Saltar para o conteúdo

Entendamo-nos

12 Agosto, 2009
by

O nosso prezado Leitor Anti-Comuna faz, nos comentários desta posta, alguns juízos de valor que me parecem algo precipitados. Sem pretender assumir dores alheias – o Blasfémias é um colectivo assaz individualista em que cada qual fala por si – gostaria de esclarecer algumas posições aqui tomadas com as quais também me identifico:

  1. Considero – e julgo ter sido aqui claro q.b. – que MFL deu um tiro no pé ao impôr António Preto e Helena Lopes da Costa como candidatos. Cria inevitavelmente suspeições sobre a sua pessoa, a inevitável desconfiança de estar a pagar favores. Este facto e os candidatos da “ala nepotista” só a fragilizam e… não havia necessidade.
  2. Tudo quanto mais se disse relativamente às listas – o ter incluído  A ou B e excluído C ou D – vale zero para efeitos do totobola eleitoral. O nosso regime de parlamentar só tem o nome e é, acima de tudo, um presidencialismo do primeiro-ministro.
  3. Da filha dilecta do cavaquismo esperava-se que candidatasse cavaquistas aos magotes. Confesso que me tem sido difícil lobrigá-los. Dos mais falados, Couto dos Santos é hoje um “menezista” puro e duro, Deus Pinheiro um golfista de sempre, JPP um “manuelista” de agora. Pouco mais sobra que a Zézinha Nogueira Pinto… Mas “menezistas” e “santanistas” existem a granel e muitas, muitas caras novas, de qualidade para já indefinida. Porém, quem nos garante que não pode daqui emergir outro Paulo Rangel?
  4. Sobra portanto a “mancha negra” das candidaturas de António Preto e Helena Lopes da Costa que, quanto a mim, deveriam ter sido liminarmente rejeitados por MFL. Estou tanto mais à vontade para dizer isto, quanto também incorro na aparente contradição de que o Anti-Comuna acusa o João Miranda.
  5. Eu próprio fui em tempos – neste blogue e também pessoalmente – bastante crítico com o “justicialismo” de Marques Mendes ao proibir as candidaturas pelo PSD dos então arguidos Isaltino e Valentim. Estes haviam na altura sido maioritariamente votados pelos militantes concelhios que, manipulados ou não, escolheram-nos em colégio alargado, com muito mais legitimidade e conhecimento da envolvente e contexto locais do que a oposição discricionária de Marques Mendes.
  6. A situação de simples arguido ou acusado não retira quaisquer direitos políticos e, quer Isaltino, Valentim, ou Fátima Felgueiras não tiveram dificuldade em arranjar as assinaturas necessárias para se candidatarem como independentes.
  7. Isaltino, Valentim e Fátima Felgueiras foram eleitos presidentes. Curiosamente, Avelino Ferreira Torres, outro independente “cadastrado”, então candidato a Amarante mas que já havia sido condenado e interposto recurso, foi derrotado.
  8. O que diferencia estes casos dos de António Preto e de Helena Lopes da Costa? O passarem directamente pelo crivo político dos eleitores. Naqueles, os eleitores tiveram sempre a possibilidade de os rejeitar; nestes, integrando uma lista plurinominal, os eleitores não têm qualquer hipótese de os excluir especificamente e eles serão fatalmente eleitos.
  9. Ou seja, considero que seria extremamente improvável a eleição de António Preto ou de Helena Lopes da Costa em círculos uninominais. Não lhes passaria sequer pela cabeça a hipótese de se candidatarem mas, se o fizessem, seriam desde logo excluídos se a selecção dos candidatos passasse por primárias (a minha “utopia” preferida).
  10. Mas poderiam também ser eleitos, o que significaria que os eleitores não consideravam a acusação suficientemente grave para lhes retirar a confiança política. Mas o ónus de tal decisão jamais recairia neste caso sobre o líder do partido.
  11. Não tem portanto razão o Anti-Comuna quando se refere a esta posta, aparecida no contexto do caso Freeport. Não só pelo que acima escrevo, mas também porque não se discutiam nela candidaturas, mas titulares de cargos públicos alvos de suspeições. E apontavam-se sobretudo contradições no diferente tratamento dado ao poder local (culpado, por definição) e ao poder central (presunção de inocência, tout court).

Finalmente, e a título de declaração de interesse, devo dizer que considero MFL um flop político e uma retinta centralista. Nas directas, fui inclusivamente apoiante activo de PPC. Não me guio porém, nem nunca me guiei por questões de ódios pessoais (que exagero, Anti-Comuna!) e irei votar em MFL. Sem nenhuma convicção, apenas por exclusão de partes.

55 comentários leave one →
  1. Paulo's avatar
    12 Agosto, 2009 18:28

    Caro LR,

    A sua análise é correcta mas falha no essencial.

    Em democracia *comparam-se* listas e programas e não se fazem análises absolutas de uma qualquer lista ou programa.

    Um eleitor compara um radical impoluto com um suspeito tolerante e vota em conformidade.

    Um eleitor compara a gravidade da suspeita que recai sobre um membro de uma lista com a gravidade das suspeitas sobre outro membro de outra lista e vota em conformidade.

    A escolhas entre opções imperfeitas são a regra da democracia, as comparações com o absoluto sempre serviram aos inimigos da democracia para impôr a ditadura ou a anarquia.

    Cumprimentos,
    Paulo

    Gostar

  2. lucklucky's avatar
    lucklucky permalink
    12 Agosto, 2009 18:37

    O grau das “opções imperfeitas” varia muito, por cá são tão más que é melhor nem lhes tocar. Não há razão nenhuma para votar em algum partido. São todos socialistas e todos acentuam a insustentabilidade da 3ªRepública.

    Gostar

  3. LR's avatar
    12 Agosto, 2009 18:49

    Paulo,

    “A escolhas entre opções imperfeitas são a regra da democracia, as comparações com o absoluto sempre serviram aos inimigos da democracia para impôr a ditadura ou a anarquia.”

    Completamente de acordo. Por isso é que, apesar de tudo, irei votar MFL.

    Gostar

  4. Paulo's avatar
    12 Agosto, 2009 18:56

    Caro LR,

    Também votarei MFL. Sem ilusões e cumprindo o meu dever de consciência.

    Cumprimentos,
    Paulo

    Gostar

  5. Desconhecida's avatar
    Anónimo permalink
    12 Agosto, 2009 18:57

    http://cyberdemocracia.blogspot.com/2009/08/cultura-de-esquerda-na-blogosfera.html

    Aqui dizem que tens falta de cultura.

    Passam a vida a criticar outros blogues.

    Enfim.

    Gostar

  6. Desconhecida's avatar
    Zé Leitão permalink
    12 Agosto, 2009 18:58

    Vai votar MFL? é algum partido novo?

    A propósito dos comentários anteriores, nós não vivemos própriamente em Democracia. Transmitir essa ideia é mentir ás pessoas. Aliás só o facto de LR escrever que vai “votar” em MFL, é sintomático do nosso atraso “democrático”.

    Gostar

  7. José Barros's avatar
    José Barros permalink
    12 Agosto, 2009 18:59

    Eu próprio fui na altura – neste blogue e também pessoalmente – bastante crítico com o “justicialismo” de Marques Mendes ao proibir as candidaturas pelo PSD dos então arguidos Isaltino e Valentim – LR

    Caro LR,

    Algumas dúvidas e divergências:

    1. Se foi crítico daquilo a que chama “justicialismo” de Marques Mendes, por que razão é que Ferreira Leite deveria actuar da mesma maneira que o anterior líder e afastar candidatos que eram deputados em funções e que ainda não tinham sido julgados e condenados? Não estaria, na sua perspectiva e de acordo com o que refere, MFL a ser justicialista se o fizesse ou, nas palavras da própria, “a fazer ela a sentença que cabe ao tribunal lavrar”? É que o simples facto de se ser eleito em listas não me parece ser um dado que leve a ter uma posição num caso e outra posição noutro, para mais quando na primeira situação se verberou o justicialismo de Marques Mendes.

    2. Quando diz «considero que seria extremamente improvável a eleição de António Preto ou de Helena Lopes da Costa em círculos uninominais» em que é que se baseia? Se nas autárquicas vários arguidos foram já eleitos não é isso prova bastante de que a eleição por círculos uninominais não tem qualquer efeito na capacidade de os candidatos arguidos serem eleitos para o parlamento?

