Saltar para o conteúdo

Como chegámos a isto? *

26 Março, 2008
by

Perante o resvalar da escola pública para o subsolo representado no vídeo que todos viram, gente habitualmente informada pergunta-me onde errámos. Infelizmente, a resposta é fácil.
Durante anos aplicaram-se teses do ‘politicamente correcto’ sobre o ensino – as mais estouvadas e esdrúxulas. Deixou de se poder exigir ao aluno o sacrifício que o trabalho importa. Desincentivou–se o brio.
Passaram pela Educação uma série de políticos desordenados e cúmplices (de Roberto Carneiro a Manuela Ferreira Leite e Augusto Santos Silva) que nunca se responsabilizaram pelo muito mal que fizeram ou deixaram acontecer. Hoje, ninguém pensa em colocar o filho na barafunda em que o ensino público pré-universitário se tornou a não ser por motivos económicos. E a Igreja, com a sua posição dominante no mercado da educação privada, é a grande vencedora deste descalabro.

* Correio da Manhã, 25.III.2008

27 comentários leave one →
  1. Desconhecida's avatar
    Anónimo permalink
    26 Março, 2008 13:29

    Milhares de alunos que seriam incapazes de ter aquele comportamento na escola pública. E por causa de alguns casos, acham que está tudo mal, que nada presta.
    E pior que só agora é que há indisciplina.

    E que os alunos que andam na escola privada.. sao felizes!

    Gostar

  2. JR's avatar
    26 Março, 2008 13:33

    “Passaram pela Educação uma série de políticos desordenados e cúmplices (de Roberto Carneiro a Manuela Ferreira Leite e Augusto Santos Silva) que nunca se responsabilizaram pelo muito mal que fizeram ou deixaram acontecer.”

    o pior de todos foi sem dúvida o roberto carneiro. esse senhor assassinou por completo o sistema educativo público.

    depois dele, tudo passou a ser possível. até passar alunos que , por exemplo, tivessem 14 a uma disciplina no 10ª ano e 6 no 11º. como a média dava 10, o aluno poderia transitar para o 12º ano.

    penso que a situação ainda se mantém.

    Gostar

  3. Luís Bonifácio's avatar
    26 Março, 2008 13:40

    Você não consegue fazer uma crónica que não meta a Igreja ao barulho.
    Lendo o que escreveu deduzo que se em Portugal o ensino privado não fosse dominado pela igreja, o que se passa nas salas de aulas, que vimos um dislumbre no video 9º C em grande, não lhe merecia reparos de maior.

    Eu sou do tempo em que a escola pública era exigente e com qualidade (Anos 80). Nesses tempos os “burros com pais ricos” quando completavam o 9º ano iam inscrever-se em colégio “laicos” como o Externato D. Duarte ou o Lumen (Para citar exemplos da cidade do Porto), onde se transformavam da noite para o dia de alunos de 10 para alunos de 20.
    Tomara que o ensino secundário emPortugal estivesse nas mãos da Igreja. Portugal seria um país bastante mais responsável.

    Gostar

  4. JR's avatar
    26 Março, 2008 13:42

    “Durante anos aplicaram-se teses do ‘politicamente correcto’ sobre o ensino”

    a culpa é desse cancro das ciências da educação, que esvaziaram os programas de qualquer conteúdo. é a miséria do “aprender a aprender”, seja lá o que isso for.

    como é que pessoas que não sabem nada de matemática, filosofia, ou português, só para dar um exemplo, podem saber como se ensina matemática, filosofia, ou português? não podem e, na verdade, não sabem.

    e como não sabem, obrigam os professores a fazer o pino na sala de aula para cativar os alunos, criando a ilusão que aprender é fácil – nada mais errado: aprender é muito difícil. é por isso que aqueles que capazes de aprender têm tanto valor.

    Gostar

  5. Desconhecida's avatar
    Anónimo permalink
    26 Março, 2008 13:44

    “Nesses tempos os “burros com pais ricos” quando completavam o 9º ano iam inscrever-se em colégio “laicos” como o Externato D. Duarte ou o Lumen”

    E foi assim que a desgraça começou. Os piores que iam para as privadas passavam à frente dos melhores que estavam na pública.

