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A malinha de Carla Bruni

11 Abril, 2008

O que haveria dentro da malinha que Carla Bruni levou a Londres e pousou semi-aberta ao lado das suas sabrinas Dior? Provavelmente nada mas assim entreaberta criava em nós uma ilusão de cumplicidade. Infelizmente não despertaram tanto interesse na opinião pública as malas carregadas por outros dos participantes do recente encontro entre franceses e ingleses. Por exemplo, como seria a mala em que a França transportou os documentos que a vão tornar parceira da Grã Bretanha no dossier do nuclear britânico? Os ingleses têm 23 reactores nucleares, a maior parte deles envelhecidos, que produzem 20 por cento da energia do país. Em França, 80 por cento da energia é proveniente de centrais nucleares e Sarkozy aposta em vender a experiência nuclear francesa. É certo que as centrais são hoje muito mais seguras do que no passado mas convém não esquecer que grande parte do urânio utilizado nas centrais provém de instáveis países africanos que, como contrapartida para o acesso às minas, exigem também eles fazer parte do clube do nuclear. E por fim mas não menos importante, os resíduos continuam sem destino. As crescentes necessidades energéticas dos países e a histeria gerada e às vezes fabricada em torno das alterações climáticas têm legitimado este regresso da opção pelo nuclear. Mas há perguntas sobre o nuclear que não cabem no fait-divers gerado em torno da dona da malinha de mão e que conviria discutir antes que as pastas dos negociadores se fechassem.

*PÚBLICO, 8 de Abril

Ps – Ainda a propósito da opção nuclear é indispensável saber o que dizem em Espanha os sindicatos  e sobre a discussão que hoje, em Portugal, terá lugar na AR sobre as energias renováveis convém igualmente perceber o que se está a passar com os biocombustíveis. Pedro  Sales no Zero de Conduta lembra algumas questões sobre os combustíveis ditos verdes.

26 comentários leave one →
  1. Luís Lavoura permalink
    11 Abril, 2008 10:03

    “Em França, 80 por cento da energia é proveniente de centrais nucleares”

    Erro GRAVE: apenas cerca de 20% da energia em França é oriunda de centrais nucleares.

    Os carros não andam a energia nuclear, Helena, tal como a maior parte das fábricas também não.

    A Helena está a confundir “energia” com “eletricidade”. Um erro GRAVE e repetitivo. A eletricidade só perfaz 20%, ou pouco mais, da energia consumida num país desenvolvido.

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  2. Helena Matos permalink
    11 Abril, 2008 10:10

    Agradeço a correcção

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  3. 11 Abril, 2008 10:15

    Não há volta a dar, quanto ao regresso ao nuclear. Apenas existe o problema dos resíduos e esse terá que ser ultrapassado, como faz a Suécia, depositando os seus resíduos em aterros a quilómetros de profundidade do seu solo, ao contrário do que fazem vários países, que mandam o lixo nuclear para o Pacífico ou para os “Reinos” Africanos!

    O nuclear é perigoso? É.

    E o CO2 não é perigoso?

    Viver é perigoso!

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  4. Anónimo permalink
    11 Abril, 2008 10:57

    O nuclear é cada vez mais perigoso e mais caro pois com as alteraçoes climáticas as centrais nucleares podem ser vitímas de inundaçoes, furacoes, acidentes e deixarem de funcionar. Nos Estados Unidos quantas vezes pararam o ano passado? Imensas.

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  5. Anónimo permalink
    11 Abril, 2008 11:07

    Mas também nao é só as centrais nucleares que possuem problemas com as alteraçoes climáticas. É tudo. É ver os desgraçados com temperaturas extremas muito elevadas ou muito baixas que podiam ser ultrapassadas com tecnologia que nao funciona porque a electricidade também se foi. E ou há geradores ou nao há nada.

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  6. 11 Abril, 2008 11:16

    J,

    «Apenas existe o problema dos resíduos…»

    Gostei muito desse ‘apenas’…

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  7. piscoiso permalink
    11 Abril, 2008 11:28

    Portugal tem condições naturais muito favoráveis à utilização de energias renováveis. Muitos rios (hidráulica), muito sol (solar), zonas ventosas (eólica), metade da fronteira banhada pelo mar (marés), etc.
    O problema está no investimento.
    Mas os ventos da eólica estão a avançar.

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  8. 11 Abril, 2008 11:38

    não vejo ninguém a comentar as lindissimas sabrinas Dior da Carla. Qué pasa?!?