    3. Quando refere « Mas o ónus de tal decisão jamais recairia neste caso sobre o líder do partido» não está a contradizer-se, tendo em conta que verberou anteriormente o “justicialismo” de Marques Mendes em relação a candidaturas individuais? Isto é, não é verdade que, qualquer que fosse a atitude da líder do PSD relativamente a candidaturas de arguidos por círculos uninominais, a mesma teria sempre uma leitura política, sendo atacada, consoante os casos, pelos “justicialistas” ou pelos “anti-justicialistas”?

    4. Quando diz que no post do JM «Não só pelo que acima escrevo, mas também porque não se discutiam nela candidaturas, mas titulares de cargos públicos alvos de suspeições» não é isso um argumento a favor de se ser mais exigente com quem já ocupa cargos públicos do que em relação a pessoas que são meramente candidatas? E, sendo assim, por que razão é o que o JM e o LR foram mais condescendentes com pessoas como o Valentim Loureiro que era, na altura, presidente da câmara e arguido por actos praticados no exercício do cargo (ao contrário do Preto)?

    5. «E apontavam-se sobretudo contradições no diferente tratamento dado ao poder local (culpado, por definição) e ao poder central (presunção de inocência, tout court)» – Pois, mas o que resulta desta última semana de posts (e vão para aí uns 30 ou 40 posts sobre esta matéria) é a contradição inversa: um tratamento mais favorável dado ao poder local (presunção de inocência, tout court) e um tratamento mais desfavorável dado ao poder central (culpado, por definição). Ora, tendo em conta que a presunção de inocência e a culpa nada têm a ver com o binómio local ou central, convinha que a posição fosse idêntica.

    Quanto ao resto, concordo na qualificação crítica do regime como um presidencialismo do PM (cada vez mais), partilho a crítica à ideia que se tem tentado afazer passar de “um regresso ao cavaquismo” nas listas do PSD e a ideia de que ser arguido não retira direitos políticos a ninguém.

    Gostar

  8. lucklucky's avatar
    lucklucky permalink
    12 Agosto, 2009 19:08

    “A propósito dos comentários anteriores, nós não vivemos própriamente em Democracia. Transmitir essa ideia é mentir ás pessoas. Aliás só o facto de LR escrever que vai “votar” em MFL, é sintomático do nosso atraso “democrático”.”

    Viver só em Democracia é mau. Aliás por causa de termos Democracia quase sem limites é que uma Parte do País pode Democráticamente achar que tem direito ao dinheiro da parte minoritária e votar de acordo com tal objectivo. É esse o caminho dos últimos anos em direcção ao desastre. Tirânia Democrática.

    Enquanto não existirem limites Constitucionais aos Impostos e á Dívida nada mudará.

    Gostar

  9. José Barros's avatar
    José Barros permalink
    12 Agosto, 2009 19:12

    Um eleitor compara um radical impoluto com um suspeito tolerante e vota em conformidade.

    Um eleitor compara a gravidade da suspeita que recai sobre um membro de uma lista com a gravidade das suspeitas sobre outro membro de outra lista e vota em conformidade. – Paulo

    Precisamente, pelo que não creio que o argumento que tem por base a distinção entre eleições por listas e eleições por candidaturas individuais seja plausível em matéria de admissibilidade de candidatos arguidos.

    Pelo contrário, acho que se deve admitir, em termos de regime legal, tais candidaturas de arguidos, exceptuando-se aqueles já condenados em primeira instância (mas mesmo isso seria provavelmente inconstitucional).

    Quanto à questão política, continuo a achar que a escolha de candidatos acusados foi um erro político que eventualmente poderá vir a ter custos.

    Mas nada que justifique a fúria justiceira que se abateu sobre a senhora e que tem objectivos políticos óbvios.

    Gostar

  10. Tiago Silva's avatar
    Tiago Silva permalink
    12 Agosto, 2009 19:13

    Plenamente de acordo com o seu post LR, com excepção da discriminação negativa que faz em relação aos casos das candidaturas dos então arguidos Valentim Loureiro e Isaltino Morais.
    Com efeito, a política afigura-se presentemente desacreditada porque já não há qualquer decoro entre os agentes políticos.
    Daí que tenha sido uma lufada de ar fresco a exclusão preconizada por Marques Mendes.
    E foi exactamente isso que MFL mostrava ser capaz de capitalizar: a de um partido que quer ser diferente porque diferentes são as pessoas que compõem a sua liderança, sobretudo e acima de tudo sob o ponto de vista da ética política.
    O problema é que na última quarta feira MFL deitou (quase) tudo a perder em nome de uma solidariedade pessoal quando, em rigor, outros princípios mais altos se levantavam.

    Gostar

  11. Desconhecida's avatar
    anti-comuna permalink
    12 Agosto, 2009 19:24

    “o Blasfémias é um colectivo assaz individualista em que cada qual fala por si”

    Pois é, caro LR. Mas se eu utilizar as mesmas ideias do CAA, quando critica o 31, também o terei que o incluir.

    Mas o facto do CAA errar nas críticas ao 31 não me dá o direito de incluir todos os blasfemos. Mas que é legítimo, é. Até pela unanimidade que quase é conseguido nas opiniões expressas. Só o JCD veio clarificar o seu posicionamento.

    Mas repare que eu nem o critico a si pelas posições tomadas contra o M. Mendes. Nem critico o que o P. Morais assume. Critico é a dualidade de critérios que é feita, exclusivamente para atacar a F. Leite.

    Que o CAA não morre de amores por ela, porque ela terá salvo o Benfica da bancarrota, já o sabemos. Espanta-me são as posições do JM, porque vão contra quase tudo aquilo que ele defendeu ao longo destes anos, em especial no que concerne os Loureiros.

    Vc. no seu argumentário pode dizer isto mas está errado:

    “O que diferencia estes casos dos de António Preto e de Helena Lopes da Costa? O passarem directamente pelo crivo político dos eleitores. ”

    Mas em Portugal, o sistema político implica que, qualquer candidato partidário tenha que obedecer ao agreement do partido sob o qual concorre. O M. Mendes entendeu que sob as cores do seu partido eles não tinham lugar à eleição.

    Vc. se aplicar o mesmo critério, terá que perguntar se o sistema político pode funcionar bem assim. Não. Não funciona. Porque, se Vc. defende o filtro dos eleitores terá que pôr em causa os métodos escolhidos pela República, no sistema representativo. E escolher a democracia directa abandonando o actual sistema político. Ao não criticar o sistema representativo e apenas criticar a não existência do veto político por parte da Ferreira Leite, Vc. está a errar.

    Repare-se que Vc. chama centralista à F. Leite mas simultaneamente a critica por ela não vetar um líder distrital, com legitimidade do voto militante. Veja lá ao ponto das suas contradições.

    Neste caso eu penso que a F. Leite devia vetar estes dois nomes. Mas ao defender este veto já não a posso considerar centralista, pois eu próprio estou a preconizar o centralismo do líder junto das distritais. Compreende?

    Se queremos ser sérios, das duas uma. Ou defendemos sempre o veto a arguidos. Mesmo que sob o voto popular, pois o veto é ele próprio a assumpção clara do principio da separaçao dos poderes. E o combate ao populismo. Ou defendemos a presunção da inocência. E acarretamos com os candidatos a arguidos. Pois o problema centra-se no sistema representativo, de escolha dos nossos deputados.

    Do resto, pouco me interessa de Vc. foi ou é menesista. Interessa-me é que tipo de argumentos usa e quais as motivações. As do CAA já eu as conheço. Quem eventualmente ajuda o Benfica passa a fazer parte dos seus ódios de estimação. O JM vai a reboque do CAA, ainda não entendi bem o porquê. O P. Morais sempre se bateu contra um determinado tipo de poder político. Pressuponho que as suas motivações prendem-se na luta contra a corrupção, que muito me apraz.

    Agora, uma coisa eu digo e volto a dizer. Não se pode ser crocodilo e esperar que os demais não o sejam também. 😉

    anti-comuna

    Gostar

  12. g.fm's avatar
    g.fm permalink
    12 Agosto, 2009 19:45

    “…considero MFL um flop político… e irei votar em MFL.”

