A casa do emigrante*
Foram anos a libertar-se desse passado em Couvadoude, Rapoula, Valhelhas… e agora as fotografias das casas caíam em plena Lisboa. Quem pode falar de modelo finlandês ou de MIT quando fez projectos para casas de emigrantes em Covadoude? É a estética do poder e não a ética da política aquilo que preocupa Sócrates.
Na verdade Sócrates sabe que os portugueses já viram o que tinham a ver sobre o seu actual primeiro-ministro. As revelações em torno da sua vida académica, a governamentalização da CGD, as trapalhadas da OTA, a aprovação com carácter de urgência do Código de Processo Penal… nada disso indignou verdadeiramente a Pátria. Na verdade fê-la sorrir. E o que Sócrates teme acima de tudo é que esse sorriso, apesar de tudo ainda eivado de indiferença, se transforme em riso algures entre o desdém e a histeria.
E convenhamos que a casinha de Valhelhas tem material estético suficiente para tirar a Sócrates o que ele mais preza: essa espécie de patine que transformou um rapaz esperto da província num líder que diz, sem rir, que se está a fazer História.
Sócrates não ignora que essa espécie de ‘sushi gauche ex-caviar’, que para efeitos mediáticos constitui o mundo da cultura e que não o apoiando directamente como fez com Soares também não o hostiliza, transformou o termo emigrante em sinónimo de mau gosto. É óbvio que esse mundo da cultura fala com admiração das canções dos espanhóis e italianos que emigraram para a Argentina, alguns deles adoram até fazer documentários sobre os imigrantes em Portugal, sobretudo se esses imigrantes forem africanos e logo cumprirem o papel-tipo que está reservado aos negros nestes guiões auto-denominados interventivos. Muitos estão dispostos a consumir as versões épicas e xaroposas sobre a emigração irlandesa para os EUA mas jamais concederão o mesmo olhar aos emigrantes portugueses.
Esses homens e mulheres que em meados do século passado partiram em busca duma vida melhor são para eles e para os seus clones de direita uma mácula na paisagem e um grão de areia na engrenagem das ideologias. Para a direita, eles cometeram o erro de não se terem conformado com a pobreza, preferindo a aventura da passagem a salto a uma vida entre courelas, regida pelo princípio “habitualidade”. Para a esquerda os emigrantes cometeram o pecado capital de não ficar à espera que a revolução os libertasse. Libertaram-se eles mesmos e isso nunca lhes foi perdoado. A estas reservas políticas juntaram-se as estéticas quando os emigrantes resolveram exibira sua recente libertação ou melhor dizendo moderna abastança. Nada que nunca se tivesse visto antes: quem não ouviu falar das “casas de brasileiro”? Mas não só os “brasileiros” eram em muito menor número do que estes seus descendentes nos sonhos, como a França, a Alemanha ou o Luxembrugo, ao contrário do que acontece com o Brasil, ficam logo ali. Assim mal chegava o Verão era vê-los a conduzir loucamente carros novinhos em folha, para chegarem mais depressa e logo mais cedo impressionarem a terra a que continuavam a chamar sua, apesar desta nunca lhes ter dado nada. Para amenizar os quilómetros traziam cassettes com canções que referiam romarias, saudades, aldeias e namoros. Por ironia do destino a estes cantares dá-se, com ar perjorativo, a designação de “música de emigrante” enquanto se reserva a expressão “música popular” para o repertório que as élites acham não tanto que o povo cantou mas sobretudo que devia cantar.
As élites tremeram de horror quando, nos anos 60 e 70 do século XX, perceberam que os meninos a quem eles até há pouco davam sapatos velhos movimentavam agora contas bancárias com a mesma destreza com que anos antes manejavam fisgas e “armavam aos pássaros”. Mas o pior de tudo foram e são as casas. Em poucos assuntos haverá mais preconceitos e lugares comuns do que a propósito destas casas. Por estranho que pareça o escândalo não é que José Sócrates com uma formação académica pouco credível tenha colocado assinaturas em projectos que não eram seus mas sim que esses projectos sejam de “casas de emigrantes”.
