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Mau Sucesso *

19 Agosto, 2008
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Lembro-me de ir ao Mercado do Bom Sucesso pela mão de minha Mãe, de sentir a abundância dos odores, do fresco das hortaliças aos arrepios com o cheiro molhado e penoso do peixe. Cresci e nunca mais lá fui. Nem conheço ninguém que lá faça compras.
O Bom Sucesso, dizem, foi sucumbindo pouco a pouco, prensado entre centros comerciais e a apatia da Câmara. Agora, a ASAE quer encerrar a venda de peixe – talvez algum inspector lá tenha ido quando menino, também.
A Câmara protesta, mas nada fez para parar esta agonia anunciada. Convenhamos que não deve existir exemplo mais anacrónico e desfasado da missão estratégica de uma autarquia do que a gestão de um espaço de venda de víveres. Mas não é isso que está aqui em causa: como sempre, a questão é a construção.

* Correio da Manhã, 18.VIII.2008

15 comentários leave one →
  1. Curiosamente permalink
    19 Agosto, 2008 00:49

    “Convenhamos que não deve existir exemplo mais anacrónico e desfasado da missão estratégica de uma autarquia do que a gestão de um espaço de venda de víveres.”

    Não é o que consta, quando se fala dos aumentos dos preços dos alimentos.
    E da falta de empregos (ou empreendorismo, neste caso agricula e vende de agricultura).
    É um erro pensar que um centro cultural é mais importante que vivéres.
    Perguntem aos gajos da Georgia.
    Mas percebi, penso, onde queria chegar.

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  2. Zenóbio permalink
    19 Agosto, 2008 01:44

    Concluindo: o CAA gosta de bifes e Rui Rio de comissões.

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  3. 19 Agosto, 2008 01:55

    A questão nem é da falta de qualidade do peixe lá vendido. É mesmo das instalações, que já não oferecem condições mínimas para o efeito.
    Desleixo da autarquia.
    As peixeiras vão voltar a vender o peixe na rua, em canastras.
    E a ASAE a correr atrás delas.

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  4. Manuel Moreira da Silva permalink
    19 Agosto, 2008 04:09

    É mais um que se quer acrescentar à vala comum de edifícios e instituições do Porto que este executivo tem vindo a encher: Freixo, Culturporto, Bolhão, Pav. Rosa Mota, FDZHP, CRUARB, etc.

    Concordo consigo que a questão principal a vigiar aqui (porque se trata de património público) é o destino que se vai dar ao edifício, que compensação recebem os portuenses e como se vai estruturar todo este processo (porque se tomarmos os exemplos supracitados a opacidade é uma constante e tem dado maus resultados) MAS tenho que discordar quando considera o “exemplo mais anacrónico e desfasado da missão estratégica de uma autarquia (…) a gestão de um espaço de venda de víveres” porque julgo tratar-se de um sector da economia que necessita de intervenção pública para sobreviver e cuja extinção destruiria equilíbrios importantes nas comunidades peri-urbanas do Norte – principalmente depois da desregulação que começou no fim dos anos 80 com a autorização de demasiados hipermercados em tudo quanto é cruzamento de auto-estrada.
    Por princípio concordo consigo que o Estado (e a autarquia neste caso) não se devem sobrepor aos equilíbrios do mercado, mas neste caso (em que se trata de um equipamento estruturante – que até foi construído numa época em que parecia haver uma visão supramunicipal do planeamento do território, incomparávelmente maior do que a que existe actualmente, em que as autarquias do Porto e de Gaia nem se conseguem entender quanto às pontes a construir e sucedem-se em apresentações confrangedoras), deixar o mercado regular o equilíbrio resultaria (quase inevitavelmente) na destruição deste tipo de serviços (que é o que a CMP está a permitir por incúria). Outras cidades escolheram manter e desenvolver este tipo de programas, caso p.e. de Barcelona, onde há mais de uma dezena de mercados de frescos de propriedade municipal (um deles acabou de ser construído enquanto lá morava, em 2004 – O mercado de Santa Caterina) e regular com juízo a localização dos centros comerciais e dos hipermercados, mantendo a coesão territorial da cidade. Por cá, ainda há uns meses abriu um centro comercial junto à maior rua comercial do Porto (junto a outro centro comercial existente…).

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  5. 19 Agosto, 2008 10:08

    Carlos

    Só para tentar entender-te, o Rui Rio quer construir torres no Mercado do Bom Sucesso?