    Cá está um tipo de raciocínio que não consigo acompanhar. Obviamente que em democracia cada um vota como entende, ou nem vota. Mas um flop político à frente do país pode ter, ou tem, consequências que podem demorar muitos anos a resolver. Se calhar é por isso que estamos na chamada cauda da Europa.
    Só tenho esse tipo de crença no futebol: aconteça o que acontecer sou sportinguista, mas isso sou eu.

    Gostar

  13. Paulo Nunes's avatar
    Paulo Nunes permalink
    12 Agosto, 2009 19:49

    Falando apenas do que depreendi dos comentários do sr. Anti-comuna no artigo que LR comenta, o cerne da questão está na dualidade de critérios aplicados ao avaliarem-se pessoas na mesma situação ou seja, com acusações formais não transitadas em julgado, e o porquê dessa dualidade de critérios.

    E nisso concordo com o sr. Anti-comuna. Há sem dúvidas dualidade de critérios, independentemente de uns candidatarem-se por partidos e outros como independentes, uns terem hipóteses de serem eleitos e outros não, uns poderem ser culpados e outros não.

    Gostar

  14. Joaquim Amado Lopes's avatar
    Joaquim Amado Lopes permalink
    12 Agosto, 2009 19:50

    Concordo que a inclusão de António Preto (AP) e Helena Lopes da Costa (HLC) nas listas do PSD é um erro. Não foram ainda condenados mas em política o que parece também é e Manuela Ferreira Leite (MFL), de quem sou apoiante desde a candidatura à liderança do PSD, podia ter evitado dar esta munição aos adversários.
    No entanto, começo a concluir que esta decisão é coerente com a imagem que tenho de MFL.

    MFL tem insistido na imagem da verdade e esta decisão parece contrariar essa imagem. Mas ser verdadeiro não é apenas ser factualmente correcto no que se diz e/ou deixar de omitir coisas que os interlocutores não gostam de ouvir. Ser verdadeiro é, acima de tudo, ser verdadeiro connosco próprios.
    AP e HLC (ainda?) não foram condenados portanto têem direito à presunção de inocência. São próximos de MFL e, pela sua experiência e lealdade, faz sentido que estejam nas listas. Na elaboração das listas, o critério de lealdade não pode ser determinante mas é (e deve ser) de importante.
    Excluir AP e HLC seria ceder a opiniões com que MFL não concorda, apenas por cálculo político. Se o fizésse, MFL não estaria a ser verdadeira consigo própria.

    Por isto, compreendo a decisão de MFL mesmo que eu tomásse uma decisão diferente. Mas a decisão não é minha e não conheço sequer AP ou HLC.
    A decisão (e responsabilidade) é de MFL e do Conselho Nacional do PSD, que aprovou as listas.

    “Uma palavra” para quem mais se tem manifestado conta esta decisão.
    Na maior parte dos casos, são pessoas que condenariam MFL fosse qual fosse a decisão tomada. Dos socretinos militantes aos anti-MFL mais ou menos disfarçados, a maior parte das críticas não apenas já eram esperadas (diria mesmo inevitáveis) como são até bem-vindas. Afinal, se quem só nos quer mal começa a elogiar as nossas decisões, é melhor repensá-las.

    Nos outros casos, é um pouco exagerado focar as críticas em 2 nomes num total de 323 candidatos. Ou mesmo num total de 80-120 eventuais eleitos.
    Se analisarmos realmente cada um dos nomes, quantos não serão, segundo os mesmos critérios, ainda piores escolhas do que estes dois? E, já agora, por que não alargar a análise às listas dos outros partidos?

    Os projectos políticos do PSD e do PS devem ser avaliados na sua globalidade. AP e HLC estarem nas listas pode ser um ponto contra o PSD mas daí a ser determinante (não se tendo ainda comparado os programas, não tendo ainda havido debates e não se comparando as listas de todos os partidos) parece desculpa de mau pagador. De alguém que não queria votar no PSD e estava à procura de uma desculpa.
    E não haja ilusões de que é mesmo uma desculpa. É que entre AP/HLC e o desempenho de Sócrates/PS nestes mais de 4 anos, o primeiro é um fait diver.

    Gostar

  15. Pizarro's avatar
    Pizarro permalink
    12 Agosto, 2009 19:51

    Flop político não implica que não se reconheça na pessoa características técnicas, ou mesmo ideias com as quais se concordem. Para mim o problema com MFL é a visão que ela tem do Estado e da sociedade, por isso é que não leva o meu voto. Deixar de votar pq ela incluiu na lista um preto ou um branco é me completamente indiferente.
    Eu por mim estou a gostar de ver esta troca de galhardetes.

    Gostar

  16. MJRB's avatar
    12 Agosto, 2009 19:51

    Anti-Comuna, 10

    MFLeite e Durão Barroso não salvaram o SLBenfica da bancarrota.(*)
    Houve o compromisso duma dacção de (futuras) acções da SLBenfica,SAD ao Ministério das Finanças, tal como está na respectiva Lei.
    O que se passou a seguir, o que MVilarinho disse e fez, são outras estórias.

    Sinceramente, creio que o cerrado ataque movido por Mr. CAA a MFLeite nada tem a ver com o acordo MFL/DBarroso-SLB.
    (Aliás, já me retirei como “comentadeiro” do Blasfémias –leia, se quiser o meu comentário ao post “bye,bye, Manuela”, mas não resisti ao repôr aqui parte da verdade sobre o caso SLB).

    (*) Hoje, o Clube e a Benfica,SAD estão praticamente hipotecados e com dívidas colossais e preocupantes.

    Gostar

  17. Paulo Nunes's avatar
    Paulo Nunes permalink
    12 Agosto, 2009 19:53

    #11 g.fm

    Considere que muitas pessoas vão votar não-PS (ou não Sócrates), escolhendo por isso o partido que tem, à partida, maiores probabilidades de não permitir que o PS seja governo.

    Há também que considerar que muitas pessoas pensam que, apesar de haver candidatos que sejam um flop político, não podem ser piores que os governantes actuais.

    Gostar

  18. Desconhecida's avatar
    anti-comuna permalink
    12 Agosto, 2009 19:56

    Caro MJRB, eu não sei se é mentira ou verdade que a F. Leite salvou o Benfica. Mas que existe essa imagem, existe. E, aposto, é por isso que o CAA a odeia. E esse ódio é tão manifesto, que ele perde a cabeça para a atacar. Esse é o problema dele. É demasiado impulsivo e perde a cabeça. É motivado por emoções pessoais e não pelo pensamento positivo.

    Mas, repito, eu não sei se ela salvou o Benfica ou não. Mas existe essa ideia junto de muitos fanáticos da bola.

    anti-comuna

    Gostar

  19. Desconhecida's avatar
    Anónimo permalink
    12 Agosto, 2009 20:00

    #15 – olha! desamarrou o burro para mais uma dose de tanga interpretativa das vigarices da velha.

    Gostar

  20. g.fm's avatar
    g.fm permalink
    12 Agosto, 2009 20:01

    # Paulo Nunes

    Aceito perfeitamente que haja quem não goste do actual Governo. Acontece que a Drª Ferreira Leite não é propriamente virgem em matéria de governação e acreditar que fará melhor que o Engº Sócrates, para mim, é entrar no campo da fé pura e dura.

    Gostar

  21. MJRB's avatar
    12 Agosto, 2009 20:06

    Anti-Comuna, 17

    Repito:
    — O acordo SLBenfica-governo de DB/MFLeite, foi feito segundo o que está consignado na Lei.
    — Não creio que Mr.CAA ‘deteste’ MFL por causa desse acordo.

    Gostar

  22. Paulo Nunes's avatar
    Paulo Nunes permalink
    12 Agosto, 2009 20:20

    #19 G.fm
    “(…) é entrar no campo da fé pura e dura.”

    Concordo consigo. Que a MFL não é nenhuma “virgem” a ser venerada, disso acho que já ninguém duvida. No entanto situações de desespero, geralmente, provocam aumentos de actos de fé.

