empresas de transportes) mas aí FS dirá que também é demagogia e, então, ficamos na mesma!
        ps: mais umas décimas na subida do desemprego e 8% de défice nos primeiros três meses de 2013 são danos colaterais…nas pessoas.

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      • Fernando S permalink
        1 Junho, 2013 01:02

        Portela,
        A minha resposta no fim da caixa de comentarios.

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    • Fernando S permalink
      31 Maio, 2013 02:54

      Joaquim Amado Lopes,

      Eu não disse nada do género “a opção é entre acelerar em direcção à parede e abrandar um pouco.”
      Não me parece que a politica actual do governo seja “ir contra a parede a velocidade mais reduzida” (repare, vendo melhor, até é capaz de ser uma solução aceitavel !!… 😉 ).
      Pelas razões que ja referi anteriormente (não sei se leu a minha resposta ao rr), penso que o governo até esta a conseguir “mexer no volante” e “desviar-se da parede”.

      De resto, reparo que a principal e unica critica que o Joaquim faz ao governo, pelo menos no seu comentario acima, é no plano da comunicação e conquista da opinião publica.
      Não digo que não possa ter alguma razão quanto ao facto do governo comunicar mal.
      Mas não creio que o problema principal seja este.
      O problema é antes saber se e até onde a correlação de forças na sociedade portuguesa “tolera” um governo com uma politica como a actual.
      Não creio que as medidas “simbolicas” que o Joaquim propõe ajudem muito neste desafio essencial.
      Antes pelo contrario. Por muito menos do que isso temos o Carmo e a Trindade a cair em cima do governo pondo em risco a sua viabilidade.
      Não acredito em milagres da “Com” !! 🙂
      Não creio que o governo, este ou outro com o mesmo tipo de politica, possa fazer grande coisa para conquistar a opinião publica.
      A recomendação geral que daria ao governo é : continuar a aplicar o programa da Troika e não deixar-se impressionar pelo ruido ambiente.
      A unica hipotese de recuperar alguma popularidade interna é … ter resultados !
      De qualquer modo, acho que o papel “patriotico” deste governo não é fazer uma politica para ganhar eleições (seria possivel no actual contexto ?…) mas sim aplicar o programa da Troika o melhor possivel.
      Depois … logo se ve !!

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      • Joaquim Amado Lopes permalink
        31 Maio, 2013 10:55

        Fernando,
        “Eu não disse nada do género “a opção é entre acelerar em direcção à parede e abrandar um pouco.””
        Na leitura que faço das suas palavras, é esse o sentido.
        .
        As minhas grandes críticas ao Governo são duas. A comunicação deficiente é uma delas pois mesmo o que o Governo faz bem acaba por parecer mal e está a contribuir para a ideia que muitos portugueses têm de que esta “austeridade” é algo passageiro.
        .
        Quanto a “ir contra a parede a velocidade mais reduzida” ser uma solução aceitável, não é. E não é uma solução aceitável porque não é solução, é fazer por ter um bocadinho mais de tempo para chegar à solução. E é essa a minha crítica fundamental ao Governo.
        .
        Para que se chegue realmente à solução é necessário que os portugueses entendam e aceitem a situação em que estamos e estejam preparados para o que aí vem.
        As medidas que listei acima ajudariam muito no sentido de fazerem os portugueses perceberem realmente que os sacrifícios são inevitáveis, a ponto de serem mesmo para todos, políticos incluídos. E mostrariam um rumo: melhor gestão dos fundos públicos, mais igualdade e um Estado a encolher realmente para pesar menos sobre os contribuintes.
        E essas medidas nem sequer são verdadeiramente liberais mas apenas de senso comum e justiça.
        .
        Seriam todas possíveis? Talvez não. Haveria imenso ruído? Sem dúvida que sim.
        Mas, das medidas que listei acima, a única passível de gerar ruído “insurdecedor” é a relativa ao despedimento de funcionários públicos (que é até talvez a única verdadeiramente inevitável). Todas as outras seriam muito fáceis de defender e quem as bloqueásse é que ficaria mal perante os portugueses.
        Os portugueses não são aqueles 4 ou 5% que vão a todas as manifestações contra o Governo nem os 0,001% que estão sempre na comunicação social a queixar-se de tudo e de todos. Esses também são portugueses mas não falam pelos portugueses.
        .
        Se é para ir perdendo batalhas, que sejam batalhas que valham a pena ser travadas. Brincadeiras ridículas como, p.e., a da privatização da RTP ou a do recálculo das reformas é que não.
        O Governo até já começou a mostrar sinais de que quer inverter a política de “austeridade tímida”, com anúncios de “apoios à economia” e a “convicção” de que “o fim da crise está próximo”.
        .
        Ou o Governo assume que é possível um novo rumo e faz por o pôr em prática ou desiste. O sentido do que o Fernando diz é que o Governo já assumiu que não há muito a fazer e limita-se a ir gerindo o curso prazo.
        Ora, se é assim, que se demita e dê a outros a possibilidade de fazerem melhor. Se os portugueses escolherem quem diz que vai fazer pior (no sentido de enterrar Portugal ainda mais depressa), então teremos exactamente o que merecemos.
        .
        O programa da troika não passa de um cheirinho no travão e não apenas a dívida continua e vai continuar a aumentar como as taxas de juro baixaram ao nível de 2010, que já são incomportáveis, e rapidamente voltarão a subir. Até porque a troika rapidamente vai sair de Portugal e os investidores acreditam mais em que o BCE vai dar um passo em frente quando fôr necessário do que na capacidade do Governo de pôr realmente as contas públicas em ordem.
        Parece que estão todos à espera que o BCE ou a Alemanha “resolvam” a situação. Só que, a ser assim, é o fim da União Europeia. Ou para Portugal (com a saída do Euro por os eleitores alemães não estarem dispostos a continuar a sustentar-nos) ou para todos (com a Alemanha a dizer que já chega).

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  29. Fernando S permalink
    31 Maio, 2013 16:57

    Joaquim,

    A leitura que faz do que eu digo mostra que a sua imagem do carro e da parede não serve para a nossa discussão… 🙂

    O Joaquim diz : « é necessário que os portugueses entendam e aceitem a situação em que estamos e estejam preparados para o que aí vem. »
    O problema é que os portugueses entendem muitas coisas diferentes e uma parte muito significativa não entende que « os sacrificios são inevitaveis ».
    Como ja disse, não acredito que as medidas simbolicas que o Joaquim sugere façam com que a oposição aos sacrificios seja menor. As pessoas que « não entendem » (a expressão é sua) é porque pura e simplesmente se sentem prejudicadas nos seus interesses imediatos e, com ou sem fundamento, receiam perder ainda mais com a continuação da austeridade. De resto, de cada vez que o governo actual faz um passo que afecta interesses instalados a reacção de muita gente, mesmo que não seja directamente afectada, não é de concordancia e aplauso mas antes a ideia de que o governo prejudica as pessoas em geral. Este tipo de medidas, em vez de serem vistas como justas e necessarias, desencadeiam uma espécie de solidariedade « cidadã ». Cada um tem a sua ideia sobre as medidas simbolicas. Cada uma delas, incluindo as que o Joaquim sugere, acaba por atingir pessoas. Os funcionarios publicos também são pessoas e tudo o que os afecta tem um impacto na opinião que lhes é as mais das vezes favoravel. Mas não são apenas os funcionarios. No fim de contas, quase todos temos alguma coisa a perder no imediato com a austeridade. Este é o problema de fundo.
    Nestas condições, qualquer governo que aplique uma politica de austeridade suscita um descontentamento alargado e uma oposição politica feroz. Tanto maior quanto maior e generalizada for essa austeridade. O facto dos interesses instalados estarem organizados e terem a comunicação social do seu lado torna ainda mais dificil conquistar a opinião publica a favor da austeridade.
    Não nos dispersemos com a discussão sobre o que seriam as tais medidas simbolicas que supostamente conquistariam a opinião publica e concentremo-nos antes no que é essencial na politica de austeridade.

    Ao contrario do que o Joaquim escreve, eu não disse nada no sentido de que « o governo já assumiu que não há muito a fazer e limita-se a ir gerindo o curso prazo. » Quer se concorde quer não, o governo tem uma agenda de medidas e reformas para os proximos tempos bastante carregada e ambiciosa. A começar pela reforma do Estado e cortes importantes na despesa publica. Não percebo porque diz que isto é « não fazer muito » e « gestão a curto prazo ». As oposições estão em polvorosa, consideram que as intenções do governo levarão ao desmantelamento do Estado, e acentuam a campanha no sentido de provocar a queda do governo e a interrupção da austeridade.

    Não me parece que o Joaquim tenha uma avaliação correcta sobre as probalidades de sucesso ou fracasso da politica actual. Os numeros mostram que o ajustamento esta no bom caminho. Não percebo como é que se pode interpretar a descida das taxas de juro da divida portuguesa como … uma ma noticia !… A ideia de que a Troika pode sair de Portugal nos prazos inicialmente previstos é um excelente sintoma. O que não significa que a Troika abandone depois Portugal à sua sorte. Claro que não se podem excluir dificuldades adicionais mas os resultados ja obtidos e o capital de confiança entretanto conquistado permitem esperar que, se necessario, os credores e as organizações internacionais, a começar pelas da UE e da Zona Euro, continuarão a apoiar Portugal (nos termos que teem vigorado até agora e não naqueles que são defendidos pelos adeptos do expansionismo monetario e da mutualização das dividas).

