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Som de Cristal

20 Setembro, 2015

Não imagino o que passou pela cabeça à dupla Quadros/Nogueira para a criação do programa da SIC, “Som de Cristal”. Mais ainda: não consigo imaginar o pitching de um programa de televisão deste tipo a um director de programação. Se, por um lado, a persona que Quadros apresenta nas redes sociais é tão intratável que dificilmente poderá ser genuína, por outro não parece que o humor pretendido para o programa fosse para ser obtido à custa do preconceito de urbanos privilegiados para com emigrantes e pessoas simples que encontram nos artistas ditos “pimba” um escape para o quotidiano.

Vi, até ao momento, todos os programas emitidos. Com uma excepção para a sequência manhosa que captura Roberto Leal como um simplório disposto a tudo para aparecer – não me passou despercebida a tentativa (que considerei deliberada) de colar um suposto beijo gay num barco a remos ao devoto católico que Leal projecta ser – não há um único momento que não eleve o artista à condição de humano, coisa impossível no brilho plástico dos programas televisivos das manhãs.

O que emana de “Som de Cristal” é que cada uma daquelas pessoas é um genuíno português que conhece o seu público e o efeito que a sua música causa neste. E se, tal como eu, nunca se deram ao trabalho de pensar em Nel Monteiro ou Marante como seres humanos dedicados de corpo e alma a um ofício – aquilo que nos define, em última instância, como parte activa da pátria -, graças a “Som de Cristal” passaram a atribuir não só respeito como também carinho oriundo de um público diferente do seu habitual: o dos restantes portugueses que subsistem pelos seus próprios meios.

12 comentários leave one →
  1. procópio permalink
    20 Setembro, 2015 16:51

    O que estamos a precisar é de música.
    Se eu chegar a PR vou dar música a todos os que querem bailar.
    Pois é um grande baile que se avizinha.
    E a dona canavilhas vai faltar.

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  2. 20 Setembro, 2015 17:31

    [spam removido]

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  3. anonimo permalink
    20 Setembro, 2015 20:33

    Não gosto do tipo de humor do artista.

    Quando vi a apresentação do programa antecipei o chico esperto a gozar com o parvónio com ar sério para que o parvónio não percebesse, enquanto este, percebendo, mantinha o bom trato só para explicar que não tem mal nenhum em ser parvónio.

    Quando cheguei á faculdade, vindo das berças, encontrei dois ou três destes xicos-espertos. No futesal da época eu expliquei-lhes duas ou tres regras da vida.

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  4. insider permalink
    20 Setembro, 2015 21:35

    o portas e o coelho também vão ao programa?

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    • anonimo permalink
      20 Setembro, 2015 22:50

      O Jerónimo é que faz questão de se fazer passar por parvónio. O Marinho e Pinto já o é.

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  5. 20 Setembro, 2015 22:58

    vitorcunha,

    Você és um espetáculo, consegue meter esta gente a discutir um spam removido. Fazia-o com uma mente mais aberta

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  6. 21 Setembro, 2015 09:01

    A grande canção de protesto do patriótico. nel monteiro, pode ouvir-se no you tube: “Vida Puta Cagalhões Merda”.

    Hino à Dignidade de um Povo e seu Artistão

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  7. Rocco permalink
    21 Setembro, 2015 12:34

    Os humoristas estão muito ligados ao caviar, eles dizem que são de esquerda… Chique.

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    • Euro2cent permalink
      21 Setembro, 2015 22:35

      Temos humoristas?

      Só vejo lambe botas e especialistas em bater nos subordinados.

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  1. Ler | PINN

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