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Mercados municipais – um roteiro a não perder

27 Fevereiro, 2008

Comecemos pelo Mercado 2 de Maio, em Viseu 

Requalificação do antigo mercado 2 de Maio, projectada pelo arquitecto Álvaro Siza Vieira, impede a Câmara Municipal de Viseu de tocar na estrutura sem a sua autorização. Foi assim em 2003, quando a autarquia teve de promover várias reuniões com o autor para conseguir substituir o saibro – que provocada escorrências para a rua Formosa- por calçada à portuguesa. É assim, agora, quando os comerciantes, instalados na praça desde 2002, apelam a que sejam retiradas as grades que afastam compradores e estão a provocar prejuízos elevados nos respectivos negócios.

O presidente da Câmara de Viseu, Fernando Ruas, reconheceu ao JN, estar de “mãos atadas” para concretizar a remoção do gradeamento apontado por muitos comerciantes como uma barreira à entrada de público no recinto.

Quando negociámos a substituição do piso, já na altura pedimos autorização para remover o gradeamento. Mas não fomos bem sucedidos. Concordo que aquelas grades desmotivam a afluência de público a um espaço que se pretende o mais aberto possível“, afirmou Fernando Ruas.

“O presidente da Câmara de Viseu foi eleito para defender os interesses dos viseenses. Se o gradeamento desmotiva as pessoas a entrarem no antigo mercado, arranque-se o gradeamento. Se for para tribunal, nós iremos todos depor a seu favor”, garantiu Manuela Bandeira, uma das comerciantes, com loja aberta na estrutura do mercado que confina com a rua do Comércio.

Dias e semanas sem abrir a caixa registadora, por falta de clientes, Mercedes Menezes, proprietária de um loja de material desportivo, reconhece o esforço da autarquia para ajudar o comércio ali instalado. “Os mais antigos, que já tinham casa aberta na área do mercado antes da requalificação, estiveram durante quatro anos sem pagar um tostão de renda. Agora estamos a pagar qualquer coisa. Mas, mesmo assim, as pessoas não vêm aqui comprar”, lamenta.

Uma das última decisões do Executivo municipal, tomada há duas semanas, implicou a redução, em 50%, das rendas novas, que rondam os 750 euros. “As empresas não têm como pagar o aluguer. Sem clientes, abrem e fecham as portas. Mesmo com esta redução, para as rendas mais elevadas, vai ser difícil manter aqui os comerciantes se não for promovida animação adequada”, acrescenta Manuel Bandeira.

A empresária sugere que se aproveitem algumas ideias avançadas pela empresa que organiza a Feira Internacional de Artesanato. “Temos de promover iniciativas temáticas para atrair público, instalar restaurantes e esplanadas, retirar a magnólias que estão aqui no largo, pôr jorros de água na ligação entre os pisos superior e inferior do mercado e por aí fora. Só desta forma os empresários poderão continuar a apostar neste espaço que parece condenado à morte”, disse Manuela Bandeira.

“Podem recuperar as feiras das flores, dos hortícolas e por aí fora para revitalizar este espaço”, opinou Ana Linete, outra comerciante que passa dias sem vender um tostão no antigo mercado.

Fonte: Jornal de Notícias

8 comentários leave one →
  1. All-facinha permalink
    27 Fevereiro, 2008 11:16

    Isto é de importância transcendental. Devem queixar-se ao Papa.

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  2. Luis Moreira permalink
    27 Fevereiro, 2008 11:39

    São as “primas donas” da arquitectura,As autarquias há anos e anos que não 1ançam concursos.É tudo por convite a nomes conhecidos.Não se queixem.Ficam com “bib1ots” mas sem gente e sem negócios.

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  3. 27 Fevereiro, 2008 12:03

    Falta saber o que diz Siza, ou alguém por ele, sobre as consequências da retirada das grades em questão, que se calhar, até são uma imposição legal.
    Lana caprina.

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  4. justiça de fafe permalink
    27 Fevereiro, 2008 16:05

    Como já é recorrente esse SR(!)Arquitecto ter atitudes de prima dona–direitos de autor–, o melhor é, definitivamente, não lhe entregar trabalhos…

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  5. 27 Fevereiro, 2008 16:53

    É o que dá comprar um produto (um projecto de arquitectura) e permitir que o vendedor continue como titular da respectiva propriedade.
    Os eventuais direitos de autor do projectista (altamente questionáveis quando o dono de obra lança um concurso com um programa muito detalhado que serve de base ao projecto de arquitectura, programa esse sobre qual existem direitos de autor do dono de obra) não se devem sobrepor aos direitos do comprador.
    Lá está, uma entidade pública que parece não ter defendido contratualmente o chamado interesse público (seja lá o que isso for), tendo gasto recursos públicos na “compra” de um bem que afinal se mantém na posse de um privado.

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  6. 27 Fevereiro, 2008 17:30

    Meus senhores.
    Lembram-se da pala do Pavilhão de Portugal que custou balúrdios e lá teve que se fazer por um capricho do Mestre?
    Não serve para nada!
    Aliás o Pavilhão também não.
    Dizem os entendidos que é irrecuperável.
    Bebam à saúde do mesmo (apresenta rachas) pelo copo de Porto inventado pelo Mestre.

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  7. 18 Julho, 2009 16:07

    É muito bem feito. Mas mesmo, mesmo, muito bem feito!

    Tal e qual como dizem os comentadores #2. e #4.

    E isso não inviabiliza de modo algum a salvaguarda dos direitos de autor e a boa prática de discutir com o autor de qualquer projecto a iniciativa de alterar obra sua.

    Fica, também, muito claro que o sr. presidente da câmara está muito mal servido de arquitectos no gabinete técnico da câmara, pois se eles fossem competentes ou sabujos do siza (ou ambas as coisas) já teriam resolvido o problema – sem grandes dificuldades. Já agora, seria útil saber como foram contratados os ditos arquitectos – e a cunha, perdão, pedido de quem.

    É com grande satisfação que assisto ao castigo de alguns (poucos, infelizmente), actos de corrupção, compadrios, favorecimentos e outras espertezas à portuguesa.

    Isto precisa é de uma grande desinfestação seguida de uma desinfecção… do centrão porcalhão. Ide espreitar lá no meu blogue, ide.

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