Creio contudo que se percebe muito melhor Sócrates depois desta investigação do PÚBLICO. Ao olhar para aquelas casas entende-se de que país foge Sócrates. Percebe-se melhor a pidesca ASAE, a obsessão com a facturação dos ginásios e até muita da pesporrência com que fala das e para as pessoas. Cada vez que se lembra Couvadoude, Rapoula e Valhelhas Sócrates deseja mergulhar nesse universo Second Life que constitui a contínua apresentação das medidas governamentais, um universo higienizado, regulamentado nos seus mais pequenos gestos e onde o Estado é uma espécie de grande fiscal do gosto e big brother do fisco.
Infelizmente Sócrates não aprendeu nada humanamente com esta sua experiência profissional. E não por falta de matéria. Ao ler-se a investigação do PÚBLICO encontramos pessoas dispostas a pagar para acelerar os processos perdidos num enredo de entidades licenciadoras – câmara, comissões de coordenação, ministério da Agricultura, Direcção-Geral do Planeamento Urbano – entidades essas que a par de pareceres técnicos vários e contraditórios escrevem palermices como esta: “por se tratar de um prédio muito estreito, resulta inesteticamente feio.” Mas palermices como esta não só podem impedir uma pessoa de fazer a casa que quer como promovem que, em todos os degraus da administração pública, apareça sempre alguém que faz a tal assinatura. Foi isso que Sócrates trouxe de Valhelhas: a noção de que, no Estado, o verdadeiro poder está nas gestão das assinaturas.
*PÚBLICO 4 de Fevereiro

Já se vomita o tema
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a cagada habitual dum pobre mediocre e falabarato
“o passado não se compra” Oscar Wilde
“feios, porcos e maus”
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“Quem pode falar de modelo finlandês ou de MIT quando fez projectos para casas de emigrantes em Covadoude? ”
Sócrates.
Nao é para todos. Quanto mais escrevem destes textos , mais se percebe a mudança.
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“Por estranho que pareça o escândalo não é que José Sócrates com uma formação académica pouco credível tenha colocado assinaturas em projectos que não eram seus mas sim que esses projectos sejam de “casas de emigrantes”
É pouco credível a formaçao academica de Sócrates em 1980 porque?
E porque é que é escandalo?
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Se os ANÓNIMOS não estivessem tão preocupados em defender o chefe até perceberiam algumas coisas neste texto e uma delas é que me interessa mais discutir os preconceitos e o desdém com que olhamos os emigrantes do que a actuação de Sócrates neste caso.
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Olhe nao tenho chefe. Quem tem chefe normalmente é quem diz mal dele. Portanto quem tem chefe é a Helena Matos, que anda preocupada em atacar o chefe e nao consegue escrever um texto sobre emigrantes sem dizer uma patacoada de asneiras sobre o seu chefe. Pelos vistos Sócrates é o seu chefe.
Se lhe interessasse minimamente os imigrantes, nao metia Sócrates pelo meio nem desdenhava do Mit.
Essa coisa de que quem nao vai com a carenirada é porque é do “partido”, tem história. É da pide. Quem nao est+á comigo está contra mim.
Primeiro buscar os …
depois vieram pelos….
Fascistas do caneco.
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Deixe-se de tolices. Aliás é constrangedor que sempre que se abordam determinados temas tenhamos a caixa de comentários atulhada de anónimos que alinham meia dúzia de insultos.
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É constrangedor que sempre que escreva quase sempre fale de Sócrates. É constrangedor que sempre que contrario me insultem com a história do chefe, ou do assessor ou do anónimo. Se insultei foi porque me indigna. Me indigna ver tanta maledicencia e tanta baixaria.
Já agora podia escolher outra foto, que essa casa de certeza nao é de imigrante.
Anonimo
Estroncio que continua anonimo ou ainda me insultam.
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ah e o anonimo que aqui apareceu é só um, nao se preocupe. É o mesmo. Nao se preocupe que muitos mais virao aí dizer bem do seu texto.
