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“Azul Eufémia” *

13 Agosto, 2009
by

Um grupo de moços da direita bem-comportada tem um blogue que luta desesperadamente por audiências. A rapaziada diz-se monárquica, o que, em Portugal, não tem qualquer significação especial para além de uma mescla entre um vago saudosismo pindérico com um esforço de ostentação onomático. No fundo, a maioria dos ‘nossos’ monárquicos não passa de patéticos candidatos a aristocratas.
A malta desse blogue quis dar nas vistas e urdiu uma façanha tipo ‘Verde Eufémia’: invadiu a varanda da Câmara de Lisboa e substituiu a bandeira da cidade pela do seu culto, filmando tudo (claro está!).
O que fica desta pantominada?
Para além da publicidade grátis aos próprios, temos, ainda, de lhes agradecer a elucidação acerca do que valem os actuais adeptos indígenas da monarquia.

* Ontem, no Correio da Manhã

216 comentários leave one →
  1. o santo permalink
    13 Agosto, 2009 12:00

    Eles serviram para mostrar que já ninguém monta guarda para proteger a República.
    Tal como a Monarquia chegou ao fim em Portugal, também a República pode ter um fim rápido.
    Ao fim de 99 anos chegamos à conclusão que ninguém liga patavina aos regimes e aos seus servos.
    Andamos só a vomitar palavras atrás de palavras porque já ninguém parece ter a solução para os problemas contemporâneos. Os governos passaram a reagir aos problemas e qualquer dia perdem o barco e lá se vai o regime rio abaixo.

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  2. 13 Agosto, 2009 12:04

    Toma e embrulha!

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  3. 13 Agosto, 2009 12:11

    Supra, SANTO, #1:

    -“(…) chegamos à conclusão que ninguém liga patavina aos regimes e aos seus servos”

    Precisamente! Por isso mesmo, ninguém liga nada a esses actos de proclamação monárquica! A sua irrelevância resulta, também, disso mesmo! Uma não causa, com um não-facto, típico de Agosto.

    Quanto à segurança ou suposta falta dela – que agora tentam ressucitar para dar algum sentido sério à coisa – não me parece que seja muito diferente do que sempre foi: ou já se esqueceram que há alguns anos atrás – precisamente, pouco tempo depois do 11 de Setembro – um depósito de água de abastecimento a Lisboia foi calmamente assaltado por personagens estrangeiros (dizia-se, nos jornais,que seriam magrebinos) que, pelo que se soube, passearam calmamente pelas ditas instalações (vigiadas, suponho), sem que nada os detivesse?

    No caso concreto, talvez já ninguém ligue à Camâra….

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  4. Pi-Erre permalink
    13 Agosto, 2009 12:15

    Pois eu estou pronto para ser adepto da monarquia desde que me façam monarca.

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  5. O puto novo no bairro permalink
    13 Agosto, 2009 12:15

    Essa confusão de monárquicos com would be aristocratas está mais do que ultrapassada. Mas é assim que a seita republicana, com a sua amnésia histórica e pouca perceptibilidade social despacha, ridicularizando, o que não lhe convem. A seita macónica jacobina não suporta que lhe contestem a duvidosa legitimidade e recordem quase 800 anos de história, isso é coisa com que a seita republicana fica a espumar. Tornou~se dona da história (só existe iluminação em Portugal depois da República) e dona das atitude cívica correcta – pratica a nova inquisição política e ideológica. E tem os seus cømissários prontos a contra-atacar. Não é só sr. Santos Silva.

    O que CAA diz ser a bandeira da cidade, para quem sabe de História não é de todo a bandeira da cidade, a não ser por catacrese, é a bandeira do Conde de Schaumbourg Lippe, que no século XVIII organizou o exército português.

    Temos também que agradecer aos republicanos comissars que nos mostrem como são padrecas ainda os actuais sustentadores do establishment republicano, profes de civismo jacobino, pletóricos de justa cólera ou de sarcasmos menores.

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  6. permalink
    13 Agosto, 2009 12:17

    cheira a inveja.. o CAA tambem queria subir um escadote mas já nao é capaz.. o escadote.

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  7. 13 Agosto, 2009 12:25

    Este 31 armado não passou de uma garotice, com o nítido objectivo de obterem audiência.

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  8. 13 Agosto, 2009 12:25

    Uff, ainda essa lenga-lenga do jacobinismo e da carbonária e de coisas que tais…..

    Mas, parafraseando o Puto-Novo-no-Bairro* (supra #5): “Mas é assim que a seita “monárquica”, com a sua “atávica e repetitiva mamória” histórica e pouca perceptibilidade social despacha, ridicularizando, o que não lhe convem”…..

    * PS – Os hífens são um sinal de deferência aristocrática.

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  9. 13 Agosto, 2009 12:26

    «Essa confusão de monárquicos com would be aristocratas está mais do que ultrapassada.»

    Na Suécia, talvez…

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  10. Anónimo permalink
    13 Agosto, 2009 12:31

    Depois de ler as reacções no 31 da Armada concordo com o CAA #9: fala-se muito em quem se escolheria pra rei, como se a Monarquia admitisse algum tipo de escolha. É sangue e apelido. Mas cá os nossos monárquicos aspiram se não a rei a serem alguém com mais pedigree.

