O que os centralistas não concebem
António Barreto, no Público de hoje (disponível apenas para assinantes):
(…) Há vinte anos, ou mais, que se dão pequenos passos na direcção da autonomia e da “devolução às comunidades” das escolas. Há décadas que se tenta envolver os pais na gestão das escolas, com ineficientes dispositivos que quase nunca resultaram. Há muito tempo também que os ministros, muitos deles pelo menos, se queixam de centralismo excessivo e confessam, geralmente em privado, que gostariam de entregar as escolas básicas e secundárias às autarquias, mas “não podem”. As desculpas para estas fraquezas são numerosas, expressas muitas vezes pelos próprios. As autarquias não querem mais responsabilidades. Os pais não se interessam. Os professores são contra. A tradição portuguesa não é essa. E muitas outras, entre as quais avulta uma de excepcional importância. Dizem os delatores da entrega às comunidades que estas, sob domínio dos professores ou dos autarcas, fariam, conforme a região, escolas revolucionárias no Alentejo ou reaccionárias no Minho. É uma estranha convergência, de Salazar à democracia, passando por todas as formas de jacobinismo.
Não é possível administrar uma organização com dois milhões de alunos, quatro milhões de pais, duzentos mil professores e dezenas de milhares de funcionários. Na educação, tal como, aliás, na saúde, não se pode pretender gerir universos com estas dimensões humanas, políticas e financeiras. Nem as grandes empresas o fazem e adoptam sofisticados sistemas de descentralização. Os ministros, em vez de elaborar reais políticas, definir objectivos, prever o médio e o longo prazo e desenhar modelos, transformam-se em directores-gerais executivos a correr numa lufa-lufa atrás dos problemas e a inventar falsas soluções. Correia de Campos e Maria de Lurdes Rodrigues são dois excelentes exemplos de governantes com ideias e coragem, mas que se perdem na administração casuística, na quezília, na abertura de uma escola ou no fecho de uma urgência. Mesmo que fosse possível gerir centralmente tão enormes organizações, os resultados não seriam brilhantes. As escolas pertencem, por definição, às comunidades. Perante a escola de massas, cada vez mais se percebe esta relação essencial.
A entrega das escolas às autarquias, com responsabilidade e competências, teria ainda a formidável consequência de retirar a maior parte do trabalho ao ministério, reservando-lhe as suas funções nobres, que cada vez exerce menos: inspeccionar, avaliar, prever, assegurar os direitos fundamentais e cuidar da coerência nacional. Já se pensou no que poderia ser um ministério da educação sem nomeação de professores, sem definição de horários, sem autoridade sobre os técnicos de apoio, sem concursos de aquisição de bens, sem capacidade para aprovar, dia sim dia sim, regulamentos pedagógicos e normas de execução? Já se imaginou na utilidade de um ministério que se dedicasse a pensar, a apoiar e a inspeccionar, em vez de administrar, recrutar, fazer obras e ditar regras de comportamento? Após tantas décadas de miséria educativa e de caos escolar, com os péssimos resultados que se conhecem, merecíamos melhor. Nós todos e também os professores, os alunos e os pais.

logo vi, que de agricultura não percebia nada
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Uma perspectiva muito certa, António Barreto embora não sendo um Liberal é uma das pessoas da esquerda que consegue produzir e defender ideias fundamentadas, falta para uma abordagem mais holística, situar a liberdade de escolha e a integração do ensino privado com o do estado.
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Comentário ao que António Barreto escreve no Público, comento no Público.
Comentário ao que a minha tia Felismina diz
comento aquiz.
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Entregar as Escolas às autarquias é fazer destas o amiguismo, o colorido político as cunhas e a corrupção interna. professores dependentes do presidente de cãmara, está bonito.
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“a merda é sempre a mesma, só mudam as moscas” brito camacho
república socialista do afundanço com
2 milhões de pobres
meio milhão de desempregados
“de pé o vítimas da fome” internacional
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É muito mais importante a liberdade de escolha do que o que António Barreto argumenta. O fundamental do sistema actual é a falta liberdade de escolha de quem paga.