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  9. Vasco Silveira permalink
    11 Abril, 2008 11:43

    Este erro é mais grave. É o velho problema das continhas: se a electricidade representa 1/5 do total da energia consumida, e a energia nuclear 80% da electricidade produzida em França, então aquela origina apenas 16% do total da energia (80%/5=16%)e não 20%. Ou, vice versa, se a nuclear é responsável por 20% do total de energia, então toda a electricidade provém do nuclear (20%*5=100%).

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  10. Anónimo permalink
    11 Abril, 2008 11:44

    sao sabrinas radioactivas

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  11. Cientista Liberal-Conservador permalink
    11 Abril, 2008 11:45

    Piscoiso, resta acrescentar que Portugal tem uma das costas anualmente mais “energéticas” do mundo. O senao dessa incidência é que o total energético que o mar debita na nossa costa é sobretudo o resultado de umas poucas tempestades muito violentas. Como sabe, esse tipo de energia nao pode ser armazenada e, como tal, nao poderia suprimir a situaçao de baixa energia que se verifica durante a maior parte do ano.

    A energia das marés em Portugal suponho que nao possa ser aproveitada porque as nossas marés possuem uma amplitude ainda demasiado baixa, ao contrário do que se verifica em Inglaterra por exemplo.

    A energia hidráulica dos rios, enquanto a construcçao de barragens encontra-se no limite do seu aproveitamento máximo. Resta-nos a excelente opçao (financeira e ambiental) das mini-hídricas.

    Na minha opiniao, as energias renováveis que podem ser exploradas de forma mais intensiva em Portugal, para produzir electricidade, sao a eólica e a solar, pelas mesmas razoes que o Piscoiso apontou.

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  12. Luís Lavoura permalink
    11 Abril, 2008 11:49

    “as energias renováveis que podem ser exploradas de forma mais intensiva em Portugal, para produzir electricidade, sao a eólica e a solar”

    Isto tem o grave senão de que a energia solar, para produzir eletricidade, é extremamente cara. Ou seja, está longe de ser competitiva com as formas tradicionais (não renováveis) de produzir eletricidade.

    A energia solar é boa é para aquecimento de água (e para climatização, incluindo arrefecimeento).

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  13. Luís Lavoura permalink
    11 Abril, 2008 11:51

    “grande parte do urânio utilizado nas centrais provém de instáveis países africanos”

    Independentemente do facto de esses países serem ou não serem “instáveis”, importa dizer que a energia nuclear convencional, baseada no urânio 235, está fortemente limitada pelas quantidades de urânio disponíveis, que são limitadas.

    Se (quase) toda a eletricidade produzida no mundo fosse de origem nuclear, como em França, o urânio esgotar-se-ia todo em 30 ou 40 anos. Ou seja, ainda mais depressa do que o petróleo.

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  14. Lololinhazinha permalink
    11 Abril, 2008 11:53

    Não sabia que a energia solar podia ser utilizada para arrefecimento.

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  15. Cientista Liberal-Conservador permalink
    11 Abril, 2008 11:56

    O facto de nao ser competitivo terá que ser ultrapassado de algum modo e, como sabe, há um enorme exemplo nesse sentido mesmo aqui ao lado, se nao estou em erro, perto de Málaga (?).

    Por esse raciocínio, estaríamos condenados simplesmente ao carvao, ao petróleo, ao gás e ao nuclear. Como sabemos, as limitaçoes ambientais nao se comprazem com as do mercado. Algum dia terá que ser ao contrário.

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  16. 11 Abril, 2008 11:56

    Penso que a solução para os resíduos nucleares seria enterra-los num sítio qualquer.
    Não sei onde, mas também não posso saber tudo.

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  17. Anónimo permalink
    11 Abril, 2008 12:01

    Por falar em sabrinas. O Berlusconni irá ser renovado este fim de semana?

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  18. Cientista Liberal-Conservador permalink
    11 Abril, 2008 12:02

    O “enterramento” de resíduos nucleares já se pratica. Por exemplo, em minas de sal abandonadas na Alemanha. Mas o meu amigo faz ideia do que custa a manutençao de uma mina (estabilidade de túneis, condiçoes mínimas de humidade, etc.)?

    O problema é que essas coisas têm que ser monitorizadas durante MUITO tempo. Para mais, os sítios que cumprem os requisitos para receber resíduos (características dos materiais geológicos, conteúdo em água, rede de fracturaçao, situaçao neotectónica, distància mínima de povoaçoes, etc.) no seu seio sao escassos.

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  19. rxc permalink
    11 Abril, 2008 12:09

    Para resolver a questão da percentagem de nuclear usada por França, o valor é de 39%, como se pode ver aqui.