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  6. Doe, J permalink
    19 Agosto, 2008 12:11

    Mais uma grande vitória do governo em nome do povo e contra os lucros especulativos do capitalismo sem alma! Avante camarada Socrates! Vida o Querido Líder! \o/

    “As autarquias estão a cobrar uma quota de “disponibilidade” aos utentes na factura da água depois de o Governo ter proibido a cobrança de qualquer taxa de aluguer dos contadores da luz, água e gás. Os valores exigidos são superiores aos cobrados a título de aluguer. A Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) fala “numa coincidência” e garante que se trata de uma tarifa “justa”.

    http://www.correiomanha.pt/noticia.aspx?contentid=C90E9871-E5B4-44FB-A556-4AA3683BDBF3&channelid=00000011-0000-0000-0000-000000000011

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  7. 19 Agosto, 2008 13:46

    Eis um exemplo acabado de prosa inútil (ainda por cima, mal escrita, como é costume), cujo único objectivo é garantir o rendimento mensal do autor.
    Não se percebe como é que o “Correio da Manhã” dissipa dinheiro com gente desta, que não tem nada para dizer e, pior ainda, não sabe dizer o que pretende.

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  8. Anónimo permalink
    19 Agosto, 2008 15:13

    E, pior ainda, o que pretende dizer é ainda pior que aquilo que diz.

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  9. José Manuel permalink
    19 Agosto, 2008 15:19

    A garantia do abastecimento das cidades foi, desde sempre, uma das atribuições mais importantes dos municípios. Ainda continua a ser em toda a Europa.
    É evidente que o Bom Sucesso precisa de obras e de modernização. A CM do Porto é a responsável pela degradação do Bom Sucesso e do Bolhão. E não é só a questão das obras nos edifícios. Se eu quiser alugar uma banca no Bom Sucesso não posso, porque desde há muito tempo que a CMP não atribui licenças a novos vendedores e quem abandona a banca (por via da reforma ou outro motivo) não é substituído por ninguém, mesmo que haja vários interessados. Assim cada vez há menos vendedores, não há renovação geracional e o mercado vai ficando cada vez mais vazio. Logo os consumidores são cada vez menos atraídos ao mercado do Bom Sucesso. O mesmo acontece no Bolhão.
    Sem renovação geracional também não haverá modernização do mercado.
    É esta polítia da CM do Porto que é necessário inverter, porque senão continuaremos no caminho na decadência e degradação.

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  10. 19 Agosto, 2008 15:25

    JCD,

    «Só para tentar entender-te, o Rui Rio quer construir torres no Mercado do Bom Sucesso?»

    Há quem queira. E o RRio vai permitir. Tal como na Quinta da China. E nas instalações do Sport.
    Precisa do apoio das construtoras para as cavalgadas que se avizinham.

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  11. 19 Agosto, 2008 16:11

    O Mercado do Bom Sucesso é um cancro no meio da cidade; ninguém lá vai, está a cair aos bocados. Se alguém estiver interessado em fazer daquele edifício algo de mais válido para a cidade, ainda bem, fechem com aquilo e abram lá outra coisa qualquer. Deve, aliás, ser difícil fazer algo pior do que o vizinho edifício do Cidade do Porto, o maior marramacho que já se viu construído.

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  12. José Manuel permalink
    19 Agosto, 2008 16:40

    “Rui Rio quer construir torres no Mercado do Bom Sucesso”

    O edifício do Bom Sucesso é uma obra-prima da arquitectura modernista da nossa cidade, da autoria da do grupo de arquitectos ARS. Se querem deitar alguma coisa abaixo que actuem no centro comercial ao lado que, por acaso, até tem uma ordem do tribunal para a sua demolição.

    Já chega de atentados ao património da nossa cidade perpetrados por Rui Rio.

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  13. Anónimo permalink
    19 Agosto, 2008 22:19

    “Se querem deitar alguma coisa abaixo que actuem no centro comercial ao lado que, por acaso, até tem uma ordem do tribunal para a sua demolição.”

    E podem continuar pela Casa da Música, Edifício Transparente, Casa dos 24…
    Mãos à obra, e que não lhes doam as mãos!

    Mas também estou completamente de acordo com a Curiosamente:
    “É um erro pensar que um centro cultural é mais importante que víveres.”
    Esta acerta em cheio no CAA, que se fartou de bramar contra “a fraca acção cultural” da Câmara do Porto, e se fartou de berrar aquando da entrega da gestão da Rivoli!

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  14. 19 Agosto, 2008 23:33

    Não Carlos.

    O inspector que fez isto de certeza que não foi a nenhum mercado quando era pequenino.
    Com certeza que já é da geração “centro comercial asséptico Belmiro de Azevedo”.

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