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Um filho não é um rim

16 Junho, 2014

Percebi que devia responder aos comentários feitos ao meu texto “Os pénis de aluguer e os testículos de substituição” depois de ter lido alguns desses comentários, nomeadamente um assinado por Filomena Gonçalves, que se identifica como Vice-Presidente da Associação Portuguesa de Fertilidade. Aí, a dado momento, lê-se: “espero que nunca tenha um problema de saúde grave que requeira tratamentos médicos difíceis ou, por exemplo, necessidade um transplante (valha-nos Deus alguém lhe doar um rim – que exploração, que tábua rasa à dignidade humana), porque não podemos obrigar a sociedade a aceitar o inaceitável, ou seja, devemos todos resignar-nos aos desígnios da vida, e deixar nas mãos da mãe Natureza a nossa saúde e a nossa felicidade.

O que me separa de quem defende as barrigas de aluguer é precisamente a minha rejeição do filho-orgão que se vai buscar a outro corpo, um corpo sem direitos a que se agradece e ao qual às vezes também se paga. Realmente um filho não é um rim. Ler mais

17 comentários leave one →
  1. Castrol permalink
    16 Junho, 2014 19:30

    Não ligue Helena! Os cães ladram, mas a caravana passa…

    Desgraça bem maior foi a nossa seleção ter perdido 4-0 com os carrascos da Sra Merkel…

    Logo agora que nos conseguimos livrar da Troika e, aproveitando que o Verão está à porta, nos preparávamos para voltar à estroina coletiva…

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  2. gastão permalink
    16 Junho, 2014 19:52

    Neoliberalismo à portuguesa: ” Puta na econonia, polícia nos costumes”.

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  3. JP Ribeiro permalink
    16 Junho, 2014 20:02

    Tambem tinha de haver uma Associação Portuguesa da Fertilidade. Mais gente a mamar…

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    • manuel permalink
      16 Junho, 2014 20:07

      É mesmo! Eu estava distraído ,esta faz parte das milhares de associações que o sr Gaspar não viu, tal como não viu os 150 observatórios.Carrega Passos,nos ordenados e reformas. Hoje também surgiu um manifesto sobre as rendas da EDP ,não se passa nada !

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  4. Carocha permalink
    16 Junho, 2014 20:09

    Um filho não é um rim.Um filho não se fabrica numa barriga de aluguer.Um filho é tudo,é sangue,nervos,coração,emoção.Como pode uma barriga de aluguer a troco de dinheiro alugá.lo para uma negociata destas.?Isto é éticamente inaceitável.!Não podemos desafiar a mãe natureza,ela vingar.se.á.! Querem criancinhas seus egoístas,? Adoptem,tanta criança abandonada a precisar dum colo.!

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  5. 16 Junho, 2014 21:00

    Que comparação mais estúpida.
    Esta gente (Dra. Gonçalves) como é que chegam a estes cargos sendo tão tacanhas de pensamento?

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  6. 16 Junho, 2014 21:08

    Muito bem. Volto a concordar com o que escreveu no Observador.

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  7. Jeremias permalink
    16 Junho, 2014 21:59

    Fez bem em responder, mas é tempo perdido. Esta gente tem a cabeça completamente formatada. Eles pensam mesmo assim, não há volta a dar. Estamos entregues à bicharada.

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  8. 16 Junho, 2014 22:42

    É pena perceber que uma mulher (ou um casal) que não consegue conceber se pode tornar numa vítima do seu sofrimento, entendendo a legítima diferença de entendimento quanto a um assunto como uma ingerência do seu direito pessoal. Assim se tornam todos os que não fazem coro em diabos de anti-felicidade seja por barriga que estejam separados ou por testículos e pénis. É pena ver que mais uma vez aquilo que podia ser uma discussão acalorada de argumentos se torna numa barricada entre os deserdados de um direito e os malfeitores dos que não lho consentem quedos e mudos e exigem reflexão.
    Este fenómeno de silenciamento da discordância pela imputação de falta de legitimidade tem sido recorrente em temas “fracturantes” e descamba para os mais quotidianos.
    Se os deserdados do direito de conceber merecem apoio também merecem ter um referencial de oposição que os faça ver que não vale tudo.

