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20 Agosto, 2008
No Público (sem linque), o artigo de opinião de António Borges, sobre o Aeroporto Francisco Sá Carneiro.
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No Público (sem linque), o artigo de opinião de António Borges, sobre o Aeroporto Francisco Sá Carneiro.
O futuro do Aeroporto Sá Carneiro
António Borges – 2008.08.20
Veio recentemente a público a proposta de um grupo económico português – a Sonae – de gestão privada do Aeroporto Francisco Sá Carneiro. Com alguns parceiros portugueses e estrangeiros, a Sonae propõe-se tomar conta do aeroporto do Porto e gerir aquela infra-estrutura com o objectivo de melhor rentabilizar o investimento que está feito e de a colocar ao serviço do desenvolvimento do Norte do país. Como era previsível, o Governo publicou imediatamamente um “estudo” que pretende demonstrar, com argumentos tristemente caricatos, a falta de lógica da proposta da Sonae.
Este episódio é bem revelador da forma pouco séria como o Governo encara a participação da iniciativa privada no desenvolvimento económico português. Para um Governo com tantas dificuldades financeiras, com tantos problemas complexos e decisivos entre mãos, confrontado com uma tão grande dificuldade em estimular o investimento privado e em dinamizar a iniciativa empresarial, a proposta de uma entidade credível e sempre empenhada em promover o desenvolvimento do Norte do país deveria ser levada muito a sério. Nada disso. O Governo optou por encomendar um “estudo técnico” que, pela sua pobreza e evidente enviesamento ideológico, não merece nenhuma respeitabilidade, para excluir qualquer hipótese sequer de negociação.
O Aeroporto Sá Carneiro é um bom exemplo dos muitos erros que vêm sendo cometidos no país e que tanto inviabilizam o desenvolvimento económico. É, como muitos outros, um projecto megalómano, com um custo elevadíssimo, e que está hoje em dia muito desaproveitado. Será muito difícil que alguma vez se recupere o capital que foi investido. E mesmo do ponto de vista operacional o aeroporto foi concebido em termos que implicam custos muito elevados. Não é admissível que, em pleno século XXI, se construa um aeroporto que nunca respeitaria as regras ambientais que hoje se consideram imprescindíveis no que respeita à eficiência energética dos edifícios. Para além disso, qualquer utilizador do aeroporto rapidamente se dá conta da manifesta subutilização de uma infra-estrutura cara, que, como muitas outras, não tem tráfego que justifique tamanho investimento.
Perante este cenário, a proposta de uma entidade privada de se ocupar da gestão do aeroporto, optimizar a sua operação, estimular o tráfego e rentabilizar ao máximo o investimento que foi feito deveria ser levada muito a sério. Seria menos um problema para o Estado e, provavelmente, uma melhor probabilidade de sucesso.
O Governo exclui liminarmente essa possibilidade. Dos muitos argumentos caricatos que apresenta, o que merece mais atenção é o do preço. Diz o Governo que a proposta dos privados não permite recuperar o investimento, se os pagamentos futuros forem actualizados a uma taxa de desconto superior a 10%, que é a que o Governo considera acertada. O que é particularmente chocante neste argumento é que nehnhum dos muitos projectos que o Governo se propõe levar a cabo – Aeroporto de Lisboa, TGV, auto-estradas pelo país fora, investimentos no Porto de Lisboa e tudo o mais que aí vem – teria a mais pequena hipótese de resistir a esse teste. Nunca nenhum desses projectos seria viável se o Governo aplicasse uma exigência de rentabilidade superior a 10% do capital investido. É, aliás, duvidoso que algum deles tenha uma taxa de rentabilidade sequer superior a zero, o que só não pode ser demonstrado porque o Governo continua a não disponibilizar os elementos que permitiriam ao país calcular a relação custo-benefício de tudo o que está em vias de se concretizar.
O que está em causa na possível privatização da gestão do aeroporto do Porto é uma questão de opção por um modelo centralizado, de monopólio total, sempre nas mãos do Estado, versus uma abordagem que contemple alguma concorrência, em que a iniciativa privada pudesse pôr as suas competências ao serviço do país, e em que a gestão de cada aeroporto pudesse ser comparada com a dos outros, numa sã competição que permitisse definir bons standards de operação. É evidente que o dirigismo centralizador do actual Governo não contempla nem tolera a ideia de concorrência, nem vê mérito no aproveitamento de uma proposta privada para melhorar a eficiência global dos aeroportos portugueses.
