Saltar para o conteúdo

Negociata?

2 Dezembro, 2008

O regulador bancário (BdP) delineou um plano de sustentação temporária do Banco Português Privado, justificando tal procedimento com um misterioso «risco de contágio».

De entre as medidas tomadas destaca-se que 6 bancos lá tiveram que dizer que sim ao Estado e emprestar 450 milhões de euros. Mediante uma garantia dos contribuintes (se os bancos não conseguirem reaver o dinheiro, pagamos todos): «A garantia prestada pelo Estado tem como contragarantia o penhor de activos do balanço do BPP no montante de cerca de 672 milhões de euros».

Mas, pergunta-se:  se existem activos no valor de 672 milhões para que é preciso a garantia do Estado? O BPP dava aquele activos em penhora e se a coisa corresse mal, os bancos ficavam a ganhar 222 milhões.
E que activos são esses? O BPP era conhecido por fazer essencialmente  investimentos no mercado de capitais. Serão esses activos participações sociais? A preços de quando, de hoje? Isso é «garantia» de quê actualmente?

38 comentários leave one →
  1. CAA's avatar
    2 Dezembro, 2008 18:18

    Uma vergonha.
    Daqui a pouco surgirá por aqui um assessor-comentador a garantir que ninguém percebe nada, que isto é só para especialistas (como ‘eles’) e que só deveria falar na questão quem anda no BdP, BPP ou quejandos…

    Gostar

  2. MJRB's avatar
    2 Dezembro, 2008 18:27

    Fantástico “consórcio”…

    Como assinala Mr.Gabriel Silva, e se “a coisa” correr mal ? — um e depois outro, ou todos estes bancos começam a “pedinchar” ajuda do Estado (dos tais 20 mil milhões de Euros) e quem paga é o povinho encantado com a propaganda do “menino de ouro”: “estamos no bom caminho !”…
    Fantástico, Zé !

    Gostar

  3. MJRB's avatar
    2 Dezembro, 2008 18:36

    Mr. Gabriel Silva,

    Por certo sabe informar-me: o Estado, ao nomear gestores (do BdPortugal e outros) tem acesso às contas e sabe quais os montantes dos depositantes nesses bancos intervencionados ?
    Por mim, estarei à-vontade, mas como este governo tem acelerada tendência para se imiscuir na vida dos cidadãos…

    Gostar

  4. MJRB's avatar
    2 Dezembro, 2008 18:38

    Ou por certo também Mr. CAA
    poderá informar-me.

    Grato.

    Gostar

  5. Luis Moreira's avatar
    Luis Moreira permalink
    2 Dezembro, 2008 18:41

    Entretanto, como a liquidez aos bancos salvadores, foi fornecida pelo Estado, temos que os “salvadores” não têm lá nada,é tudo do Estado! Reparem uma cas questões que os nossos “maiores” diziam é que é absolutamente decisivo que a liquidea seja injectada na economia,ajudando as PMEs e as famílias.O PR foi um dos que disse que é preciso estar atento.E o que vemos? As famílas Savioti,Vaz Guedes,Balsemão,Rendeiro…isto já não se pode levar a sério.
    PS,SA !!!

    Gostar

  6. Pedro Sales's avatar
    2 Dezembro, 2008 18:42

    gabriel.

    Exceptuando as obras de arte e as sedes do bancos, avaliadas em 14 milhões, os activos do banco são acções. Ora, como se pode ler na citação que escolheste, o comunicado do Banco de Portugal reconhece que os activos valiam 672 por altura do “balanço” do BPP. O problema é que, depois do tal balanço, os mercados cairam cerca de 40%. Com os EUA a anunciarem ontem que entraram em recessão, devendo ser agora seguidos pelos restantes países europeus, quem é que acredita que as acções se vão valorizar nos próximos seis meses que é a duração do plano? Por alguma razão os bancos não acreditaram nos tais “activos”. Porque razão o Governo aceitou a validade das garantias do BPP, essa é que é a questão.

    Gostar

  7. MJRB's avatar
    2 Dezembro, 2008 18:54

    Mr. Pedro Sales,

    Bem explicitada a situação.