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a) «É constrangedor que sempre que escreva quase sempre fale de Sócrates.» Por acaso não é verdade. Mas podia ser. Não tinha nada de constrangedor. Sócrates é primeiro-ministro, exerce um cargo importante que para o bem e para o mal afecta a minha vida. Se não falasse dele é que seria estranho. Constrangedor não é que se comente Sócrates. Constrangedor é que homens como Sócrates e Menezes só falem de jornalistas e comentadores.
b) «É constrangedor que sempre que contrario me insultem com a história do chefe, ou do assessor ou do anónimo.» DE assessores nada sei nem quero saber. Quanto ao Anónimo nem sei se é o mesmo ou muitos anónimos. Simplesmente registo um facto: certos assuntos multiplicam os posts assinados Anónimo
c) «Me indigna ver tanta maledicencia e tanta baixaria.» No caso onde está a «baixaria»? A mim indignam-me sim os procedimentos bizarros necessários para conseguir fazer ou reconstruir uma casa. Argumentos como o do “inesteticamente feio” aplicados a um dos projectos de Sócrates querem dizer o quê?
d) Esta é a fotografia que eu consegui colocar no blog. As outras não consigo
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“No caso onde está a «baixaria»? ”
Releia o seu texto. Nele parece querer Sócrates tem algum problema com ter assinado esses projectos das casas, com o seu passado de provinciano, com os imigrantes. E ainda fala do pouco credível curso de engenharia civil do ist de coimbra.
Se quer que lhe diga o mesmo problema que muitos portugueses tiveram com as casas de emigrantes, deve ser o mesmo problema que Helana Matos tem com Socrates. Porventura nao lhe considera direito a ser o escolhido para PM por nao ser da elite. AInda para mais é da provincia e fica-lhe muito bem o Armani o Guschi ou a ganga e a t-shirt.
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( O melhor é apagar esta msg mas se a Helena mesmo saber, veja os “números” que acompanham os autores das mensagens em https://blasfemias.net/wp-admin/edit-comments.php )
Para teste:
http://www.publico.clix.pt/
http://www.abola.pt/nnh/index.asp
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E mentiu novamente!
http://noticias.sapo.pt/banca2/jornal/?jornal=O+Crime
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Como vem da província tudo lhe é permitido…
Não é por se ser da província que se tem desculpa para uma conduta imoral. Se o homem teve esta actuação no passado quando era um funcionário público de uma câmara municipal, o que irá fazer (ou o que tem feito…) na sua cadeira de PM? Isso só se saberá daqui a outros 20 anos não é? Nessa altura já estará bem longe daqui, a gozar um merecida reforma pelos serviços feitos à pátria (mas não pensem que essa pátria é Portugal, que estes “democratas” não têm nacionalidade)
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E convenhamos que a casinha de Valhelhas tem material estético suficiente para tirar a Sócrates o que ele mais preza: essa espécie de patine que transformou um rapaz esperto da província num líder que diz, sem rir, que se está a fazer História.
Supimpa !
O chico-esperto veio das berças, atirou-se para a frente, prometeu, mentiu, manobrou … e o país pergunta como tão fraco profile e competência toma conta do poder.
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Excelente, Helena!
É a velha história do parolo das berças que faz de tudo para se mostrar.
Tem sido vergonhoso o modo como a Tugalândia trata os seus imigrantes. Só se lembra deles nas férias de Verão e no Natal. Deprimente!
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Mais de Matos cuzinhado,
Cosido arremendado,
Aquecido retrasado,
Mal cheiroso fermentado,
Postado em posição crítica
De comissária política.
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“Tem sido vergonhoso o modo como a Tugalândia trata os seus imigrantes. ”
Pois , mialgia de esforço. Normalmente chamam-lhes parolos das berças. É isso mesmo. Tratam-nos mal. Tal e qual.
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Ó Helena, voce agora é fascista (versai Stalin) ou será fassista(?) (versão anacleta).
A sua indignação não passa de vómito (sic) contra-revoluconário (versao Checa ou Hungara)de bandida armada (versao Angolana ou Moçambicana).
