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Problema para a solução proposta

2 Abril, 2014

jn-chumbo-de-alunos-custa-dinheiro

Com toda a bonomia necessária exigida ao leitor para tragar um título que diz “Estado gasta” em vez de “contribuintes gastam”, o Atlas da Educação a que a notícia alude apresenta uma solução: “a solução não passará por proibir a retenção ou de a iludir pela busca de sucesso a qualquer custo, mas antes por preveni-la”. Óptimo: agora que temos uma solução, vamos tentar inventar um problema passível de ser resolvido com esta solução; pode ser: “como poupar dinheiro ao contribuinte não chumbando alunos?”

Sendo sempre favorável à ideia de se poupar dinheiro aos contribuintes (ou, versão colectivista/fascista, ao Estado/Sociedade), proponho uma série de medidas para enfrentar o problema acabado de criar para satisfazer a solução proposta:

  • Criação de um sistema baseado em agrupar alunos num sítio físico (a que podemos chamar “escola”), separados por graus de conhecimento, e acompanhados de um adulto (a que podemos chamar “professor”) cuja função seria ensinar coisas de acordo com um plano coerente;
  • Assegurar que o aluno pode escolher este sítio físico a que chamamos “escola”, dando aos pais (a que podemos chamar “encarregados de educação”) a opção de matrícula em qualquer estabelecimento, independentemente da propriedade do edifício onde se situa a dita “escola”;
  • A senhora ou senhor que ensina coisas (doravante designada/o por “professor”) terá que fazer uns testes para aferir os conhecimentos adquiridos pelos alunos e usar os seus resultados para perceber se está a ter algum sucesso (pista: se nenhum aluno acerta numa determinada questão, o problema pode – não é garantido – ser do “professor”);
  • O “professor” será avaliado anualmente através de um método ponderado de avaliação pelos pares, avaliação pelos “encarregados de educação”, avaliação pelas crianças (doravante designadas por “alunos”), avaliação pelo empregador, avaliação por resultados obtidos em exames nacionais e avaliação subjectiva de terminologia usada oriunda das “ciências” da educação fofinhas;
  • Mediante esta metodologia, criar um sistema de propinas anuais não subsidiadas e cumulativas tão mais reduzidas quanto menor for número de retenções (propina para duas retenções será o dobro de propina para uma retenção durante o resto da vida escolar).
  • Suspeitar de potenciais “professores” com sinais exteriores de incapacidade de raciocínio (por exemplo, ser comunista e ensinar História, propor reestruturação da dívida e ensinar Matemática ou defender o culto religioso socrático e ensinar Ética/Religião/Moral/Cidadania).
53 comentários leave one →
  1. Luís Marques permalink
    2 Abril, 2014 10:54

    As suspeitas são certeiras, magnífico.

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  2. Luis Moreira permalink
    2 Abril, 2014 11:30

    Essa dos professores de história comunistas seria um grande avanço civilizacional

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  3. Sousa Pinto permalink
    2 Abril, 2014 11:34

    Desculpem a fuga do assunto do Post, mas…
    Quem viu ontem o Programa da TV, 1/4 prá meia-noite, ficou a conhecer melhor um dos subscritores do Manifesto dos 74. A personalidade do Exmo Sr Dr Bagão Félix.
    Uma pergunta legítima seria, como é que um patareco destes subscreveu aquele Manifesto de 74 personalidades, supostamente tudo gente com categoria?
    Mas a mim ocorreu-me outra pergunta, que considero mais pretinente e que nos pode ajudar a todos a perceber melhor porque é que Portugal chegou ao estado em que está. E a pergunta é esta.
    Como é que foi possível um patareco daqueles ter chegado a Ministro das Finanças?

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    • Tiradentes permalink
      2 Abril, 2014 11:49

      Cum caraças ……
      Já o Pinto de Sousa (seu homónimo invertido) também chegou a PM. Agora temos o Passolas e antes tivemos o bolo-rei de boliqueime.
      Qual é a novidade?
      ahhhhhhhhhhh o Passolas é um escriturário sofrível da troika?

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      • manuel permalink
        2 Abril, 2014 11:57

        Poucas palavras mas tem tudo. E teremos” um amanhã que canta”com o Dr Seguro. Sobre educação : um governo competente tem de repensar as funções do estado e pode chegar à conclusão que só temos dinheiro para o ensino obrigatório .Compreendo que isto é um pouco mais complicado que as “reformas” de cortar em salários e reformas.