    Gostar

  8. Desconhecida's avatar
    ourição permalink
    2 Dezembro, 2008 19:01

    O desclassificado ministro das finançaa dizia que a eventual falência do BPP não ameaçava criar um clima de desconfiança em relação ao sistema financeiro português, oferecendo escassas hipóteses de contaminar os restantes bancos que operam em Portugal, parecia poder tirar-se a conclusão de que o Governo não iria comprometer-se com uma operação de resgate, optando por deixar o problema nas mãos dos accionistas. Afinal, não era bem assim. Apenas numa semana deu o dito por não dito.
    O rumo que o caso tomou fere a credibilidade do ministro das Finanças, já perturbada por um Orçamento do Estado para 2009 construído com a base num cenário macroeconómico que não resiste ao confronto com as tendências de agravamento da conjuntura mundial expressas nas sucessivas revisões em baixa efectuadas pelo FMI ou pela OCDE. Ao deixar-se cair numa contradição tão evidente, declarando a sua convicção sobre a ausência de risco sistémico no BPP para, pouco tempo depois, se empenhar na busca de uma solução em que o Estado presta garantias, ainda que indirectas, à instituição, Teixeira dos Santos revela ter falado antes de tempo.
    (João Cândido da Silva. Os pesos do BPP).

    Gostar

  9. Desconhecida's avatar
    vitudo permalink
    2 Dezembro, 2008 19:08

    Luís XVI também deixava fazer jogadas semelhantes. O czar nicolau também, nada verdadeiramente de novo à face da imundíce.
    “In the early 1780s, France realized that it had to address the problem, and fast. First, Louis XVI appointed Charles de Calonne controller general of finances in 1783. Then, in 1786, the French government, worried about unrest should it to try to raise taxes on the peasants, yet reluctant to ask the nobles for money, approached various European banks in search of a loan. By that point, however, most of Europe knew the depth of France’s financial woes, so the country found itself with no credibility.

    Louis XVI asked Calonne to evaluate the situation and propose a solution. Charged with auditing all of the royal accounts and records, Calonne found a financial system in shambles. Independent accountants had been put in charge of various tasks regarding the acquisition and distribution of government funds, which made the tracking of such transactions very difficult. Furthermore, the arrangement had left the door wide open to corruption, enabling many of the accountants to dip into government funds for their own use. As for raising new money, the only system in place was taxation. At the time, however, taxation only applied to peasants. The nobility were tax-exempt, and the parlements would never agree to across-the-board tax increases.
    By the late 1780s, it was becoming increasingly clear that the system in place under the Old Regime in France simply could not last. It was too irresponsible and oppressed too many people”.

    Gostar

  10. -pirata-vermelho-'s avatar
    -pirata-vermelho- permalink
    2 Dezembro, 2008 19:15

    Muito bem (perguntado) !

    Cumprimentos

    Gostar

  11. MJRB's avatar
    2 Dezembro, 2008 19:31

    10,

    Se comparados, prefiro os piratas da Somália, aos piratas portugueses.
    Os somalis são meio anarcas, cristalinos no que fazem e festivos !…
    Os portugueses, são bem comportadinhos, opacos e sorumbáticos…

    Gostar

  12. Desconhecida's avatar
    ourição permalink
    2 Dezembro, 2008 19:33

    Caro MJRB, desculpe discordo, os piratas arriscam!

    Gostar

  13. Fernando's avatar
    Fernando permalink
    2 Dezembro, 2008 19:34

    Parece-me óbvio que os 662 milhões são uma ficção; já não existem. Mas é curioso que a tão aguerrida comunicação social nada diz sobre isto.

    Gostar

  14. spartakus's avatar
    2 Dezembro, 2008 19:36

    Eu não sei. Mas neste,

    Eu sou lento, para não dizer burro. Camelo, não. Mas há coisas que não consigo mesmo entender. Entendendo.


    fomos já censurados pelo Público online. Critérios, claro. Deve ser ofensivo. Mas só isso mostra que isto cheira mal…

    Gostar

  15. Desconhecida's avatar
    ourição permalink
    2 Dezembro, 2008 19:56

    À bien y regarder, il n’y a rien de nouveau. Les riches s’enrichissent sur le dos des pauvres, comme autrefois les seigneurs avec leurs serfs, et les maîtres avec leurs esclaves. Les gros poissons mangent les petits, c’est la loi animale. Mais moi, j’ai voulu croire qu’on allait vers un monde plus équitable, plus juste, plus démocratique et j’ai fait confiance à ceux qui me le promettaient. Je me suis leurrée. Je me suis trompée moi-même, comme m’ont trompée mes parents, les politiciens, les religieux, les enseignants, les financiers, et comme moi aussi j’ai trompé mes enfants. Pourtant, la plupart de nous sommes des personnes de bonne volonté. Que s’est-il passé? (Ghis, du Québec)

    Gostar

  16. MJRB's avatar
    2 Dezembro, 2008 20:10

    Caro Ourição,

    Correcto: os somalis arriscam; os tugas sacam sentados nas poltronas e…sem mares encrespados.