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Subscrevo na totalidade a análise e soluções de António Barreto.
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“António Barreto embora não sendo um Liberal é uma das pessoas da esquerda que consegue produzir e defender ideias fundamentadas”.
Creio que não se refere às ideias defendidas neste texto, Tolstoi. As ideias de AB carecem de fundamento na teoria e na prática educativa. Nem a investigação da coisa educativa nem as pessoas do terreno corroboram as teses de AB. Excepto os acólitos da CONFAP e alguns fazedores de opinião pouco informados, quem sabe do assunto [refiro-me ao CNE, ao conselho de escolas, aos sindicatos e associações de professores, aos professores, e aos inúmeros conselhos pedagógicos (relembro os pais também têm assento neste órgão) discorda das opiniões do AB.
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Se as palavras de AB fossem ouvidas e seguidas este país daria um enorme salto qualitativo!
Descentralizar, é a chave para este Estado ineficaz e corrupto!
Abaixo o Centrão dos interesses!
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Está tudo certo.
Tem razão António Barreto e teem razão os opositores.
Com as escolas nas autarquias, quem garante que estas não iriam criar a “Enpresa de Administração Escolar, SA?
Está-nos na massa do sangue. complicar as coisas simples.
De preferência com muita legislação.
Quando a massa não presta, fazem-se regulamentos.
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Miguel Pinto
Nós sabemos que quem está sentado na “cadeira” está contra!Mas o que tambem sabemos é que os nossos alunos estão na cauda dos saberes, que apesar da cada vez maior fatia do OGE os resutados não aparecem ,que continua a haver uma grande percentagem que abandona a Esccola!
Há que mudar!Seguir as soluções que outros já seguiram com bons resultados!
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Há alguma coisa neste país que não esteja na cauda, caro Luis?
“as soluções que outros já seguiram com bons resultados” refere-se a quem?
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“refiro-me ao CNE, ao conselho de escolas, aos sindicatos e associações de professores, aos professores, e aos inúmeros conselhos pedagógicos”
Todo o Status Squo. Brilhante, é isso, todos os que lá estão desde á décadas nos centros de decisão da educação é que resolvem e sabem, porque raio é que nunca ninguém pensou nisso e raio andaram a fazer até agora?!
Enquanto não houver liberdade de escolha nada mudará.
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Caro Miguel Pinto sobre a teoria educativa estou á vontade para o debate mas não é esse o cerne da questão pois não?
Os programas e os modelos pedagógicos, seriam sempre delimitados pelo ministério com maior ou menor amplitude. E ao estado cabe sempre o papel de avaliar e de fiscalizar, o que tem de fazer com eficácia. Não esquecer a existência de testes nacionais.
O envolvimento da comunidade é essencial, os poderes locais e os encarregados de educação estão interessados em ter escolas com qualidade para os seus filhos; escolas limpas, com o material necessário, com os horários adequados á população, sem corpo docente absentista, sem traficantes à porta, enfim uma relação de proximidade entre os diferentes elementos interessados.
Meu caro quanto às entidades e corporações envolvidas esqueça, no ensino superior vivemos anos e anos com muitos departamentos que mais não constituíam que pequenas capelas de exibição de vaidades, de onde nada saia em termos de produção
cientifica e que constituíam bloqueio a quem tinha projectos, capacidade e iniciativa, o que explica a saída de muita gente competente para Universidades e empresas no estrangeiro, nunca vi nenhuma dessas corporações levantar um dedo que fosse contra alguns consagrados científicos que mais não são do que múmias produtoras de ciência e ignorantes em pedagogia e ensino de adultos.
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Tolstoi
O cerne da questão é saber se as ideias do António Barreto podem ou não ser aplicadas no actual modelo de gestão.
AB defende um novo modelo de gestão porque sim?
lucklucky
“Enquanto não houver liberdade de escolha nada mudará”
Esse chavão serve para quê?