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    • 2 Abril, 2014 15:56

      Se já uma data de malta assinou o “papelinho”, vocês, sejam da usual direita trauliteira e pouco inteligente à nova versão peluche neo liberal, qualquer dia, para não ficarem de lado e mal vistos como os marretas dos muppet show, também vão assinar o dito “papelinho”. É tudo uma questão de tempo!

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      • vitorcunha permalink*
        2 Abril, 2014 16:50

        Eu já assinei 10 vezes.
        Boa ideia, vou lá assinar mais umas 10.

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      • Atento permalink
        2 Abril, 2014 18:21

        Uauuuu Aryan… que argumentária. Eu não assinei, mas vou fazer como o Vítor Cunha…. até porque é como você diz, é um papelinho…. não é coisa séria!
        Deixando ironias: Sim, prefiro ser da direita pouco inteligente (e trauliteira, se quiser) mas não assino nada por carreirismo. Você seguramente assinou «para não ficar de lado».

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      • Atento permalink
        2 Abril, 2014 18:23

        Ou seja, Aryan… você e da esquerda «intelejumente».

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  4. Abre-latas permalink
    2 Abril, 2014 11:51

    Os próprios manuais de História são comunistas.
    No outro dia vi um do 5º ano que aborda a ‘luta de classes’ em plena idade média!
    Pior, conduz (catequiza) as crianças para uma lógica ‘isto não se aguenta’ medieval.

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    • Sousa Pinto permalink
      2 Abril, 2014 12:25

      Pois, o PCP no ido de 1975 queria substituir as pessoas do aparelho do Estado anterior por comunistas. Era a implantação de uma ditadura Social-fascista em Portugal com o apoio do Brejnev. Portugueses valentes barraram o caminho ao fala-barato Álvaro Cunhal, mas a máquina comunista não deixou de trabalhar. Infiltrou comunistas na PSP, na GNR, e em toda a Administração Pública. E ataca em todos os campos em que pode espalhar a ideologia da ditadura, como sejam os livros que preparam os nossos jovens. E continua a fazer o mesmo. Os brados do Arménio Carlos são fogo de vista. A pólvora está em tudo o que é Estado, está nos infiltrados. Compete mais uma vez aos portugueses valentes, desmascarar e correr com essa gente dos locais de onde espalham o veneno.

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    • 2 Abril, 2014 12:59

      Verdade. Essa treta da Idade Média como época das trevas foi criada pelos jacobinos. Mas, em toda a parte do mundo já foi desmontada, menos cá. Onde ainda se doutrina essa imbecilidade do “obscurantismo medieval”.

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      • Atento permalink
        2 Abril, 2014 13:17

        Zazie, tem toda a razão. Há hoje em dia uma «certeza segura» e unânime que a Idade Média foi uma época de grande fulgor e vigor intelectual que catapultou a Europa para séculos de liderança intelectual e tecnológica. Aconselho o livro «How the West Won: The Neglected Story of the Triumph of Modernity» de Rodney Stark.
        O livro – é muito recente (quando o comprei, numa Barnes & Noble de Nova Iorque, o vendedor disse que o livro tinha acabado de sair «and the paper is till hot») – trata precisamente deste tema e apresenta algumas conclusões desconcertantes: que a «Idade das Trevas» nunca ocorreu, como se diz, que o ocidente foi o maior beneficiário da queda de Roma, etc.
        A ler.

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      • António Parente permalink
        2 Abril, 2014 14:09

        Muito bem.

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  5. Atento permalink
    2 Abril, 2014 12:02

    Caro Vítor,
    Não tenho dúvidas da metodologia aqui preconizada…
    Ao fim ao cabo é a transposição para o ensino do princípio do aborto livre e gratuito para todos…. Que raio de exemplo que eu fui buscar… mas acho que sim.
    A bem de Portugal, se esta máxima estivesse em vigor há algumas décadas talvez não tivessemos a escumalha de políticos que temos… e se calhar teríamos menos chumbos (retenções, não é?) no ensino.