    Gostar

  17. Carlos Silva's avatar
    Carlos Silva permalink
    2 Dezembro, 2008 20:20

    Mais uma vez se vê o óbvio: o Governo é “forte” com os fracos (professores, funcionários públicos, etc), mas cede sempre perante os poderosos (Judice e tutti quanti)

    Gostar

  18. Fernando's avatar
    Fernando permalink
    2 Dezembro, 2008 20:20

    Ouço os diversos telejornais. Enchem os olhos e os ouvidos dos espectadores com os tais activos no valor de 662 milhões. Ninguém se interroga sobre este valor. É a comunicação social no seu melhor.

    Gostar

  19. Pi-Erre's avatar
    Pi-Erre permalink
    2 Dezembro, 2008 20:21

    Eu acho bem. Por mim estou sempre disposto a dar uma moedinha para ajudar os pobrezinhos, coitadinhos.

    Gostar

  20. Desconhecida's avatar
    2 Dezembro, 2008 21:02

    Mas o Gabriel Silva por acaso acredita nessa história de um consórcio de bancos a financiar o BPP? E logo com o BCP à cabeça, cuja situação financeira deve ser bastante folgada…

    Gostar

  21. Desconhecida's avatar
    ourição permalink
    2 Dezembro, 2008 21:34

    “Estou sempre disposto a dar uma moedinha para ajudar os pobrezinhos, coitadinhos” Pi-Erre, o problema é que o pinóquio não vai esperar se estamos ou não dispostos, vai simplesmente obrigar a dar muitas moedinhas para ajudar balsemão, saviotti, cravinho, júdice e outros marmanjos. Os militares do 25, se soubessem no que isto deu, não saiam das casernas, nem mesmo com o pcp a empurrar. Excepto os infiltrados, naturalmente, mas esses empurram os ignorantes para a frente, como sempre fizeram.

    Gostar

  22. Desconhecida's avatar
    a prima do picoiso permalink
    2 Dezembro, 2008 21:40

    Setúbal: Assalto ao Millenium/BCP no hipermecado Jumbo provocou seis feridos ligeiros, JN 19h50m

    Setúbal, 02 Dez (Lusa) – Seis pessoas sofreram ferimentos ligeiros devido à inalação de gás durante uma tentativa de assalto à dependência do Millenium/BCP, que ocorreu às 18:05, no hipermecado Jumbo, em Setúbal, disse à Lusa fonte policial.

    Segundo fonte da PSP de Setúbal, o assalto terá sido efectuado por um único indivíduo que “terá lançado uma granada de gás intoxicante para provocar a confusão na dependência bancária e que terá também efectuado pelo menos um disparo sobre um agente da PSP que se aproximava do local”.

    “Os nossos agentes também efecturam alguns disparos sobre o presumível assaltante, mas não sabemos ainda se o mesmo foi atingido”, acrescentou o agente da PSP, acrescentando que o assaltante se pôs em fuga numa moto e que não tinha sido ainda apurado se o assaltante tinha levado alguma coisa da dependência bancária.

    Segundo o comandante dos Bombeiros Sapadores de Setúbal, Mário Macedo, das seis pessoas que inalaram o gás utilizado pelos assaltantes – que se admite ser gás pimenta -, cinco foram encaminhadas para o Hospital São Bernardo.

    A gente habitua-se, prontos!

    Gostar

  23. Mula da comprativa's avatar
    Mula da comprativa permalink
    2 Dezembro, 2008 21:43

    Quem está com o poder come quem não está cheira.Eu bem andava desconfiado de tão pouca oposição ao PS.Com tanta crise no PSD.Assim como está é ÓPTIMO!Aconteça o que aconteçer ao país.

    Gostar

  24. Luis Moreira's avatar
    Luis Moreira permalink
    2 Dezembro, 2008 22:11

    Oh ! fernando, esse valor é muito falado porque não existe! Queres um desenho? Ainda não percebeste que esse valor era o valor das accões onde o BPP tinha investido e que agora valem muito menos?Calcula-se que em cada 10 000 Euros investidos o BPP tenha perdido 7 000 E!E é dinheirinho do Savioti,Balsemão,Vaz Guedes …tudo famílias pobres e carenciadas que é preciso ajudar.Já percebeste a insistência dos mal dizentes?