    Também sigo com atenção e vejo com alguma preocupação alguns sinais de « fraqueza » ao nivel do governo e da coligação no sentido de uma moderação da austeridade e de algumas medidas ditas « de apoio à economia ». No entanto, pelo menos até agora, a linha do Primeiro Ministro e do Ministro das Finanças parece manter-se firme na continuação e aprofundamento da politica de austeridade e reformas. A verdade é que aqueles sinais parecem ser mais de « discurso » e não se traduziram até agora em qualquer relaxamento no plano orçamental.

    Neste momento, o maior risco é o da queda do governo actual e do fim da austeridade. O Joaquim parece desprezar e desvalorizar a utilidade do programa da Troika. Mas é graças a este programa que o pais tem vindo a fazer progressos importantes na consolidação orçamental e no ajustamento da economia. Se o programa for mantido e levado até ao fim ja sera algo de muito positivo para o nosso pais, sempre « naturalmente » tentado pelo regresso ao passado do facilitismo e da prosperidade artificial.

    A posição do Joaquim aparece-me agora como estando muito proxima da dos criticos do governo que acham que, se o governo não for além do programa da Troika e não aplicar uma austeridade mais drastica e mais rapida, com mais cortes na despesa e sem aumentos ou até baixas de impostos, e mesmo que haja praticamente a certeza de que o futuro governo aplicara ainda menos austeridade, mesmo assim, então é preferivel que o governo caia e «que se lixe o pagode » !

    Eu não concordo e acho esta posição insensata, independentemente de ser ou não mais « liberal ».

    Dito isto, se porventura o Joaquim e os que pensama da mesma maneira conseguirem, com um programa destes, ganhar eleições e constituir um governo politicamente viavel, mesmo sendo provavel que venha a não estar de acordo com algumas das medidas que venham a ser tomadas, teem o meu apoio e a garantia de que não engrossarei as hostes do « fogo amigo » que certamente não deixara de acontecer.
    Esta minha posição decorre da convicção que tenho de que, se porventura este cenario se viesse a realizar, a alternativa politica então disponivel seria bastante mais desfavoravel a uma politica de reformas liberais da sociedade portuguesa.
    Acrescento que não acredito que este cenario se venha a realizar num horizonte visivel !

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    • Joaquim Amado Lopes permalink
      1 Junho, 2013 03:33

      Fernando,
      Acredita que as pessoas não entenderiam medidas simbólicas (e, repito, de senso comum e justiça) porque há sempre quem seja afectado mas toma a “agenda (do Governo) de medidas e reformas para os proximos tempos bastante carregada e ambiciosa” como de realização certa. Por acaso essas medidas e reformas não vão afectar ninguém nem atingir interesses instalados?
      A melhor altura para implementar essa “agenda” teria sido logo no início da legislatura. Se o Governo tiver agora a coragem de avançar com uma reforma profunda do Estado serei dos primeiros a aplaudir mas vou esperar para ver.
      .
      “Não percebo como é que se pode interpretar a descida das taxas de juro da divida portuguesa como … uma ma noticia !…”
      De forma alguma interpreto a descida das taxas de juro como uma má notícia nem escrevi uma linha que fosse nesse sentido. Mas convém ter em conta que as taxas de juro são muito voláteis e não baixaram apenas (nem sequer em grande parte) por uma alteração estrutural das condições económicas e financeiras da República.
      O que o Governo tem feito é no bom sentido mas não apenas é muito incipiente como têm havido recuos imperdoáveis. O que o Governo tem feito de melhor tem sido gerir as expectativas da troika e dos mercados e a descida das taxas de juro confirmam-no. Mas não é possível aumentar (muito?) mais os impostos nem criar (muitas?) mais taxas pelo que ou essa “agenda ambiciosa” é mesmo implementada ou não há “gestão de expectativas” que nos salve.
      .
      “O Joaquim parece desprezar e desvalorizar a utilidade do programa da Troika.”
      De forma alguma. É um programa que aponta no sentido correcto mas é apenas o começo e aposta na progressividade das medidas, que terão que continuar a endurecer mesmo depois de deixarmos de receber dinheiro da troika.
      Como os portugueses vêem esse programa como a solução e não como o que é (o início de um longo caminho), a “flexibilidade” do Governo para, p.e., abandonar a privatizaçao da RTP e a alteração às pensões, é uma péssima notícia. E é isso que avalio negativamente, a motivação do Governo para fazer o necessário para inverter o rumo.
      .
      “A posição do Joaquim aparece-me agora como estando muito proxima da dos criticos do governo que acham que, se o governo não for além do programa da Troika e não aplicar uma austeridade mais drastica e mais rapida, com mais cortes na despesa e sem aumentos ou até baixas de impostos, e mesmo que haja praticamente a certeza de que o futuro governo aplicara ainda menos austeridade, mesmo assim, então é preferivel que o governo caia e «que se lixe o pagode»!”
      Não acredito que seja possível baixar os impostos nos tempos mais próximos. O problema é que a acção do Governo leva muita gente a acreditar que isso só não acontece porque o Governo não quer.
      Quanto mais tempo se demorar a chegar ao superavit público mais difícil e mais demorada será a recuperação. Nesse sentido, começo realmente a considerar se não será melhor que este Governo seja substituído por um que, pela sua acção, provoque a subida abrupta das taxas de juro, o que obrigaria a deficit zero de forma imediata e criaria as condições para quem defende uma verdadeira solução de longo prazo ter a oportunidade para a implementar.

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  30. Fernando S permalink
    1 Junho, 2013 01:03

    Portela Menos 1 (31 Maio, 2013 23:13),

    Não se preocupe com o déficit orçamental no primeiro trimestre de 2013. Ficou abaixo dos limites acordados com a Troika. E isto apesar deste periodo ter a registar os encargos imprevistos com a reposição do 13° mes na sequencia do chumbo do Tribunal Constitucional. Mas esta previsto que esta verba seja compensada por outras medidas do lado da despesa. Os técnicos da UNTAO ja disseram que este resultado “não coloca necessariamente em causa o cumprimento daquele objectivo [défice de 5,5% do PIB no conjunto do ano] já que se trata de um perfil de despesa e receita muito especifico no inicio do ano e já o ano passado o valor estaria 1,8 pontos percentuais acima do objectivo e acabou por descer. » Por outro lado, uma excelente noticia é o crescimento das receitas fiscais. A procissão ainda vai no adro. Vamos aguardar pelo final do ano. Vai ver que não vamos ficar longe da meta prevista.

    A renegociação da divida ?
    Não me parece uma boa ideia. Qualquer que fosse o resultado destruiria a credibilidade do pais comprometendo sériamente a sua capacidade de financiamento. Pior a emenda do que o soneto !
    Nem sequer é necessaria. A situação esta controlada. O importante é que o déficit orçamental continue a descer. Tem descido desde 2010 apesar da recessão. O estrutural ja é ligeiramente positivo, o que é extremamente encorajador quanto à evolução futura do déficit. O ano de 2013 vai ser ainda dificil no que se refere ao défict global tendo em conta a forte recessão do Pib. Mas a recuperação prevista a partir de 2014 deve permitir uma redução bastante rapida de seguida.

    Auditoria à divida acumulada ? Não é preciso. Sabe-se perfeitamente que foi o resultado das politicas despesistas das ultimas décadas. O mais grave foi o ter deixado a divida ultrapassar em 2000 o nivel dos 60% do PIB e deixa-la crescer continuadamente até se chegar à quase bancarrota e à necessidade da assistencia financeira da Troika.
    O importante agora é inverter a situação e não repetir os mesmos erros do passado.

    Trata-se mais de uma responsabilidade politica do que juridica.
    Exceptuando ilegalidade e irregularidades, que devem sempre ser identificadas e os respectivos autores apresentados à justiça, a responsabilida é essencialmente politica.
    Não defendo, nem acredito na viabilidade e moralidade, de grandes processos juridicos deste tipo, que acabariam sempre por ter conotações politicas e que são mais proprios de regimes totalitarios.
    Em democracia a apreciação sobre a qualidade das politicas deve caber apenas aos eleitores.

    A saida dos “gestores/administradores” da empresas (publicas, recorde-se) de transportes diz respeito a um aspecto muito particular de ma gestão e é efectivamente normal que quem cometeu aqueles erros seja afastado.

    Quanto ao aumento do numero de desempregados … não, não são « danos colaterais » da actual politica de austeridade (eu percebi!) … é antes a consequencia mais desastrosa das tais politicas irresponsaveis que foram aplicadas durante anos e anos e que agora teem de ser emendadas !

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    • Portela Menos 1 permalink
      1 Junho, 2013 01:32

      FS, também deve estar a ficar cansado desse argumento de “passa culpas”:
      (…) é antes a consequencia mais desastrosa das tais politicas irresponsaveis que foram aplicadas (…)
      Eu, pelo contrário, considero que é a consequência, entre outras particularidades, duma política consciente de “ajustamento”, em baixa, dos custos de mão-de-obra; por isso eu a relaciono com efeitos colaterais duma política mais geral de empobrecimento.
      Não é caso único, nas hostes do situacionismo, o argumento de que “vivemos os últimos anos acima das possibilidades” e, então, temos que pagar pelos pecados …
      E o que mete mais nojo é ouvir este argumento de pessoas ligadas a grandes empresas e a bancos – os que mais ganharam com as políticas dos últimos 25 anos de Euro.

