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Oh não!

18 Abril, 2008

Uma das piores coisas que podia acontecer, era Menezes e a sua trupe fandanga não chegarem ás eleições legislativas. Corre-se, inutilmente, o risco de alguém surgir como «salvador» do PSD. Poderia mesmo dar-se o caso de alguém «credível» tomar conta do partido. Seria péssimo. Ainda assim, não creio que tal suceda. Uma das coisas que os chamados «críticos» nunca perceberam é que o grupo de pessoas que Menezes personaliza (e que na essência são os mesmos de Durão e de Santana), são a verdadeira essência do psd, são os genuínos militantes, as «bases» de que «aquilo» é feito. Não é «uma fase má», é mesmo assim, é a realidade. Os «críticos» é que são um enxerto que não cola, ou em que ocasionalmente serão úteis para imagem exterior. Os seus militantes, quais autocolantes, aderem a qualquer líder que lhes suscite expectativas de alcançar o poder, não importa o que diga ou quem seja. O partido sempre se pautou por uma postura de mera gestão do Estado e por uma social-democracia genética doentia. O que explica a sua angustia e vazio face ao actual governo que aplica o que eles foram incapazes de fazer. Daí também que eles, na oposição, nunca consigam criar mais do que fait-divers, pois que de facto, não tem qualquer alternativa a propor. Nem a podiam ter, sob pena de se negarem a si mesmos.

Assim, e em termos de longo prazo, o ideal para o país seria mesmo que um dos ramos do socialismo democrata que tem governado e estruturado o país caísse e desaparecesse definitivamente. Que, por uma vez, e finalmente, se criassem condições para uma reestruturação das propostas e projectos políticos, libertando-se do espartilho e amputações artificiais resultantes do processo revolucionário, que impediram a criação de espaços políticos verdadeiramente não-socialistas.

Nesse sentido, Menezes, ou um clone da sua tribo, são os líderes ideais para levarem o psd á necessária derrota final. As perspectivas são animadoras: o eleitorado parece tender a penalizar fortemente, não o governo em funções, mas o partido da oposição. E se o eleitorado o penalizar de forma forte e clara, não apenas o que restar do psd será obrigado a constatar que deixou de ser um partido de poder (com toda a revolução estrutural que isso implicará), como potencialmente se criará espaço para o surgimento de novas propostas políticas. Diz-se que será muito mau para a «democracia» que face ao ps não exista uma «alternativa credível» por parte do psd. Discordo totalmente. O psd nunca foi uma alternativa ao ps (e vice-versa), na medida em que, para além das pessoas, quando no poder, em pouco ou nada se distinguem em termos de projectos e práticas políticas. Daí que o que seria verdadeiramente péssimo é que alguém tomasse conta do psd e convencesse o eleitorado, uma vez mais, «de que agora é que vai ser», pois apenas esticaria temporalmente a situação pantanosa, indesejável e infeliz, de se apresentarem em disputa duas faces do mesmo socialismo democrata. E sendo que a essência do psd é aquilo mesmo, e portanto, irreformável, apenas de forma exterior, pelo eleitorado, será possível a sua derrota. Definitiva. Assim seja.
Portanto: força Menezes, força Santana, força Ribau. Estão á beira do precípicio, mas todos sabemos que serão capazes de dar o necessário passo em frente.

26 comentários leave one →
  1. Tiago Azevedo Fernandes's avatar
    18 Abril, 2008 12:32

    Gabriel, as coisas só melhoram no país se as “bases” também evoluirem. É preciso incentivar a militância de gente “saudável”, seja em que partido for. É preciso alargar enormemente o número de pessoas com actividade nas bases dos partidos para que o actual “aparelho” se dilua. Morrer um partido para aparecer outro(s) com o mesmo tipo de gente não adianta nada. Por isso é que eu me inscrevi no PSD há poucos meses.