Alem do mais não passa de uma pequena burguesa que não terá nascido na provincia, não formada por um instituto de coimbra (sic)e…pior de tudo …inveja o Armani que cái tão bem ao nosso grande líder.
Voce não percebe que no dia em que nasceu, nasceu também um arbusto silvestre lá para os lados das beiras (versão Kim Il) e que com o tempo este cresceu e se tranformou em arvore de variados e sucolentos frutos.
Indignaçao em si apenas se chama baixaria. Critica é vomito. A maldicencia contra o supremo lider deve ser combatida…começando pelo insulto… a pratica está justificada e já deu provas que resulta (versão livrinho vermelho)contra essas elites a que pertences.
Já agora a familia que faça aforro para pagar a bala pois o teu destino será igual ao de tantos que puseram ou põem em causa os supremos desígnios dos intocáveis…de preferencia que tenham vindo da província (versão Mao)
Na melhor das hipoteses serás internada num qualquer hospicio para te curares dessa obcessão e terão de pagar o internamento(versão KGB).
Porque não te calas? (versão Chaves)
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Ganda texto. Semiótico qb. Digno de um Eco no escuro do tempo de breu, das berças remotas que teimam em deixar sombras.
Os franceses da bd, costumam dizer “les petitys mickeys ont des grandes oreilles”.
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“o passado não se compra” Oscar Wilde citado por alguém por aí acima.
Algúns andam a fuxir do passado cita a HM entrando no fenómeno de trasferencia sicoanalista e endilgando a outros o passado do que ela anda continuamente a fuxir…
Ja é noxento, tanta escassez de imaginaçao jornalistica…
Para a esquerda os emigrantes cometeram o pecado capital de não ficar à espera que a revolução os libertasse
Sim algo bom fizeram (além de casinhas, casuchas ou mansioes) foi abrir espaços e outras esperanças e constatar que coisa era traer aires doutras liberdades e que havia outros mundos e territorios para olhar e conquistar.O mundo ficava mais além das pequenas hortinhas. Agora reivindam-los aqueles que nao fizeram nada por impedi-lo. E acima lhes dizem pero porqué fizestes tal coisa?
Ai, ai,ai, mas nao estao dispostos a darlhe o lugar que reclamam, o cantinho que deixaram livre e vacante, por momentos, de ausencia. Outros rápidamente ocuparam o sitio. Chámase a isso direitos adquiridos!E a vida.
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“Foi isso que Sócrates trouxe de Valhelhas: a noção de que, no Estado, o verdadeiro poder está nas gestão das assinaturas.”
E é exactamente aqui que está o verdadeiro cancro deste sitio, ás vezes também chamado de País. A verdadeira causa do aumento exponencial do tamanhos do Estado. Das duplicações, replicações e desmultiplicações de departamentos, institutos, observatórios, comissões, “autoridades” para tudo e mais alguma coisa.
Tudo serve como desculpa e justificação para criar sempre mais um nicho de mercado na venda das assinaturas.
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Miss Helena Matos,
óptimo(!) o seu texto, ontem no Público, embora pontualmente discordamte quanto às relações e reacções sociológicas perante emigrantes.
V. traçou um muito bom perfil de Sócrates antes, e como PM.
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Até Hitler aplaudiam
Goebells e outros mais.
Afinal o que queriam
Era escrever nos jornais.
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Hoje é só Anónimo e Piscoiso?
A Tina e o Ouriço foram de férias?
Olhem que o Jorge Coelho está atento…
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“Piscoiso” é um nick colectivo.
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Certa vez li: “Não sei se Portugal existe, ou é uma invenção dos portugueses”.
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Cara Helena
Já era tempo de escrever algo de criativo. Já cheira mal a conversa do Sócrates.