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      • Joaquim Amado Lopes permalink
        1 Junho, 2013 03:41

        Portela,
        “FS, também deve estar a ficar cansado desse argumento de “passa culpas”:
        (…) é antes a consequencia mais desastrosa das tais politicas irresponsaveis que foram aplicadas (…)”
        Não posso falar pelo Fernando mas, pela minha parte, realmente cansa ter que continuar a repetir esse argumento. Mas, enquanto o Portela insistir em não reconhecer essa evidência, tem que se continuar a insistir. E é preferível insistir na realidade do que ir inventando “argumentos” até se encontrar um que o interlocutor aceite.
        .
        “E o que mete mais nojo é ouvir este argumento (de que “vivemos os últimos anos acima das possibilidades”) de pessoas ligadas a grandes empresas e a bancos – os que mais ganharam com as políticas dos últimos 25 anos de Euro.”
        Pois, mas não deixa de ser verdade. Afinal, a dívida pública cresceu ou não de forma insustentável?

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      • Portela Menos 1 permalink
        1 Junho, 2013 11:48

        “Afinal, a dívida pública cresceu ou não de forma insustentável?”
        .
        Claro, qualquer resposta negativa é insustentável ! Parece-me, até, que os sem-abrigo, que passam a noite cobertos com caixas de cartão nas entradas quentinhas dos bancos, deveriam responder em juízo pela dívida pública, esses malandros!

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  31. Fernando S permalink
    1 Junho, 2013 19:16

    Concordo naturalmente com o comentario do Joaquim. Muito bem dito. A este respeito pode perfeitamente falar por mim e até agradeço. 🙂

    No minimo, o argumento do Portela é tão “passa culpas”, tão repetido, tão cansativo como o meu e do Joaquim !
    Por isso não percebo porque é que o Portela traz isto para a colação.
    Acresce que, quanto a “culpas” (prefiro dizer “responsabilidades”), nem sequer sou dos que acham que os responsaveis politicos pelo excessivo endividamento publico devam “responder em juizo”.

    Fiquei sem perceber bem se o Portela reconhece ou não que ““vivemos os últimos anos [e mesmo antes] acima das possibilidades”. Ou é apenas uma constatação “situacionista” ?!…
    Pelo menos, e folgo com isso, responde pela positiva à questão de saber se “a divida publica cresceu de forma insustentavel”.
    Pena que a conclusão que tira é a de que devemos procurar o perdão da divida (pelo menos duma parte) e não paga-la integralmente.

    Como diz o Joaquim, as verdades são verdades independentemente de quem as diz. Se ha “pessoas ligadas a grandes empresas e a bancos” que dizem uma verdade, ainda bem.
    Claro que ha também muitas “pessoas NÃO ligadas a grandes empresas e bancos” que dizem o mesmo.
    Dito isto, também ha “pessoas ligadas a grandes empresas e a bancos” que, infelizmente, são contra a politica de austeridade, isto é, acham normal e desejavel que continuemos a viver acima das nossas possibilidades. Não é provavelmente por generosidade mas antes sobretudo porque as respectivas empresas e sectores de algum modo foram e são beneficiarios do modelo économico que agora se trata de mudar. Estamos naturalmente a falar de empresas e dos sectores de procução e comercialização de bens e serviços não transaccionaveis (construção, energia, sector financeiro e bancario, telecomunicações, distribuição, comércio, etc). Como sabemos, estes sectores e empresas dependiam e dependem muito tanto das despesas e investimentos publicos como do consumo privado pelo que tendem a ser mais afectados pela austeridade.

    Claro que o Portela não consegue resistir à tentação de deixar a sua tirada demagogica habitual.
    Desta vez é “o nojo” pelas “pessoas ligadas a grandes empresas e a bancos” e as lagrimas pelos “sem-abrigo, que passam a noite cobertos com caixas de cartão nas entradas quentinhas dos bancos” e que os “situacionistas” [“esses malandros”] gostariam de ver “responder em juízo pela dívida pública” !

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  32. Fernando S permalink
    2 Junho, 2013 12:08

    Joaquim (1 Junho, 2013 03:33),

    No que se refere à agenda do governo para os proximos tempos … não a considero « como de realização certa ».
    Penso que, por terem a noção de que ha cada vez menos margem para medidas orçamentais e fiscais de mais curto prazo, pelo menos o Primeiro Ministro e o Ministro da Finanças (Paulo Portas é sempre uma incognita), estão determinados a avançar com a reforma estrutural do Estado.
    Mas não é facil, ha resistencias e oposições fortes.
    O risco de uma queda do governo de Passos Coelho antes do fim da legislatura é real.
    Mas mesmo que dure dois anos é muito pouco em termos estruturais.
    Daqui a dois anos a probalidade de um regresso do PS ao governo pode por em causa senão todo pelo menos uma parte do caminho que tenha sido entretanto percorrido.

    Teria sido preferivel que a actual agenda de reforma do Estado tivesse sido implementada no inicio da legislatura ?
    A resposta parece facil. Mas não é.
    No incio era necessario concentrar os esforços em medidas faceis de preparar e aplicar e que pudessem ter um efeito imediato, no muito curto prazo. Foi o que foi feito com os aumentos de impostos e os cortes em vencimentos e pensões.
    A reforma estrutural do Estado é algo de muito mais complexo e complicado, em termos da preparação, em termos da execução, em termos dos efeitos. Tudo isto exige mais tempo, alguma experiencia, um conhecimento e um controlo efectivo do aparelho do Estado, da execução orçamental, de tudo aquilo que o Joaquim chamou « a gestão das expectativas de Troika e dos mercados ». Tudo condições que este governo não tinha à partida.
    De qualquer modo, bem ou mal, este governo fez a escolha politica de não avançar logo com a reforma do Estado. Trata-se de um facto objectivo, quer se goste ou não.
    Eu também tinha inicialmente uma certa impaciencia e também senti alguma frustação por ver que o governo não foi logo mais longe no corte de despesa e, sobretudo, na reforma estrutural do Estado.
    Mas hoje, tendo em conta tudo o que tem acontecido, admito que, se o governo tivesse começado a mudar e a cortar a eito e a direito (uma acusação da oposição que sabemos não corresponder à verdade), se tivesse criado uma situação explosiva que teria levado à queda deste governo e a um agravamento da situação financeira do pais, com consequencias inimaginaveis.
    Penso que as medidas que o governo tomou nestes dois anos, embora sempre insuficientes em termos do teria sido desejavel, foram determinantes para evitar o pior (« evitar que o carro fosse contra a parede a grande velocidade » 😉 ) e para estabilizar a situação.
    Agora é necessario, e é também possivel, passar a outro tipo de medidas, mais estruturais, mais complexas, mas também com efeitos mais importantes e a maior prazo.
    Se esta fase vai avançar e como vai avançar é algo que nem eu, nem o Joaquim, nem ninguém, pode neste momento antecipar. Como diz, vamos esperar para ver.

    Também penso que certos recuos pontuais do governo, sobretudo sobre certas medidas previstas ou anunciadas, são mas noticias porque dão um sinal negativo quanto à determinação do governo. Para mim, o recuo mais grave ainda foi o da medida chamada da TSU.
    Mas também é verdade que a governação nas condições presentes não é um exercicio politicamente facil e que o mais importante é que o rumo seja mantido.
    Sabe, detesto sentir-me na posição comoda do « treinador de bancada », que chama nomes ao verdadeiro treinador e diz exactamente e no detalhe o que este deve ou não deve fazer !…

    Concordo perfeitamente consigo quando diz que a austeridade e as reformas estruturais devem continuar mesmo depois da saida da Troika.
    O que significa que os sacrificios deverão continuar ainda durante bastante tempo e que o governo não o deve esconder e muito menos dizer o contrario.
    Dito isto, também sei que a comunicação é algo de extremamente dificil de gerir, que este governo, como qualquer outro, não pode falar apenas nas dificuldades que estão pela frente e que, para sobreviver politicamente, tem também de dar alguma esperança quanto à atenuação e ao fim da austeridade no futuro. Atenção, não estou a dizer que tem de mentir. Apenas que que tem também de falar nas perspectivas positivas de saida da crise.

    Concordo consigo quando diz que « [] quanto mais tempo se demorar a chegar ao superavit público mais difícil e mais demorada será a recuperação ».
    O que significa que a prioridade deve ser dada à consolidação orçamental.
    Dai que, como o Joaquim, também não pense que seja realista e sensato baixar impostos nos tempos mais proximos. Pelo menos de um modo geral. Alguns impostos até podem ser pontualmente diminuidos desde que se encontre um financiamento alternativo (que até pode passar pelo aumento de outro ou outros impostos).

