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Entretanto, no Saloon…..

23 Abril, 2008

Diz JPP que será necessário no PSD, em primeiro lugar dar «credibilidade», e portanto «mudar estilos, linguagem, processos e pessoas». Ora, como o CAA já indicou, com as actuais candidaturas conhecidas e as adivinhadas, não se vê, nem de perto, nem de longe que tal possa ocorrer. A candidata que a imprensa afirma que JPP apoia é obviamente «mais do mesmo». A sua credibilidade não será zero, mas antes negativa, atendendo ao seu passado como péssima ministra e dirigente aparelhista que a todos e qualquer um apoiava. A ideia de que a mudança de pessoas pode ser solução para o que quer que seja num partido que está, há muito, esgotado em termos de propostas decentes, é bastante naif e corre o risco de dar razão a quem veja nestes acontecimentos apenas lutas entre estratos sociais, grupos de interesses ou de gerações.
Claro, JPP acalenta a esperança de que simultaneamente, no tempo e modo devido, se proceda «a renovação programática». Mas de forma secundária, pois realizado de forma «abrupta», poderia levar ao fim, como quem deixasse cair o frágil menino do colo. Não deixa de ser interessante ver-se como o prolongamento da agonia e do vazio se sobrepõe á renovação e renascimento. JPP não faz juz ao termo abrupto…. Afiancia que o final do psd levaria a «deixar o país entregue ao PS por mais uma década». Curiosamente, não é claro para ninguém que a anunciada mudança de pessoas no psd venha a impedir tal coisa. Mas o mais relevante, no plano das ideias e projectos políticos (é o que interessa, não será?), é que há decadas que o país está entregue a uma dupla Dupont e Dupond de matriz congénita socialista, tanto fazendo, na prática, que esteja no poder um tal de ps ou um tal de psd. O fim deste último permitiria ao outro manter-se no poder por mais um tempo? Provavelmente. Ou nem por isso, pois que certamente também não ficaria imune. Mas para o país, que diferença faria, se porventura o psd mantivesse a sua bovina existência como hipotética e institucional «alternativa de poder»? Nenhuma. Lá está, sempre seria apenas uma questão de «mudança de pessoas, de estilo, de linguagem»…..
O que me parece bastante pobre e inútil. Se o que se pretenda for efectivamente uma alteração das propostas, modelos e projectos políticos, então ter-se-á de concluir que com «esta gente», com o psd, a coisa não vai lá. Já tiveram todas as oportunidades possíveis e imaginárias. Mas também já demonstraram que dali de dentro nada de novo pode sair, como aliás se confirma com a indigência política dos actuais candidatos. Acabe-se então com a agonia e não se gastem energias em discussões sobre quem será o melhor cangalheiro.

23 comentários leave one →
  1. CAA's avatar
    23 Abril, 2008 15:48

    «Acabe-se então com a agonia e não se gastem energias em discussões sobre quem será o melhor cangalheiro.»

    Grande posta!

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  2. Desconhecida's avatar
    José permalink
    23 Abril, 2008 15:50

    Subscrevo. Mas antes, espero pela entrevista ao Passos Coelho.
    Eu sei que é esperar demais, mas a esperança é sempre a última coisa a desaparecer.

    Em 1985 ainda era possível, dez anos depois da Revolução, aparecer, como apareceu um indivíduo tipo Cavaco, recatado em gabinete de estudos e com experiência política de gabinete.
    A aparência austera e o ar de seriedade que não era postiço, conferiam credibilidade.

    Agora? Agora, depois de mais vinte anos em cima, temos políticos mais que rodados nas distritais, concelhias e aparelhos vários, com destaque para o plinto e os espaldares.

    O mais característico de todos é o Marco António. Aquele ar de experimentado da política, diz tudo sobre a geração que o acompanha. Medíocre.

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  3. Desconhecida's avatar
    mais do mesmo permalink
    23 Abril, 2008 15:58

    Realmente há coisas que não entendo. Então os mesmos de outros governos, os mesmos de discursos já gastos e ultrapassados (uns maus outros melhores), os mesmos de acções já experimentadas, são agora a salvação do portugal dos pequeninos?

    Manuela F. L., Pedro S. L., Morais S…….

    Engraçado que quando aparece uma cara que é nova, entenda-se nas lides mediáticas, é logo abafado pelos pesos pesados… Onde anda Patinha Antão, que parece que não existe na comunicação social? Não sei se é melhor ou pior, mas gostaria de o poder ouvir.