    Gostar

  25. Desconhecida's avatar
    ourição permalink
    2 Dezembro, 2008 22:14

    Para memória futura:
    Ministro das Finanças diz que prefere não correr riscos com o BPP. O ministro das Finanças Teixeira dos Santos reconheceu hoje, em Bruxelas, que o caso do BPP é um problema de menor dimensão que o do BPN, mas que “não vale a pena correr o risco de perturbação” do sistema financeiro português.
    “Havendo um risco, por mais pequeno que seja, penso que é preferível fazer de mais do que de menos. Não vale a pena correr o risco de perturbação no nosso sistema financeiro e daí a necessidade dessa intervenção”, disse Fernando Teixeira dos Santos no final de uma reunião dos ministros das Finanças da União Europeia (UE). Para o ministro, a prudência aconselha a que o governo faça esforços para impedir que eventos que afectem bancos como o BPP (Banco Privado Português) possam ter “efeitos de contágio e perturbar não só o funcionamento do sistema, mas também a imagem, a credibilidade externa do sistema financeiro”.
    “O sistema, no seu conjunto, creio que continua a ter estabilidade e solidez”. Diário Económico Online com Lusa

    Deve ser o único que desconhece em que ponto está neste momento a “credibilidade externa do sistema financeiro” na tugolândia. Quando a casa cair de vez, ele pode já não estar lá, mas merece ser lembrado, porque a responsabilidade é dele e de quem manda nele (cherne e pinóquio à cabeça).

    Gostar

  26. votoembranco's avatar
    votoembranco permalink
    2 Dezembro, 2008 22:26

    Comecei a desconfiar que o governo estava a dar uma esmola aos ricos quando lá vi o Júdice do Eleven.
    Quando toca a sacar por conta do OE lá temos o homem com a tenda montada.
    Depois paga o favor com comentários no Público e na SIC.

    Gostar

  27. Luis Moreira's avatar
    Luis Moreira permalink
    2 Dezembro, 2008 22:52

    fernando,desculpa,pá.Estás no mesmo lado da barricada,Sabes, esta merda deixa-me furioso!

    Gostar

  28. MJRB's avatar
    2 Dezembro, 2008 22:57

    Portuguesas e portugueses:

    Sócrates está em 6º lugar na lista dos 10 MAIS ELEGANTES DO MUNDO !, segundo o jornal espanhol “El Mundo”.

    A lista está no Sapo/fama. Vejam quem ele precede e quem o antecede.

    Um orgulho de, e para todos nós !

    No sábado, vou sugerir-lhe que rapidamente pose para um bom fotógrafo e edite 3 milhões de calendários para 2009.
    3 milhões vezes 10 Euros “dá… Dá…é só fazer as contas” a reverter para o BPN e BPP. Sempre ameniza qualquer coisinha no que os portugueses vão ter que disponibilizar…

    SÓCRATES ENTRE OS 10 MAIS ELEGANTES DO MUNDO ! Depois de ter ido a Madrid, a consagração mundial !
    (Não, não foi o resultado de alguma encomenda nem cunha. Ele é mesmo giro, giríssimo !)

    Fantástico, Zé !

    Gostar

  29. MJRB's avatar
    2 Dezembro, 2008 22:58

    Votoembranco,

    Pois.
    Por quem é !…eleven !

    Gostar

  30. MJRB's avatar
    2 Dezembro, 2008 23:04

    Vou ter uma noite tranquila e próximos dias esfusiantes !
    Encararei a vida portuguesa com um sorriso e sempre renovado entusiasmo !

    SÓCRATES ESTÁ ENTRE OS 10 MAIS ELEGANTES DO MUNDO !

    (Se tal não fosse importante para o país neste momento de acelerada crise e contestação, decerto não seria notícia. Uma notícia fantástica ! O PIB aumentará !)

    Gostar

  31. Desconhecida's avatar
    jupiter permalink
    3 Dezembro, 2008 00:00

    Falemos em coisas sérias, em termos redondos quanto vale o allgarve, e os jerónimos, e a serra da estrela, e o douro, um terço do alentejo já foi. O povo continua sereno.

    Gostar

  32. anabela's avatar
    3 Dezembro, 2008 11:18

    Salvar os BPN’s e afundar a Escola Pública… Pobres Governantes!

    E quem disse que esta avaliação não era política?

    Quem caiu na esparrela de inocentemente acreditar que a avaliação do desempenho visava melhorar a qualidade técnico-pedagógica dos docentes?