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lucklucky
“Enquanto não houver liberdade de escolha nada mudará”
Este chavão acrescenta alguma coisa às ideias de AB?
Tolstoi
O cerne da questão é saber se as ideias do António Barreto podem ou não ser aplicadas no actual modelo de gestão.
AB defende um novo modelo de gestão… porque sim?
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Peço desculpa pela duplicação do meu comentário.
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É preciso acabar com a unicidade centralista.
Viva o pluralismo centralista!
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António Barreto publica estas suas crónicas no blogue SORUMBÁTICO aos domingos, ao fim da tarde.
A de hoje já está disponível [aqui] .
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Desde as direcções regionais de educação até aos agrupamentos não está tudo politizado?
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Uma politicamente muito incorreta:
Uma escola semelhante ao Colégio Militar em cada distrito.
Sem internato obrigatório.
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Quem lá está há largos anos, não manda. Obedece às normas do ME. Esse é que manda há largos anos, com todas as modalidades possíveis, e só tem piorado.
Qual a escola que pode decidir exigir mais a alunos com bons resultados escolares? nenhuma. Pode dar 5 a toda uma turma, segundo um programa mediocre, mas não ousa avançar mais porque os programas são para cumprir. Será que os professores têm falta de vontade? também não, mas se um encarregado de educação vir o seu educando perder o 5 porque o professor está a exigir demais, há queixas!
Enquanto não se entederem sobre o que querem da escola, os professores vão segurando o barco.
Entregar a escola à autarquia não faria com que houvesse interferência dos resultados escolares na eleição da junta de freguesia? ou vice-versa. É que avaliadores de professores há muitos, nunca disseram foi o que entendem como sendo um bom professor.
Afinal, se todos os pais querem meninos felizes e contentes, queixam-se de quê? felizes e contentes já eles andam, com telemovel, messenger e consola. Os professores só ameaçam, porque podem fazer bem pouco, como qualquer jovem sabe.
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Curiosamente, tudo roda à volta do mesmo, como sempre, e os conceitos abordados por ABarreto, como “comunidade” e pais envolvidos, nem sequer é abordado.
Porquê ? Porque tais conceitos, com o ABarreito diz e bem, ou deixa entender, são inexistentes no portugal.
Debate-se sempre o mesmo, curiosamente. O papel dos professores, o papel do ME, e agora o papel das autarquias. O que é estranho, pois ABarreto fala de outras coisas : participação dos pais. E participação da “comunidade”.
Ou seja, ninguém consegue falar disso mais uma vez.
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Miguel Pinto,
“O cerne da questão é saber se as ideias do António Barreto podem ou não ser aplicadas no actual modelo de gestão.
AB defende um novo modelo de gestão porque sim?”
Mas se o actual modelo é ruinoso, o que se perde em mudar?
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O ultimo comentário, era meu.
Adiante
…. PARTICIPAÇÃO.
ABarreto diz também que é um problema de cultura. Pois é. Se nem se consegue falar de dois simples conceitos (sei, são inexistentes no portugal ) como se pode sequer pôr em prática algum deles ?
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hummm… o modelo actual é ruinoso porque admite tudo o que defende o AB? Essa é boa…
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Caro Miguel Pinto
Já leu seguramente textos sobre “Stakeholders” ou partes interessadas?
Pois esse é o caminho, descentralizar e envolver as partes interessadas.
Outro tema, já agora que escreveu sobre teoria da educação vamos mais a fundo, Sabe que ensinar não corresponde necessáriamente a
aprender ? Sabe que exitem diferentes estilos de aprendizagem
e que o nosso ensino previligia um?
Sabe que muitos professores que afirmam ter maus alunos, sabem muito pouco de pedagogia. Pergunte-lhes o que é o construtivismo?
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Declaração de intenções, respeito o AB, não pelo seu posicionamento politico, que não corresponde ao meu, mas por ser um homem que desenvolve ideias próprias,longe de seguidismos, é um homem que conhece bem o meio sócio cultural do seu país e também o meio académico. Quer se concorde, quer se discorde, a leitura do que produz tem interesse.