    Gostar

  23. Gonçalo Marques's avatar
    12 Agosto, 2009 20:27

    MFL tem provado, contra tudo e contra todos, ter um enorme sentido de longevidade política

    A sua determinação aumenta, de forma proporcional, perante os ataques que a consideram “velha”, “caduca”, “acabada”, “retrógrada” …

    Porque pessoas que recorrem a estes expedientes verbais estão desesperadas

    Gostar

  24. LR's avatar
    12 Agosto, 2009 20:37

    Caro José Barros,

    “Se foi crítico daquilo a que chama “justicialismo” de Marques Mendes, por que razão é que Ferreira Leite deveria actuar da mesma maneira que o anterior líder e afastar candidatos que eram deputados em funções e que ainda não tinham sido julgados e condenados? Não estaria, na sua perspectiva e de acordo com o que refere, MFL a ser justicialista se o fizesse ou, nas palavras da própria, “a fazer ela a sentença que cabe ao tribunal lavrar”?”

    O não poder afastar candidatos que eram deputados é um argumento paupérrimo, dado que muitos outros foram afastados. Qual a sentença que lhes “lavrou”?

    “É que o simples facto de se ser eleito em listas não me parece ser um dado que leve a ter uma posição num caso e outra posição noutro, para mais quando na primeira situação se verberou o justicialismo de Marques Mendes.”

    Repare que estamos a falar de eleições diferentes. Num caso, integra-se uma enorme lista, noutro encabeça-se uma lista a uma câmara. Muito embora aqui se esteja a eleger uma vereação também pelo método de Hondt, na prática os eleitores votam neste ou naquele candidato a presidente, funcionando quase como uma eleição uninominal. Quer isto dizer que os eleitores têm neste caso uma muito maior capacidade de validar ou sancionar uma determinada candidatura. Tal não se passa na eleição para o parlamento, prevalecendo aqui a escolha discricionária do líder ou do directório.

    “Quando diz «considero que seria extremamente improvável a eleição de António Preto ou de Helena Lopes da Costa em círculos uninominais» em que é que se baseia? Se nas autárquicas vários arguidos foram já eleitos não é isso prova bastante de que a eleição por círculos uninominais não tem qualquer efeito na capacidade de os candidatos arguidos serem eleitos para o parlamento?”

    Eu equacionei a possibilidade de serem na mesma eleitos mas, pelo que conheço da lógica aparelhística, garanto-lhe que esta gente é em geral incapaz de avançar para um confronto individual isolada da “tribo”. Você acredita que num cenário de círculos uninominais teríamos o parlamento infestado de “jotas” ou de mulheres só para cumprir quotas? E os autarcas arguidos que foram eleitos, tinham alguma obra feita (no caso de Isaltino, isso é indiscutível) que o eleitorado considerou na altura ser mais relevante do que as acusações de que eram alvo. De igual forma, o António Preto teria hipóteses de ser eleito se se tivesse anteriormente destacado como deputado. Mas decorrendo a sua notoriedade apenas do “caso da mala”, duvido sinceramente que tal acontecesse.

    “Quando refere « Mas o ónus de tal decisão jamais recairia neste caso sobre o líder do partido» não está a contradizer-se, tendo em conta que verberou anteriormente o “justicialismo” de Marques Mendes em relação a candidaturas individuais? Isto é, não é verdade que, qualquer que fosse a atitude da líder do PSD relativamente a candidaturas de arguidos por círculos uninominais, a mesma teria sempre uma leitura política, sendo atacada, consoante os casos, pelos “justicialistas” ou pelos “anti-justicialistas”?”

    Eu reconheço que Marques Mendes tinha todo o direito de se pronunciar, positiva ou negativamente, face a qualquer candidatura, mas não deveria sobrepôr-se às escolhas locais. Uma coisa é marcar claramente a sua posição, outra coisa é assumir uma postura paternalista que obsta à responsabilização dos eleitores. E enquanto estes não forem claramente responsabilizados pelas suas escolhas, iremos sempre assistir às lamúrias e diabolizações gratuitas contra a classe política. Daí que eu defenda a escolha prévia dos candidatos via primárias abertas a todos os cidadãos eleitores. A partir daqui, nenhum líder poderia ser atacado pelas “más” opções.
    E repare que o “justicialismo” de Marques Mendes acabou por se virar contra ele, que foi “esmagado” por Menezes, em grande medida, por ter feito cair e ter perdido posteriormente a Câmara de Lisboa. O aparelho é implacável perante fracassos eleitorais.

    ” Quando diz que no post do JM «Não só pelo que acima escrevo, mas também porque não se discutiam nela candidaturas, mas titulares de cargos públicos alvos de suspeições» não é isso um argumento a favor de se ser mais exigente com quem já ocupa cargos públicos do que em relação a pessoas que são meramente candidatas? E, sendo assim, por que razão é o que o JM e o LR foram mais condescendentes com pessoas como o Valentim Loureiro que era, na altura, presidente da câmara e arguido por actos praticados no exercício do cargo (ao contrário do Preto)?”

    Bom, mas então isso também vale para António Preto, que era deputado. E essa do António Preto ser acusado por actos praticados ao nível privado, é outra paupérrima argumentação de MFL. Se alguém for crápula na vida privada, isso então não releva para o desempenho de uma função pública?

    “«E apontavam-se sobretudo contradições no diferente tratamento dado ao poder local (culpado, por definição) e ao poder central (presunção de inocência, tout court)» – Pois, mas o que resulta desta última semana de posts (e vão para aí uns 30 ou 40 posts sobre esta matéria) é a contradição inversa: um tratamento mais favorável dado ao poder local (presunção de inocência, tout court) e um tratamento mais desfavorável dado ao poder central (culpado, por definição). Ora, tendo em conta que a presunção de inocência e a culpa nada têm a ver com o binómio local ou central, convinha que a posição fosse idêntica.”

    Analise p.f. o contexto da referida posta do JM. Posso dizer-lhe que a minha posição é idêntica para a esfera local ou central: criar condições para que o eleitorado se pronuncie e para que ele possa ser também responsabilizado.

    Repare, meu Caro, que a minha crítica de fundo não é tanto às pessoas, mas fundamentalmente ao sistema. Eu estou convicto de que estes mesmos políticos que temos, se sujeitos a um permanente e eficaz escrutínio por parte do eleitorado, teriam um desempenho muitíssimo melhor a todos os níveis.

    Gostar

  25. Desconhecida's avatar
    Anónimo permalink
    12 Agosto, 2009 20:41

    “Porque pessoas que recorrem a estes expedientes verbais estão desesperadas!
    desespero é estar falido, ter problemas com a justiça e precisar do poder a todo o custo para resolver estes problemas. merceeiros, comprimidos de portugal, psd e roubalheira, todos unidos na mesma luta. e ainda há uma cambada de lorpas que discutem os trocados do preto.

    Gostar

  26. g.fm's avatar
    g.fm permalink
    12 Agosto, 2009 20:51

    #21 Paulo Nunes

    O último sítio onde me apanham é em Fátima a pedir à Nossa Senhora que ilumine um flop político. 🙂

    Gostar

  27. Fado Alexandrino's avatar
    12 Agosto, 2009 20:55

    O nosso regime de parlamentar só tem o nome e é, acima de tudo, um presidencialismo do primeiro-ministro.

    Podia ter reduzido o seu post a esta frase que chegava.
    Está aqui mais que explicado que a inclusão daqueles dois nomes pode mudar cinco ou seis votos.
    Não contam para nada.
    Felizmente o CAA ainda só tem direito a um.

    Gostar

  28. LR's avatar
    12 Agosto, 2009 20:58

    Caro Anti-Comuna,

    “Mas em Portugal, o sistema político implica que, qualquer candidato partidário tenha que obedecer ao agreement do partido sob o qual concorre. O M. Mendes entendeu que sob as cores do seu partido eles não tinham lugar à eleição.”

    Vd. p.f. a minha resposta acima ao José Barros.

    “Porque, se Vc. defende o filtro dos eleitores terá que pôr em causa os métodos escolhidos pela República, no sistema representativo. E escolher a democracia directa abandonando o actual sistema político. Ao não criticar o sistema representativo e apenas criticar a não existência do veto político por parte da Ferreira Leite, Vc. está a errar.”

    Mas a minha crítica é fundamentalmente a este nosso sistema, que eu não considero nada representativo.