Mas já agora aprenda alguma coisa para não dizer asneiras. Nos anos oitenta a lei permitia que a maioria das vivendas ou moradias familiares, como queira, fossem desenhadas (no sentido de design) por um qualquer desenhador. Mas quando metiam cálculos de estrutura praticamente todas)só um engenheiro ou engenheiro técnico estava habilitado para fazê-los e tomar a sua responsabilidade. Hoje a lei obriga que o design seja de um arquitecto, mas os cálculos continuam a necessitar da assinatura de um engenheiro, que pode ser eng. Técnico, até uma determinada dimensão da obra. Portanto arquitectura e engenharia são duas coisas distintas. Os engenheiros não têm por função desenhar casas. Quando assinam um projecto são responsáveis pela estabilidade e pela conformidade do projecto com os regulamentos em vigor. Mesmo sendo um arquitecto a projectar desenhar) uma obra, isso não significa que tenha bom gosto. Para ele certamente, para o dono da obra, que é quem paga, seguramente, mas para si ou para mim pode ser um mamarracho. A estética não implica unanimidade e ainda bem.
Assim parece-me que os seus argumentos no artigo que escreveu no Público são igrorantes, especulativos e de má fé. Que não gosto de Sócrates já sabemos. Alías sabemos que gosta de si e pouco mais. Os únicos honestos no mundo é você e claro os seus pais. O resto é cambada, principalmente se governa. Por conseguinte diga mal de Socrates,de mim, de quem quiser, mas não fale do que não sabe. Para terminar, acha que é a mesma pessoa, tem as mesmas ideias, a mesma competência, que tinha nos anos setenta e oitenta?
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Zirpelino:
Posso fazer uma pergunta?
Será que o engenheiro técnico Sócrates, sabia mesmo fazer os cálculos de engenharia que diz ter feito?
Por mim, tenho as maiores dúvidas.
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E quando se chega a este ponto, nas dúvidas razoáveis, em relação a um indivíduo que é primeiro-ministro, a credibilidade do mesmo, fica tecnicamente esclarecida.
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Só mais uma coisa, sobre esta tragi-comédia:
O que se passa quanto ao Sócrates não é um “assassínio de carácter”. É mais um “auto-suicídio” desse mesmo carácter, em câmara lenta e que dura há pelo menos um ano a esta parte.
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“Infelizmente Sócrates não aprendeu nada humanamente com esta sua experiência profissional.”
Sócrates é bem mais humano do que a oposição (alguma) que se tem comportado da maneira mais baixa que se pode imaginar. Basta lembrar as insinuações de homossexualidade da última campanha para perceber que afinal tudo se enquadra na mesma linha de ataque. Golpes rasteiros que me faz vergonha de eu própria ser simpatizante do PSD. Sócrates nunca atacou, nunca ataca; passa a vida a defender-se de golpes baixos. Nem que seja só por isso, continuarei a votar nele tal como uma grande parte da população que repudia a falta de ética da oposição.
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Será que o engenheiro técnico Sócrates, sabia mesmo fazer os cálculos de engenharia que diz ter feito?
José
Isso já é pôr em causa o Instituto conimbricense que lhe deu as habilitações.
Qual é a sua profissão, José ?
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Na altura em que o Grande Timoneiro assinou os projectos o Arouca já lhe tinha dado o canudo?
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Tome qualquer coisinha para a mialgia, porque quando Sócrates chegou à UI, já estava licenciado para assinar projectos.
Está a presumir que a Câmara da Guarda aceitou projectos assinados por quem não tinha qualificações para isso ?
Fanáticos da má língua !
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Piscoiso:
A minha profissão tem pouco ou nada a ver com o assunto. Quanto à do dito cujo, só coloco em dúvida séria se seria capaz de fazer cálculos de estabilidade de vigas de betão armado, projecções de esforçado e outras operações típicas da engenharia. É só isso.
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Ou seja, entregava-lhe o projecto de engenharia para uma casa sua com dois pisos e um recuado?
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Não, não lhe entregava o projecto, até porque ele tem mais que fazer e não aceitava.
Nos idos de oitenta do século passado, se vivesse na zona dele, não vejo qual o impedimento, uma vez que ele estava credenciado para isso.
Com um senão. Arranjava revistas de arquitectura, que na época até rareavam, escolhia a casota e dizia-lhe: Quero uma coisa deste género. Mas isso sou eu, que sou exigente. A maioria dos emigrantes, olhava, e olha, mais a custos, porque quanto a estética, é a do exibicionismo, e o projectista só tinha de respeitar o gosto do cliente.