    Onde não concordo de modo nenhum consigo é nesta ideia de que, ja que o governo actual não faz o que seria idealmente desejavel, então é preferivel que seja substituido por outro governo, mesmo sabendo-se que vai fazer pior, ou até mesmo por se ter a certeza de que vai fazer pior, porque assim se chega a uma situação de tal modo grave que não restaria outra saida que não seja a de um governo que implemente « uma verdadeira solução de longo prazo ».
    Não acredito na eficacia da estratégia politica do « quanto pior melhor » ! O agravamento da situação tem sempre custos, que podem até ser definitivamente irrecuperaveis (por exemplo, uma saida do Euro), e não ha sequer a garantia de que venha a seguir um governo mais determinado, mais reformista e mais liberal.
    Acredito mais na estratégia dos pequenos passos, do menor mal possivel.
    Apesar de tudo, e no contexto portugues actual, o governo de Passos Coelho é o melhor (ou o menos mau, se preferir) que se consegue.
    Apesar de tudo, o que tem sido feito por este governo e os resultados ja obtidos vão na boa direcção (o que o, no fim de contas, o Joaquim também reconhece).
    Se e quando as condições politicas determinarem o fim deste governo, então ver-se-a o que se segue.
    Tenha a certeza de que o governo que muito provavelmente susbstituira o actual vai, na melhor das hipoteses, atrasar o processo de consolidação orçamental e de ajustamento da economia. Desperdiçando recursos e tempo e aumentando o risco de ruptura financeira.
    Mas não tenho a perspectiva (digamos « pessimista ») de que se vai necessariamente inverter completamente a politica de austeridade e de reformas, como parece resultar dos discursos actuais dos principais dirigentes politicos das diferentes oposições (incluindo a do « fogo amigo » no interior da coligação governamental).
    A situação é tal que qualquer governo « centrista » vai, mais cedo ou mais tarde, ter de adoptar medidas de austeridade, que podem até vir a ser mais drasticas e duras do que as actuais.
    O pior dos cenarios é claramente a saida do Euro.

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    • Joaquim Amado Lopes permalink
      2 Junho, 2013 23:51

      Fernando,
      Ainda não cheguei ao ponto de achar preferível que “venha” um Governo que, pela sua acção, acabe definitivamente com o financiamento externo do deficit público e, com isso, o deficit zero deixe de ser um objectivo a prazo mais ou menos longo e passe a ser uma realidade presente e incontornável.
      Mas, como escrevi acima, “começo realmente a considerar se não será melhor” que tal aconteça. É que os “pequenos passos” de que fala estão a ser vistos como “opção” do Governo, não como alternativa a “passos mais largos” mas sim como alternativa a não serem dados quaisquer “passos”. E quando o Governo quiser dar “passos mais largos” tal será impossível.
      .
      Quanto mais tempo passar mais a dívida vai aumentar (muito), mais o desemprego vai subir e mais as reservas de capital das famílias vão desaparecer. Assim, quanto mais se adiar os “passos largos” que são inevitáveis, mais estes custarão aos portugueses.
      O deficit zero imediato poderá (repito, PODERÁ) ser o choque de realidade que os portugueses necessitam. Se acontecer mais cedo custará menos do que se acontecer mais tarde e o Governo tem demonstrado que prefere ir adiando esse choque, na esperança de que os portugueses se vão preparando para ele, algo que me parece não estar a acontecer.

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      • 3 Junho, 2013 01:07

        O que o Joaquim escreve assemelha-se do que aquilo que penso.Em vez de adiarmos via renegociação de metas e andarmos ás pinguinhas, o melhor será acelerarmos de vez,de forma a que depois possamos mais cedo baixar a fiscalidade geral e desenvolver o pais de uma vez por todas.Até porque os “passos pequenos” são muito pequenos e poucos.E o haver pior(o PCP e o BE) não faz dessa situação mais aceitável.Continua a não ser suficiente para o Pais ter um futuro.

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  33. Fernando S permalink
    3 Junho, 2013 08:49

    Joaquim,

    Admitamos que é técnicamente possivel fazer melhor do que este governo em termos da consolidação orçamental.
    Digo “admitamos” porque ha uns que dizem que mais impostos agrava o défict, ha outros que dizem que mais cortes na despesa agrava o déficit, a maior parte diz que estas duas componentes da austeridade agravam o défict,…
    Admitamos …
    Mas se este governo não tem ou a intenção, ou a competencia, ou a coragem, de ir mais longe mais rapidamente, como o Joaquim e aqui em cima o rr (que é teoricamente ainda mais exigente do que o Joaquim no que se refere a cortes nas despesas publicas ja que é também a favor de baixas imediatas de impostos) desejam, o que é que se hade fazer ?…
    Desejar que caia e venha outro mais “voluntarista” ?…
    Mas não ha nenhuma alternativa politicamente viavel que se proponha fazer uma politica deste tipo !…
    Quando este governo cair e for substituido por outro, sera necessariamente um governo de “passos ainda mais pequenos” senão mesmo de “passos para tras” !
    O seu calculo de que o agravamento da situação que esta saida provocaria acabaria por criar as condições para que os portugueses percebessem finalmente que é indispensavel e inevitavel reduzir drasticamente a dimensão do Estado (e ainda mais o consumo privado numa primeira fase) … é no minimo muito arriscado.
    Pela minha parte não acredito nesta estratégia politica do “ou tudo ou nada” sendo que do “nada” nascera o “tudo” !!…
    Os portugueses ja teem uma situação grave e ja tiveram tempo suficiente para entender. Os que não entenderam até agora não o vão entender nunca ! Quando a situação for mais grave ou até catastrofica vão continuar a acreditar e a dizer que a culpa foi da … austeridade !
    De qualquer modo, se acontecer o pior dos cenarios, a saida do Euro e a ruptura do financiamento, ja sera tarde de mais para voltar atras.
    Não creio que valha a pena correr este risco.
    Quando este governo for substituido vai ser certamente por outro ainda mais “centrista”, com uma politica ainda mais “oportunista”, com menos austeridade, mais pedinchisse e exigencias à Europa e restantes credores, ainda mais de “pequenos passos”.
    Eu acho que esta perspectiva é bem mais arriscada e bem pior do que a politica do governo actual.
    Por isso apoio politicamente o governo de Passos Coelho !

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    • Joaquim Amado Lopes permalink
      3 Junho, 2013 11:10

      Fernando,
      Não discordo totalmente de si e daí o “poderá”.
      Mas comparo a nossa situação a alguém pendurado num recife, acima de um rio com águas revoltas. Estamo-nos a agarrar já pelas unhas e a força está a esgotar-se mas não largamos a rocha porque queremos acreditar que ainda nos vamos conseguir puxar para segurança, o que ninguém pode afirmar que já não vai acontecer.
      Mas, se não acontecer, chegará o momento em que temos que considerar se as forças que ainda nos restam serão melhor aplicadas em continuarmos agarrados à rocha até não podermos mais ou, deixando-nos cair nas águas revoltas, em nadar. Não esquecendo, naturalmente, que podemos morrer da queda.

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    • Fernando S permalink
      3 Junho, 2013 11:35

      Joaquim,

      A sua alegoria é interessante mas, como todas as alegorias, tem muitas hipoteses implicitas que podem não corresponder à realidade.

      Mesmo assim, entrando neste exercicio, eu diria que, tendo em conta o risco de morte ou ferimento grave na queda, e como ainda por cima nunca fomos grandes nadadores, o melhor ainda é continuarmos agarrados à rocha a tentar subir …
      Se e quando cairmos então logo se ve !…
      🙂

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  34. Fernando S permalink
    3 Junho, 2013 09:15

    rr,

    Ja discuti muitas vezes este seu argumento e esta sua posição.
    O rr é ainda mais critico do actual governo e da sua politica de austeridade do que é o Joaquim Amado Lopes.
    Desde logo porque as suas criticas são ainda mais fortes e sistematicas (por exemplo, relativamente à questão dos impostos).
    Depois porque vi varias vezes o Joaquim Amado Lopes confrontar-se aqui corajosamente com comentadores mais à esquerda, contrarios a qualquer politica de austeridade.
    Algo que NUNCA vi o rr fazer !
    Antes pelo contrario, vi-o algumas vezes alinhar por argumentos e posições semelhantes às dos comentadores mais à esquerda (por exemplo, sobre o aumento de impostos, sobre o ajustamento dos salarios reais, sobre a diminuição do consumo privado, etc).
    O rr é radicalmente (quase visceralmente) contra este governo e a sua politica, ponto e paragrafo !!
    De qualquer modo, a minha resposta aqui em cima ao Joaquim também vale para si.

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    • Joaquim Amado Lopes permalink
      3 Junho, 2013 11:15

      Fernando,
      As minhas críticas à “política de austeridade” do Governo são por essa alegada “austeridade” ser muitíssimo insuficiente. Se o rr é contra a “austeridade” então não é “mais crítico” do que eu, antes se situa no lado oposto áquele em que eu me situo.

      Desde há anos que escrevo contra o deficit crónico, o “crescimento” à base de crédito e os “direitos adquiridos” e a realidade (a que muitos continuam a ser imunes) está a dar-me razão.