    Gostar

  6. Desconhecida's avatar
    mmm permalink
    26 Março, 2008 13:46

    Quem tem filhos no ensino secundario da escola pública vê-se grego para compreender a forma como eles são avaliados.

    Agora para o 12º ano foi criada a disciplina de Area de projecto..mais uma brincadeira para acabar com a escola pública.

    Gostar

  7. JR's avatar
    26 Março, 2008 13:48

    “Eu sou do tempo em que a escola pública era exigente e com qualidade (Anos 80).”

    Pois, também eu andei na escola nos anos 80. mas já nessa altura a exigência e a qualidade se vinham a deteriorar.

    tudo isto para lhe dizer que a sua fasquia de exigência anda muito por baixo.

    mas vá dizendo coisas como “Tomara que o ensino secundário em Portugal estivesse nas mãos da Igreja” que nós gostamos. e, já agora, o estado também, não?

    vá lá rezar doi pais-nosso e três avé-marias que isso passa.

    Gostar

  8. Desconhecida's avatar
    mmm permalink
    26 Março, 2008 13:48

    No meu entendimento os alunos deviam ter 3 exames nacionais em cada um dos periodos, e se pretendessem subir nota um exame final.

    Gostar

  9. CAA's avatar
    26 Março, 2008 13:49

    Luís Bonifácio,

    «Lendo o que escreveu deduzo que se em Portugal o ensino privado não fosse dominado pela igreja, o que se passa nas salas de aulas, que vimos um dislumbre no video 9º C em grande, não lhe merecia reparos de maior.»

    Nada disso – só constato um facto. A Igreja nada fez para o que está a acontecer mas, dada a sua posição no mercado da educação pré-universitária, está a ganhar com isso.

    A classe média está a abandonar o ensino público e, consequentemente, as escolas com nome de santo têm lista de espera. Que lhes faça bom proveito. Não há qualquer conspiração apenas incúria no ensino público.

    Gostar

  10. JR's avatar
    26 Março, 2008 13:53

    “E foi assim que a desgraça começou. Os piores que iam para as privadas passavam à frente dos melhores que estavam na pública.”

    eu também tive amigos, piores alunos do que eu, que foram para a lumen e outras escolas privadas. passaram muito rapidamente de bestas a bestiais, é verdade.

    mas não passaram à minha frente, que fiquei na escola pública.

    hoje ganho mais e tenho um melhor emprego do que eles.

    podemos ter muito boas notas na escola. mas se não estivermos preparados para enfrentar a vida, ela encarrega-se de pôr cada um no seu lugar.

    Gostar

  11. Desconhecida's avatar
    José permalink
    26 Março, 2008 13:53

    Vão um pouco mais longe: vão à fonte desta descomunal impostura.

    Tal como o comunismo enganou muita gente, durante algum tempo; pouca durante muito e alguns, sempre ( Vital Moreira incluído que nunca deixou de ser quem sempre foi), também as ideias sociológicas para o ensino têm uma paternidade sólida e segura.

    Só criticando a abandonando essas ideias erradas, chegaremos a alguma solução viável.

    Nestes últimos, anos é óbvio que quem dá as cartas, tem sido o ISCTE.

    Gostar

  12. Desconhecida's avatar
    Anónimo permalink
    26 Março, 2008 13:56

    “mas não passaram à minha frente, que fiquei na escola pública”

    Pois a mim quase que passavam. Foi por um triz que entrei na universidade que queria. Mas tenho amigos que por uma decima foram ultrapassados pelas notas das privadas e tinhamos as máximas nacionais da pública.

    Gostar

  13. balde-de-cal's avatar
    balde-de-cal permalink
    26 Março, 2008 14:19

    as novas oportunidades vão incidir nos cursos dominicais
    cursos qualquer um compra desde que pague as propinas

    Gostar

  14. Rafael Ortega's avatar
    26 Março, 2008 15:06

    “JR Diz:
    26 Março, 2008 às 1:33 pm
    até passar alunos que , por exemplo, tivessem 14 a uma disciplina no 10ª ano e 6 no 11º. como a média dava 10, o aluno poderia transitar para o 12º ano.

    penso que a situação ainda se mantém.”

    O ano lectivo passado não era assim. Era necessário ter 8 ou mais para passar e não se podia ter negativa dois anos seguidos. Este ano não sei como funciona.