    “Neste caso eu penso que a F. Leite devia vetar estes dois nomes. Mas ao defender este veto já não a posso considerar centralista, pois eu próprio estou a preconizar o centralismo do líder junto das distritais. Compreende?”

    Curiosamente, a Distrital de Lisboa estava contra a inclusão nas listas de AP e HLC.

    “Se queremos ser sérios, das duas uma. Ou defendemos sempre o veto a arguidos. Mesmo que sob o voto popular, pois o veto é ele próprio a assumpção clara do principio da separaçao dos poderes. E o combate ao populismo. Ou defendemos a presunção da inocência. E acarretamos com os candidatos a arguidos. Pois o problema centra-se no sistema representativo, de escolha dos nossos deputados.”

    Vd. resposta acima ao José Barros.

    “Do resto, pouco me interessa de Vc. foi ou é menesista.”

    Mas onde é que eu afirmei tal e o que é que isso interessa para o caso?

    Gostar

  29. Desconhecida's avatar
    anti-comuna permalink
    12 Agosto, 2009 21:00

    “Analise p.f. o contexto da referida posta do JM. Posso dizer-lhe que a minha posição é idêntica para a esfera local ou central: criar condições para que o eleitorado se pronuncie e para que ele possa ser também responsabilizado.

    Repare, meu Caro, que a minha crítica de fundo não é tanto às pessoas, mas fundamentalmente ao sistema. Eu estou convicto de que estes mesmos políticos que temos, se sujeitos a um permanente e eficaz escrutínio por parte do eleitorado, teriam um desempenho muitíssimo melhor a todos os níveis.”

    Esta é das ideias que mais respeito e, simultaneamente mais temo. E explico o porquê.

    Um dos riscos de deixar ao critério dos leitores a existência, ou não, de legitimidade política por parte dos seus representantes, passando por cima dos tribunais e até das leis é criar condições para a imposição de uma ditadura. I.e., quando acreditamos que o eleitor é capaz de fazer o filtro e afastar os maus políticos e premiar os bons isso implica acreditar que os eleitores votam sempre bem e até informados. E segundo legitima o fim da separação de poderes, como invoca o Isaltino, quando diz que cabe aos eleitores julgar.

    Quando assim procedemos damos espaço de manobra a tipos como o Chavez, que sob o voto popular, pratica políticas anti-democrácticas. Se acreditamos que os eleitores venezuelanos sabem escolher e ajuizam bem, também aceitamos com naturalidade que o eleito possa impôr leis que prejudiquem o próprio sistema democrático.

    Aliás, isso devia ter sido percebido aquando da eleição do Hitler, que nos ensinou bem: i) os eleitores nem sempre têm razão; ii) os eleiores não sabem ajuizar bem os candidatos políticos; iii) legitima as práticas anti-democráticas.

    Um dos problemas actuais, que os liberais têm que resolver, é como evitar que o sistema democrático assente no voto popular possa degenerar em regimes políticos anti-democráticos e anti-liberais. Porque, o que hoje se nota, é que um cidadão eleito é dos maiores perigos para a democracia, decorrentes da crença que ao serem eleitos têm toda a legitimidade para impôr os seus pontos de vista e até violar o sagrado principio da separação de poderes.

    Logo, a minha posição pessoal, é a seguinte: um cidadão eleito é dos maiores violadores das liberdades alheias. Por paradoxal que pareça, limitar o poder e o número de eleitos é a única via para impedir o crescimento, quer dos poderes públicos e toda a canga burocrática; quer das violações contra as liberdades individuais.

    No passado sempre foi tido que cabe aos eleitores tudo decidir. E serem eles os maiores juízes. Hoje, duvido que os eleitores saibam distinguir muito bem os bons políticos dos maus políticos. É por isso que o mundo ocidental está em crise. Além de escolhermos mal os eleitos, dámos-lhes legitimidades que antes as negavamos. Hoje, as democracias, são as que mais legislação anti-liberal produzem. E as que mais corrompem a separação de poderes. E, até, fruto do voto popular, temos poderes captivos de determinados grupos de interesses, semelhantes ao próprio fascismo nazi. O caso mais evidente é o sistema americano, que está captivo de Wall Street e que está a tornar aquele país no mais parecido que existe com o nacional-socialismo alemão do Hitler.

    Uma das conquistas civilizacionais foi a separação de poderes. E essa separação é destruída se levarmos até ás últimas consequências a crença no voto popular. É um paradoxo liberal e democrático mas existe.

    anti-comuna

    PM E no caso americano, não apenas o sistema político está captivo de Wall Street como até do complexo industrial. O Obama está a praticar o maior aumento dos gastos militares, em tempo de paz. Aliás, os gastos governamentais estão em forte crescimento mas é na Defesa onde mais cresce os recursos estatais.

    Gostar

  30. Desconhecida's avatar
    anti-comuna permalink
    12 Agosto, 2009 21:07

    “Curiosamente, a Distrital de Lisboa estava contra a inclusão nas listas de AP e HLC.”

    O que até é bom sinal. Mas demonstra que eu estou errado nesse caso, quanto ao chamado centralismo da líder. Mas mesmo assim, se as distritais indicassem arguidos, aceitariamos? Em nome da descentralização penso que não. Senão, para que era escolhido um líder em directas? Para impõr ao partido todo directrizes estratégicas, que implicam todo o partido.

    É claro que eu não me importo de ser visto como centralista. Mas existem competências do líder que não podem ser contrariadas pelas hierarquia inferior.

    Mas registo que a Distrital se opões aos nomes. Bons sinais.

    anti-comuna

    Gostar

  31. LR's avatar
    12 Agosto, 2009 21:12

    Caro Anti-Comuna,

    “Um dos riscos de deixar ao critério dos leitores a existência, ou não, de legitimidade política por parte dos seus representantes, passando por cima dos tribunais e até das leis é criar condições para a imposição de uma ditadura (…)”

    Por favor, não se precipite. Você não viu nunca ninguém neste blogue defender a candidatura de indivíduos já condenados. Entendo que estes devem por lei ser inibidos de se candidatarem (o que aliás, julgo que acontece). Em nome da separação e da limitação de poderes, que é uma coisa que eu especialmente prezo.

    Gostar

  32. LR's avatar
    12 Agosto, 2009 21:21

    Caro Anti-Comuna,

    “Mas mesmo assim, se as distritais indicassem arguidos, aceitariamos? Em nome da descentralização penso que não.”

    Como eu já disse, eu estou totalmente contra este sistema, que está ultra viciado. A própria indicação pelas distritais é um processo também ele centralizado e numa lógica 100% aparelhística. E vale aqui fundamentalmente o peso e capacidade de negociação das distritais. Por exemplo, o “menezista” Marco António, em 34 nomes propostos, apenas viu um rejeitado.

    Gostar

  33. Desconhecida's avatar
    anti-comuna permalink
    12 Agosto, 2009 21:25

    Sim. Mas quando levamos a crença que os eleitores são bons a tomar decisões, e o exemplo venezuelano mostra isso mesmo, é de aceitarmos violações à separação do principio de poderes. O Chavez não foi condenado (que eu saiba) mas está a usar o voto popular para limitar as liberdades civis.

    Se por um lado sabemos que só os eleitos com o voto popular devem ter legitimidade política; por outro, temos que lhes limitar os poderes. Mesmo os poderes que possam parecer lhes pertencer. Não foi por acaso que a Independência dos Bancos Centrais foi das mais sensatas decisões tomadas no pós-guerra. Quando os políticos, com o voto popular, têm a mão no botão de impressora…

    É este aspecto que eu tento relevar na sua crença que o voto popular é um dos melhores juízes e que não se deve impedir arguidos de serem candidatos. Eu julgo que devem existir limitações, decorrentes dos seus estatutos jurídicos. Os arguidos têm um estatuto jurídico diferente dos demais cidadãos. Mesmo que o estatuto lhe seja empregue, supostamente, para sua própria protecção.

    anti-comuna

    Gostar

  34. Desconhecida's avatar
    anti-comuna permalink
    12 Agosto, 2009 21:29

    “Como eu já disse, eu estou totalmente contra este sistema, que está ultra viciado. A própria indicação pelas distritais é um processo também ele centralizado e numa lógica 100% aparelhística.”