O preço que a Sonae propõe pela privatização pode muito bem não cobrir o investimento. Não compete aos privados compensar os erros cometidos pelas entidades públicas. A única forma correcta de se encontrar o preço justo de uma concessão como esta é lançar um concurso internacional e ver quem está disposto a pagar melhor. Em qualquer caso, o termo de comparação é o valor actual – descontado à tal taxa de mais de 10% que o Governo entende aplicar – dos cash flows futuros que a ANA espera obter com a exploração do Aeroporto Sá Carneiro. É bem possível que esse valor seja muito inferior ao que os privados se propõem pagar.
Vice-presidente do PSD
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“É, como muitos outros, um projecto megalómano, com um custo elevadíssimo, e que está hoje em dia muito desaproveitado. ”
A sério? Aquela coisa é megalómana? Xiça.. um aeroporto tao pequerrucho. Bolas.
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Parece o aeroporto de santander, com muito mais cimento, que grupistas da treta.
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No Aeroporto Sá Carneiro uma pessoa farta-se de andar para chegar onde quer que seja. Talvez a intenção seja mesmo essa: submeter o povo ao exercício físico para obter melhores resultados nos próximos JOlímpicos.
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Mais uma obra megalómana? Só mais uma? Que diferença faz das outras? Mas há crise?
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É óbvio que o Estado não pode entregar a gestão desse aeroporto a privados. Isso retiraria ao Estado o trunfo político de fazer nomeações para lugares no dito aeroporto.
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Porque relembrar é preciso…
http://www.youtube.com/watch?v=3qR3yaKhHDE
http://www.youtube.com/watch?v=XK4Xn0nWNXA
http://www.youtube.com/watch?v=KScqifRlyko
http://www.youtube.com/watch?v=m-NexqNEmY8
http://www.youtube.com/watch?v=Q_UvcCMVdWs
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Não esperem do PS o que ele não pode nem quer dar: a liberalização da economia,a descentralização administrativa e financeira…
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O presidente do psd está a defender os privados querendo vender barato o aeroporto a privados. Parece lógico?
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Penso que a gestão do Aeroporto Sá Carneiro está a ser feita pela A.N.A. Assim sendo, e segundo as diversas fontes, o que o governo pretende é entregar a privatização da ANA ao consórcio que venha a construir o novo aeroporto internacional, minimizando, assim, a participação do Estado no custo total dessa infra-estrutura, até porque a ANA é uma empresa altamente rentável.
Quando António Borges fala na «opção (do governo) por um modelo centralizado, de monopólio total, sempre nas mãos do Estado», não está a ser honesto. Não somos propriamente um país rico que possa desperdiçar recursos beneficiando em primeira mão entidades privadas específicas, em desfavor de uma estratégia de investimento público que nos remete para a obtenção de mais- valias do ponto de vista da gestão de estruturas à escala nacional.
De qualquer modo, e sempre que a Sonae está envolvida, o melhor é mesmo lançar um concurso internacional. Neste particular, concordo, se bem que por razões diferentes.
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Borges está desesperado pelo regresso das privatizações. Quando estava no “Saca-o-Ouro-do-Homem” (Goldmansacks) foi uma fartura.
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Anónimo Diz:
(O presidente do psd está a defender os privados querendo vender barato o aeroporto a privados. Parece lógico?)
É completamente ilógico. Mas que ideia mais patusca essa de vender o aeroporto a privados e impedir os “sujeitos passivos” de o continuarem a sustentar. Shame on him! 🙂
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Os argumentos para a não aceitação da proposta não podem ser baseados num estudo encomendado e o governo tem que decidir se quer continuar a perder dinheiro e a prestar um mau serviço, ou concessioná-lo a uma entidade mais credenciada que, além do mais, ainda se propõe dinamizá-la.
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“O presidente do psd está a defender os privados querendo vender barato o aeroporto a privados. Parece lógico?”