    “mmm Diz:
    26 Março, 2008 às 1:48 pm
    No meu entendimento os alunos deviam ter 3 exames nacionais em cada um dos periodos, e se pretendessem subir nota um exame final.”

    A meu ver isso não resolve nada. Mesmo com os exames a apenas algumas disciplinas e apenas no final do ano as coisas passam-se mais ou menos do seguinte modo, quem tem média que lhe dá segurança para a entrada na universidade estuda e esforça-se para os exames que servem de provas de ingresso. E os outros, perdoe-me a expressão, caga neles.
    Eu nem sequer estudei para o exame de português. Porquê? porque tinha um de matematica na mesma semana e precisava de uma boa nota para entrar.
    Tal como estudei pouco no 11ºano para o de biologia porque tinha na mesma semana o de fisico-quimica. Tal como, se o de filosofia tivesse sido obrigatorio, não teria ligado nenhuma.
    Não adianta nada impor muitos exames, uma vez que as pessoas apenas irão estudar a sério para eles e empenhar-se para ter boa nota por dois motivos, ou o exame é prova de ingresso ou o curso pretendido tem médias de acesso muito elevadas, casos de medicina e arquitectura, por exemplo. Para a maioria dos alunos grande parte dos exames não servem para nada.

    Gostar

  15. piscoiso's avatar
    piscoiso permalink
    26 Março, 2008 15:12

    Hoje, ninguém pensa em colocar o filho na barafunda em que o ensino público pré-universitário se tornou a não ser por motivos económicos.

    Olha, afinal parece que há nichos onde os motivos económicos não são decisórios.

    Gostar

  16. JR's avatar
    26 Março, 2008 15:14

    “Para a maioria dos alunos grande parte dos exames não servem para nada.”

    errado. como você muito bem diz, os exames obrigam a estudar. nem que seja só para o exame de matemática e “cagando” no de português.

    se não houver exames, esta-se mesmo a ver o resultado: não se estuda para nada – nem para português nem para matemática, para citar os seus exemplos.

    Gostar

  17. Desconhecida's avatar
    ric permalink
    26 Março, 2008 16:10

    mmm Diz:
    26 Março, 2008 às 1:46 pm
    Quem tem filhos no ensino secundario da escola pública vê-se grego para compreender a forma como eles são avaliados.

    Agora para o 12º ano foi criada a disciplina de Area de projecto..mais uma brincadeira para acabar com a escola pública.

    No meu entendimento os alunos deviam ter 3 exames nacionais em cada um dos periodos, e se pretendessem subir nota um exame final.

    Concordo com os exames pois só assim se vé quem estuda. Mas essa disciplina de Area de projecto dá-me cabo da cabeça.

    Gostar

  18. Luis Moreira's avatar
    Luis Moreira permalink
    26 Março, 2008 16:33

    Nos idos de 70 no ICL (actual ISCAL) havia dois exames de frequência e um exame final com escrita e oral! Eu tive, a calculo comercial, 3 positivas e uma negativa na oral e chumbei!

    Nesse tempo eram umas bestas por excesso agora são umas bestas por defeito!

    Quem? Os alunos!

    Autonomia ás escolas.A lista de ministros e o resultado ao fim de todos estes anos, mostra bem que só a escola (os seus professores e alunos)poderão sair deste atoleiro!

    Gostar

  19. Maria Marques's avatar
    26 Março, 2008 19:41

    E porque não uma reflexão sobre “a posição dominante” da Igreja? A mim parece-me que a educação privada é um mercado concorrencial, apenas com alguns custos de entrada avultados. Talvez as escolas católicas tenham propósito diferente das públicas, e um espírito de serviço que existe pouco nas escolas públicas, que tornam o seu projecto educativo melhor.

    Gostar

  20. DCSA's avatar
    DCSA permalink
    26 Março, 2008 20:51

    Luis Bonifácio,

    ao D.Duarte e ao Lumen, tem de juntar o Ribadouro, o D.Dinis, o Académico, a coisa não parou de crescer.

    Isto o CAA recusou-se comentar.

    Os meninos saem da “facilitista” escola pública com 16/17 valores e acabam com 20 nas “exigentes” escolas privadas, chegam os exames e voltam a descer. Acontece que já têm a média inflacionada.