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  4. tina's avatar
    23 Abril, 2008 16:02

    O que eu acho que JPP diz é que não quer arriscar com outra pessoa que não tenha provas dadas como sendo séria. Não repetir os casos Santana e Menezes que muitas vezes embaraçaram o PSD com coisas que disseram e fizeram. Sob esse ponto de vista, MFL restaurará a credibilidade do partido.

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  5. Gabriel Silva's avatar
    Gabriel Silva permalink*
    23 Abril, 2008 16:03

    pois, CAA, mas para essa tarefa, LFM e PSL, sem discussão, estavam no sítio certo.

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  6. Nuspirit's avatar
    Nuspirit permalink
    23 Abril, 2008 16:03

    É demasiado obvio que o que verdadeiramente agoniava Pacheco era ver o partido liderado por pessoas com as quais há muito mantinha um confronto pessoalizado. A prova disso está em, no próprio dia da vitória de Menezes, ter invertido as setas. Só mesmo os mais incautos é que viam divergências ideológicas. Não adianta ter ilusões, tudo se resume a uma questão de pessoas.

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  7. Gabriel Silva's avatar
    Gabriel Silva permalink*
    23 Abril, 2008 16:04

    «Sob esse ponto de vista, MFL restaurará a credibilidade do partido.»

    duvido, e seria péssimo se o conseguisse.

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  8. Nuspirit's avatar
    Nuspirit permalink
    23 Abril, 2008 16:05

    Quer se queira quer não, Menezes já deu provas é que infinitamente melhor governante que Ferreira Leite.

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  9. Desconhecida's avatar
    Lololinhazinha permalink
    23 Abril, 2008 16:08

    “A aparência austera e o ar de seriedade que não era postiço, conferiam credibilidade.”

    Parece-me que de ares sérios e austeros associados a discursos de esforços e misérias está toda a gente mais do que farta.
    A situação actual é muito diferente e a única possibilidade de a oposição ter bons resultados é “arejar” este ambiente deprimido e deprimente.

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  10. Nuspirit's avatar
    Nuspirit permalink
    23 Abril, 2008 16:12

    Pacheco mostrou à saciedade que não é grande amante da democracia. Se os resultados não lhe agradam, i.e, se o povo inculto não faz as escolhas em conformidade com sua excelsa sapiência, usa de todas armas ao seu alcance para sabotar essas escolhas.

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  11. CAA's avatar
    23 Abril, 2008 16:14

    Gabriel,

    Muitas vezes não apoias quem julgas o melhor mas quem avalias melhor do que os que lá querem estar.

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  12. Nuspirit's avatar
    Nuspirit permalink
    23 Abril, 2008 16:19

    Claro que as bases do PSD têm mais sabedoria que essa colecção de notáveis. Por isso, não vamos ter a oportunidade de ver Ferreira Leite à frente do PSD. Mas é pena. É que, para aqueles que ainda lhe tecem loas, ia ficar cristalino como a água o enorme bluff que a senhora é.

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  13. Desconhecida's avatar
    what? permalink
    23 Abril, 2008 17:10

    O PSD verdadeiro,
    de raiz e que se queria,
    teria o seu presidente à altura,
    se Pacheco Pereira estivesse disponível pa fazer alguma coisa que não fosse a mera intriga.
    Mas essa regateira tem a banca montada,
    sabemos, e não dispõe de mais um minuto nem pa coçar-se,
    coitado. E já faz muito ele. Se faz, que até o Iraque padece, e muito,
    à conta dele.

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  14. Desconhecida's avatar
    José permalink
    23 Abril, 2008 17:10

    Lololinhazinha :

    Foi precisamente por entender que a Ferreira Leite é um avatar cavaquista, com os mesmos tiques e manias, que escrevi isso.
    A seriedade sem ser postiça e a austeridade como crédito, ainda rende votos, em Portugal. Ou pelo menos, é isso que pensam os Pachecos e tutti quanti. Isso, a par da imagem de determinação e firmeza.

    O sumo, a essência qualitativa, as ideias e a competência para as concretizar, isso, já conta menos.

    O governo de Santana não era tão mau como isso, assim como o de um Menezes não seria. Mas eram tão maus quanto o presente, porque desprovidos de ideias condutoras e mobilizadoras.

    Quem aparecer a propor ideias credíveis e entendidas pela maioria como passíveis de conduzir o país a melhores paragens, ganha as eleições. De caras.

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  15. piscoiso's avatar
    piscoiso permalink
    23 Abril, 2008 17:19

    O Pacheco não avança, empurra.

