Terraplenagem
Um dos aspectos mais interessantes dos Keynesianos portugueses é que por puro oportunismo político e conveniência ideológica são forçados a associar o TGV à resolução da crise. Para isso têm que dizer que a construção do TGV é essencial para estimular a procura num momento em que a procura privada, os mercados externos e o investimento privado se encontram deprimidos. O problema é que o TGV não encaixa, nem à força, neste cenário. O concurso do TGV está a ser lançado no Verão de 2009. Entre estudar as propostas e a adjudicação decorrerão vários meses. Só depois é que as obras poderão ser iniciadas. Dificilmente se poderiam iniciar antes do início de 2010. Para além disso, as obras do TGV vão estender-se ao longo de vários anos, precisamente aqueles anos em que os próprios keynesianos esperam que ocorra a retoma. Ou seja, o TGV em vez de constituir um estímulo para o fundo da crise (que ocorreu no primeiro semestre de 2009) será um “estimulo” que competirá com o aumento das exportações, da procura interna e do investimento privado.
A língua de caines é apenas o pretexto. O contexto é a crise na construção civil das obras públicas da Mota-Engil, Somague e demais financiadores partidários e centros de emprego de políticos saídos da governança.
Essa é a questão de fundo: interesses privados, muito liberais, em nome do caines.
Não caiam nessa!
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Tenho guardada uma entrevista já antiga com um patrão de indústria de construção civil em que o mesmo declarava uma futura guerra civil contra o Estado- Executivo, caso este não lhes dessem obras para alimentar as máquinas. Foi mesmo nesses termos que falou.
Portanto…está à vista o que significa a língua de caines: um logro. Mais um.
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A grande questão é a seguinte: é um erro considerar a actual crise finaceira e económica, idêntica à de 1929 (de cariz industrial e de superprodução); é um erro adoptar a mesma receita de Keynes a épocas e circunstâncias de crise completamente diferentes; hoje não temos, por exemplo, taxas aduaneiras que subir, pelo simples facto do Estado ter transferido para UE essas funções; não temos moeda própria, para valorizar ou desvalorizar, conforme as diversas circunstâncias de evolução da crise; não temos pessoas com disponibilidade mental para aceitar trabalhar nas obras e abandonar as legitimas expectativas que criaram nos bancos da Universidade; o Défice das contas públicas é já tão elevado que, uma política deste tipo, levaria com rapidez ao colapso financeiro do País.
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um dia destes JM vai-nos oferecer um post com a solução para sair da crise.
sim, porque não estamos em crise por causa dos tgv’s.
tgv e aeroporto é um bom argumento para o bloco central nos entreter.
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Portela Menos Um,
Solução para sair da crise: cortar na despesa pública.
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cortar na despesa pública?…saúde? educação? justiça? pois estamos conversados.
diga isso a um desempregado, a um reformado; devem gostar de ler (se o souberem fazer).
eu sei que não é uma das suas referências mas, não se perde nada:
Chomsky:
“As crises de hoje estão interligadas de diversas formas”, afirmou, e algumas são mais prioritárias que outras, pela simples razão expressa por Adam Smith de que “os principais arquitectos das políticas garantem que os seus próprios interesses são os que predominam, sem se importarem com os custos”.
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OCDE garante: Portugal ainda vai piorar
PIB afunda 4,5% e desemprego chega aos 11,2%. OCDE não tem dúvidas: «Portugal vive recessão profunda»
http://www.agenciafinanceira.iol.pt/noticia.php?id=1071594&div_id=1730
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O que distingue os países ricos e um país pobre (como Portugal) é justamente o nível cultural.
Algum país rico colocaria (sequer!) a opção entre TGV e o seu sistema nacional de Educação (?)
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Então e o sócrates na entrevista com a mosca morta a dizer:
««isto é “cainesianismo”, isto é economia, não é ideologia política»»
Ahahah!
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e ainda há o seguinte pormenor de um estudo feito nos EUA e que “comparou as emissões totais geradas por 11 diferentes modos de transporte nos Estados Unidos. Mikhail Chester e Arpad Horvath, da Universidade de Berkeley, na California, procuraram não só as emissões directas, mas aquelas necessárias ao seu funcionamento. Para uma analogia, para que um comboio possa andar, é preciso terraplanar, colocar os carris, e só depois é que eles podem andar.”
tendo chegado à conclusão que “os aviões são definitivamente a maior surpresa. E curiosamente, quanto maior melhor!”
http://ecotretas.blogspot.com/2009/06/aviao-melhor-que-o-comboio.html
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NÃO HÁ dúvida que, com a Construção Civil, é possível arranjar trabalho para muita gente, nomeadamente em recuperação de edifícios, pavimentos, monumentos, etc.
E, no caso de não haver trabalho em quantidade, pode sempre contrata-se quem estrague, para depois contratar-se quem repare.
É o que, com óptimos resultados, está a ser feito, p. ex., [aqui]
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JM,
Finalmente alguém na blogosfera sabe escrever bem terraplenagem e não como se vê em todo o lado terraplanagem que está errado.
Os meus parabéns por isso.
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Qual a razão para ser Terraplenagem? Planar a terra = tornar plana ao mesmo nível, não deveria ser terraplanagem?
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Lucklucky,
É terraplenagem porque deriva de terrapleno, terreno em que se encheu uma depressão e ficou aplanado.
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pq terraplenar | v. tr.
terraplenar – Conjugar
v. tr.
1. Encher de terra.
2. Formar terrapleno em.
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Okay.
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