    Gostar

  21. Tita's avatar
    Tita permalink
    26 Março, 2008 21:37

    Voltando ao problema da escola e dos professores, ocorre uma catástrofe cujos resultados já se estão a vislumbrar. Alunos fracos, aqueles que não tiveram médias para ingressar nas universidades públicas, foram para universidades privadas de onde sairam com médias finais altíssimas. Ora, como nos concursos de professores o que conta são aqueles dois dígitos da média final, tem-se verificado que mais de 40% dos professores entre os 23 e os 35 anos provêm de instituições de ensino tão “prestigiadas” como o Instituto Piaget, a Portucalense, etc…
    A mim aconteceu-me exactamente isso: fui a segunda melhor da minha turma a licenciar-me com 15 valores em Inglês e Alemão pela Universidade do Minho, sem colocação, para descobrir colegas minhas do secundário (com média onze nessa altura) colocadas a dar Inglês, pois em Macedo de Cavaleiros (no Instituto Piaget, the one and only) tinham arrancado um 18! E continua…

    Gostar

  22. jose manuel santos ferreira's avatar
    jose manuel santos ferreira permalink
    26 Março, 2008 21:53

    Felizmente que no meu tempo não havia telemóveis, nem youtube.
    Estou a falar dos anos 60.
    Porque se não havia muito menino lixado.
    Já nessa altura alguns íam passar umas tardes à GNR do Poço dos Negros….

    Gostar

  23. Rafael Ortega's avatar
    26 Março, 2008 23:16

    ” JR Diz:
    26 Março, 2008 às 3:14 pm
    errado. como você muito bem diz, os exames obrigam a estudar. nem que seja só para o exame de matemática e “cagando” no de português.

    se não houver exames, esta-se mesmo a ver o resultado: não se estuda para nada – nem para português nem para matemática, para citar os seus exemplos.”

    Eu não disse que os exames não servem para nada, nem sequer que não deviam existir. Digo que para a grande maioria dos alunos ter exame todos os periodos a todas as disciplinas é inutil. Porque o que se vai passar é que estudam para o que lhes interessa. E o resto é para o 9,5.

    Gostar

  24. DCSA's avatar
    DCSA permalink
    26 Março, 2008 23:21

    Tita,

    “Ora, como nos concursos de professores o que conta são aqueles dois dígitos da média final, tem-se verificado que mais de 40% dos professores entre os 23 e os 35 anos provêm de instituições de ensino tão “prestigiadas” como o Instituto Piaget, a Portucalense, etc…”

    Tenho sorte de na minha área, Geografia, praticamente não existirem professores licenciados pelas privadas, se não…

    Licenciei-me na Universidade do Porto.

    Já o meu irmão teve azar, licenciou-se em ed.física no FCDEF da Universidade do Porto, vê-se ultrapassado nos concursos pelos colegas que não entraram lá e foram tirar os cursos no ISMAI de onde saem todos com notas acima de 16.

    É por este motivo que sou favorável ao exame de acesso à profissão.

    A percentegem que evoca é a real.

    Gostar

  25. Luis Moreira's avatar
    Luis Moreira permalink
    27 Março, 2008 00:24

    Em Arquitectura era o cúmulo, de polícia! Havia cursos onde se entrava com 10 e eram reconhecidos pela OA, enquanto outros cursos onde para se entrar eram precisos 16 valores e não eram reconhecidos pela OA!

    Vejam o negócio milionário e quem estaria envolvido! Foi tudo para tribunal e agora a OA já reconhece e os alunos estão a pedir indemnizações á Faculdade e á Ordem!

    Isto é um país?

    Gostar

  26. Pedro Sá's avatar
    27 Março, 2008 09:32

    Essa do sacrifício…o que interessa é que ele saiba, não se para saber isso implicou sacrifício ou não.

    E já agora. Essa glorificação do sacrifício é das coisas mais católicas que há.

    Gostar

  27. Desconhecida's avatar
    tribunus permalink
    27 Março, 2008 17:11

    Uma ministra que dá na televisão uma entrevista e acha bem que só haja exames no 9º, não è uma ministra è um monstro……..

    Gostar

Deixe uma resposta para CAA Cancelar resposta