    Ah! Pois. Mas isso é que importa relevar. E estudar com calma a forma de eleição dos deputados. Porque, o actual sistema está a implodir.

    Mas, atenção, que eu penso que temos é que ter cuidado com os eleitos e com os votos populares. É que não existe outra forma de legitimidade política aceite, mas implica não sacralizar demasiado, quer o voto popular, quer o próprio eleito.

    Mas eu estou de acordo com as suas críticas ao sistema político. Note. No caso das minhas críticas ao JM e ao CAA é que eles parecem rodopiar de acordo com os nomes em causa. Só isso.

    anti-comuna

    Gostar

  35. Rui's avatar
    Rui permalink
    12 Agosto, 2009 21:38

    Já comentei alguns posts do CAA mas também já desisti. O caso foi pegado desde cedo de forma enviesada e demagógica pelo CAA e as “ajudas” de outros blasfemos apenas foram piorando a coisa; a excepção do LR é de louvar e foi o único a conseguir elevar a discussão e colocá-lo no tom correcto.
    De início também discordei da inclusão de AP e HLC mas a argumentação de MFL, não me tendo convencido, bastou-me para desculpabilizar essa inclusão e, tendo em conta a importância de todo o resto – a começar pela necessária remoção do PS do poder (mais que Sócrates em particular) – merece, na minha opinião, um bocado de “clubismo” e a escolha é sempre neste por um mal menor (tragam-me os idealismos depois; e, no caso de CAA até pode ser esse estadista de nome LFM).
    Repito JPP: “a máquina de propaganda do PS é tão forte, não ajudemos nós.”

    Gostar

  36. Rui's avatar
    Rui permalink
    12 Agosto, 2009 21:44

    E, claro, a questão essencial também deveria ser a reforma do sistema político, a começar pela introdução de círculos uninominais. O actual sistema não serve; totalmente de acordo com o LR: vivemos num sistema de presidencialismo do PM. Por outro lado, não tendo ideia de como esta deveria ser feita, a passagem de algumas decisões exclusivamente para os estruturas locais dos partidos (distritais, concelhias) não me deixaria muito descansado.

    Gostar

  37. Desconhecida's avatar
    Anónimo permalink
    12 Agosto, 2009 21:49

    e a zézinha fachista pinto faz parte do acordo pós eleitoral com a direita divertida? ganda caldeirada de princípios, meios e final mentes.

    Gostar

  38. Desconhecida's avatar
    anti-comuna permalink
    12 Agosto, 2009 21:50

    Um dos maiores argumentos contra a descentralização em Portugal e contra a regionalização. Os Açores e a Madeira mostram que não funcionam em Portugal.

    Eu tenho a ideia que o que era preciso era mesmo a independência do Norte. Essa era a derradeira forma de retirar poderes a Lisboa. Nunca vi nenhum regionalista a falar em Independência do Norte. Estranho.

    Mas mesmo com círculos nominais desconfio que também não irá funcionar. Mas é a única hipótese de testar a eficiência deste regime político. E aqui o fulcro do problema da escolha das listas da F. Leite. Mas preferiram a fulanização do assunto em vez de se centrar no essencial.

    anti-comuna

    Gostar

  39. LR's avatar
    12 Agosto, 2009 22:46

    Caro Anti-Comuna,

    “Ah! Pois. Mas isso é que importa relevar. E estudar com calma a forma de eleição dos deputados. Porque, o actual sistema está a implodir.”

    Para mim era muito simples: círculos uninominais com eleição a 2 voltas (à francesa). Estes, a prazo, poderiam conduzir a primárias dentro dos partidos, que seria a forma de se acabar com os actuais aparelhos.

    Gostar

  40. José Manuel Santos Ferreira's avatar
    José Manuel Santos Ferreira permalink
    12 Agosto, 2009 22:48

    15.MJRB disse
    12 Agosto, 2009 às 7:51 pm
    Anti-Comuna, 10

    Este está à rásca para contar a estória da branca de neve e dos sete anões

    Só espero é que não salte para a praça pública os financiamentos do Santana Lopes ao esporting e ao besfica,tal como explicava exemplarmente, tim por tim, o Miguel Sousa Tavares na Bola e no o Expresso, em devida altura

    À Morgado, e não só, falta-lhe modus operandi

    Vamos à bernarda

    Gostar

  41. Piscoiso's avatar
    12 Agosto, 2009 22:51

    Dos comentadores que vêm aqui como a um confessionário, dizendo em quem vão votar, não se esqueçam, ao desligar o pc, de rezar um pai-nosso e três avé-marias.

    Gostar

  42. Gonçalo Marques's avatar
    12 Agosto, 2009 23:05

    Coloco uma questão a todos os comentadores:

    E se, em Outubro, António Preto estiver inocente?

    Gostar

  43. Basico's avatar
    Basico permalink
    12 Agosto, 2009 23:13

    Tanto comentario para chegarmos a seguinte conclusao:

    Ninguem acredtia nos dois lideres que vao a votos, sao ambos uma mxrda e so vao enterrar ainda mais o pais do que ja esta.

    O que eu acho estranho e que nao haja um levantar de vozes, um obrigar o PSD a retirar aquele fantoche da frente e meter alguem que, com um minimo de condicoes, nao so consiga ganhar as eleicoes (a MFL so por magia o vai conseguir), como consiga mudar o curso das coisas.

    Ha tantos nomes fortes:

    – Marcelo Rebelo de Sousa
    – Antonio Borges
    – Rui Rio

    Qualquer um destes gajos dava baile ao Socras com as maos atadas atras das costas…

    no entanto, a vox populi continua quieta e muda a espera da fatalidade.

    se os portugueses do antigamente fossem o que nos somos hoje em dia, nunca teriamos metido um pe numa nau e andavamos a guardar cabras pros espanhois.

    Gostar

  44. José Manuel Santos Ferreira's avatar
    José Manuel Santos Ferreira permalink
    12 Agosto, 2009 23:13

    Pai nosso
    Que estais no céu
    Santificado seja o vosso nome
    …..

    Dai-nos por favor, uma maioria…….do PS

    Gostar

  45. Desconhecida's avatar
    Anónimo permalink
    12 Agosto, 2009 23:26

    Ó Piscoiso,
    emigra outra vez e leva lá a merda que transborda dos penicos da tuas tias contigo.

    Gostar

  46. lucklucky's avatar
    lucklucky permalink
    12 Agosto, 2009 23:32

    “O que eu acho estranho e que nao haja um levantar de vozes, um obrigar o PSD a retirar aquele fantoche da frente e meter alguem que, com um minimo de condicoes, nao so consiga ganhar as eleicoes (a MFL so por magia o vai conseguir), como consiga mudar o curso das coisas.

    Ha tantos nomes fortes:

    – Marcelo Rebelo de Sousa
    – Antonio Borges
    – Rui Rio”

    Está brincar comigo.

    Marcelo é a alma ideológica danada do PSD. Os resultados estão á vista. Foi ele que desenhou o PSD socialista.

    António Borges não é político sequer.

    De Rui Rio não se conhece um pensamento político que seja. Nada o destingue de outros Presidentes de Câmara que gastam o dinheiro que não cobraram.

    Gostar

  47. José Barros's avatar
    José Barros permalink
    12 Agosto, 2009 23:38

    Caro LR,

    Antes de mais, também acho, como outros comentadores, que o seu post foi o único que apresentou argumentos nesta discussão que já dura há uma semana. Tardou, mas aconteceu.

    Retomando o debate:

    «O não poder afastar candidatos que eram deputados é um argumento paupérrimo, dado que muitos outros foram afastados. Qual a sentença que lhes “lavrou”?» – LR

    Nenhuma, mas eles não eram arguidos. O ponto é esse: se Ferreira Leite entende que aqueles candidatos têm mérito para ser incluídos na lista, a questão que se coloca é saber se o facto de serem acusados devia determinar a sua exclusão. E é quando a questão se coloca nesses termos que rejeitar as candidaturas significa “lavrar a sentença” ou, como na expressão que utilizou em relação a Marques Mendes, enveredar pelo justicialismo criticado ao ex-líder do PSD.

