O preço da independência energética III
O investimento em energias alternativas tem que ter em conta o seguinte:
1. As energias alternativas começam por ser rentáveis em nichos. O nichos permitem às empresas entrar de forma sustentável e progressiva nesses mercados sem precisarem de ser subsidiadas. Os nichos, ao permitirem a entrada progressiva de inovações, permitem que a sociedade não precise de se precaver contra mudanças súbitas nas condições de mercado.
2. O custo das energias alternativas está a descrescer continuamente. Isto implica que existe uma grande vantagem em adiar determinados investimentos. Os custos de capital serão mais baixos no futuro.
3. O capital investido em energias alternativas fica indisponível para investimentos mais rentáveis. É mais racional investir agora nos investimentos alternativos e só investir mais tarde em energias alternativas. O capital acumulado no futuro será maior e as energias alternativas mais baratas.
4. O mercado tem meios para viabilizar projectos que inicialmente dão prejuízo mas no futuro poderão dar lucro. Não são necessários subsídios para viabilizar projectos que no longo prazo são viáveis, mesmo quando no período inicial de investimento dão prejuízo.
5. O futuro é incerto. As decisões de investimento têm um risco inevitável. A avaliação de risco é uma actividade que os mercados fazem melhor que agentes individuais porque é necessária informação dispersa por vários agentes. O Estado é habitualmente um mau avaliador de risco. Não lhe deve ser confiada a tarefa de decidir que investimentos devem ser feitos. Essa decisão deve ser tomada pelo mercado.

De acordo. Faltou apenas referir o papel do crédito neste processo algo complexo de evolução para as novas formas de produção de energia.
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5. O futuro é incerto.
A minha tia Hermínia é da mesma opinião.
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“O custo das energias alternativas está a descrescer continuamente. Isto implica que existe uma grande vantagem em adiar determinados investimentos.”
Pela mesma ordem de ideias, nunca ninguém compraria um computador. Nem nunca ninguém, em tempos idos, compraria um telemóvel.
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“O capital investido em energias alternativas fica indisponível para investimentos mais rentáveis.”
Mais rentáveis agora, mas possivelmente menos rentáveis no futuro. Se investirmos agora em, digamos, centrais elétricas a carvão, ficaremos sem capital disponível para no futuro investirmos em, digamos, centrais elétricas a energia geotérmica – que daqui a alguns anos poderão ser muito mais rentáveis.
A seguir à Segunda Guerra Mundial, os ingleses ocuparam o Ruhr e roubaram das fábricas de lá uma data de maquinaria. Isso foi a curto prazo ótimo para a Inglaterra, mas a longo prazo foi ótimo para a Alemanha. Os alemães, desprovidos das máquinas antigas, aproveitaram para equipar as suas fábricas com novas máquinas, muito mais eficientes.
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“O mercado tem meios para viabilizar projectos que inicialmente dão prejuízo mas no futuro poderão dar lucro.”
Em alguns países esses meios existem, de facto. Em Portugal, não.
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««Pela mesma ordem de ideias, nunca ninguém compraria um computador. »»
Como é que consegue tirar essa conclusão do texto que citou?
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««Em alguns países esses meios existem, de facto. Em Portugal, não.»»
Não? Já ouviu falar dos bancos?
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««Mais rentáveis agora, mas possivelmente menos rentáveis no futuro. Se investirmos agora em, digamos, centrais elétricas a carvão, ficaremos sem capital disponível para no futuro investirmos em, digamos, centrais elétricas a energia geotérmica – que daqui a alguns anos poderão ser muito mais rentáveis.»»
O mercado de capitais está aí para decidir qual é a melhor alocação do capital. Se o mercado entende remunerar o investimento em X acima das energias alternativas, então o investimento em X é melhor. Quando o mercado avalia o investimento em X não faz uma avaliação de curto prazo. Faz uma avaliação global do projecto.
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««A seguir à Segunda Guerra Mundial, os ingleses ocuparam o Ruhr e roubaram das fábricas de lá uma data de maquinaria. Isso foi a curto prazo ótimo para a Inglaterra, mas a longo prazo foi ótimo para a Alemanha. Os alemães, desprovidos das máquinas antigas, aproveitaram para equipar as suas fábricas com novas máquinas, muito mais eficientes.»»
Isso quanto muito prova que o governo inglês não tinha grande jeito para avaliar investimentos.
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Uma avaliação pode recorrer a muitos tipos de informação e valorizar de diversas formas os parâmetros de uma decisão de investir. Mas há sempre um risco, como no crédito…
Acrescento que, na aquisição de electro-domésticos mais caros e sofisticados, aguardei por vezes algum tempo mais até que o respectivo preço baixasse e ganhei com isso.
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O Miranda também deve achar que sejam quais for as circunstancias o “mercado” terá sempre solução.