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E quem é que o licenciou?
Enquanto vai à procura, não se esqueça de virar os couratos antes que esturriquem.
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Bom texto. Não ligue aos anónimos.
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De qualquer modo, as Câmaras Municipais só aceitam os projectos que devem aceitar, em termos estéticos e ambientais, para além dos responsáveis técnicos estarem devidamente habilitados e documentados.
Queriam que fosse à balda ?
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tina Diz:
“Golpes rasteiros que me faz vergonha de eu própria ser simpatizante do PSD.”
Tem razão. São rasteiros. Elevados seriam, p. ex., as reportagens fotográficas da bandana colorida ou das noitadas do Lopes, os adjectivos piscícolas sobre o Barroso ou mesmo as certezas acerca das impossibilidades técnicas do Portas nunca ter apreciado “os sorrisos das crianças”
“Nem que seja só por isso, continuarei a votar nele tal como uma grande parte da população que repudia a falta de ética da oposição.”
E também está certa aqui. Para quê votar noutro qualquer vigaro e tirar este artista da cadeira que ocupa quando já lhe devemos os subsídios de reintegração, as reformas por inteiro e acumuláveis mal abandone o lugar, o gabinete vitalício e integralmente pago em local aprazível e à sua descrição, etc, etc.
Resumindo, o que é que ganharíamos em trocar mais um chico-esperto por qualquer outro novo se não temos direito a reembolso e ainda temos que o pagar por bom?
Tem razão, deixem-no lá ficar… até que caia da cadeira ou de podre com o resto do sitio…
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O “projectista” e o avalista eram uns broncos, incultos, oportunistas e irresponsáveis !!!
Então, já eram pessoas adultas, ou não ?
E os autarcas têm bastante culpa no que se passou ! Não houve quaisquer critérios. A falta de dinheiro dos proprietários não desculpa os crimes patrimoniais praticados.
Só não vê “isto”, quem cegamente defende o indefensável e/ou quem não se importa com o local onde vive nem com o que vê de Norte a Sul !
Contribuiram para que parte da paisagem urbana deste país esteja descaracterizada, feia e constrangedora !
Um deles tem nome: Sócrates.
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Caro MJRB, eu teria gostado de vê-lo à frente de uma autarquia do interior, nos idos de oitenta, a recusar projectos aos emigrantes por conceitos estéticos.
É que nem teria sido eleito.
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Os emigrantes têm as costas muito largas. Na verdade, aquilo com que Sócrates colaborou, fez as delícias dos “patos bravos” nos tempos áureos da construção civil, eliminando a eficácia da fiscalização. Com as “inocentes” assinaturas, permitiu-se que o fiscal (muitas vezes o próprio chefe dos serviços técnicos das câmaras) fosse, simultaneamente, o autor do projecto, garantindo a sua aprovação. Houve de tudo: ultrapassagem dos índices de ocupação, construção em terrenos onde… não se podia construir e, sobretudo, o alastramento da imagem que hoje tem grande parte do nosso território. Mas há mais: muitas vezes o principal enganado foi o que enganou. Há erros graves de construção em muitas dessas casas que, anos depois, começaram a dar problemas. Materiais deficientes, deficiente isolamento…enfim, houve de quase tudo.
Por tudo isto, parece-me que o feito de Sócrates não pode ser encarado com ligeireza. Encolher os ombros com a desculpa de que muitos outros fizeram, é o mesmo que dizer que queremos mais.
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Tá bem Zé Bonito, não vote em Sócrates, porque assinou projectos de casas na aldeia (198 e tantos), com deficiente isolamento.
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Cara Helena Matos,
Às vezes penso que a maioria dos comentadores nem se dão ao trabalho de ler um texto (este seu «post»)na totalidade.
Efectua uma abordagem muito consequente do tema, colocando o acento tónico no «policiamento do gosto.
O primeiro-ministro «fashion» de hoje «versus» o engenheiro-técnico que há cerca de trinta anos assinava projectos em Valhelhas.