    Quem continua a esquecer-se que o modelo de avaliação do desempenho docente foi directamente importado e plagiado (quase na íntegra) por Portugal do modelo chileno? Quem finge desconhecer que o modelo “docente+” foi imposto ao Chile em 2002/2003 pelo Banco Mundial / FMI para reduzir o déficit das contas públicas sob a égide do paradigma norte-americano do New Public Management ?

    Quem é que hoje, na américa e na OCDE, faz os piores juízos críticos da ineficácia do NPM (Nova gestão pública)? A resposta ainda ontem veio de Obama e de alguns dos seus futuros assessores (Cfr. Washingtonpost online): “(…)as administrações públicas não se podem orientar exclusivamente para os resultados (i.é. para o controlo do déficit) sem equacionar a real eficiência dos processos e os reais impactos (positivos ou negativos) sobre as famílias e os demais agentes económicos”.

    Posso estar enganado, mas amanhã, ou nos dias mais próximos, também na Europa, Durão Barroso ou Sarkozy virão (arrependidamente?) dizer o mesmo que a equipa de Obama veiculou. Trata-se, para todos os efeitos, de uma certidão de óbito às obsessivas políticas de avaliação pública (na senda da accountability propalada pelas teorias neoliberais do New Public Management) que cega e unilateralmente se orientaram para a lógica empresarial e consequente obtenção de resultados financeiros e económico-estatísticos (bens tangíveis), e desprezaram humilhantemente a qualidade dos serviços públicos (bens não tangíveis) como a saúde, a educação e a protecção social.

    Enquanto isso, em Portugal, perante uma crise financeiro-económica gigantesca que ameaça desmoronar, a muito curto prazo (em um, dois ou três meses) toda a sua “economia-tigre-de-papel”, o poder político insiste em mostrar toda a sua autoridade em coisas por ora adiáveis (como o é a questão da avaliação dos professores) para, com isso, sonegar ou desviar os olhos dos portugueses da sua incompetência e incapacidade para enfrentar a real e efectiva crise económica que a todos já abala e mais abalará nos próximos meses.

    Ouvi hoje, quase com uma lágrima ao canto do olho, a directora regional de educação do norte argumentar com “a ameaça de instauração de processos disciplinares” aos professores que inviabilizem a aplicação deste hediondo modelo de avaliação. Apenas me posso, ingenuamente, questionar sobre uma de duas coisas: Será chilena? Estará legitimada pelo governo para politicamente amedrontar os professores com penas disciplinares? Haja decoro que a democracia em Portugal ainda não caiu de vez! Aliás, não cairá, porquanto isto ainda não é (para desilusão de alguns governantes) “A Quinta dos Animais” ironicamente descrita pelo grande George Orwell.

    Como se tudo isto não bastasse, li, agora (no Público online), que os Presidentes do Conselho Executivo vão ser avaliados pelos respectivos directores regionais. Percebe-se esta relação causal: a directora da DREN, por antecipação, começou já a aplicar o modelo. Um modelo de avaliação política que retira aos presidentes de CE (que são professores) toda e qualquer componente pedagógica e socioeducativa que poderia enformar o cargo e condição de docentes eleitos para os órgãos de gestão.

    Ou seja, ao contrário do que se passa maioritariamente nos países da OCDE, o governo de Portugal não teve coragem política para criar uma carreira específica profissional para os gestores escolares. Preferiu, também ao arrepio das tendências europeias, não instituir um modelo nacional de efectiva avaliação externa do desempenho institucional das escolas. Antes preferiu (cobardemente?) atalhar caminho: avaliar os professores com míopes grelhas chilenas e subestimar (apagar do seu pequeno memorial político) a avaliação institucional em vigor nos países das designadas «boas-práticas» (Europa do norte e central).

    Mais: para além de subestimar os resultados institucionais, assim como as causas efectivas da melhor ou pior prestação pública das escolas em termos de resultados finais (rankings), o governo socialista antes preferiu empurrar para esta cilada (para este jogo de aparências) não apenas os professores mas, por aquilo que agora se sabe, também as direcções executivas das escolas, transformando assim, indecorosa e despudoradamente, os presidentes de CE em bodes expiatórios da quase irreparável crise educacional gerada (e mal gerida) pelo ME e pelo governo.

    Pergunto-me: Quem responde por esta falácia nacional? Quem salva BPN’s e afins e afunda deliberadamente a educação pública?

    Quem finge desconhecer o quê? Por que esperam os sindicatos para ter uma nesga de mais profunda lucidez e mais consequente eficácia na acção político-sindical? Quem tramou (trama) quem? Que desígnio estranho superintende à política educativa nacional planeada (planificada?) pelos nossos governantes?