    Em relação às renováveis, elas são, sem sobra de dúvida, a fonte de energia do futuro. O problema é que nós vivemos no presente, o que implica que o recurso a renováveis tenha de ter em conta alguns factores altamente limitativos, nomeadamente o custo, as emissões de CO2 associadas, a inconstância na sua produção (não há vento/sol, não há produção de energia) e acima de tudo, a densidade energética (quantos milhares de hectares de eólica produzem o mesmo que uma termoeléctrica/nuclear?). Recomendo, p.e.x, a leitura da Science-et-Vie do mês passado, que alerta para essas limitações (a ler com uma pitada de sal, dado o bias francês em favor do nuclear, que serve como arma de arremesso contra os “verdes” alemães).

    Posto isto, a solução de curto/médio prazo passará muito mais pela eficiência energética, que permitirá a redução efectiva do consumo energético (algo que está algo afastado do discurso político, já que não representa novas fábricas, empregos, inaugurações e afins), e o recurso ao nuclear, dado que apenas esta fonte de energia apresenta as características para substituir, no imediato (5-10 anos) os combustíveis fósseis.

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  20. piscoiso permalink
    11 Abril, 2008 12:12

    Creio haver alguma discriminação sexual no apagamento de comentários que se está a verificar.
    Há um comentário meu sucessivamente apagado (se calhar este terá o mesmo destino), por referenciar o erro de Helena Matos, confundindo energia com electricidade, e que castigava com uns açoites.
    Ora assiste-se por parte de alguns fanáticos benfiquistas, a insultos ao CAA, que não são apagados.
    A não ser que o comentário tenha sido apagado em defesa de Sarkozy, por referir o tacão duplo dos seus sapatos, em harmonia com o tacão raso das sabrinas de sua consorte.
    Peço desculpa à Helena Matos, e para evitar os trabalhos de apagamento, evitarei de futuro comentar os seus posts.

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  21. Anónimo permalink
    11 Abril, 2008 12:14

    piscoiso Diz:
    11 Abril, 2008 às 11:28 am

    Portugal tem condições naturais muito favoráveis à utilização de energias renováveis. Muitos rios (hidráulica), muito sol (solar), zonas ventosas (eólica), metade da fronteira banhada pelo mar (marés), etc.
    O problema está no investimento.
    Mas os ventos da eólica estão a avançar.

    Piscoiso. Diz-se muitas vezes que Portugal tem condições favoráveis para as eólicas, mas não sei se é tanto assim. Os últimos meses foram uma desgraça quanto a vento. Quanto ao mar, vamos ver como corre a experiência em curso em Espinho com as máquinas Pelamis mas também tenho sérias dúvidas. Condições dificeis e o sal são um quebra cabeça terrivel e implacável. Ainda aqui há uns tempos li um texto sobre as eólicas off-shore, que passam a vida a avariar e tem custos de manutenção brutais. Os biocombustiveis está bom de ser ver que são um desastre, não devem resolver problema nenhum e estão a fazer disparar os preços dos alimentos. O Al Gore levou um prémio da paz, vamos lá a ver se não anda a fomentar a fome e a guerra.

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  22. Luis Moreira permalink
    11 Abril, 2008 12:16

    Eficiência energética!Sempre longe da discussão o que é pena!

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  23. Luís Lavoura permalink
    11 Abril, 2008 12:59

    Lololinhazinha, a energia solar serve para arrefecimento através de um processo físico que usa o aquecimento de água como fonte de energia. Não me pergunte os detalhes – uma vez um colega meu que investiga no assunto explicou-me mas eu já me esqueci. Em vez de se utilizar como método de arrefecimento o ciclo de contração e expansão de um gás, como se faz nos frigoríficos ou nos ares condicionados, utiliza-se um processo físico diferente, o qual permite usar como fonte de energia a água quente.

    Há abundante investigação, a nível internacional e cá em Portugal também, sobre o assunto, mas creio que a coisa ainda não está no estádio de produção em massa.

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  24. sengalis permalink
    11 Abril, 2008 15:02

    A malinha é aquele mero artefacto que nos transporta a negro fétiche nas ondas insidiosas dessa mente que o empurra, perna acima, até ao portal sagrado da sempre exposta pombinha.

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  25. sengalis permalink
    11 Abril, 2008 15:04

    … que a negro fétiche nos transporta… da sempre frágil, valha-me deus, doce rolinha.

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  26. 11 Abril, 2008 15:53

    “Anónimo Diz:
    11 Abril, 2008 às 12:01 pm
    Por falar em sabrinas. O Berlusconni irá ser renovado este fim de semana?”

    ah essa sabrina da minha adolescência….

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