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    • 3 Junho, 2013 14:45

      A ver se nos entendemos de vez Fernando: ao contrário do que diz eu não contra a austeridade em si, não fui ,nem serei, bem ao contrário do nosso governo e do PSD que dão mostras de querer regressar ás velhas politicas do investimento e do crescimento! Tenho dito.
      Aquilo a que me oponho isso sim, é ao modelo único,usado quer por governos socialistas quer por governos “liberais” como este, de consolidação basicamente assentes no aumento da carga fiscal e da receita.Acredito nas diferenças ideológicas no combate ao défice. Sim, a despesa publica só existe porque existem contribuintes como eu e como você a pagá-la.Alguém está a pagar esse gasto estrutural do estado, quer social, quer funcionários publicos, quer o resto,
      Em segundo lugar nunca me opus ao ajustamento de salários reais,nem a diminuição do consumo(no livre mercado não se defende a redução ou o aumento, defende-se o consumo de acordo com as possibilidades económicas de cada um).
      Por último,o que diz sobre a esquerda, em termos históricos, não é bem assim, pelo menos em relação ao caso portugues.
      Em primeiro lugar, não me lembro de alguma vez,nalgum pais, em que a Esquerda tenha sido a favor das familias e empresas, baixando os impostos, em vez de aumentar o gasto social.
      Talvez o Fernando não se recorde, mas os governos de Sócrates em determinada altura,tinham défices para reduzir(em 2005).Era um governo “socialista”, mas qual foi o método? Aumentos de impostos essencialmente,aos que o PSD contra-argumentou: Os aumentos de impostos do Partido Socialista são errados, e no seu lugar o PS devia descer despesa estrutural.
      Também o PSD e o conjunto da direita criticaram os novos aumentos de impostos quando Sócrates instituiu novos aumentos de impostos(aos quais Passos Coelho mostrou-se contra) dizendo que no lugar,o governo descia descer despesa estrutural.E a situação era tão grave quanto hoje!
      Mas quando se tornou primeiro-ministro , o que fez? Implementar a politica económica a que sempre se opos.A mesma que o PS implementou desde sempre,para combater défices.Diminuindo as diferenças de abordagem.

      O Fernando dirá que o PSD reduziu alguma despesa.É verdade,sobretudo não estrutural.Mas isso , no plano orçamental,tem um papel relativamente secundário, face a outras opções.
      Ao fim ao cabo,aquilo que o fernando chama de “esquerda” tem o mesmo discurso que a
      Ao fim e ao cabo,
      E apesar de os tempos serem outros, quero recordar-lhe, que esta opção foi a utilizada desde sempre por todos os governos, quer Soares,quer Guterres,quer Barroso.
      A História não mente.Na oposição Fernando, todos mentem, todos procuram levar a água ao seu moinho.Mas o que se viu foi que no governo PSD e PS governam da mesma forma contrária aos interesses do Pais.O que vejo é ambos os partidos, com maiores ou menos diferenças de grau, praticarem a mesma politica.Só não vê quem não quer esta realidade
      E é por isso que tenho dificuldades para acreditar que a esquerda se oponha mesmo á politica do governo! Porque,este governo, tinha os mesmos argumentos da esquerda na oposição, e agora é o que vê

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  35. Fernando S permalink
    3 Junho, 2013 12:30

    Joaquim,
    Para ser perfeitamente honesto, devo acrescentar que o rr ja foi mais contra qualquer austeridade.
    Ainda me lembro quando o rr criticava os cortes feitos pelo governo de Passos Coelho nos subsidios e pensões, e também os cortes ditos “cegos” nas restantes despesas publicas (saude, por exempo), considerando que era preferivel atacar as “gorduras” da administração e as PPPs preservando as prestações do “Estado Social”. Tudo isto em nome das “pessoas”, contra a “insensibilidade social”, e em defesa do consumo privado !
    Felizmente, o rr evoluiu um pouco nestas matérias.
    Ao ponto de ser hoje um defensor de cortes ainda maiores nas rubricas que antes recusava.
    Ele diz agora que é a favor da austeridade mas apenas através de cortes nas despesas publicas.
    O rr sempre foi e continua a ser contra qualquer aumento de impostos e, inclusivamente, chega a defender uma baixa imediata da generalidade dos impostos.
    Por isso é que digo que o rr não é por uma verdadeira politica de austeridade.
    O rr tem um pouco a ideia de que, por um lado, a austeridade deve ser apenas para o Estado e não para os cidadãos, “as pessoas”, e que, por outro lado, a austeridade não deve provocar recessão.
    A verdade é que não ha austeridade sem que “as pessoas”, a grande maioria dos portugueses, sejam realmente afectadas. Sendo que os funcionarios publicos, os pensionistas, os subsidiados, e a generalidade dos beneficiarios directos e indirectos do despesismo do Estado, também são “pessoas”.
    Assim como não ha austeridade, incluindo a que diz respeito apenas a cortes nas despesas publicas, que não tenha efeitos recessivos. Para o rr, a recessão é apenas o resultado do aumento de impostos.
    Assim sendo, e como lhe tenho dito repetidamente, em diversos aspectos a argumentação e o posicionamento do rr aproximam-se muito do que diz a oposição de esquerda à actual politica de austeridade. Inclusivamente num certo keynesianismo analitico no plano macro-economico.
    No fim de contas, a actual oposição de esquerda à politica de austeridade, incluindo o “fogo amigo” de muitas personalidades da area politica da coligação de governo, também diz que é contra o aumento de impostos e a favor de economias na despesa publica que não ponham em causa a estrutura do Estado, a começar pelo “Social”.

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    • 3 Junho, 2013 15:10

      r criticava os cortes feitos pelo governo de Passos Coelho nos subsidios e pensões, e também os cortes ditos “cegos” nas restantes despesas publicas (saude, por exempo), considerando que era preferivel atacar as “gorduras” da administração e as PPPs preservando as prestações do “Estado Social”. Tudo isto em nome das “pessoas”, contra a “insensibilidade social”, e em defesa do consumo privado !”
      ???!Vou-lhe explicar melhor, não entendeu pelos vistos a 100% a minha posição: em primeiro, no que toca aos subsidios, pensões e cortes cegos na saúde , sempre fui a favor e não o contrário,e acho necessário.Uma politica com está a ser realizada na Saude, por exemplo.Alguns serão(ou dirão que são), mas para sua informação, não é de forma o meu caso,Em segundo lugar quando 70% da despesa são salários e pensões, tenho claro que deve ser ai que a redução deve-se concentrar.Embora, também recortando nas outras rubricas, como é evidente,
      É verdade que existem pessoas dependentes do Estado,e diversas entidades..Contudo, ainda existem mais impostos e mais contribuintes a pagar esse gasto.Mais familias, mais empresas privadas, exportadoras.Estes teem sido sistematicamente sacrificados ao longo dos tempos face aos primeiros.Não é por acaso que a carga fiscal e os impostos estão ao nivel que estão!
      Porque quando os impostos aumentam, o Estado engorda.Os impostos servem para financiar essa despesa
      Não me oponho a um excepcional e muito pequeno aumento de impostos, mas oponho-me ao recursos sistemático,derivado de opções ideológicas, a essa ferramenta,por parte de governos de todas as cores,incluindo este, que quer o Fernando S queira ou não, é o que tem acontecido nestes últimos 38 anos.
      No fim de contas, tenho o mesmo discurso que a direita tinha na oposição.O Fernando e o PSD é que mudaram de oposição,juntando-se ao lado das anteriores politicas.Alinhando no mesmo método vigente na anterior legislatura.Se me acha keynesiano,então a conclusão que tiro, usando a mesma lógica que me aplica,é que a esquerda afinal é liberal e a favor do capitalismo,por imporem a mesma politica que este governo.Ou que o atual governo e os seus apoiantes são socialistas por implementaram os mesmo aumentos de impostos que o Partido Socialista impôs.
      E digo mais: não é só nos impostos que o governo não se diferencia.Mesmo durante esta legislatura, vi muitas vezes Passos Coelho e os restantes membros do governo, incluindo Vitor Gaspar(ainda dizem que é ultraliberal) a mostrarem-se a favor do Estado Social,e do seu aumento, e das funções de sempre do Estado,
      Boa Tarde

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  36. Fernando S permalink
    3 Junho, 2013 15:32

    rr : “Não me oponho a um excepcional e muito pequeno aumento de impostos,…”

    Afinal ja não é “liberalismo = baixa de impostos sempre !”, tanto no curto como no longo prazo !!
    Mais uma evolução sua … Bem-vinda porque vai no bom sentido da “austeridade” infelizmente necessaria, entenda-se !

    Boa tarde para si também.

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  37. Fernando S permalink
    3 Junho, 2013 15:43

    rr : “nunca me opus ao ajustamento de salários reais,nem a diminuição do consumo(no livre mercado não se defende a redução ou o aumento, defende-se o consumo de acordo com as possibilidades económicas de cada um).

    “Ajustamento” de salarios pode ser para cima como para baixo …
    De qualquer modo, o rr opos-se à medida da TSU com o argumento de que baixava o salario real dos trabalhadores.
    O que até nem era necessariamente verdade em todoas as situações porque deixava às empresas a possibilidade de ajustar para cima os salarios utilizando o ganho fiscal da medida.
    Na realidade, e como o João Miranda demonstrou aqui no Blasfémias, a medida da TSU era um passo adicional na flexibilização do mercado de trabalho : as empresas podiam ajustar salarios reais para baixo, incluindo o salario minimo.
    Nem muitas empresas nem muitos “liberais de pacotilha” perceberam o real significado daquela medida.
    Ficaram todos pela ideia keynesiana de que a diminuição de salarios reais iria fazer baixar o consumo privado e, consequentemente, agravar a recessão !!

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  38. Fernando S permalink
    3 Junho, 2013 15:59

    rr : “O Fernando dirá que o PSD reduziu alguma despesa.É verdade,sobretudo não estrutural.”

