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O novo eixo do mal*: Bahamas, Aruba e Ilhas Cook

19 Outubro, 2008

Se a crise financeira levasse à eliminação dos paraísos fiscais, era caso para dizer: bendita crise! Sempre há males que vêm por bem? Vital Moreira

Existem territórios onde os impostos são elevados. Estes localizam-se na sua maior parte naquilo que poderíamos designar pelo núcleo original do desenvolvimento económico mundial: Norte da Europa Ocidental e Estados Unidos. Depois existem outros territórios onde os impostos são muito baixos. Estes locais são na sua maior parte pequenas ilhas ultraperíféricas sem recursos nem massa crítica. Vital Moreira não gosta das opções fiscais de um destes dois grupos de territórios. Dado que a União Europeia e os Estados Unidos não podem fazer nada contra a soberania dos territórios ultraperiféricos (talvez uma invasão?), alguns dos quais com ligações a países europeus, suponho que a solução seja a sua asfixia através de barreiras aos fluxos de capitais. Não faltarão, porém, países com peso, autonomia e interesse em aproveitar os fluxos de capitais provenientes destes territórios. Por exemplo, a China, a Índia, os países árabes, a Rússia ou Angola. Se o objectivo do plano é apressar a decadência do Ocidente, creio que vai resultar. Mas a questão que eu queria levantar é outra: de entre os países que cobram impostos elevados e os que cobram impostos baixos, porque é que a superioridade moral haveria de caber aos primeiros e não aos segundos? Porque é que é moral tirar o rendimento a quem trabalha e é imoral não o tirar? Por outro lado, suponho que Vital Moreira já tenha na manga um pacote de ajudas da União Europeia ao territórios ultraperiféricos que entrarão em declínio com o fim dos paraísos fiscais. Para isso, claro, será necessário um aumento de impostos, que de qualquer das formas seria inevitável, já que a consequência lógica da redução da concorrência fiscal é o aumento geral dos impostos.

*Há algo de profundamente errado quando se chega à conclusão que meia dúzia de pequenas ilhas das Caraíbas são uma grande ameaça a super-estados de dimensão continental.

13 comentários leave one →
  1. jcd's avatar
    19 Outubro, 2008 07:32

    Quando se fala de fiscalidade, há muitas pessoas que preferem os infernos aos paraísos.

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  2. bis coitus interruptus's avatar
    bis coitus interruptus permalink
    19 Outubro, 2008 07:47

    faz-me lembrar um colega do meu tempo de coimbra conhecido pela alcunha de «monofádico»: cantava sempre o mesmo

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  3. A.Teixeira's avatar
    19 Outubro, 2008 11:20

    Parece-me que Vital se referiu sobretudo à eliminação dos paraísos fiscais – embora sem explicar que normas de direito internacional era preciso trucidar, mas isso é Vital Moreira em todo o seu explendor…

    Agora o meu destaque vai inteirinho para a imaginação da resposta de João Miranda que o levou a uma prosa sentida (“…a sua asfixia através de barreiras aos fluxos de capitais”), que nos soa a quase ecológica no seu catastrofismo, lamentando a ameaça aos “ecosistemas” financeiros que fazem aquelas pequenas ilhas sobreviver…

    Não há dúvida que isto de descobrir assim que o João Miranda, pelo seu radicalismo e para outras causas “verdes”, é também, à sua maneira, um “Verdeufémio” tem a sua piada…

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  4. lucklucky's avatar
    lucklucky permalink
    19 Outubro, 2008 11:55

    Vital Moreira quer destruir a concorrência entre Estados, algo essencial para o desenvolvimento, aumento de riqueza e liberdade das pessoas, escolheu ser um Mercantilista…

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  5. Desconhecida's avatar
    Anónimo permalink
    19 Outubro, 2008 12:11

    Não é Vital Moreira. É Sarcozy, Angela Merjel, o do luxemburgo que está farto de banqueiros e enfim parece que se chatearam com a crise.

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  6. Desconhecida's avatar
    Anónimo permalink
    19 Outubro, 2008 15:40

    Não li o Vital Moreira, mas acho que esses super-estados de dimensão continental fazem muita merda usando pequenas ilhas das Caraíbas.

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  7. Desconhecida's avatar
    19 Outubro, 2008 15:54

    Esta é uma visão muito “light” do que na realidade escondem os paraísos ficais. Não é nesses locais que se encontram sediadas as tais empresas “offshore” às quais são permitidas todos os tipos de operações financeiras, c.a.d, lavagem de dinheiro, depósitos de capitais de proveniências duvidosas, quem sabe os proveitos obtidos com a recente crise provocada pela venda dos produtos tóxicos, etc., etc.

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  8. A. R's avatar
    A. R permalink
    19 Outubro, 2008 19:34

    Não há como um surto de leptospirose para termos consciência que deveremos livrar o mundo da rataria.

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  9. Desconhecida's avatar
    honni soit qui mal y pense permalink
    19 Outubro, 2008 21:05

    tb há para lá umas praias do caraças …
    no luxemburgo e suiça tb lavavam mais branco ou não ??? o lux produz o quê , para terem aqueles salários
    madeira das ardenas ????
    souvenirs da 2 guerra ???

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  10. Desconhecida's avatar
    honni soit qui mal y pense permalink
    19 Outubro, 2008 21:07

    e o liechstein ???
    o guarda redes do boavista !!!!????
    s.marino ,a F1 ????,
    e o principado produz chips de alta tecnologia ou chips de mesa de casino e putas deluxe ???

    ora , vital filho toma juizo … a Europa quanto a lavar , upa upa

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  11. Carlos III's avatar
    Carlos III permalink
    19 Outubro, 2008 21:53

    Se se informarem bem, por detrás de cada paraíso fiscal há sempre um Estado poderoso que maneja muito discretamente os cordelinhos…

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  12. Jose Simoes's avatar
    Jose Simoes permalink
    19 Outubro, 2008 23:00

    E quando um estado tiver uma constituição que proiba a extradição de qualquer cidadão estrangeiro que nela resida enquanto pagar os seus impostos locais (o imposto para estrangeiros residentes é uma taxa fixa de 1 milhão de dolares anuais)?

    Além disso esses residentes não poderão ser julgados por crimes cometidos fora do país de acolhimento. Crimes locais serão julgados pelas leis locais, nos tribunais locais, claro. Pornografia infantil, burla, trâfego de armas e de pessoas, ou outra coisa qualquer, só são crimes se aplicadas sobre a população local.

    Outros estrageiros poderam visitar o país, podendo mesmo nele trabalhar, mas sem direito a residência oficial – e sem protecção – enquanto não começarem a pagar o imposto.

    Bancos e servidores de dados com confidencialidade garantida também constitucionalmente.

    Juntem a isso boas ligações telefónicas e de dados, cujo utilizador se pode desligar completamente das ligações nacionais, um bom clima, boas praias, um aeroporto decente, costumes brandos e tropicais, e teremos realmente um paraiso não só fiscal.

    Que países vão aguentar isto?

    José Simões

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  13. JLS's avatar
    19 Outubro, 2008 23:32

    «Mas a questão que eu queria levantar é outra: de entre os países que cobram impostos elevados e os que cobram impostos baixos, porque é que a superioridade moral haveria de caber aos primeiros e não aos segundos? Porque é que é moral tirar o rendimento a quem trabalha e é imoral não o tirar?»

    Porque não é uma questão de moralidade. É uma questão de tributar os rendimentos onde eles são obtidos, neste caso.

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