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Os resultados mostram que este modelo não serve,Caro Miguel,e assim sendo, há que mudar.
A autonomia das Escolas,dando força e capacidade de decisão aos professores, pais e autarquias e retirando ao ME, é uma coisa boa.
O ME tem que sair do cume do sistema e passar para o centro.Ajuda,regulamente,coordena.Mas não decide,não impõe o que só quem está no terreno pode fazer!
Eu digo.Força aos professores, numa Escola autónoma,responsável,assente no mérito!
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Bem, já percebi que as ideias do AB [apesar de serem bem acolhidas] não podem ser fundamentadas. É evidente que não há argumentos para justificar o absurdo: alterar um modelo de gestão escolar porque sim, porque temos o poder para o fazer, porque a retórica ministerial usou da melhor forma o chavão da autonomia.
Tolstoi, nada me move contra o sociólogo António Barreto. A conversa visa as ideias do autor e não a pessoa, como é óbvio.
Luis
Está convencido de que o novo modelo de gestão é capaz de suscitar tudo isso que afirmou. Se observar o Dec.Lei 115/A verá promessas de descentralização, o reforço de autonomia, a abertura da escola à comunidade… Eu pergunto novamente: mudar para quê?
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Caro Miguel
Tudo muda!Só a mudança não muda!
Um sistema que não responde tem que ser substituído.
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Mais à frente, diz ABarreto
“os ministros, muitos deles pelo menos, se queixam de centralismo excessivo e confessam, geralmente em privado, que gostariam de entregar as escolas básicas e secundárias às autarquias, mas “não podem”. As desculpas para estas fraquezas são numerosas, expressas muitas vezes pelos próprios.
1- As autarquias não querem mais responsabilidades.
2- Os pais não se interessam.
3- Os professores são contra (A ENTREGA ÀS AUTARQUIAS)
O que ressalta disto ?
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Mudar porque Portugal gasta em % do PIB mais do que muitos países da União Europeia com a educação, obtendo resultados piores; mudar porque de facto os pais não são chamados a participar e quando são depressa se desmotivam; mudar porque o controlo local não permite dizer não a um professor faltoso ou incompetente porque este depende do Ministério (famoso caso da professora de Português da escola Secundária do Restelo); mudar porque os próprios agentes não cumprem as regras de jogo, note que muitos professores não colocam os seus filhos nas escolas correspondentes á sua zona por não as considerarem boas e através de subterfúgios como moradas de familiares e outros colocam-nas em escolas que sabem ter mais qualidade; mudar porque não existe real avaliação dos professores; mudar porque o país precisa de gerações com critérios de exigência e não de facilitismo para esconder o número do abandono e maus resultados escolares, enfim mudar para que tudo seja mais transparente.
Já agora Miguel Pinto leia bem o que escrevi antes, e procure saber quais são os stakeholders neste processo. Nós os contribuintes somos parte interessada e a verdade é que os resultados são maus. Não nos remeta para intenções legislativas pelas leis e pelos PDMS existentes também este país deveria ser o mais ordenado do Mundo.
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Tolstoi Diz: ” Já leu seguramente textos sobre “Stakeholders” ou partes interessadas?
Pois esse é o caminho, descentralizar e envolver as partes interessadas. ”
Quem são as partes interessadas ?
Curiosamente, são os professores.
Que ninguém quer saber. O estado, empurra de uns para outros (ME para autarquias). Mas os pais, também não.
Coitadinhas das crianças portuguesas.
Irra, que até mete medo.
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Tolstoi Diz: ” Portugal gasta em % do PIB mais do que muitos países da União Europeia com a educação, ”
Não admira. As partes que deviam estar interessadas, não se interessam.
Depois queixam-se, que os estudantes universitários reclamem tudo e mais alguma coisa.
Pudera, tentam estar interessados, e numa fase de aprendisagem desse processo “estar interessados”.
Só que, aprenderam e fol-lhes ensinado pela familia, que só se deve interessar pela escola, na fase da universidade.