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  2. Desconhecida's avatar
    António Alves permalink
    18 Abril, 2008 12:33

    Já que o Correio da Manhã, vá lá saber-se porquê, não publicou, e eu quero que os meus compatriotas alienados da bola (vulgo lampiões) da suburbia lisboeta não fiquem sem tão importante informação, publico eu, aqui no Blasfémias porque é um blogue com ‘saída’, as seguintes notícias:

    O ex-presidente da Federação Portuguesa de Futebol, João Rodrigues, admite ter sido intermediário entre o ex-líder do Conselho de Arbitragem da FPF e Luís Filipe Vieira na escolha de árbitros para o Benfica. Este exemplo foi avançado ontem no Tribunal de Gondomar como explicação para a cedência Pinto de Sousa aos desejos dos clubes na nomeação de árbitros. Tudo para “evitar conflitualidades” e não num contexto de corrupção.

    Poderão ler mais no JN

    Carolina Salgado, ex-companheira do presidente do FC Porto, vai ser julgada por alegadamente ter man-
    dado incendiar os escritórios de Pin-
    to da Costa e do advogado Lourenço Pinto.

    A notícia foi avançada ontem pelo Jornal de Notícias e confirmada pelo PÚBLICO. O juiz do Tribunal de Instrução Criminal do Porto comunicou oralmente a sua decisão às partes, no final do debate instrutório, que ocorreu no início da semana.
    Carolina Salgado será ainda julgada por autoria moral de várias tentativas de ofensas à integridade física do médico Fernando Póvoas.
    Os autores materiais dos crimes seriam dois indivíduos que assumiram ter feito uma espera para agredir e assaltar o clínico, em Junho de 2006, à porta do seu consultório, e numa outra ocasião, em Vila Nova de Cerveira.
    Um dos indivíduos assumiu ainda que a ex-companheira de Pinto da Costa lhe terá pedido para provocar dois incêndios. Os fogos seriam ateados por Paulo Lemos, que foi parceiro sentimental de Carolina após o fim da ligação desta com Pinto da Costa.
    Lemos chegou a comprar gasolina e, na madrugada de 14 de Junho de 2006, foi ao escritório de Lourenço Pinto. Aí derramou combustível e ateou-lhe fogo, causando prejuízos avaliados em 2500 euros. No escritório de uma imobiliária de Pinto da Costa acabaria por adoptar a mesma postura, causando danos ligeiros.

    No Público

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  3. Desconhecida's avatar
    18 Abril, 2008 12:38

    Grande prosa! Parabéns!

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  4. Gabriel Silva's avatar
    Gabriel Silva permalink*
    18 Abril, 2008 12:41

    Tiago,

    «as coisas só melhoram no país se as “bases” também evoluirem.», como resulta do texto, não acredito nisso.
    Já tiveram demasiadas oportunidades e tudo se mantem igual. Qualquer tentantiva de evolução seria mesmo contra-natura.

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  5. Tiago Azevedo Fernandes's avatar
    18 Abril, 2008 14:05

    Então, Gabriel, se for assim só nos resta mesmo emigrar. Mas eu não desisti. Pelo contrário, “infiltrei-me”. 😉

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  6. lucklucky's avatar
    lucklucky permalink
    18 Abril, 2008 14:21

    Discordo. É precisamente com uma pessoa do circuito caviar que o PSD tem de cair. Só assim se prova a sua inutilidade ou pouca relevância.

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  7. Desconhecida's avatar
    José Barros permalink
    18 Abril, 2008 14:38

    Portanto: força Menezes, força Santana, força Ribau. Estão á beira do precípicio, mas todos sabemos que serão capazes de dar o necessário passo em frente. – Gabriel Silva

    Isso é uma verdade insofismável.:)

    A questão é que sobre os escombros do PSD nada se construirá que seja melhor que o partido social-democrata. É triste dizê-lo, mas não há condições em Portugal para se fazer política sem “estes políticos”, nem, muito menos, há possibilidade de se construir um partido liberal num país em que os cidadãos foram feitos reféns do Estado.

    A grande dificuldade de uma alternativa liberal é o período de transição entre a perda das regalias sociais que ainda existem e a obtenção das vantagens que advêm de uma maior liberdade económica. Nenhuma alternativa mais liberal sobreviveria neste interim e isto pressupondo que alguma vez chegasse ao poder, o

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  8. Desconhecida's avatar
    José Barros permalink
    18 Abril, 2008 14:39

    Oops, aqui fica a continuação:

    “e isto pressupondo que alguma vez chegasse ao poder, o que só como hipótese académica se imagina”.