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  16. Desconhecida's avatar
    23 Abril, 2008 17:26

    A diferença que o Passos Coelho vai marcando tem que ver com dois aspectos: 1) Tem uma calma e fluência de comunicação muito acima da média do “político português”; 2) Assume 2 ou 3 rupturas com o mdelo actual (o fim da banca do Estado e a busca das “funções do Estado).

    Só por isto, Passos Coelho já é diferente.

    MFL apresentará algo parecido ao Engenheiro-Bacharel. Ou seja, o “emmerdecimento” do país.

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  17. Desconhecida's avatar
    José permalink
    23 Abril, 2008 17:33

    Se o discurso de Passos Coelho, sobre Educação, se aproximar do de Nuno Crato, temos ideias novas no sector e eventual renovação à vista, com o estrebuchar de algumas centenas ou mesmo milhares ( nas ESEs e Politécnicos)de professores que vivem deste pântano em que caiu o ensino em Portugal.

    Se sobre Justiça, parar para reflectir e perguntar a quem pode saber alguma coisa, como é que se pode mudar, temos ideias novas no sector.

    Se na Administração Pública, foi capaz de estancar a contratação à base de cartões partidários, temos um herói para o futuro.

    Se esvaziar o Estado do que não lhe pertence e contrariar muitas vezes o Vital Moreira, temos uma figura para eleger.

    Se estas coisas nem lhe passam pela cabeça, temos um equívoco e um bluff. Mais um.

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  18. António Carlos's avatar
    António Carlos permalink
    23 Abril, 2008 17:37

    Caro Gabriel Silva,
    sobre a credibilidade que MFL restaurará ou não se verá. Parece-me no entanto que tem condições à partida para produzir um discurso mais coerente, mais centrado em questões essenciais e mais fundamentado do que LFM. Poderá é não ser o discurso que Gabriel Silva gostaria, aí concordo.
    Mas não tenha ilusões do tipo “Ala Liberal do CDS-PP” ou “Revista Atlântico”. Se porventura o PSD/PPD desaparecer ou se refundar, o que quer que surja não será (ideologicamente) muito diferente do que o PSD e o PS são hoje. Por uma razão muito simples: porque à boa maneira do mercado, os partidos políticos querem ganhar votos e a sociedade portuguesa, embora evolua muito lentamente, continua a ser maioritariamente “socialista”. Com a agravante de que não há qualquer tipo de recompensa (leia-se poder) para um partido político quando tenta “vender o seu produto a nichos de mercado”.

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  19. Tonibler's avatar
    23 Abril, 2008 18:00

    Este post é um tratado sobre política que nunca existiu, com o bulshit de quem não a entende.

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  20. nuno castelo-branco's avatar
    23 Abril, 2008 18:12

    O que o António Carlos afirma, é a verdade em toda a sua simplicidade. Tem raízes profundas na história – o PSD é muito parecido com o partido Regenerador – e o PS não abrirá mão do terreno conquistado ao centro, por culpa do mesmo PSD. Estiveram no poder, andaram distraídos, não fizeram – por medo da rua – as reformas que todos reconhecem ser inevitáveis. O que querem agora? Cada vez está mais parecido com a antiga UCD espanhola…

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  21. Desconhecida's avatar
    Lololinhazinha permalink
    23 Abril, 2008 18:38

    José,

    Para mim o Passos Coelho já conseguiu alguma coisa que os outros não conseguiram. Fomentou-me a vontade de ouvir durante mais tempo. Nesta época de profundo bocejo vejo isso como um bom sinal.

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  22. Desconhecida's avatar
    Espada permalink
    23 Abril, 2008 18:53

    O que nos vale a todos é que enquanto não há PSD, há o PS, o de Vitalino, Pinto de Sousa, Santos Silva, Ana Gomes, José Lello e muitos outros que fazem do país um grande aeroporto internacional de moscas varejeiras, com pistas de arerragem sempre disponíveis para quem quiser pousar na vertical. Com um parido Socialista assim, não há PSD que resista.

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  23. LPedroMachado's avatar
    23 Abril, 2008 22:25

    Se o Pedro Passos Coelho anda a dizer precisamente aquilo que os blogadores liberais têm defendido desde o início, porque é que não o apoiam inequívoca e entusiasticamente? Como já disse alhures, entusiasmam-se mais facilmente com uma tal de Ron Paul revolution que para nós é irrelevante e que nem tinha a mínima hipótese de ganhar e não mostram um mínimo de interesse por um candidato que está mais interessado nas ideias do que nas pessoas e que quer uma política mais liberal e que tem mais hipóteses de ser primeiro-ministro do que o Paul ser presidente da América. Sinceramente, não sei o que é vocês querem mais. É com tristeza que digo que vocês têm o país que merecem. Não se queixem.

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