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  6. jorge figueiredo permalink
    2 Abril, 2014 12:19

    O sô Cunha já há algum tempo que não falava dos professores. Sinceramente eu até já estava a estranhar ( “querem ver que ele deixou de se cruzar com a professora da primária…” ).
    Gostei muito da avaliação feita pelos alunos e pelos pais ( esqueceu-se do talhante, do padeiro e do merceeiro ).
    Poderemos avaliar o sô Cunha e definir o vencimento na sua profissão ou isso já não é conversa?
    O sítio físico a que chama ‘escola’ passará a chamar-se GPS?

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  7. JCA permalink
    2 Abril, 2014 15:04

    .
    É tudo isso mesmo.
    .
    But follow the Money: o fim ‘supremo para a salvação’ da Tugalandia é FINANÇAS, essa coisa de mais empréstimos reestruturações ou renovações dá tudo no mesmo,
    .
    e já lá vão uns quase 6 anos de troikadas&guitarradas e a Economia, criação de empresa, postos de trabalho dizem para 800.000, mais receita fiscal com Impostos muito mais baixos ou modelos de coleta totalmente diferentes,
    .
    é coisa de meia dúzia de lunáticos que andam por aí tão longe da governança, ou arco do poder, como queiram.
    .
    Como a raiz da coisa é ‘FOLLOW THE MONEY’ para todos os tugas, elites e arco de poder, ou seja lá o que for, e o resto são mais equações teóricas quiçá desabafos inconsequentes, nem aquecem nem arrefecem para dar a volta à miséria e empobrecimento gerais, cada vez maiores,
    .
    segundo estes esse tal grande êxito da União Bancária da União (União que é uma coisa qualquer nem é Estado Federal nem Confederação de Estados, venham os “sobrenaturais de certas fés” e expliquem se souberem .. ),
    .
    e como ia gatafunhando, o que vai ‘salvar’ tudo e todos afinal parece que é segundo estes estudantes da coisa e estudados na coisa, catedráticos internacionais e globalistas na coisa, mandam esta malha bombástica:
    .
    .
    -Banking Union Time Bomb: Eurocrats Authorize Bailouts AND Bail-Ins
    .
    “As things stand, the banks are the permanent government of the country, whichever party is in power.” (Lord Skidelsky, House of Lords, UK Parliament, 31 March 2011)
    .
    What the Eurocrats Don’t Want You to Know
    .
    http://www.washingtonsblog.com/2014/03/banking-union-time-bomb-eurocrats-authorize-bailouts-bail-ins.html
    .
    .
    Ou seja sugere que os Finanças o melhor é recolherem à discreção porque solução para a miséria em curso zero … surgem apenas como o laboratório de experimentação de teorias duma meia duzia de teoricos filosofando e sonhando. Pelo a rapaziada ‘estupida’ não vê nada, já não desconfia, afastou-os, não liga henhuma a estes ‘sermões para peixes’. É o que confessam sobre Regime e Sistema. O que é PÉSSIMO, nunca visto com tanta intensidade..
    .
    Bem diz pelo menos neste caso o Presidente Cavaco … só daqui a 20 ou 30 anos (e mesmo assim sujeito a confirmação na altura). E por este andar nunca falou tão certo não se sabe bem porquê, tanto tinha habituado o pessoal aos seus silêncios e mistérios.
    .
    Enfim se no fim de contas todos se sentem bem, siga a roda até 2025 ou 2030 que a maioria dos ora já fez o passamento, quem cá estiver que se desenrasque.
    .

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    • vitorcunha permalink*
      2 Abril, 2014 15:11

      JCA, eu escrevi 382 palavras. Você escreveu 418. O seu multiplicador cainesiano é 1,1.

      Não dá para ser mais sucinto? Para a gente até ler o que escreve?

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  8. Churchill permalink
    2 Abril, 2014 15:11

    Gostei da introdução ao tema do Vitor Cunha. Não gosta da expressão o Estado paga, prefere os contribuintes pagam, para dar um cariz mais personalizado à coisa!
    Compreendo.
    Sugiro que a partir de agora quando se referir aos funcionários publicos, em vez de ser os “Contribuintes gastam”, use antes os “trabalhadores do Estado recebem”. Assim deixa de parecer uma esmola ou subsidio e passa a ser a remuneração devida pelo trabalho prestado.

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    • vitorcunha permalink*
      2 Abril, 2014 15:15

      Pense bem, a sério.
      É “contribuinte gasta” em todos os casos. Lembre-se da lógica colectivista que justifica o estado obeso: “o estado somos nós”.