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  9. Gabriel Silva's avatar
    Gabriel Silva permalink*
    18 Abril, 2008 14:45

    José barros,
    mas quando refiro a necessidade de reconfiguração do espectro político, não me sinjo apenas á questão de um «partido liberal». Creio mesmo que tal seja totalmente inviável, e nem sequer necessáriamente desejável. O que me parece uma evidencia é que é chegado o tempo em que se deve terminar com a única «opção» entre socialismo democrata e socialismo democrata. Não conheço outro país na europa que não tenha um partido conservador com algum peso politico. Só portugal. E nem sequer sou conservador. Mas tal como igualmente estranharia não existir um partido social-democrata, parece-me inadequado que apenas existam partidos sociais-democratas….

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  10. Carlos's avatar
    18 Abril, 2008 15:14

    O texto parece realista, apesar de muito irónico.

    Se fosse escrito por alguém esquerdista (uma Ana Drago), pareceria estarmos perante um exercício do “bate-lhe mais que ainda mexe…”. Ouçam os comentários de regozijo malicioso dos berloques… Eles sabem que quanto mais em baixo estiver a direita mais o eleitorado resvala para a esquerda. Além de cultivarem o espírito mesquinho de serem os donos da moralidade e da verdade.

    Mas como o texto não creio ter sido escrito por um esquerdista assumido, então parece-me mais um assumir do prazer masoquista de aturar indefinidamente os socialistas… gemendo uns “oh não! oh não!”…por entre cada reflexão.
    Só de um socialista podia esperar a posição de demonstrar que LFM não serve, mas os outros também não. Venha o mais pintado e será sempre deitado abaixo.

    Felizmente os “Liberais” entenderam depressa que o desaparecimento político do PSD não abre “per si” lugar a esse Partido Liberal. É preciso que houvesse massa crítica de eleitores sintonizados com o liberalismo (que não existe). Estão muito mais sintonizados com a protecção estatal (socialismo).

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  11. Gabriel Silva's avatar
    Gabriel Silva permalink*
    18 Abril, 2008 15:32

    Caro carlos,

    «parece-me mais um assumir do prazer masoquista de aturar indefinidamente os socialistas»

    obviamente não. Simplesmente, vejo que a «alternativa» é também socialista e como tal, na prática governativa será indiferente. Então, que se acabe com uma dessas facções.

    «Felizmente os “Liberais” entenderam depressa que o desaparecimento político do PSD não abre “per si” lugar a esse Partido Liberal.»

    pois não, e nem eu falo de projectos políticos liberais. Falo e defendo que é uma anormaldiade nacional a inexistencia de espaços e projectos políticos não-socialistas. Nomeadamente conservadores (ainda que eu o não seja).

    ´«Estão muito mais sintonizados com a protecção estatal (socialismo).«

    infelizmente, é verdade.

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  12. Helder's avatar
    18 Abril, 2008 15:34

    Concordo com o TAF. Para o PSD e em força. 🙂

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  13. Desconhecida's avatar
    José Barros permalink
    18 Abril, 2008 15:44

    Não conheço outro país na europa que não tenha um partido conservador com algum peso politico. Só portugal. E nem sequer sou conservador. Mas tal como igualmente estranharia não existir um partido social-democrata, parece-me inadequado que apenas existam partidos sociais-democratas…. – Gabriel Silva

    É inadequado e, mais do que isso, insustentável. Simplesmente, o partido conservador que existia – o CDS – foi destruído pelo Portas. Mesmo antes disso, não teve grande sucesso. Do que se retira algumas ilações em relação à natureza do eleitorado português.

    Ps: entretanto, o suposto investidor do Boavista foi detido pela polícia. Que mais nos pode acontecer…

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  14. Isabel Coutinho's avatar
    Isabel Coutinho permalink
    18 Abril, 2008 16:04

    Eu resumo:

    Neste blogue de “liberais” querem acabar com a social democracia. É isso?

    Depois não se queixem se ganhar o PC.

    Capitalismo = Comunismo.

    Se cairmos num desses extremos, só nos resta emigrar.

