O calado é o melhor?*
O provérbio diz que sim. Como é claro existe sempre um provérbio para contrariar o que se acabou de proferir mas, para já, Manuela Ferreira Leite ganhou ao manter-se tanto tempo em silêncio. Aliás a actual líder do PSD deve estar especialmente agradecida aos seus inimigos e rivais (na concepção churchilliana destes termos, segundo a qual os inimigos estão no seu próprio partido e os rivais nas bancadas contrárias) pois fizeram-lhe o extraordinário favor de se apresentarem perante a opinião pública pendentes das suas palavras, contribuindo assim para a criação dum ambiente de expectativa em torno do discurso que proferiu este fim-de-semana na universidade Verão, do PSD.
Conseguir marcar junto duma população muita mais alargada que o seu eleitorado que apenas fala quando quer e gere o tempo como entende é uma vantagem nada irrelevante para quem faz política. Sobretudo quando se está na oposição. Digamos que conseguir isto, significa colocar-se ao nível de quem está no poder e naturalmente consegue – ou devia conseguir – marcar o ritmo dos acontecimentos. (Isto nem sempre é verdade mas é evidente que Sócrates o consegue e Santana Lopes não.) Ao conseguir demarcar-se da restante oposição e criar a sua própria agenda, Manuela Ferreira Leite talvez não tenha ganho votos mas ganhou certamente estatuto.
Como todas as estratégias, também esta comporta riscos: se nos momentos em que fala – e para os quais consegue criar um carácter de excepcionalidade – não diz o suficiente para compensar o tempo de espera é óbvio que Manuela Ferreira Leite pode acabar a ver esvaziar-se o balão de efeito que criara. Assim, e ao contrário do que acontece com outros líderes que perdem visibilidade quando e se estão calados, Manuela Ferreira Leite pode sim fragilizar-se nos momentos em que fala. Daí a insistente reivindicação para que fale vinda sobretudo daqueles que no PSD não a apoiam e até da restante oposição e do próprio Governo.
É cedo para avaliar a eficácia do discurso de Manuela Ferreira Leite e a consistência das suas propostas mas para já ela conseguiu controlar o tempo e o momento das suas intervenções. E recusa ser apenas mais uma voz a comentar no jornal da noite o que o governo fez nesse dia.
*PÚBLICO, 9 de Setembro

Muito interessante e significativo: de amigos meus do PS (alguns com “responsabilidades” no partido), ouvi bastantes vezes aquando da campanha eleitoral para as legislativas, a opinião e nalguns casos a estratégia, de “quanto menos Sócrates prometer e falar, melhor”…
O caso de Manuela Ferreira Leite é bem diferente. Em determinados momentos e perante certas “matérias”, o silêncio é mesmo o melhor discurso e acertada presença….
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Já não há pachorra, amigos. Ouçam o Paulinho Pedroso…
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Se a coisa vai provérbios, tome lá este:
Galinha cantadeira é pouco poedeira.
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“Quem canta seus males espanta” — E o “Menino de Ouro” canta muito…
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Quem cala consente, diz-se. E também quem pouco fala tem muito a esconder, dizem os precavidos. E a melhor e mais sábia:”guarda-te do homem que não fala e do cão que não ladra.”
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O Paulinho P.mal abocanhou os 130000 dados pela amiga Amélia já fala como P.M. e Secretário-Geral do P.S.Agora até quer o Bloco Central.Será que pretende ser o novo vice-primeiro ministro de MFL?E em 2009 será eleito por que circulo?Talvez Portalegre seja o mais adequado.Sempre começa por P.
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Ouvi na TSF excertos de uma entrevista do ressuscitado Pedroso.
Está, pelos vistos, apostado em fazer ver que existe. Tanto pior para o Sócrates, que se apressou em pôr-lhe a mão por baixo…
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Ditado Português:
Ovelha que berra, bocado que perde!
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Paulo Pedroso é livre para dizer o que quiser.
“Estranho”, é que no momento em que volta à política activa (ele não estava numa missão europeia qualquer algures na Roménia ?), peça uma maioria absoluta para 2009 ou… proponha uma coligação com o PPD….
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«” Quem cala consente,”».
Não concordo consigo Helena, porque entendo que está na hora de haver alguém com coragem para mudar a maneira de fazer política.
Esta maneira hipócrita de estratégias de silêncio ou estratégias de convencimentos das corporações para convencer o povo não leva a nada. Convence acéfalos mas nem sempre.
O direito da oposição é para fazer oposição diferente e de outra maneira.
Porque é que não se colocam os temas que o país necessita? Nomeadamente a reestruturação da democracia.
Reformulação dos partidos.
Reformulação da representação parlamentar.
Regionalização.
”Artigo 1.º
Direito de oposição
É assegurado às minorias o direito de constituir e exercer uma oposição democrática ao Governo e aos órgãos executivos das regiões autónomas e das autarquias locais de natureza representativa, nos termos da Constituição e da lei.
Artigo 2.º
Conteúdo
1 – Entende-se por oposição a actividade de acompanhamento, fiscalização e crítica das orientações políticas do Governo ou dos órgãos executivos das regiões autónomas e das autarquias locais de natureza representativa.
2 – O direito de oposição integra os direitos, poderes e prerrogativas previstos na Constituição e na lei.
3 – Os partidos políticos representados na Assembleia da República, nas assembleias legislativas regionais ou em quaisquer outras assembleias designadas por eleição directa relativamente aos correspondentes executivos de que não façam parte, exercem ainda o seu direito de oposição através dos direitos, poderes e prerrogativas concedidos pela Constituição, pela lei ou pelo respectivo regimento interno aos seus deputados e representações.”
Lei 24/98 – 26 Maio
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Quem muito fala , pouco acerta.
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É isso mesmo Helena, existem pessoas como este comentador J que ainda não perceberam o que está em causa. Quem escutou Menezes há dois dias na SIC notícias ficou esclarecido.
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