Quanto à origem de Helena (aqui dirijo-me a alguns comentadores) é da zona de Abrantes (como eu, aliás)já o escreveu em várias crónicas.
Recordo uma em que falava das carroçarias Galucho (lembra-se?) recordo-a, pois passei várias vezes pelo mesmo, tanto na Nacional 3, como na Nacional 118, antes das auto-estradas cavaquistas que fizeram desaguar no litoral os poucos que, ainda iam vivendo (sobrevivendo) no interior.
Muito daquilo que escreve é-me familiar, a admiração com que os emigrantes (e as filhas) eram olhados no Verão por exemplo.
Nos finais dos anos setenta, anos oitenta eles eram ou «portugueses de sucesso» aliás, ainda, hoje… o que é o Cristiano Ronaldo se não um miúdo que não teve aptidão para a escola mas como era um bom profissional foi exercer a sua profissão para o estrangeira, pois lá a remuneração é maior/melhor… noutros tempos as profissões eram outras: operários fabris, empregadas das «madames» e tal…
Quando proferimos a palavra: «emigrante» com desprezo estamos a esquecer Cristiano Ronaldo, Mourinho e tal mas mais importante estamos a ofender muitos portugueses que deram muito mais a Portugal que aquilo que receberam.
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Piscoiso:
A menos que não viva em Portugal, nem cá venha há muito tempo, já deve ter reparado que muitos Sócrates andaram por aí.
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Caro Mr. Piscoiso,
acertou nessa: eu, nos anos oitenta, noventa ou actualmente não seria eleito para uma câmara deste país, simplesmente porque dentre outras propostas e se candidato num concelho já ou a caminho de ser danificado arquitectonicamente, colocaria DE CERTEZA no programa eleitoral uma ou mais alíneas-propostas que impediriam esse crime ambiental e identitário !
Preferia não ser eleito. Não contribuiria para a anarquia estética e patrimonial. Pode V. ter a certeza disto !
O descalabro a que se assiste desde os anos 60 é de facto IDENTIDADES locais ou regionais alteradas não por conceitos estéticos, mas sim por oportunismos com os quais eu não pactuo ! Nem permitiria.
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Mr. Zé Bonito,
subscreveria o que aqui explanou.
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“Elevados seriam, p. ex., as reportagens fotográficas da bandana colorida ou das noitadas do Lopes, os adjectivos piscícolas sobre o Barroso ou mesmo as certezas acerca das impossibilidades técnicas do Portas nunca ter apreciado “os sorrisos das crianças”
A comparação entre estes golpes “baixos” e o que a oposição a Sócrates tem feito, diz tudo. Isto chama-se dar argumentos ao inimigo.
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Esta gaja é um crânio.
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O que mais me mete medo é saber que nas próximas eleições ele é capaz de voltar a ganhar com maioria absoluta. Nunca gostei do Sr. Pinto de Sousa quando era Ministro do Ambiente, era uma arrogância como nunca tinha visto, agora como PM não tem descrição a minha antipatia por ele.
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“A comparação entre estes golpes “baixos” e o que a oposição a Sócrates tem feito, diz tudo. Isto chama-se dar argumentos ao inimigo.”
Pois, era o inimigo que que ia buscar as historias do Ex-MRPP quando não tinha novidades. Mas do amigo já não se deve mencionar o passado porque ele é muito sensível, e delicado. E calça Prada. E veste Armani. E frequentou a tele-escola. E o tele-fax. 🙂
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Há uma coisa que me delicia ver em Sócrates: os trejeitos das mãos e dos dedinhos espetadinhos, sobretudo os mindinhos, quando em pé fala na Assembleia ou na apresentação de mais um “simplex”.
Tem estilo — “É um senhor, carago !”
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Ainda não chegamos aos preciosismos da política americana, para elegermos um actor, como Ronald Reagen, ou até Schwarzenegger.
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“Ainda não chegamos aos preciosismos da política americana, para elegermos um actor, como Ronald Reagen, ou até Schwarzenegger.”