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      • Churchill permalink
        2 Abril, 2014 18:32

        Gasta ou investe, porque se o contribuinte pagar um serviço pelo qual vai ter valor acrescentado ainda ganha dinheiro.
        Imagine que é um russo e vende gás, se o Estado anexa a Crimeia vai ter mais lucro com isso.

        Mas a mim que trabalho no Estado o que me interessa é que olhem para mim com a sensação que eu tenho quando vou jantar à Ribadouro, pago mais pelo bife do que ele custa no talho, mas o serviço compensa. O que me chateia é essa ideia de todo o dinheiro que os contribuintes (onde me incluo) gastam em impostos é para distribuir por inúteis, isso é que me tira do sério. de uma vez por todas que digam quais estão a mais e quais não trabalham, e corram com eles.

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      • vitorcunha permalink*
        2 Abril, 2014 18:35

        No caso concreto, isso está previsto no ponto em que fala da avaliação. A avaliação pelo empregador é, no mundo real sem unicórnios, a única verdadeiramente relevante.

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  9. JorgeGabinete permalink
    2 Abril, 2014 16:04

    Bom, desta vez o VC foi longe demais. Agora dá em propor a existência de um sistema de ensino? e a escola pública onde fica? Tá-se a ver que a seguir vai afirmar que o ensino é para quem aprende e não para quem ensina (ou devia). O nosso sistema é um património a preservar, não podemos leiloar as preciosidades que por ele abundam como querem fazer com os Miro’s. Mário Nogueira não é uma pessoa, é um artefacto muito antigo (que aguarda datação por carbono14) e tem de ser preservado. Onde é que já se viu pegar nos resultados e pressupor responsabilidade dos intervenientes? Já existe uma matriz de avaliação que diz: o que corre bem decorre do mérito jamais reconhecido dos evangelizadores quase professores e o que corre mal, todos sabemos, é culpa dos governantes, não dos quadros do ministérios e muito menos quando são supostos professores em destacamento, a culpa é dos PM´s e respectivos ministros da tutela. Só fica uma dúvida, quem será o responsável pela minha mala education e pela do VC, é que o eu discente data de antes do Cavaco!

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  10. Duarte permalink
    2 Abril, 2014 16:40

    O Vítor Cunha do Blasfémias se não existisse tinha de ser inventado, porque realmente a vida não se faz só de episódios sérios. As caricaturas, desde, pelo menos, o tempo de Bordalo Pinheiro, são “Bonecos” de valor inquestionável que devemos preservar. Animam a malta e fazem-nos rir com a vantagem de ninguém os levar demasiado a sério

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    • vitorcunha permalink*
      2 Abril, 2014 16:44

      Estão a ver, restantes comentadores? Aqui está uma crítica mordaz, assustada, sem necessitar de comparações com outros socialistas como Hitler ou Mussolini, receosa de viver num mundo não centralizado mas com criatividade suficiente para não merecer ser apagada.

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  11. 2 Abril, 2014 18:40

    “Cultura de retenção” é bonito. “Atlas da Educação” também não me parece mal. Eis o documento de que se fala (solte o statistics freak que há em si):

    Click to access ATLAS-DA-EDUCA%C3%87%C3%83O.pdf

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  12. Churchill permalink
    2 Abril, 2014 18:46

    Vitor, quer ver a dificuldade da pequenada dos dias de hoje? então repare numa questão colocada em teste de preparação de matemática do 2º ano (antiga 2ª classe).
    – Se há 5 rapazes e 20 pares estão a dançar numa pista, quantas são as raparigas?

    Por um lado os putos têm de encaixar que os pares de dança são coisas mistas e diversificadas (pró gay), por outro não têm onde subtrair os trans e os bi (anti LGBT).
    Como é que será a resposta certa? e a politicamente correta?

    Eu não me admiro nada que os miúdos chumbem e depois disso ainda necessitem de psicologia de apoio.

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    • vitorcunha permalink*
      2 Abril, 2014 18:53

      É como é, Churchill. Daí que as minhas intervenções sobre o estado e funcionários públicos não sejam contra a existência destes e sim por existir um custo oriundo de impostos que justifica a sua racionalização.

      Hoje em dia, a julgar pela opinião pública publicada, as pessoas parecem preferir mais impostos do que serviços racionalmente sãos.