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António Barreto tem razão teoricamente. Na prática nada ou pouca coisa mudaria. As instituições quer públicas quer privadas vão sendo geridas por amiguismos, interesses, caciquismo local e regional. Os pais adoram que os filhos os não incomodem…as empresas até deixarão os pais ir à escola, mas não lhes pagarão essas horas (que por lei têm direito) de falta. Os amigallhaços do presidente da junta ou os interesses instalados de uma dada associação ou vereação camarária, é a de colocarem nesses sítios funcionários zelozos dos seus ditos interesses marinbando-se para os resultados escolares do meio. Há que preservar o lugar, o tacho, nem que seja com a colaboração das bases dos partidos…estes mini poderes, estouram com uma sociedade democrática…a sociedade portuguesa é a quase todos os níveis, uma sociedade de Cosa Nostra. Nomeadamente em todo o país, mas um pouco mais em meios pequenos do que nos grandes centros urbanos. Veja-se a título de exemplo estes casos que o jornal público tem lançado, ou outros sobre os favorecimentos de “dirigentes” de altos cargos políticos e económicos….onde eles começaram? na sua juventude partidária e nos ditos “encontros secretos”…Somos um país do sul da Europa em que o chico-espertismo e a imcompetência são premiados…Nem daqui a 200 anos chegaremos aos níveis de desenvolvimento actual dos países nórdicos…
DÊm à populaça futebol, bejecas, rendimentos mínimos de inserção…e o país continuará a saque do “polvo partidário”….
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“Enquanto não houver liberdade de escolha nada mudará”
Esse chavão serve para quê?
Discriminação mais fácil entre as boas e as más práticas, Competição.
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Sr. curiosamente não vejo que não existam muitas famílias a interessar-se pela educação dos seus filhos.
E já agora, é normal enganarmo-nos nestes escritos que fazemos nas caixas de diálogo, mas permita-me efectuar uma correcção ao que escreveu, aprendizagem escreve-se com Z, será que o Sr. só se interessou por aprender quando chegou à faculdade?
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O Barreto fez uma grande coisa, acumulou terras aos latifúndios, que muitos milhões lhes têm trazido da Europa Comunitária, com que jogam grande na bolsa, o PSI-20 ou lá que é, com volume de negócios acima de qualquer outra praça europeia, e ora é justo que a Barreto também chegue o seu quinhão.
Agora, falar de abóboras, pa distrair, bah, sempre enche jornais.
E tá bem o homem mais o seu ídolo, o Júdice, que há uns vi em cerimoniosa cavaqueira, qual dos dois mais hipocrita e puro, sabedor dos negócios o outro tem.
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“Discriminação mais fácil entre as boas e as más práticas, Competição.”
Honestamente, Lucklucky, não vejo como outro chavão responda à questão – inteligente — que lhe fez o Miguel Pinto.
Aliás, ainda ninguém respondeu cabalmente às questões que Miguel Pinto levantou: quais as “evidentes” vantagens em mudar a administração das escolas para as autarquias? Em que é que a liberdade de escolha melhora o sistema educativo ou melhora a educação que temos em Portugal? Ou será que a “liberdade de escolha”, via cheque-ensino, apenas permite a alguns grupos de interesses, nomeadamente religiosos, especificamente católicos, meter uns quantos milhões ao bolso? E a administração das escolas pelas autarquias benificia quem? Quem detem um cartão de militante? Os amigos? Os primos? Os sobrinhos?
Tolstoi,
desculpe, mas o seu comentário 33 foi coisa que me deu vontade de sorrir, pois revela um profundo desconhecimento da posição que é seguida pela generalidade dos professores.