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  9. 16 Junho, 2014 22:52

    C’um caraças. Disseram-lhe isso?

    O mundo está mesmo mais perigoso do que se possa imaginar.

    Respect. Fico-lhe a dever a coragem que teve e resposta que deu.

    E sei que não é fácil ter essa coragem. Sei que se fica marcado.

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  10. A. R permalink
    16 Junho, 2014 23:03

    A vida humana é uma mercadoria nos tempos que correm: ora para mandar a baixo quando convém ora para fazer tudo e mais alguma coisa, como a exploração capitalista do ventre e dignidade de uma mulher para satisfazer madames ricas que não podem porque, muitas delas, andaram a abortar a torto e a direito.

    Nunca pensei que a exploração da mulher chegasse a este ponto

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    • Incognitus permalink
      17 Junho, 2014 00:59

      É bem mais grave querer interferir com quem quer conceber o filho bem como quem quer dar-lhe um ventre por 9 meses.

      Se as crianças resultantes são saudáveis, tudo o resto são opiniões. Quem não quer alugar a sua própria barriga está no seu direito. Quem quer impedir terceiros de o fazer, não está.

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      • Amelia permalink
        17 Junho, 2014 10:01

        É como em tudo… “quem não quer que não compre”…. Só não percebo porque se preocupam depois tanto com a exploração laboral, infantil, sexual, etc… se for um acordo autorizado entre duas partes, qual é afinal o problema? Utilizar o corpo da mulher para atingir um determinado fim, neste caso uma criança (desde que seja saudável) parece não levantar qualquer questão…. Mas e se não se conseguir atingir, ou melhor, obter o determinado fim? É que este serviço (ou prestação de serviço) só faz sentido se se conseguir obter uma criança… e neste caso o que é que estamos realmente a pagar: o serviço (aluguer da barriga) ou o produto final (a criança)?

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  11. A. R permalink
    17 Junho, 2014 07:50

    A mulher não é um útero

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  12. Esmeralda permalink
    17 Junho, 2014 11:35

    BRILHANTE HELENA MATOS!
    Há algo que me resta dizer: tantas crianças para serem adoptadas! Esse não é um CAMINHO para quem deseja ter filhos? Não é uma CAUSA para tantos arautos da coisa mais correcta? Só quem tem dinheiro pode “usar” barrigas de aluguer… Então e os mais desfavorecidos que também se vêem impossibilitados disso? Subsídio do Estado?
    Temos mesmo a mania das “ideias avançadas, revolucionárias, benditas” como catálogo para idiotas.

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  13. Duarte de Aviz permalink
    17 Junho, 2014 18:59

    Uma vez que estamos no domínio do “supônhamos” que é por definição sem dôr, tinha as seguintes perguntas para a Vice-Presidente da Associação Portuguesa de Fertilidade:
    “Supônhamos” 1 – que os fornecdores do material genático morrem durante a gravidez. A quem é que a linha de montage entrega o bébé?
    “Supônhamos” 2 – que os formrcedores do material genético mudam de ideias a meio do processo de montagem. A quem se entrega o produto final?
    “Supônhamos” 3 – que a barriga alugada, a dada altura, se afeiçoa tanto ao ser que cresce em si que quer ficar com ele. Quem é que lho vai tirar para entregar aos clientes que estão à espera ansiosos que o DHL entregue a mercadoria? A GNR?
    “Supônhamos” 4 – que no curso da gravidês se deteta que o bébé sofre do sindrome de Down. Podem os fornecedores da materia prima genética recusar o “produto” por não estar conforme com a especificação? Podem requerer que se faça um aborto? E se a barriga alugada não quizer? Haverá “garantia” que permita engravidar de novo a mesma barriga sem custo adicional.
    “Supônhamos” 5 – Pode fazer-se pagamento com cartão de crédito?
    “Supônhamos” 6 – Vai continuar a ser proibido caçar baleias e acabam as touradas, certo?

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    • Duarte de Aviz permalink
      17 Junho, 2014 19:05

      Ó pá… Escrevi o comentário sem ler o artigo todo… Afinal a Helena tem lá quase tudo. Desculpe Helena. Da próxima vez leio tudo primeiro.

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