      Eu preferia uma escola para alunos e não uma escola para funcionários onde os alunos são o colateral. Nunca deixei de culpar o ministério por isso.

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      • Churchill permalink
        2 Abril, 2014 20:17

        Racionalização – concordo
        Escola ficada nos alunos – concordo

        Na minha opinião as pessoas querem menos impostos, ou mesmo nenhuns, e serviços perfeitos.
        Repare que enquanto cidadão eu sou uma dessas pessoas, mas como FP quando me exigem que faça o excelente e em simultâneo me tiram os funcionários, cortam as despesas de funcionamento, e retiram 25% do salário e a possibilidade de progressão, resta muito pouca vontade para racionalizar. Se juntar a isto a convivência com funcionários do partido que nunca trabalharam e os serviços fantasma, verá que me custa perceber a lógica dos cortes transversais.

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      • Churchill permalink
        2 Abril, 2014 20:17

        Focada e não ficada

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  13. André permalink
    2 Abril, 2014 20:57

    Se deixasse de ter professores de História comunistas deixava de ter professores em muitas faculdades. Não se esqueça que recentemente (mais ou menos, na altura eu ainda não era nascido) até se dizia, nos círculos mais à direita (em Portugal representados pelo Cavaco Silva) que era o fim da História. Afinal, a URSS tinha acabado e o sistema capitalista social-democrata manter-se-ia para sempre.
    Já agora, sendo a História uma ciência social, e sendo as ciências sociais (como até a economia) baseadas em conceitos marxistas (se não me engano, o próprio conceito de produtividade é um conceito inserido apenas na obra “O Capital” de K. Marx), tem a certeza que quer que os comunistas deixem de ensinar História?
    Já agora, os comunistas que estudam História não pensam porque…? Ou será que pensam tanto (ou tão pouco) como os liberais que acreditam que há uma “mão invisível” a regular a ação humana e as relações comerciais entre indivíduos? Creio que isso era um dos postulados de Adam Smith, não era? Curiosamente foi muito recuperado no século XX por todas aquelas correntes que têm vindo a ganhar influência desde o Tatcherismo…

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    • JorgeGabinete permalink
      2 Abril, 2014 22:08

      Interessante dissertação, uma vez que o trabalho como conceito abstracto vem de Adam Smith, entre muitos outros conceitos e pré-conceitos se lhe aprouver remende a dissertação e diga que a história e outras ciências sociais serão afinal filhos de “A Riqueza das Nações” e Marx auto-proclamado filho também. Já o comunismo terá de ficar orfão para não ter ónus histórico.
      A mim não me chateiam professores comunistas de história, já esses ensinadores de história comunista e revisionista deveriam ser parte da história num lugar chamado passado, passado esquecido.

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      • André permalink
        3 Abril, 2014 08:56

        Sim, é verdade, o trabalho como conceito abstrato vem de Adam Smith como muitos outros conceitos. Não o discuto. No entanto é indiscutível que a obra de Adam Smith e a de Marx se dirigem para objetivos diferentes, a primeira, como o nome indica, para a riqueza das nações (como muitos teóricos da sua época, ele preocupava-se com o conceito de nação) e o de Marx vai diretamente para a natureza do capital, abordando, entre outras coisas, a natureza dos meios de produção (e, por inerência, o conceito de produtividade).
        Segundo grande parte dos especialistas atuais (e estou a falar de economistas, não se historiadores ou de filósofos) Marx tem um ponto de viragem na economia, tendo um trabalho bastante inovador para a sua época e que contraria Adam Smith. Mas claro, não ignora a existência deste, tal como Einstein não ignorava a existência de Newton (apesar de fazer, segundo T. Kuhn, uma alteração de paradigma). Agora, essa teoria de aproximar Smith e Marx provém mais dos modernos utópicos liberais (que consideram que Smith dá demasiada importância ao estado), como Hayek ou Friedman, entre muitos outros, do que propriamente de uma continuidade dos trabalhos dos dois.
        Além disso, não nos podemos esquecer de que até Marx, pouca importância era dada às pessoas (à mão-de-obra, penso que outro conceito de “O Capital”) no funcionamento dos mecanismos de produção, pelo que a fundação da economia como ciência social não poderá ser atribuída a Smith (um economista clássico, criticado por Marx) mas a Marx, uma vez que o primeiro é mais um teórico do estado do que um economista. Já Marx não surge como teórico do estado em “O Capital”, mas em “O Manifesto do Partido Comunista”, já com F. Engels.
        Quanto ao comunismo, não sei se ficará órfão. Aliás, segundo o próprio Marx, o comunismo era a ideologia materialista por excelência.