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Na escola publica que o meu filho frequenta, a associação de pais angariou no ano passado US$ 250000. Com este dinheiro contratou 1 professor assistente para cada sala do “kindergarten” e primeiro ano, para ajudar o professor principal que e’ contratado pela pela municipalidade de Nova Iorque. A associação de pais também contribui para as aulas de musica, arte e desporto. No ano passado conseguiram construir um ginásio novo, que para alem das aulas normais de desporto também e ocupado aos Sábados com jogos de basketball pelas crianças. O espaço do recreio também e rentabilizado aos Sábados, recebendo um pequeno “mercado de lavradores” que vêem vender os seus produtos (frutas, legumes, etc.) ‘a cidade, pagando uma renda ‘a escola pela ocupação do espaço.
Porque e’ que isto não e possível em Portugal? Porque e’ que se eu quiser dar um donativo financeiro ‘a escola, este não fica na escola e vai para o M.Educacao? Porque e’ que e’ proibido organizar umas simples rifas para angariar dinheiro para comprar algo que a escola necessite?
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Se há uma coisa que os pseudo (neo?= liberais não percebem é que não há fórmulas mágicas que resolvam tudo, independentemente do contexto.
Nesse aspecto são tão pouco inteligentes como os socialistas ortodoxos, os fundamentalistas islâmicos (ou cristãos) e todo o resto daqueles que só vêem com oum olho.
Por cá, a desculpa é mais ou menos assim: os marxistas puderam brincar ano e meio (e apontam para o PREC como responsável pela incompetência governativa dos 30 anos seguintes, polvilhada de pais desses liberais) e nós também queremos brincar, nem que seja para acabar com o que resta.
Se não fosse caricato, seria triste.
😛
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“Já se pensou no que poderia ser um ministério da educação sem nomeação de professores, sem definição de horários, sem autoridade sobre os técnicos de apoio, sem concursos de aquisição de bens, sem capacidade para aprovar, dia sim dia sim, regulamentos pedagógicos e normas de execução?”
Penso que dessas tarefas, a única que depende do ministério da Educação é a nomeação de professores (talvez também os concursos de aquisição de bens) – as outras acho que dependem dos conselhos directivos, pedagógicos, reuniões de grupo, etc. de cada escola.
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“josé Manuel Faria Diz:
10 Fevereiro, 2008 às 2:43 pm
Entregar as Escolas às autarquias é fazer destas o amiguismo, o colorido político as cunhas e a corrupção interna. professores dependentes do presidente de cãmara, está bonito.”
Fezlimente, algo que não existe no centralismo em grande escala…
Não admira por isso, que aos centralistas choque a reeleição do Valentim Loureiro, tendo sido tão indiferentes à reeleição de Mário Soares após o caso Emaudio…e muitos votaram nele uma terceira vez…
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Se as autarquias tivessem mais responsabilidades na gestao das escolas talvez houvesse menos disponibilidade para isto (do Publico):
Câmara de Aveiro vai transferir mais 150 mil euros para a empresa do estádio municipal
11.02.2008
A Câmara de Aveiro prepara-se para transferir 150 mil euros para a EMA (Estádio Municipal de Aveiro) com a justificação de que a verba se destina à “consolidação financeira” daquela empresa municipal, mas a operação financeira levanta muitas dúvidas à oposição socialista. Isto porque no passado dia um a empresa que gere o estádio transferiu precisamente o mesmo montante para o Beira-Mar.
A câmara escusou-se a comentar a operação que esta manhã será apreciada pelos vereadores. Na proposta diz-se que é uma transferência para a EMA “do sócio município de Aveiro, para consolidação financeira”. Mas o líder do PS local, Raul Martins, levanta uma questão: “Se é, de facto, uma reposição de capital, para cobrir os prejuízos da empresa, porque é que a câmara não cobriu os prejuízos das outras empresas municipais?”.
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A menoridade é a incapacidade do homem de fazer uso do seu entendimento e essa incapacidade é culpa do próprio, se de nenhum mal ele sofre. É por pura covardia, comodismo, facilitismo, que o homem evita ser dono do seu próprio destino… É bem mais fácil obedecer e não pensar… Era mais ou menos assim que kant, finais do séc.XVII, avaliava o seu tempo… É por isso, por achar este texto intemporal, que, apesar de não gostar do autor, reconheço a sua perspicácia.