    Mais uma evolução positiva da sua parte … Durante muito tempo contestou inclusivamente a evidencia da diminuição da despesa publica por parte deste governo.
    Quanto a ser pouca e a não ser “estrutural”, quero apenas lembrar que a redução do déficit estrutural (sim, ESTRUTURAL) foi em 2 anos de quase 7 pontos percentuais do Pib !…
    Nenhum outro pais, nem sequer a Irlanda ou a Islandia ou qualquer pais Baltico, fez o mesmo em tão pouco tempo.
    De tal modo, que o saldo estrutral do orçamento em 2012 foi … ligeiramente positivo !
    Ainda não chega ?
    Talvez.
    Mas não cuspa na sua propria sopa !!

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  39. Fernando S permalink
    3 Junho, 2013 16:09

    rr : “E é por isso que tenho dificuldades para acreditar que a esquerda se oponha mesmo á politica do governo!”

    “Se-eu-digo-que-a-esquerda-e-o-governo-fazem-a-mesma-politica-mas-vejo-que-a-esquerda-se-opõe-ao-governo-então-é-porque-a-esquerda-finge-que-se-opõe-ao-governo !!”

    Ou seja : se a realidade não confere com a teoria nega-se a realidade !!

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  40. 3 Junho, 2013 16:09

    Afinal ja não é “liberalismo = baixa de impostos sempre !”, tanto no curto como no longo praz”
    Não é uma evolução.Num cenário de carga fiscal baixa,e numa quantidade diminuta, que não é o caso do governo.
    Continuo a achar que num cenário em que a via fiscal está mais que saturada,foi uma má opção.
    Neste blog não digo,principalmente o João Miranda, mas, o Fernando S, que é um visitante regular do Insurgente, verificará que há muitas opiniões semelhantes com a minha,e de figuras como João Carlos Espada , João Cantiga Esteves ou José Manuel Moreira.
    O que nos distancia(eu e certos bloggers do Insurgente como Carlos Guimarães Pinto,Ricardo Arroja, por um lado, e o Fernando,o Governo, e o João Miranda) não é a recusa da austeridade em si do objetivo: é nos detalhes
    Mas já agora,respondo-lhe aqui outra coisa, que me esqueci de dizer: a fiscalidade não é certamente a única razão da baixa da receita ou recessão,nem certamente foi só com os aumentos deste governo que as receitas baixaram.Mas certamente que agravaram uma tendencia que já se registava desde o governo socialista.É relativamente aritmetico, que o cidadão é um agente económico racional: se os produtos e serviços forem mais caros,menos utilizados ou adquiridos serão,pois se comprarem mais com menos,obviamente que essa situação traduzir-se-á numa situação de bancarrota pessoal.É o que tem vindo a acontecer desde há muito.Entre muitas causas,que não nego, a fiscalidade é uma delas.
    Aumentar a tsu, significava descontar mais uma percentagem para a Segurança Social.Contribuir mais para o Estado,é a razão da polémica.A medida seria aceitável se opcional,e não obrigatória para todas as empresas.Isto é, quem quisesse descontar 11% na mesma, que continuasse, quem optasse pelos 18%. Houve como o Fernando, quem dissesse que era possivel compensar o aumento.Fiz as contas, e a compensação seria maior do que a redução da parte correspondente á do patronato.
    Houve alguma incompreensão das empresas,porque o ajuste dos salários por baixo,aparentemente não está na ordem do dia das empresas,,sendo uma medida de último recurso,e alguma inabilidade do Governo em explicar a medida
    Mas, Fernando,qualquer empresa pode aumentar ou baixar os salários,até mais do que a tsu,baixava.Julgo que nada impede de as fazer.

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  41. 3 Junho, 2013 16:21

    Mas não cuspa na sua propria sopa”
    A sopa chamava-se, défice orçamental, que tirando despesas estruturais, foi de 5,8%., acima dos 4,5 inicialmente previstos.E este ano será a mesma coisa.É positivo o resultado primário ? É.Mas o que constará do Eurostat não será esse.

    “Se-eu-digo-que-a-esquerda-e-o-governo-fazem-a-mesma-politica-mas-vejo-que-a-esquerda-se-opõe-ao-governo-então-é-porque-a-esquerda-finge-que-se-opõe-ao-governo !!”

    Ou seja : se a realidade não confere com a teoria nega-se a realidade !!
    Re”
    Exato caro Fernando.Conhecendo o historial desses partidos,principalmente do PS,não tenho duvidas que o PS faria algo muito semelhante a este governoNão sendo dos partidos da esquerda, tenho as seguintes explicações: ou a esquerda está envolvida numa guerra quixotesca contra moinhos de vento, ou netão, está a fazer o que partidos de direita fizeram na oposição, fingir discordância, por motivos eleitoralistas.
    Da parte do PCP e do BE,talvez a posição será real, porque tudo o que não está relacionado com eles é de direita,como o Fernando sabe,enfim..Do PS, não tenho a menor duvida que a sua oposição ao governo é falsa, e a prova disso é que já passaram 2 anos,e não foram capazes de formular propostas alternativas ás do governo.Situação que acontece um pouco por toda a Europa.Não é por acaso que os partidos populistas têm sido os grandes vencedores das eleições na Europa.Desde o caso do Syriza,do Beppe Grillo em Itália.Sendo menos populistas,também destaco o crescimento eleitoral recente do Uk Independence Party de Nigel Farage em Inglaterra,indo até a Marine Le Pen

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    • 3 Junho, 2013 16:30

      perdão!: que faria algo muito diferente do governo.Agora está correcto
      Boa Tarde

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  42. Fernando S permalink
    3 Junho, 2013 16:45

    rr : “Não é uma evolução.Num cenário de carga fiscal baixa,e numa quantidade diminuta, que não é o caso do governo.
    Continuo a achar que num cenário em que a via fiscal está mais que saturada,foi uma má opção.”

    Afinal neste ponto não evoluiu !…
    Paciencia !! 🙂

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  43. 3 Junho, 2013 16:51

    C´est la vie Fernando.Tal como outros não evoluiram noutros pontos 🙂

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  44. Fernando S permalink
    3 Junho, 2013 17:56

    rr : “Aumentar a tsu, significava descontar mais uma percentagem para a Segurança Social.Contribuir mais para o Estado,…

    Não é verdade …
    O governo disse logo que o mecanismo de aplicação da medida incluiria um ajustamento no sentido de utilizar as diferenças para deixar de fora os mais baixos salarios.
    A medida seria neutra em termos orçamentais !

    rr : “qualquer empresa pode aumentar ou baixar os salários,até mais do que a tsu,baixava.Julgo que nada impede de as fazer.”

    Não é assim.
    Com a actual legislação laboral, mesmo depois das ultimas alaterações, baixar salarios nominais é praticamente impossivel.
    Os ajustamentos que teem ocorrido são reais : inexistencia de aumentos, despedimentos de pessoal com salarios mais elevados, recrutamento de outros com salarios nominais mis baixos, etc.
    A medida da TSU permitia contornar a barreira da legislação relativamente aos salarios nominais.

    rr : “o ajuste dos salários por baixo,aparentemente não está na ordem do dia das empresas,,sendo uma medida de último recurso”

    Este é mais um argumento tipico da esquerda, que acha que os salarios médios ja são muito baixos e que, por isso, não é preciso nem é conveniente flexibilizar o mercado de trabalho.
    As situações são muito variadas, de sector para sector, de empresa para empresa, de categoria profissional para categoria profissional, de trabalhador para trabalhador.
    Ha empresas que poderiam ser viabilizadas e rentabilizadas com ajustamentos de certos salarios. Não significa necessariamente que todos os salarios teriam de baixar. Uns poderiam baixar, outros ficar na mesma, e outros aumentar. Para ser decidido entre as empresas e os respectivos trabalhadores caso a caso.

    A oposição à medida por parte de diveros représentantes patronais e de varios empresarios até se pode explicar por diversas razões. Por exemplo.
    Em primeiro lugar, uma incompreenção pura e simples sobre o mecanismo e o efeito da medida. Em geral, cada empresario conhece muito bem todos os aspectos do seu sector de actividade e da sua empresa. Mas não é necessariamente muito lucido em macro-economia. De resto, se dependesse apenas de cada empresario, o Estado seria sempre intervencionista e despesista … desde que fosse a seu favor !…
    Em segundo lugar, os représentantes patronais e os patrões com mais visibilidade mediatica estão muito ligados aos sectores de bens e serviços não-transaccionaveis. Ora, é sabido que para estes sectores é mais importante não alterar o modelo économico, nomeadamente com medidas que reduzam os consumos privado e publico. Esta situação explica em boa medida a oposição à politica do governo por parte de muitos empresarios ligados a estes sectores.
    Em terceiro lugar, muitos dos pequenos e médios empresarios em maiores dificuldades acreditaram que neste momento a salvação, mais do que de baixas de salarios, pode vir sobretudo de um aumento do consumo (e do crédito bancario) e que uma redução generalizada de salarios afectaria fortemente esta componente. Em parte é assim. Mas não tanto quanto se imagina e a verdade é que estas variaveis não estão tão interdependentes como isso. O consumo privado não seria tão afectado (ja esta pelos outros factores da recessão) e o ganho fiscal da TSU poderia ter dado algum folgo efectivos a estas empresas com importantes dificuldades de tesouraria e custos excessivos.