        PS: Isto não é revisionismo. Se quiser que cite fontes para o que escrevi, teria de citar aqueles nomes da epistemologia do século XX. É claro que se considerar Popper, Kuhn ou Collingwood revisionistas, não teremos forma de discutir o que quer que seja.

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      • JorgeGabinete permalink
        3 Abril, 2014 16:25

        Não me leve a mal André, mas se leu Adam Smith não o terá entendido de modo pacífico, atente:
        – A economia, como disciplina teórica, foi pela primeira vez definida por Adam Smith. Francis Hutcheson (deixo ao seu cuidado identificar) escreveu um tratado “Breve Introdução à Filosofia Moral” em que recorre ao “Oikonomikos” de Xenofonte para estruturar a sub-representação “Os Princípios da Economia e da Política” e sobre economia trata de Casamento, Divórcio, Deveres Filiais, e Poder Senhorial vs Servidão. Antes de Smith, Economia era “nada” e depois de Smith não há Economia sem ele. Primeiro postulado de rejeição da sua argumentação.
        – Falar do nome da obra como demonstração de objecto diferente é, ainda mais, não entender de modo pacífico a obra. Claro que Marx falava em todo o momento e implicitamente do agregado nação, nem seria inteligível de outro modo, alias chamemos a nós a distinção de Macroeconomia em oposição a Microeconomia para saber que na primeira falamos na riqueza do Príncipe (desde Maquiavel) como unicidade económica proto definidora de Nação. Nada que Marx ou outro economista tenha feito é independente de Smith. Segundo postulado de rejeição da sua argumentação.
        – Sobre a taxinomia e axiomática de Marx: Smith viveu o desenrolar da RI mas nunca suspeitou dela, mais precisamente, nos seus tratados nunca a considerou embora fosse contemporâneo da mecanização e de inovações tecnológicas chave de que estava a par. Certamente não espera que Smith reagisse aos efeitos socioeconómicos que mal se iniciavam. Agora tenho de lhe dizer o menos agradável:
        Tema do Livro I – Divisão Social do trabalho
        Título do capítulo 3 do livro II- “Da acumulação do Capital, ou do trabalho produtivo e improdutivo”
        exemplos ainda mais ilustrativos se, sem ler a obra (que provavelmente nunca alguém leu na totalidade), passar os olhos pelos títulos dos livros e capítulos. Os conceitos podem ser discutíveis, agora quem os lançou parecerá óbvio.
        Acresce que factualmente, ao contrário do que sugere, o conceito (na verdade pre-conceito) dominante antes e durante Smith é de que “toda a acção motivada pelo interesse privado deve ser anti-social pela própria natureza” e foi na inversão do ónus da prova que Smith vingou e a Economia nasceu. Atente-se, só ao contrariar aquele preconceito é que nasce a economia que vem a fundamentar Marx que regressa, porque não cria, a esse mesmo conceito, paradoxal no mínimo. Marx poucos conceitos criou, apropriou-se de vários para legitimar a sua axiomática. Terceiro e último postulado.
        Não leve a mal mas só estou a responder ao seu primeiro parágrafo. Claro que Marx é incontornável na história do Pensamento Económico mas isso nada diz da plausibilidade doutrinária, pelo contrário, basta ver o quanto distam os fundamentos, e de lá para cá o coxo reformismo para entender da sua implícita insipiência. Última consideração, também a Alemanha não seria o que é hoje sem Hitler e isso não diz nada de bom necessariamente sobre o passado, mas um pouco à Sidharta: todo o caminho ruim que é parte do caminho bom se revela necessário depois de percorrido. Cumprimentos.