A realidade mostra que se adensam incomensuráveis tentativas de exercer cada vez maior controlo sobre a sociedade por parte do poder, recorrendo a formas de manipulação mais ou menos encapotadas. Desde as “HIlaryantes” campanhas americanas ao despudorado justificativo de se não se submeter a referendo o tratado de Lisboa tudo vale… O cidadão bovino tudo pachorrentamente rumina… Haverá alguma alma com verdadeiro sentido crítico que acredite existir real preocupação do estado com a qualificação dos seus cidadãos e em tornar estes gente crítica e participativa (futuros rebeldes contra o próprio poder instituido?)?
António Barreto parece-me desta vez demasiado ingénuo… onde iriam parar os tribunais, os restantes orgãos do poder, se o cidadão comum tivesse de facto consciência de não viver em democracia e tentasse lutar p+ela verdadeira condição de homem livre…
Talvez o mesmo se os cidadãos chineses pensassem que têm o mesmo direito dos ocidentais aos bens de consumo/estilo de vida que eles próprios (asiáticos) alimentam…
A solução é nivelar por baixo, criar elites, manter na ignorância. cria-se a ilusão de que o papel que certifica supostas habilitações é o mais importante, e assim criamos legiões de analfabetos iletrados, ou de engenhêros diplomados (sabe-se lá como)… Hoje a TVI transmite uma reportagem sobre o desemprego entre os licenciados… Tremenda Tragédia… Lá pelo poder alguém se vai regozijar dizendo “somos o país no mundo em que os desempregados são mais escolarizados”…
Sabendo como as autarquias funcionam alguém acredita ser o modelo de descentralização o mais aconselhável… Ainda se vive no equívoco de que é pela educação que se altera a sociedade… António Sérgio, inteligentemente, dizia à quase 100 anos que sem profundas alterações sociais as mexidas na educação de pouco valem… O trabalho deve ser sistémico, mas isso é pedir muito à nossa elite política, imberbe e incompetente… Mais fácil é continuar num registo cosmético, os bovinos até agradecem… O resto é exercício de retórico qua a nada conduz…
Perdoem-me o desalinho destas sílabas
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Kant é sec. XVIII, perdoem-me
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PD, se o Estado Central se preocupasse com as suas funções fundamentais (segurança, justiça), talvez tivesse disponibilidade para investigar a corruptela nas autarquias. No sistema actual, pelo contrário, os governantes estão demasiado ocupados a esconder a sua própria corrupção.
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O comentário 40 de SL só evidencia que não entendeu o que quis afirmar, a posição dos professores não está em debate o que está é a politica de gestão das escolas.
E já que se riu, e ainda bem, seja porta voz da tal maioria dos professores e desenvolva o que defendem e o que está mal no meu comentário nº 33.
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Tolstoi,
Não ri: sorri. O comentário que me mereceu sorrisos foi o 27, e não o 33, porque dando uma vista de olhos pelo blog do Miguel rapidamente se conclui que ele sabe, seguramente, o que é o construtivismo, bem como sabe, seguramente, que “ensinar não corresponde necessáriamente a
aprender” e que “existem diferentes estilos de aprendizagem e que o nosso ensino previligia um”. E como ele sabe, fazer-lhe essas perguntas é um pocuo como pedir ao Papa para rezar uma Ave-Maria.
Mas o 33 também me desperta um sorriso. É que o meu caro repete uma falsidade muitas vezes dita e nunca justificada: “Portugal gasta em % do PIB mais do que muitos países da União Europeia com a educação, obtendo resultados piores”. Adiante.
Por último, acho curiosa essa redução dos cidadãos a meros contribuintes. Fala-se como se a Educação (dos nossos filhos, dos nossos concidadãos) se resumisse a uma questão de números: quanto é que isso custa aos contribuintes? Julgava eu que a educação era uma questão de Cidadãos: o que podemos fazer para melhorar a nossa civilização?
Mas do que a ministra precisa é de contribuintes activos e empenhados – pagadores. Cidadãos? Isso não interessa para nada.
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