Não só chegamos como ultrapassamos e por muito. Temos um verdadeiro líder espiritual, o farol do novo homem lusitano. O Querido Líder.
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Muitos políticos portugueses são, quando necessário, actores !
Há os bons, os maus, os péssimos e os que nos provocam riso.
Depois…depende dos espectadores: os que não se importam de suportar a encenação e a actuação pífia e os que nem olham para o “elenco” e por tal não contribuem para a “sala” e para a “receita”.
Sócrates é um mau actor, porque o “texto” sem contraponto é plastificado, a encenação esforçada e a interpretação previsível.
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É a sua obsessão.
Estou fora.
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Sócrates, neste caso, foi um exemplar “representante” do desenrasca, da cunha, da irresponsabilidade, que grassa ainda hoje e possivelmente por muitos mais anos em determinada sociedade portuguesa.
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Mas afinal se o país está mal de quem é a culpa? Da esquerda, do centro, da direita, do bloco central, dos políticos, dos migrantes com E e I, mas de quem é a culpa disto tudo? Volto a indagar. O país não é o que queremos, mas estranho é que haja tantos que o querem. Os decisores assassinam o país mas os cidadãos não assassinam os decisores. Algo deve ir mal no reino… será o povo que lava no rio, ou será mesmo o rio que já não lava o povo? Tanta sabedoria junta e não se melhora como se deseja. A culpa morrerá sempre solteira, porque nenhum estúpido com ares de esperto quererá casar com ela. No fundo, ninguém é culpado porque todos nos inocentámos. É tão bem mais confortável estar aqui a escrever no conforto quentinho da sala do que ir lá para fora fazer revoluções e matar uns quantos filhos da P…átria. Não há carne sem sangue, mas há sangue sem carne, e quem quer um pais a beber pela palhinha que dê o passo em frente. Senhor já não falta cumprir-se Portugal, ele se cumpre no dia-a-dia de inocentes sem culpa. E quando eu morrer, já não quero ir de burro, quero ir de TGV que é rápido e ninguém o vê.
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Tristes tristes !
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MJRB Diz:
7 Fevereiro, 2008 às 10:21 pm
Há uma coisa que me delicia ver em Sócrates: os trejeitos das mãos e dos dedinhos espetadinhos, sobretudo os mindinhos, quando em pé fala na Assembleia ou na apresentação de mais um “simplex”.
Tem estilo — “É um senhor, carago !”
Por acaso ainda não reparou se Pinto de Sousa no “púbis” tem o risco ao lado?
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Muito bem HM.
Nunca se deixe intimidar pela ralé inculta.
Afinal nos países civilizados europeus, nos anos 80 do séc. XX, nem se construía nada parecido com aquilo.
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Cara Helena Matos,
Fiquei encantado com a beleza do texto. É pena que esteja relacionado com algo tão abjecto quanto a vulgaridade da elite que tomou conta do país. Tal ordem de coisas mostra bem a inversão de valores que tomou conta do país.
Vai aqui uma frase retirada de um discurso que poderia ter sido escrita no Portugal de hoje;
“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.”
Ruy Barbosa
Um abraço.
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com toda a sinceridade e só sobre a estética preferia a casa tão ridicularizada do primeiro em jovem.
vivo não tenho parte de um caixote pago renda variavel pela vontade da santa opos e são berardo manutenção e impostos a meu cargo.um primeiro andar atrasado com porta no terrio e portão para o carrito é um sonho.
as imposições totalitarias de uma estetica de bom gosto deixo para essa aldeia grande de faichadas degradadas e m—- de cão nos passeios.
é preferivel as caganitas das ovelhas do titóino na rua.
socrates ganhaste o meu voto e de quem eu convencer.
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Que parece uma casa estilo “maison” simplex com janelas “a la fenêtre”, parece.
http://www.asfarpas.com
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Sra Helena Matos,
este texto que escreveu é de sua autoria, aquando públicado no Público a 4 de fevereiro?
Irei citá-la num trabalho meu académico, espero que não se importe e como tal iria por o seu nome na autoria da citação.
Cumprimentos, João.
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