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  14. Fincapé permalink
    2 Abril, 2014 20:58

    Assim também não ficaria nada mal, apesar de aumentar o tamanho do título: “O “Estado gasta” o dinheiro que os contribuintes pagam pelos serviços que o Estado disponibiliza a esses mesmos contribuintes, tal como os consumidores pagam quando recorrem a um serviço qualquer, embora nesta caso paguem mais”. 😉
    Em relação ao sistema de ensino, não desconsiderando as sugestões do Vítor, preferia uma coisa mais simples:
    – Os alunos deveriam ir para a escola aprender (a maioria larga já vai);
    – Os professores deveriam ir para a escola ensinar (a quase totalidade irá);
    – Os pais deveriam educar os filhos em casa (muitos já educam);
    – As direções das escolas deveriam poder dirigi-las em vez de passarem o tempo a dar atenção aos que os vários cratos pretendem durante cada mandato de quatro anos;
    (Até aqui é mais ou menos cada macaco no seu galho).
    – Depois, e como consequência, não como fator principal, estabelecer critérios mínimos de avaliação que até poderiam ser copiados de um país evoluído. Teria de ser nórdico,obviamente.
    (Desta vez acho que estive mais à direita do que o Vítor que apela a um sistema de avaliação demasiado socialista, gaita!). 😉

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  15. vitorcunha permalink*
    2 Abril, 2014 21:12

    Pois. Infelizmente temos Maurícios.

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  16. Atento permalink
    2 Abril, 2014 21:48

    Caro Maurício bruto, quer dizer Brito,
    Este governo não teria que ter a preocupação de poupar se os governos dos socialistas não tivessem tido a preocupação de desbaratar, de gastar à tripa-forra…. de gamar.
    Mas, para escrever o que você escrever, tem seguramente um problema: é vesgo, só vê para um lado, e mal…Como diz o rifão popular, cego não é quem não vê… é quem não quer ver.

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    • vitorcunha permalink*
      2 Abril, 2014 22:07

      O Maurício é professor de Educação Física, não é de Matemática.

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  17. vitorcunha permalink*
    2 Abril, 2014 21:59

    Mas quer cortar nas PPPs? O Sócrates não negociou isso bem?

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    • vitorcunha permalink*
      2 Abril, 2014 22:57

      Acreditam em unicórnios, vivem desiludidos.

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    • vitorcunha permalink*
      2 Abril, 2014 23:14

      ..contribuí com o meu votozeco de professor para que este governo chegasse ao poder.

      Só que ao contrário dos que pensam que só existem aldrabões no campo adversário, eu prefiro manter a lucidez necessária…

      …para votar em aldrabões? Boa.

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    • vitorcunha permalink*
      2 Abril, 2014 23:47

      Pasmemo-nos: há quem consiga dizer que alguém está a mentir antes mesmo de ouvir essa pessoa a falar.

      Acreditam em unicórnios, é o que dá.

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  18. tony permalink
    2 Abril, 2014 22:35

    não interessa o dinheiro que se gasta desde que se gaste na inclusão pois só a escola o pode fazer, o ensino profissional, os apoios tudo isto desde que bem feito é bom

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    • vitorcunha permalink*
      2 Abril, 2014 22:53

      Então multiplique-se por 1000.

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      • tony permalink
        2 Abril, 2014 23:10

        entenda o que quiser eu disse desde seja bem feito e quando é bem feito otimiza-se tudo mas o multiplicador é seu e pode ser o do sucesso

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      • JorgeGabinete permalink
        2 Abril, 2014 23:28

        “não interessa o dinheiro que se gasta (..)desde que bem feito é bom”
        mais um político e a quadratura do círculo
        existirão várias maneiras de fazer bem e a que custar menos será a melhor maneira, tudo o resto é discurso laxista

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  19. JorgeGabinete permalink
    2 Abril, 2014 23:39

    TCAN deu razão ao MEC e anulou sentença do TAF/Porto; ANVPC mostra-se preocupada; TCAS pode desbloquear PACC.

    E é neste estado de coisas que se entretém a educação pública.
    O modelo professores ensinar/alunos aprender já era…

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  20. Atento permalink
    3 Abril, 2014 08:40

    Será que uma coisa nada tem que ver co a outra???
    http://sol.sapo.pt/inicio/Sociedade/Interior.aspx?content_id=102750

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  21. Florêncio Nightingale permalink
    5 Abril, 2014 00:19

    Eu sempre pensei que a escola deveria estar centrada nos conteúdos, no saber… enfim, qualquer coisa desse tipo… em vez de nos profes, nos funcionários ou nos alunos.

    Mas como aqui é só especialistas na matéria…

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