    «Repare que estamos a falar de eleições diferentes. Num caso, integra-se uma enorme lista, noutro encabeça-se uma lista a uma câmara. Muito embora aqui se esteja a eleger uma vereação também pelo método de Hondt, na prática os eleitores votam neste ou naquele candidato a presidente, funcionando quase como uma eleição uninominal» – LR

    Na teoria funciona assim. Na prática são os líderes partidários que dão o seu assentimento às candidaturas autárquicas ou que, pelo menos, não as vetam, podendo fazê-lo. O papel do líder partidário será mais decisivo no caso das legislativas, mas está longe de inexistir no caso das autárquicas.

    Por outro lado, o LR esquece um facto relevante: é que na esmagadora maioria dos casos os eleitores desconhecerão os factos pelos quais os arguidos estão indiciados. E desconhecerão, desde logo, porque existe o segredo de justiça, não tendo, nem os cidadãos, nem sequer os meios de comunicação social acesso aos processos em fase de inquérito. Acresce que,Eu equacionei a possibilidade de serem na mesma eleitos mas, pelo que conheço da lógica aparelhística, garanto-lhe que esta gente é em geral incapaz de avançar para um confronto individual isolada da “tribo” quando estes últimos sabem alguma coisa do mesmo, o mais certo é a informação não ser fiável, na medida em que é filtrada para fora por quem está interessado em condenar ou obter a absolvição do arguido em causa.

    Ou seja, não há nenhum processo racional de escolha no caso dos eleitores em eleições autárquicas, como, à partida, a ideia de candidaturas quase uninominais poderia fazer crer. Há, quando muito, um acto de fé no candidato.

    «Eu equacionei a possibilidade de serem na mesma eleitos mas, pelo que conheço da lógica aparelhística, garanto-lhe que esta gente é em geral incapaz de avançar para um confronto individual isolada da “tribo”» – LR

    Ok, vou acreditar em si, porque não conheço o aparelho partidário do PSD ou de qualquer outro partido.

    «Bom, mas então isso também vale para António Preto, que era deputado. E essa do António Preto ser acusado por actos praticados ao nível privado, é outra paupérrima argumentação de MFL. Se alguém for crápula na vida privada, isso então não releva para o desempenho de uma função pública?» – LR

    Era deputado, mas os factos de que é acusado não têm conexão com a sua actividade de deputado, ao contrário do que sucedia com Isaltino e Valentim. E esse é um argumento para se ser menos condescendente com Isaltino e Valentim do que com Preto. Exactamente o contrário do que veio a acontecer, a julgar, pelo menos, pela posição de alguns membros do Blasfémias.

    Quanto à importãncia de se ser crápula: é evidente que é importante, mas é precisamente isso que não se sabe se é verdade. Se o homem é culpado ou não, só se saberá depois do julgamento. Ou seja, como tenho defendido sempre, esta era uma questão de estratégia política, eleitoral se quiser, que MFL decidiu mal. Não era uma questão ética, porque para isso temos de abdicar do princípio da presunção de inocência, sendo que quando se abdica desse princípio, as pessoas tendem a tornar-se sectárias e irracionais: só para dar exemplos recentes neste blogue, Pinto da Costa, antes de ser julgado, é um herói, vítima de uma cabala urdida pela Carolina e mais uns mafiosos encarnados; já o Preto é um crápula, que vê-se mesmo que recebeu malas e malas com dinheiro vivo para financiar o partido e meter algum ao bolso (o exemplo de Helena Matos da teoria da cabala também serve).

    Só para completar: o que MFL disse foi simplesmente que o caso de Preto não seria abrangido pela proposta de lei de Marques Mendes, pelo que ela teria sempre de tomar a decisão de candidatar ou não o homem, sendo que essa decisão, no caso de ser negativa, pressuporia um julgamento que ela acha dever caber aos tribunais. Pode discordar-se da posição – eu discordo – mas até acho que MFL argumentou bem a favor de uma má decisão.

    «Analise p.f. o contexto da referida posta do JM. Posso dizer-lhe que a minha posição é idêntica para a esfera local ou central: criar condições para que o eleitorado se pronuncie e para que ele possa ser também responsabilizado.» – LR

    Eu não me atenho ao post antigo do JM que percebo ser irónico. O problema está nos comentários que o JM fez ao post dele mais recente e em que contradiz nos comentários o que defende no post, dando todos os argumentos para defender MFL, designadamente o de que cabe aos eleitores decidirem se se incomodam ou não com a eleição de Preto.

    Eu também defendo o que o JM defende nos comentários; não defendo o que defende nos posts.

    Quanto à ideia dos círculos uninominais, sempre fui a favor (ao contrário da regionalização). Pelo que aí estamos de acordo.

    Gostar

  48. Paulo Nunes's avatar
    Paulo Nunes permalink
    12 Agosto, 2009 23:56

    #43 José Manuel Santos Ferreira disse
    Dai-nos por favor, uma maioria…….do PS

    Vá de retro!
    Até me cheirou a enxofre…

    Gostar

  49. Desconhecida's avatar
    Anónimo permalink
    13 Agosto, 2009 00:00

    quem vai de metro é o santanás, buracos é com ele.

    Gostar

  50. Anti-liberal's avatar
    Anti-liberal permalink
    13 Agosto, 2009 06:23

    .

    Lido tudo isto, até parece que se esgotaram os argumentos. Pronto, não há mais!
    Engano e latimável. A Dra. Manuela Ferreira Leite (MFL) foi eleita presidente do PSD e, em consequência, zelará pelos seus atributos. Quando ela, em consciência, nomeia os candidatos para a célebre lista, assume a total responsabilidade pela escolha efectuada.

    Não se trata de conhecer ou não a Senhora, mas não acredito que tenha, bizarramente, acolhido alguém arguido com probabilidade de ser condenado. Suponho que MFL tem muita experiência e uma perfeita noção do que faz, sendo que, com o Partido, tem a defender a própria dignidade.

    Para já, é preciso correr com o Sócrates e a socretinagem para acabar, cortar rés, o risco de ditadura — a outra foi ditamole mas esta seria muito dura (e eu só gostava de saber o que os comunistas fariam.

    Depois, deixemos MFL organizar o Partido e arrumar a Casa e tem muito trabalho pela frente. E, se calhar, purgas…

    O PSD é o mal menor em qualquer caso — ou então pensar a sério no anti-liberalismo. É uma ideia… :))

    Nuno

    Gostar

  51. Desconhecida's avatar
    Carlos Duarte permalink
    13 Agosto, 2009 11:02

    Caro Anti-Comuna,

    O CAA não “odeia” a MFL por causa do Benfica. Tem de olhar mais a Norte, nomeadamente para a Câmara Municipal do Porto… e ligar os pontos.

    Gostar

  52. LR's avatar
    13 Agosto, 2009 12:06

    Caro José Barros,

    “Nenhuma, mas eles não eram arguidos. O ponto é esse: se Ferreira Leite entende que aqueles candidatos têm mérito para ser incluídos na lista, a questão que se coloca é saber se o facto de serem acusados devia determinar a sua exclusão.”

    Meu Caro, você está a fazer uma completa inversão de valores. Então dos n deputados que foram excluídos, o seu azar foi não serem arguidos?

    “Na teoria funciona assim. Na prática são os líderes partidários que dão o seu assentimento às candidaturas autárquicas ou que, pelo menos, não as vetam, podendo fazê-lo.”

    O meu ponto é que, com ou sem veto do líder, nas autárquicas é possível algum escrutínio ao candidato. Tal não se passa nas legislativas.

    “Por outro lado, o LR esquece um facto relevante: é que na esmagadora maioria dos casos os eleitores desconhecerão os factos pelos quais os arguidos estão indiciados.”

    É óbvio que sim. Mas os eleitores fazem fundamentalmente um julgamento político e pode para eles ser mais relevante o currículum político do candidato do que o seus “cadastro”. Claro que se a justiça posteriormente condenar o candidato, ele deverá ser corrido das suas funções, se já eleito.

    “Ou seja, não há nenhum processo racional de escolha no caso dos eleitores em eleições autárquicas, como, à partida, a ideia de candidaturas quase uninominais poderia fazer crer. Há, quando muito, um acto de fé no candidato.”