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  15. Gabriel Silva's avatar
    Gabriel Silva permalink*
    18 Abril, 2008 16:14

    Em muitos contextos se diz, de forma crítica, «só nos resta emigrar».
    Invariavelmente, o tom é de que a emigração seria uma derrota, um desistir, um voltar costas ao seu país.
    Há no entanto que ter em conta que a realidade histórica deste país é assente em oito séculos de emigração ininterrupta, que grande parte das façanhas tão orgulhosamente admiradas por tantos, são exactamente fruto de emigrados, que a emigração é uma marca genética das populações que por aqui habitaram e habitam. E portanto emigrar não pode ser encarado como último acto, desespero, desistencia, mas antes encarado como algo de natural, positivo, criador, e de esperança.

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  16. Desconhecida's avatar
    Lololinhazinha permalink
    18 Abril, 2008 16:19

    “E portanto emigrar não pode ser encarado como último acto, desespero, desistencia, mas antes encarado como algo de natural, positivo, criador, e de esperança.”

    Ora aí está! O Gabriel é um tipo positivo!!
    Eu acho que deviam existir incentivos fiscais para pessoas positivas. Nós é que fazemos andar a economia!

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  17. Desconhecida's avatar
    Cristina permalink
    18 Abril, 2008 16:34

    Não percebi bem a posta, porque não aguentei e puxei o autoclismo a meio.
    Mas parece que a tese do autor é peregrina!!!
    OS CRÍTICOS NÃO TÊM CULPA DE NADA NO PSD, PELO CONTRÁRIO! OS BONS SÃO OS CRÍTICOS! MAUS MESMO SÃO OS VOTANTES!!!

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  18. Gabriel Silva's avatar
    Gabriel Silva permalink*
    18 Abril, 2008 16:36

    «Não percebi bem a posta, porque não aguentei e puxei o autoclismo a meio.»

    então está explicado.

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  19. Ruben's avatar
    Ruben permalink
    18 Abril, 2008 16:44

    .
    Todos os circos têm uma boa trupe fandanga para animar os que compram bilhete na bilheteira.
    .
    Mas uma trupe que parte a loiça toda, nem todos têm. Não quere dizer que ganhem mas essa já têm a credito

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  20. Desconhecida's avatar
    18 Abril, 2008 17:42

    “Capitalismo = Comunismo. ”

    Como? Estamos a falar de Castro ou de Berlusconi? Será que estes dois são mesmo iguais? Olhe que não….

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  21. Luis Moreira's avatar
    Luis Moreira permalink
    18 Abril, 2008 18:50

    Há que avançar com alternativas.O PS e o PSD são partidos de negócios.Interessam-lhes ter a situação e o Estado actuais para fazerem negócios.Com estes partidos nada muda.

    E não se percebe porque há-de ser assim!Há 30 anos que estes partidos mostram a sua incompetência.A geração dos 40/50 anos está aí já com experiência,com vidas profissionais de sucesso.Com o PS e o PSD não só aguentamos 30 anos com estes maus políticos, como os mesmos se preparam agora para estarem mais uma decada no poder, transvertidos em gestores de empresas!

    http://www.mudarportugal.org

    Porque não?

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  22. Paulo Querido's avatar
    19 Abril, 2008 00:04

    “Assim, e em termos de longo prazo, o ideal para o país seria mesmo que um dos ramos do socialismo democrata que tem governado e estruturado o país caísse e desaparecesse definitivamente.”

    Gabriel, só mesmo tu é que acreditas. Mas pela via democrática não vais lá. E tão cedo consegues acabar com o sistema democrático que assegura aos donos do dinheiro a tranquilidade para a sua manutenção e crescimento.

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  23. Paulo Querido's avatar
    19 Abril, 2008 00:05

    ups: “E não tão cedo” em vez de “E tão cedo”.

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  24. Gabriel Silva's avatar
    Gabriel Silva permalink*
    20 Abril, 2008 13:32

    Caro Paulo,
    Não é propriamente uma questão de «acreditar». É algo que vejo como uma necessidade imperiosa. E atendendo ás circusntancias, previsivelmente realizável. Dificilmente haverá tão cedo circunstancias tão favoráveis para tal.

    obviamente tenho serias «reservas» sobre essa questão dos «donos do dinheiro», a não ser que nos estejamos a referir ao facto de o Estado arrecadar e gastar mais de metade do rendimento produzido pelas pessoas….)

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