De acordo com o estudo encomentdado pela ANA, o ASC dá prejuízo e não é viavél sem Lisboa e Faro. Ou seja, o ASC é um empecilho para o país, um buraco… logo se o governo vender o aeroporto, recupera uma parte do investimento e deixa de ter que pagar o prejuízo anual. Perante isto, acho que qualquer um estaria mortinho por se ver livre do ASC…
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“Os argumentos para a não aceitação da proposta não podem ser baseados num estudo encomendado”
E devem ser baseados em que? Em opinioes? Em soundbytes e palpites? No estudo de quem quer comprar o aeroporto?
Tem de se basear em alguma coisa. É o dinheiro dos portugueses que stá ali investido.Tem de fazer bom negócio e nao vender ao desbarato.
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“Tem de se basear em alguma coisa. É o dinheiro dos portugueses que stá ali investido.Tem de fazer bom negócio e nao vender ao desbarato.”
Um concurso público?
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O artigo é muito bom.
Mas duvido que se fosse o PSD a estar no Governo – sobretudo este PSD a cuja liderança o Dr. António Borges pertence – a solução dos poderes públicos fosse diferente. Aliás, considero esta versão do PSD bem mais intervencionista e centralista do que o PS de Sócrates.
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“Tem de fazer bom negócio e nao vender ao desbarato.”
Livrar-se de um “prejuízo” e ainda receber dinheiro por cima é um mau negócio? Em que realidade alternativa acontece tal coisa (exceptuando a Twilight Zone aka Sector Empresarial do Estado Português) 😉
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Já não sei o que mais admiro. Se o fantástico artigo, se os comentários:
Então o Aeroporto SC dá prejuizo?
E a Sonae, essa benemérita, quer ficar com ele e pagar ao Estado uma renda?
E a rentabilidade da Sonae vem donde?
Talvez faça um nº de despedimento de pessoal ou uma habilidade contabilistica ou talvez aumente mesmo os custos da referida exploração até ao limite do inaceitável. Tudo naturalmente devidamente protegido por um contrato daqueles que a Sonae dá aos fornecedores para assinarem: Ou assinas ou morres! e se assinas, morres na mesma!
E, claro, o governo, esses malandros, deviam estar sempre, de atalaia, à espera de uma proposta da Sonae para ficar com o que resta do País e agradecer-lhes muitíssimo, venerandos e obrigados, por tudo quanto têm feito pelo País…
MFerrer
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Esse ABorges é um número.
Com propostas destas o País vai avançar decididamente para além do precipício.
É só inside trading. Só golpadas.
Qual fazer propostas para investimento, qual quê!
Ou investir em Investigação e desenvolvimento Isso nada!
O que é bom mesmo, é a especulação imobiliária ( Troia ) a destribuição (Modelos e Continentes), sem atender à produção nacional ou às empresas portuguesas.
E jogar muito na Bolsa. Especialmente se for com o dinheiro dos pequenos investidores, que são sempre enganados em Portugal.
Com este PSD o País vai mesmo para o buraco!
Votem neles , carago!
MFerrer
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Aliás, considero esta versão do PSD bem mais intervencionista e centralista do que o PS de Sócrates.
E que versão do PSD seria menos intervencionista e centralista? A de Menezes? A de Santana? Apenas a de Passos Coelho poderia, a fazer fé no seu “programa” (e para onde isso nos pode levar…) assumir esse carácter.
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Mas quem é baptizou o aeroporto ?
Então o sujeito não morreu num desastre de avião ?
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“Então o Aeroporto SC dá prejuizo?
E a Sonae, essa benemérita, quer ficar com ele e pagar ao Estado uma renda?
E a rentabilidade da Sonae vem donde?”
Quem o diz, é o excerto do estudo pelo qual a entidade pública se rege.
É preciso ser um país (região) muito pobre, para um aeroporto que serve (ou deveria servir) tanta gente, não ser viavél! Por aí se vê o desenvolvimento da região.
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Concordo com a privatização do S´Carneiro a uma entidade que não a ANA para que o aeroporto melhor possa servir a região norte e os seus habitantes. E acho que a ACP e a Sonae seriam bons parceiros para esse projecto.
Mas o teor do artigo faz lembrar um parecer jurídico de um advogado a defender a posição do seu cliente. Ou o contraponto do tal estudo que diz que o Sá Carneiro não é viável se gerido independentemente. Ou seja, cheira a encomenda da Sonae, publicado no jornal da Sonae.
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