    É verdade que cada eleitor tem motivações específicas ao votar, muitas vezes irracionais. Só que a soma dessa múltiplas e desencontradas motivações é geralmente igual a bom senso. Se estivermos a falar de escolhas de candidatos em primárias e admitindo uma total liberdade de candidaturas (outra utopia…) e portanto várias opções, eu estou convicto de que a escolha final seria bem mais sensata do que se a entregássemos à discricionaridade de um líder.

    “Era deputado, mas os factos de que é acusado não têm conexão com a sua actividade de deputado, ao contrário do que sucedia com Isaltino e Valentim. E esse é um argumento para se ser menos condescendente com Isaltino e Valentim do que com Preto. Exactamente o contrário do que veio a acontecer, a julgar, pelo menos, pela posição de alguns membros do Blasfémias.”

    Eu acho que o que importa é a prática em si de um ilícito, que define o carácter da pessoa, e não a envolvente ou as circunstâncias em que ele ocorreu.

    “só para dar exemplos recentes neste blogue, Pinto da Costa, antes de ser julgado, é um herói, vítima de uma cabala urdida pela Carolina e mais uns mafiosos encarnados; já o Preto é um crápula, que vê-se mesmo que recebeu malas e malas com dinheiro vivo para financiar o partido e meter algum ao bolso (o exemplo de Helena Matos da teoria da cabala também serve).”

    Falo por mim. Em hipotéticas primárias eu nunca votaria em Pinto da Costa ou em António Preto como candidatos a cargos políticos. Mas não me chocaria que fossem eleitos, pois sei que são presumíveis inocentes. Como já foi dito anteriormente, o eleitor faz a única apreciação que pode, a política e nunca pode decidir com base em critérios judiciais.

    “O problema está nos comentários que o JM fez ao post dele mais recente e em que contradiz nos comentários o que defende no post, dando todos os argumentos para defender MFL, designadamente o de que cabe aos eleitores decidirem se se incomodam ou não com a eleição de Preto.”

    É verdade. E como os eleitores não têm a hipótese de validar ou sancionar a escolha de AP e HLC como teriam em elições para uma Câmara, era preferível que MFL se abstivesse de os indicar como candidatos. A própria distrital de Lisboa estava contra a sua indigitação e, por muito que se questionem os respectivos critérios, o colégio de selecção de candidatos das distritais é bem mais alargado do que o de MFL. É que o grande problema, e eu lamento sinceramente que tal aconteça, MFL gerou com a sua decisão suspeições de favorecimentos, pagamentos de favores e tudo o mais ao nível do tráfico de influências em que os aparelhos se especializam.

    Gostar

  53. José Barros's avatar
    José Barros permalink
    13 Agosto, 2009 16:22

    Caro LR,

    «Meu Caro, você está a fazer uma completa inversão de valores. Então dos n deputados que foram excluídos, o seu azar foi não serem arguidos?» – LR

    Compreendeu mal.

    O que estou a dizer é que, partindo do princípio que MFL excluiu deputados por razões de mérito, capacidade eleitoral, peso nas distritais, etc…, quando confrontada com os casos mencionados achou que tais critérios não os excluiriam, pelo que sobrou-lhe a questão de os candidatos em causa serem arguidos, tendo-se, nesse âmbito, colocado o problema se deviam ser excluídos por essa outra (nova) razão. Concluiu que não. Fez uma opção de não se adiantar à justiça nesse domínio. Opção com a qual não concordo porque ser-se arguido tem inegavelmente conotações políticas importantes que desaconselham a escolha de candidatos com esse estatuto. Mas não há quaisquer razões éticas para criticar MFL e é esse o ponto. Estou nesse aspecto de acordo com os posts do novo blogue “Novo Rumo” sobre esta questão.

    O meu ponto é que, com ou sem veto do líder, nas autárquicas é possível algum escrutínio ao candidato. Tal não se passa nas legislativas. – LR

    Em contraponto com o que refere, cargos executivos são muito mais sensíveis em matéria de corrupção e tráfico de influências – crimes geralmente associados à actividade política – do que o cargo de deputado (o que não quer dizer que não possa haver conluios também com deputados). Pelo que a maior sensibilidade dos cargos executivos é argumento para se ser mais exigente com autarcas ou com ministros do que com deputados e argumento também para os líderes partidários serem mais exigentes em matéria de veto político relativamente a autarcas e ministros. Pode-se, pois, concluir que a decisão de Marques Mendes de excluir Valentim e Isaltino foi correcta, sem com isso necessariamente ter-se de concluir que a inclusão de Preto e da Helena da Costa é errada.

    Além disso, sobra a questão do desconhecimento dos factos indiciados pelos eleitores, o que só por si afasta, a meu ver, a ideia de que o escrutínio destes teria algum significado político. A questão é que a avaliação política dos eleitores depende do conhecimento dos factos indiciados, conhecimento esse que inexiste, estando o processo em segredo de justiça.

    «e portanto várias opções, eu estou convicto de que a escolha final seria bem mais sensata do que se a entregássemos à discricionaridade de um líder.» – LR

    Eu estou convencido que as escolhas seriam igualmente insensatas e que as eleições de Isaltino ou de Valentim são um bom exemplo disso. O que concedo é que a legitimidade das decisões é maior quando a escolha é feita pelo eleitor. Mas isso favorece a tese de Ferreira Leite de não se antecipar à justiça, dando assim aos eleitores a oportunidade de votar ou não votar no PSD por razões atinentes à inclusão dos candidatos em causa.

    «Eu acho que o que importa é a prática em si de um ilícito, que define o carácter da pessoa, e não a envolvente ou as circunstâncias em que ele ocorreu.» – LR

    Pelo contrário, eu considero a as circunstâncias muitíssimo relevantes para o juízo político a fazer, seja pelo líder partidário, seja pelos eleitores.

    Ser-se arguido relativamente a um crime cometido na vida privada pode em certos casos (não digo sempre, visto que depende do crime em causa) colocar apenas questões de idoneidade moral, não muito diferentes de quando se trata de o político ser adúltero, ter frequentado prostitutas ou ter consumido drogas.

    Ser-se arguido relativamente a um crime praticado no exercício de cargo público coloca adicionalmente ou, pelo menos, de forma mais veemente a questão do risco da reincidência e de menosprezo do interesse público em detrimento de interesses particulares. E isso não terá de deixar de ser avaliado pelo líder partidário ou pelos eleitores, consoante o crivo que se escolha.

    «Como já foi dito anteriormente, o eleitor faz a única apreciação que pode, a política e nunca pode decidir com base em critérios judiciais.» – LR

    O problema é quea avaliação política depende do conhecimento de factos que constam do processo e não são conhecidos. É por assim dizer uma avaliação política desinformada.

    Mas, como também referi, esse argumento que o LR avança favorece a decisão de Ferreira Leite, no sentido de que a mesma não se substituiu aos eleitores no juízo político a fazer das candidaturas. Neste momento, quem quiser pode não votar no PSD pelo facto de as listas terem candidatos arguidos. Parece ser essa, aliás, a posição de várias pessoas neste momento, a começar pelo CAA e pelo João Tavares e outros. Pelo contrário, quem gostar muito do Preto ou da Helena Costa pode votar no PSD, apesar de as pessoas em causa serem arguidas. O que confirma que, sendo a decisão de MFL errada do ponto de vista da estratégia eleitoral, não é criticável do ponto de vista ético, nem coloca, a meu ver, questões em termos de qualidade da democracia, como outras pessoas pretendem fazer crer.

    Gostar

  54. Anti-liberal's avatar
    Anti-liberal permalink
    13 Agosto, 2009 19:23

    #52
    José Barros disse
    13 Agosto, 2009 às 4:22 pm

    E também há pessoas que se estão inteiramente nas tintas pois o que é fundamental é despejar os socialistas e o chefe do bando.
    É preciso estar serenos e que não lancem a confusão. CAA’s & companhia estão a estragar a excelente hipótese des o PSD ganhar o Poder e salvar Portugal.

    Nuno

    Gostar

  55. Anti-liberal's avatar
    Anti-liberal permalink
    13 Agosto, 2009 19:27

    #54
    José Barros disse
    13 Agosto, 2009 às 4:22 pm

    *errata: hipótese des o PSD = hipótese des o PSD

    Nuno

    Gostar

Indigne-se aqui.