    Seja como for, a verdade é que, como referi anteriormente, os salarios reais teem vindo a descer. O que significa que as possibilidades de ajustamento existentes teem vindo a ser utilizadas por muitas empresas.
    Uma flexibilização adicional permitiria certamente um ajustamento mais facil e mais rapido, fosse qual fosse a direcção.

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  45. 3 Junho, 2013 18:19

    Este é mais um argumento tipico da esquerda, que acha que os salarios médios ja são muito baixos e que, por isso, não é preciso nem é conveniente flexibilizar o mercado de trabalho.
    As situações são muito variadas, de sector para sector, de empresa para empresa, de categoria profissional para categoria profissional, de trabalhador para trabalhador.
    Ha empresas que poderiam ser viabilizadas e rentabilizadas com ajustamentos de certos salarios. Não significa necessariamente que todos os salarios teriam de baixar. Uns poderiam baixar, outros ficar na mesma, e outros aumentar. Para ser decidido entre as empresas e os respectivos trabalhadores caso a caso.”
    Talvez eu tenha que explicar.O que eu disse foi que que os empresários(grande parte até vinham dos transacionáveis, Fortunato Frederico, da maior empresa de calçado,e Henrique Neto) entendiam a redução dos salários não lhes era economicamente muito útil.Quer se concorde, quer não, esta foi a ideia geral entre grande parte.Isto não quer dizer que todos pensassem o mesmo, provavelmente haveria quem apoiasse a medida .E cada empresário decide o que é melhor para a sua empresa..Uns podem pensar uma coisa,outros outra.É a pluralidade de opiniões.Dai eu achar que o aumento da tsu devia ser estritamente opcional.Quem entendesse que podia pagar os 11% actuais alinhava,e pagaria os 18% quem assim achasse necessário
    O que é complexo,leva-se tempo a entender.
    Enfim.
    Boa Tarde e uma Boa Noite, senão nos virmos por aqui

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  46. Fernando S permalink
    4 Junho, 2013 12:05

    rr : “Dai eu achar que o aumento da tsu devia ser estritamente opcional.Quem entendesse que podia pagar os 11% actuais alinhava,e pagaria os 18% quem assim achasse necessário”

    “Estritamente opcional” seria esvaziar a medida : nenhum trabalhador quereria pagar mais para que o seu patrão pagasse menos ; nenhum patrão iria pagar 18% podendo pagar 11%.
    Por definição a fiscalidade nunca é opcional !

    Mas, mesmo sendo forçosamente obrigatoria, a medida não impediria que em cada empresa o patrão optasse por utilizar o ganho fiscal no sentido de compensar o trabalhador do aumento da respectiva TSU, pura simplesmente aumentando o respectivo salario nominal.
    Ou seja, na pratica, a situação ficaria basicamente na mesma.

    Na verdade, a medida introduziria maior flexibilidade na politica de salarios de cada empresa permitindo que cada uma, em função da sua situação e das suas necessidades em termos da gestão do seu pessoal, tivesse certos trabalhadores com menores custos e, eventualmente, outros mais bem pagos. No final, a sua folha de salarios para o conjunto do pessoal poderia ser inferior ou identica à situação anterior (nalguns casos até poderia ser superior com novos recrutamentos e salarios mais elevados estimulados pela existencia da medida).

    Afinal quem é que defende menos impostos para as empresas e mais flexibilidade no mercado de trabalho ?!… 😉

    Quanto à posição dos empresarios, claro que também apareceram alguns dos sectores transaccionaveis a exprimirem-se contra a medida de TSU.
    E mesmo, de um modo geral, contra a politica de austeridade do governo.
    Mas atenção, muitas destes empresas não são apenas exportadoras e dependem também do mercado interno. São por isso também sensiveis ao argumento do consumo privado.
    De qualquer modo, como referi no comentario anterior, a posição dos empresarios depende sobretudo da percepção que teem do modo como os seus interesses imediatos podem ser afectados por uma determinada medida, sendo que, naturalmente, esta percepção pode ser mais ou menos lucida.
    O mais importante a assinalar é que a maior parte das opiniões desfavoraveis dos empresarios à medida da TSU vieram, por um lado através das principais associações patronais e dos patrões das maiores empresas do pais, e por outro lado, expressas a titulo individual, de muitos pequenos e médios empresarios de sectores onde as pequenas e médias empresas são em maior numero e que mais se desenvolveram nas ultimas décadas (comércio, serviços, construção, restauração, etc).
    O que não é de admirar tendo em conta o sentimento – certo ou errado, não é aqui a questão – que é dominante nestes sectores e nestes empresarios, e que é o de que os seus interesses estão intimamente ligados à manutenção do modelo économico que vigorou nas ultimas décadas.

    Ou seja, no contexto actual, os empresarios em geral não são necessariamente reformistas. Compreensivelmente mas infelizmente.
    Relativamente a muitos deles, eu diria que veem sobretudo o que lhes esta à frente do nariz, o que percebem ser os seus interesses imediatos, e não o que devem ser os seus interesses bem compreendidos, num horizonte de mais longo prazo.
    Esta realidade contrasta completamente com a ideia de uma certa esquerda mais marxizante para a qual a politica “ultraneoliberal” do actual governo é a favor dos interesses do capital !

    Dito isto, neste ponto, devo reconhecer que o rr tem alguma razão quando diz, num comentario mais acima, que o governo actual foi pouco habil na apresentação e explicação da medida da TSU.
    Como, de resto, de outros aspectos da sua politica.
    Mas ja se percebeu que, infelizmente, a comunicação não tem sido um ponto forte deste governo.

    Saudações cordiais !

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  47. 4 Junho, 2013 16:01

    “Estritamente opcional” seria esvaziar a medida : nenhum trabalhador quereria pagar mais para que o seu patrão pagasse menos ; nenhum patrão iria pagar 18% podendo pagar 11%.
    Por definição a fiscalidade nunca é opcional !
    Mas, mesmo sendo forçosamente obrigatoria, a medida não impediria que em cada empresa o patrão optasse por utilizar o ganho fiscal no sentido de compensar o trabalhador do aumento da respectiva TSU, pura simplesmente aumentando o respectivo salario nominal.
    Ou seja, na pratica, a situação ficaria basicamente na mesma. ”
    Então assim sendo, se nenhum iria gostarde pagar mais para que o patrão pagasse meno9s,então não valeria a pena a medida ser levada avante.
    Mas discordo,pelas seguintes razões.Também sei reconhecer que nem todas as empresas estão na mesma situação, umas em melhor,outras em pior..Numa empresa de situação dificil, certamente que o trabalhador aceitaria baixar o seu salário para que o seu posto de trabalho fosse salvaguardado.Nas com situação favorável,as coisas podiam-se manter bem assim,como actualmente é.Acho que a fiscalidade deve ser perfeitamente opcional.
    Mas há outro motivo: a baixa da tsu dos patrões era insuficiente para compensar o aumento da tsu dos trabalhadores.Porque o aumento da tsu dos trabalhadores era muito maior do que a diminuição da dos patrões,tornando qualquer eventual compensação salarial,matematicamente improvável, senão impossivel.Não me parece que algum patrão pudesse aumentar 100 ou 200€ o salário,neste momento só para o salário do trabalhador ficar na mesma.
    Quanto á posição dos patrões,vieram desses sectores, mas também de sectores exportadores e de transacionáveis.Ao fim ao cabo, existe apenas o mercado.
    Eu não vejo a relevancia de alimentar uma guerra entre não e transacionáveis.Para mim, sem distinção todas as empresas são bem-vindas,todo o mercado é bem-vindo, todo o capitalismo é bom.Não acho que tenha de haver planificação no diz respeito a esta matéria.
    Mas enfim, infelizmente ou não,quer se queira quer não, a medida está para já,embora não morta,mas na chamada “gaveta”.Há que seguir em frente.
    Dito isto,concordo verdadeiramente consigo quando diz que a ideia que alguma esquerda tem do governo é errónea,e que o governo é ineficaz do ponto de vista comunicacional e.. pouco experiente em termos politicos
    Saudações Cordiais Igualmente

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  48. Fernando S permalink
    5 Junho, 2013 01:42

    rr : “… se nenhum [trabalhador] iria gostarde pagar mais para que o patrão pagasse meno9s,então não valeria a pena a medida ser levada avante.”

    Porque é que não vale a pena ?
    A legislação laboral actual, mesmo apos revisão, e a natural dificuldade em fazer com que alguém aceite voluntariamente uma redução do seu salario, fazem com que seja praticamente impossivel que uma empresa em dificuldades e com problemas de eficiencia e rentabilidade possa baixar unilateralmente o salario de um determinado trabalhador. Das duas uma : ou a empresa se resigna e mantem a mesma situação, com prejuizo para o futuro da empresa e do conjunto dos seus trabalhadores actuais e potenciais ; ou a empresa arranja um expediente para o despedir, o que significa mais um desempregado e uma diminuição do nivel de actividade da empresa.
    Como ja referi, a medida da TSU significa na pratica a baixar o custo do trabalho para a empresa dando-lhe assim uma maior margem de manobra a varios niveis, incluindo o da gestão dos seus recursos humanos. Neste plano, tudo se passa como se o mercado de trabalho para a empresa fosse agora mais flexivel.
    Todas estas vantagens valem largamente a pena !

    rr : “Numa empresa de situação dificil, certamente que o trabalhador aceitaria baixar o seu salário para que o seu posto de trabalho fosse salvaguardado.”