    Perceba-se e divulgue-se: De acordo com todos os indicadores económico-financeiros mais recentes, mesmo os provenientes de instituições coniventes com a situação que cúmplice e penosamente se arrasta de há anos atrás, este é um país ferido de morte, todavia política e judicialmente desresponsabilizado. A pobreza está, infelizmente, ao virar da esquina mais próxima. Estranha e paradoxalmente (ou talvez não), porque teima o Estado (o governo) em perseguir os seus professores?

    Responda quem (não) souber!

    Sei (isso sei) que a autoridade democrática que o governo usa para com os seus concidadãos são os mesmos argumentos autocráticos que a ditadura de Salazar utilizou com o meu Pai e com o meu País: o medo, a afronta política e a perseguição.

    Porque não tenho a coragem que antes o meu pai heroicamente teve, limito-me a depositar na pessoa da srª directora regional de educação do norte, um beijo extensível a todos os nossos democratas governantes. Um simples beijo, nem igual nem diferente àquele que humilde mais raivosamente daria a qualquer cega rapariguinha que me rogasse pragas e à democracia fizesse figas. Portanto, Beijos, por tanto indecoro ético e por tão pouca sensatez política.
    Fernando Cortes Leal

    Gostar

  33. anabela's avatar
    3 Dezembro, 2008 11:20

    O banqueiro João Rendeiro, que levou o BPP à quase falência, é o mesmo que dirige um
    consórcio que ensina “boas práticas” de gestão escolar.

    Estão a ver quem é João Rendeiro? O presidente do Banco Privado Português, aquele banco que tem 3000 clientes e que gere apenas grandes fortunas? O tal banco que está em processo de quase falência e que o Governo de Sócrates se prepara para salvar? Pois o banqueiro, para além de afirmar que vota habitualmente no PS, é ainda funcionário do Ministério da Economia, em licença sem vencimento. Não é que o banqueiro anda a ensinar às escolas públicas as técnicas de gestão que levaram o BPP ao estado que todos conhecemos? É verdade! Criou e dirige uma organização (EPIS), com o apoio do ME e de
    grandes empresas públicas e privadas que dá formação aos PCEs e conselhos executivos
    sobre as técnicas e formas de gestão e de organização “modernaças”. Custa a acreditar, não é verdade? Mas é verdade. E conta com o apoio do ME. E assim vai o processo de mercadorização da escola pública. A divisão da carreira em duas categorias e o modelo burocrático de avaliação são apenas dois instrumentos do processo em curso de mercadorização, de destruição da profissão docente e da morte da democracia nas escolas.
    Leia aqui a biografia de João Rendeiro
    http://www.profblog.org/2008/11/o-banqueiro-joo-rendeiro-que-levou-o.html

    Aconselho vivamente que se consulte e se divulgue
    http://WWW.EPIS.PT

    E que se ligue a esta informação
    http://www.agenciafinanceira.iol.pt/noticia.php?id=968365&div_id=1730

    E que se retirem as devidas conclusões (!)

    Gostar

  34. Desconhecida's avatar
    Anónimo permalink
    3 Dezembro, 2008 11:39

    “Crime e Castigo”, quem escreveu? Mas nem sempre há castigo … Nem ao menos um pingo de Honra e
    Dignidade. Porque teimam em agarar-se ao Poder? Além da Avareza e do Golpismo também existe a Vaidade.
    Não são pecados? E tantos se dizem Católicos… ‘ Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio,
    fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de
    misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é
    capaz de sacudir as moscas …’ Guerra Junqueiro escrito em 1886

    Gostar

  35. Desconhecida's avatar
  36. MJP's avatar
    MJP permalink
    3 Dezembro, 2008 18:54

    Não sabe de professores e dá palpites, não sabe de economia e lança bitaites!
    Os activos em acções não podem ser concretizados porque estamos em baixa e é a ruína se forem vendidos neste momento. Esperando uns tempos poderão compensar os empréstimos de agora.

    Gostar

  37. Gabriel Silva's avatar
    Gabriel Silva permalink*
    3 Dezembro, 2008 20:54

    uau!,
    se o negócio é assim tão promissor «bastando» que as acções subam, porque os bancos não se interessaram?
    e se assim era então porque o governo meteu lá as suas garantias?

    Gostar

Trackbacks

  1. Bancos Online » Blog Archive » Negociata?

Indigne-se aqui.