Possivelmente se milhões de vidas humanas se perderem devido a uma verdadeira crise energética (isto agora são peanuts) o JoaoMiranda achará tudo normal que é apenas o “mercado” a ajustar-se.
E a lógica do Luís Lavoura é simples: porque é que vou investir em computadores agora quando daqui a 6 meses já melhor e mais barato?
Percebe, seu grande Miranda!
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Realmente é muito dificil não dar de comer a este troll.
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Uma grande empresa quando toma as suas decisões de substituição do parque informático com base na análise custo/benefício. Só substitui quando a substituição é lucrativa. Em alguns casos tem vantagem em adiar a substituição até que os novos preços tornem a substituição lucrativa. Se não seguissem esta estratégia, mudariam de computadores de cada vez que saísse um novo modelo.
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Este Miranda é o novo descendente do Monsieur de La Palisse. As suas conclusões são tipo ” se o meu avô não morresse, ainda hoje era vivo”. O Miranda gere alguma coisinha de seu? Se sim, sabe que os investimentos necessários têm prazo para ser feitos. Portanto não podemos estar à espera da última moda. O atrazo num investimento chave pode ser catastrófico para uma empresa.
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Ensurdecedor, o silêncio dos sócios dos batoteiros.
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“Isso quanto muito prova que o governo inglês não tinha grande jeito para avaliar investimentos”.
O mesmo se passa com o capitalismo “português”. É isso que justifica tanto subsídio. É como na história do pau e da cenoura. Para já, os governos têm optado pela cenoura…
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No caso das energias alternativas o adiamento do investimento é ainda mais racional porque o investimento aos preços actuais dá prejuízo. Todas as previsões apontam para que no futuro o custo das energias alternativas torne viável investimentos que actualmente são inviáveis.
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Jm, cuidado, está a cutucar a onça com vara curta.
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“O atraso num investimento chave pode ser catastrófico para uma empresa.”
Quase tanto como o investimento precipitado e infundado…
“Possivelmente se milhões de vidas humanas se perderem devido a uma verdadeira crise energética (isto agora são peanuts) o JoaoMiranda achará tudo normal que é apenas o “mercado” a ajustar-se.”
E não é?
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Desde que a vida H. Ramos seja uma delas, por mim tudo bem.
Seu grande miranda!
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Por exemplo, no caso da indústria automovél Europeia e Japonesa em geral, onde é que estariam actualmente se não tievessem sido subsidiadas de várias formas ao longo dos últimos 50 anos? As respectivos sociedades estariam melhor ou pior actualmente?
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“O Estado é habitualmente um mau avaliador de risco. Não lhe deve ser confiada a tarefa de decidir que investimentos devem ser feitos.Essa decisão deve ser tomada pelo mercado.”
Quando é o Estado a pagar, como no caso de autoestradas p.e., deve ser o Estado a decidir.
Tal como já foi dito há muitas industrias que hoje são lucrativas mas que no passado foram subsidiadas.
Se estivermos à espera que o mercado faça boas avaliações ainda acabamos como aqueles bancos americanos que faliram.
Nesse caso aplicou-se outra lei do mercado, “quando há lucros eles são privados, quando há prejuízos eles passam para o público”.
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Á medida que o carro eléctrico se aproxima o JM treme.
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O mercado, essa semi-divindade…
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Haverá alguém que acredite que o mercado não regulado (puro e duro) seria uma boa solução para resolver os problemas da economia?
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Aplicando a filosofia do mercado não regulado ao boxe chegariamos a uma bela conclusão: em vez dos atletas se preparem, competindo em níveis de dificuldade crescente, seriam expostos no dia 0 aos profissionais seniores e seriam desfeitos no primeiro round do primeiro combate.
O nível do boxe desceria ao nível da arruaça.
Um campeão dos dias de hoje (mercado regulado) é mil vezes mais competitivo do que o melhor desse mundo hipotético.
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No caso das centrais eólicas, que conheço menos mal, o negócio para os investores é óptimo:
Primeiro, porque a compra da energia produzida está garantida (em quantidade e preço); depois, porque sabem, com antecedência e com erro baixíssimo (pois há medições prévias, durante largos meses), quanta potência será fornecida à rede.
Depois de feitas as contas (que não são difíceis), chega-se à conclusão que o retorno do investimento é extremamente rápido. Aliás, se não for o caso, a central não é feita; ou, no caso pior, muda de local, pois as torres são simplesmente aparafusadas.
O facto de os consumidores pagarem, na sua factura da electricidade, uma verba para ajudar esse negócio é que me parece preocupante.
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A solução para esse problema está na abertura do mercado de electricidade. Porque quem paga a conta da electricidade é sempre o consumidor da mesma. Aqui e na “China”.
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