    Infelizmente, na maior parte dos casos, os trabalhadores não aceitam baixar voluntariamente os salarios e tendem a acreditar que a empresa pode e deve manter os salarios e manter os postos de trabalho.
    Os sindicatos bem como os opinionistas encartados da esquerda e dos campeões do “social”, que defendem a ideia de que os interesses dos patrões e dos trabalhadores são opostos e incompativeis, teem uma enorme responsabilidade nesta situação de bloqueio de uma possivel negociação entre o empregador e os seus trabalhadores tendo como objectivo salvar a empresa e os postos de trabalho.
    Quando a empresa atinge os limites e os despedimentos acontecem … ja é demasiado tarde para negociar outras soluções mais aceitaveis.

    rr : ” a baixa da tsu dos patrões era insuficiente para compensar o aumento da tsu dos trabalhadores.Porque o aumento da tsu dos trabalhadores era muito maior do que a diminuição da dos patrões,tornando qualquer eventual compensação salarial,matematicamente improvável, senão impossivel.”

    O rr esta completamente enganado.
    A diferença era marginal. As contas foram feitas na altura.
    E, como ja disse, e não voltarei a repetir porque não vale a pena, o governo comprometeu-se então a introduzir mecanismos de correcção que permitissem reduzir a diferença e utilizar a parte remanescente para isentar os mais baixos salarios do agravamento da TSU.

    rr : “Ao fim ao cabo, existe apenas o mercado. Eu não vejo a relevancia de alimentar uma guerra entre não e transacionáveis.Para mim, sem distinção todas as empresas são bem-vindas,todo o mercado é bem-vindo, todo o capitalismo é bom.Não acho que tenha de haver planificação no diz respeito a esta matéria.”

    Efectivamente, o rr nunca percebeu a importancia da distinção entre sectores de bens transaccionaveis e não transaccionaveis.
    Nunca percebeu que o despesismo do Estado favoreceu sobretudo os não transaccionaveis (o Estado é ele proprio o principal não transaccionavel) e desfavoreceu os transaccionaveis.
    Nunca percebeu que, deste modo, o modelo économico português assentou num desequilibrio entre estes dois sectores e uma das principais consequencias foi o agravamento do desequilibrio das contas externas.
    Não percebendo isto o rr também não pode perceber que a mudança de modelo économico, com um Estado menos despesista e menos intervencionista, implica um reequlibrio entre os não transaccionaveis, que devem perder algum peso, e os transaccionaveis, que devem ganhar. Este reequlibrio esta ja a acontecer, com os não transaccionaveis em maiores dificuldades (Estado, construção, comércio,serviços, restauração, etc) e com os transaccionaveis a ganharem mercado, quer no exterior (mais exportações) quer no interior (sibstituição de importações).
    Este reequilibrio, este ajustamento, é uma consequencia pura e simples da politica de austeridade.
    Da mesma maneira que durante anos e anos o despesismo e o intervencionismo proteccionista do Estado favoreceu o sector dos não transaccionaveis, agora a redução das despesas publicas e a diminuição do consumo privado tendem a prejudicar mais este mesmo sector e a favorecer o dos transaccionaveis.

    O rr também não percebeu que nada disto se faz com “planificação”, nem sequer com politicas publicas que discriminem entre sectores e empresas, que preveligiem mais uns e sobrecarreguem mais outros.
    Antes pelo contrario, trata-se de liberalizar os mercados, desde o mercado de trabalho aos mercados dos sectores não transaccionaveis que anteriormente mais beneficiaram de protecções e subsidios.
    Ao contrario do que o rr pensa as politicas orçamental e fiscal não são necessariamente “planificação” ou interferencias no livre funcionamento dos mercados.
    Quando o Estado segue uma politica de consolidação orçamental com a redução de despesa e do déficit publicos… esta a criar condições para reduzir o peso do Estado na economia e, deste modo, esta a contribuir para diminuir o excesso de consumo publico e privado que foi artificialmente alimentado pelo excesso de despesismo do Estado.
    Quando o Estado segue uma politica fiscal que poupa as empresas e retira às familias rendimentos que resultam em boa medida do excesso de despesismo do Estado e que são utilizados em consumos que suportam sobretudo os sectores de bens não transaccionaveis … esta a corrigir as consequencias do excessivo peso e intervencionismo do Estado na economia.
    Nada disto tem ou deve ser feito discriminando entre sectores e empresas. Até agora nenhuma das medidas fiscais do actual governo fez qualquer discriminação entre sectores e empresas. Antes pelo contrario, os subsidios, os créditos bonificados, as encomendas publicas a empresas escolhidas, a limitação de concorrencia em certos mercados, etc… tudo isto tem vindo a ser diminuido pelo actual governo.
    Isto não é intervencionismo … é antes desintervencionismo ! Claro que tem de ser um governo, uma instituição publica, a faze-lo. O Estado interveio, apenas o Estado pode desintervir.
    De resto, apesar de eu apontar os desequilibrios que existem entre sectores e de achar que a politica de austeridade concorre para a redução destes desequilibrios, o rr nunca me viu, aqui ou algures, defender uma qualquer discriminação entre sectores e empresas. Antes pelo contrario, discordei sempre daqueles que defendem medidas de politica a favor de certos sectores (por exemplo, a exportação, a agricultura, as industrias “estratégicas”, etc) e empresas (por exemplo, as pequenas e médias empresas, as empresas da restauração, etc, etc).
    A famigerada medida da TSU é mais um exemplo de uma medida que não introduzia qualquer discriminação entre sectores e empresas, ao contrario do que muitos chegaram a propor.
    Para mim é caro que, o simples facto do Estado por ordem nas suas contas e proceder a reformas estruturais, é a melhor maneira de agir sobre a economia de modo a corrigir os principais desequilibrios macro, incluindo aquele que diz respeito aos sectores transaccionaveis e não transaccionaveis.
    No fim de contas, uma economia com um Estado “ligeiro” e com mercados livres não gera os desequilibrios em questão.
    Deixar tudo na mesma, não utilizar os intrumentos orçamentais e fiscais para reequilibrar a economia, é que seria manter uma situação em que o Estado tem um peso e um papel excessivo na economia !

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    • 5 Junho, 2013 02:32

      Porque é que não vale a pena ?”
      O que eu quis dizer é que, a redução de salário seria só aplicada pelas empresas que entendessem haver essa necessidade,Seria opcional, como já lhe disse.
      Quanto ao segundo ponto,não me parece muito marginal.Sendo que o aumento para o trabalhador era em 7% face ao valor anterior, e no lado dos patrões, 5,75, não me parece muito marginal a diferença.A tsu dos patrões tinha que ser pelo menos mais um ponto diminuida, para haver uma possibilidade de compensação.Mecanismos de correcção que seriam insuficientes para resolver a questão.Mas não vale a pena debruçarmo-nos sobre o que poderia ter sido, mas não foi.Adiante
      Posto isto,quanto ao terceiro ponto, percebi,mas percebo também que não mercado a ou mercado b,nem capitalismo A nem capitalismo b.Vivemos numa economia de mercado, onde impera a liberdade de empreender, de se consumir o que se quiser, de se vender o que se queira.A liberdade é só uma,o mercado é só um, a 100%.Devemos permitir ás empresas trabalharem para o mercado externo, via aumento das exportações, mas também penso que o governo não deve também impedir o consumo e venda no mercado interno.
      A correcção do défice externo, é um dos poucos indicadores economicos positivos do governo(0,4% excedente, se não estiver em erro), devo reconhece-lo,mas este deve ser assente, no aumento das exportações.
      Finalizando, a única politica que compete aos Estados fazerem, é reduzir vigorosamente a sua despesa(incluindo a despesa social e de funcionários publicos, não é com ppp e automóveis que se consegue,embora a sua redução era um bom simbolismo) ,e reduzir os impostos ás familias e ás empresas.E mais do que um objetivo, este é um principio, uma forma de desenvolver uma sociedade.Apenas no sentido de reduzir não de aumentar, que é o contrário de reduzir.Se o Fernando reduz os impostos, está a reduzir o estado.Se o Fernando aumenta os impostos, está a aumentar o Estado, está a diminuir a liberdade de alguém.Se o Fernando estiver em lisboa, e quiser ir para o Porto, obviamente que não chegará ao Porto se orientar o seu veiculo rumo ao Algarve,não rumo ao destino pretendido.Este exemplo, explica que, não se aumenta para depois reduzir.O Governo, deve interferir o menos possivel, tanto em Empresas, como em Familias, e não aumentar ou nas Familias ou nas Empresas,que não foram aumentadas porque a sua fiscalidade em Portugal é extremamente insuportável já.Em suma, sintetizando o meu ponto,.deve haver tanta liberdade de vender como de consumir.Mas pelos vistos, acho que não vale a pena discutirmos este pormenor.
      Cada aumento de impostos,é um aumento da intervenção do Estado na economia.Mais dinheiro para o Estado.
      E depois mesmo quanto a reformas não relacionadas com a fiscalidade,tirando a das rendas e do trabalho, não há registo de alguma mais relevante.Espero que o Fernando não seja a favor também da liberticida lei do enriquecimento ilicito 🙂

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      • 5 Junho, 2013 02:33

        Já agora,como tentativamente é meu hábito, desejo-lhe uma Boa Noite

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