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  11. 13 Agosto, 2009 12:32

    Este Carlos Amorim está a ficar um bocado ressabiado, ou é impressão minha?

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  12. 13 Agosto, 2009 12:36

    Depois de ler os comentários no 31 da Armada tenho de concordar com o que o CAA disse em #9: muito lá se falava em quem se havia de escolher para ser rei. Como se a Monarquia admitisse escolha: é tudo sangue e apelido. Os nossos monárquicos se não pensam subir a rei aspiram sem dúvida a ser alguém com mais pedigree. Os restantes presumo que usem o sempre útil argumento no-meu-tempo-é-que-isto-era-bom.

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  13. O puto novo no bairro permalink
    13 Agosto, 2009 12:42

    #12
    A monarquia funciona perfeitamente bem nos países mais desenvolvidos da Europa: Inglaterra, Dinamarca, Espanha, só para citar alguns. Mas a seita republicana é cega e iluminada ao mesmo tempo. Confunde monarquia com nomes, reduz um sistema de governo a um desejo de ascenção social, ora isso não passa de puro ressabiamento.

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  14. O puto novo no bairro permalink
    13 Agosto, 2009 12:44

    #10

    E na Espanha, e em tantos outros sítios. Desde que não se tenha um mito estafado sobre a monarquia pode-se vê-la sem olhos redutores.

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  15. O puto novo no bairro permalink
    13 Agosto, 2009 12:46

    # 8

    Pois, acho que não gosta de ouvir aquilo que serviu de base para a constituição da ideologia republicana: O avental de choque e o extremismo jacobino – duas seitas políticas ferozes e intolerantes.

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  16. 13 Agosto, 2009 12:49

    Se os reis fossem eleitos até que podíamos pensar em voltar à monarquia. Não o sendo, o caso é que tínhamos agora que gramar com o Dom Duarte Pio e a Noeminha. Acho que nem Deus o legitimaria …

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  17. 13 Agosto, 2009 12:49

    «Mas a seita republicana é cega e iluminada ao mesmo tempo. Confunde monarquia com nomes, reduz um sistema de governo a um desejo de ascenção social…»

    Exactamente – os republicanos é que fazem essa confusão!!! Não há qualquer dúvida…

    Quanto aos monárquicos, sem excepção, todos pensam no interesse público, no povo e na nação.

    Aquela rapaziada que berra nos bancos para lhes colocarem nos cheques o ‘D.’ antes do nome está a fazer isso porque assim Portugal será uma País melhor, não é verdade?

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  18. O puto novo no bairro permalink
    13 Agosto, 2009 12:50

    #7

    Foi lúdico e foi irónico, além de ter sido transgressivo. Pode-se dizer também que foi um clássico: subir a um castelo, arrancar-lhe o pendão,(de um estrangeiro, o Conde de Schaumbourg Lippe) e substituí-lo por outro, o nosso.

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  19. O puto novo no bairro permalink
    13 Agosto, 2009 12:54

    # 17

    Só conhece monárquicos jurássicos?

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  20. Eber permalink
    13 Agosto, 2009 12:54

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  21. permalink
    13 Agosto, 2009 12:56

    mas ninguem percebeu que aquilo foi SÓ uma piada? que atrasados mentais

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  22. O puto novo no bairro permalink
    13 Agosto, 2009 12:56

    # 16

    As monarquias da nossa península provem do sistema monárquico visigótico: eram monarquias electivas.

    Porque não eleger um Rei? O primum inter pares. Muito mais barato. Ainda por cima se os presidentes se portam como reis, sem o serem e sem o charme e sobretudo sem a preparação.

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  23. O puto novo no bairro permalink
    13 Agosto, 2009 12:57

    # 22

    As piadas transportam mais verdade que as coisas “sérias”. Foi lúdico e jovem, para variar de cerimónias aventaladas.

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  24. 13 Agosto, 2009 13:00

    “Aquela rapaziada que berra nos bancos para lhes colocarem nos cheques o ‘D.’ antes do nome está a fazer isso porque assim Portugal será uma País melhor, não é verdade?”

    e tu és professor universitário? é assim tão fácil, aí por Lisboa?
    é preciso tanto nível? tanta distinção, tanta inteligência de argumento?

    és impressionante, CAA.

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  25. 13 Agosto, 2009 13:00

    “Aquela rapaziada que berra nos bancos para lhes colocarem nos cheques o ‘D.’ antes do nome está a fazer isso porque assim Portugal será uma País melhor, não é verdade?”

    e tu és professor universitário? é assim tão fácil, aí por Lisboa?
    é preciso tanto nível? tanta distinção, tanta inteligência de argumento?

    és impressionante, CAA. do melhor.

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  26. O puto novo no bairro permalink
    13 Agosto, 2009 13:07

    “Daqui em diante, sereis conhecido como Darth… Vader!”.

    O personagem escolhido pelo 31 da Armada (DARTH VADER, que na série das Star Wars foi seduzido pela força negra) DESTA FEITA ATACOU A ESTAÇÃO ESPACIAL DESVIADA PELA SEITA REPUBLICANA – o edficio da Câmara de Lisboa.

    Darth pode ler-se Dark ou Dart, e Vader como Father. Donde Dark Father atacou o reduto do obscurantismo, onde desde o advento da república se tem refugiado a série de maiores nulidades autarcas deste país.

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  27. O puto novo no bairro permalink
    13 Agosto, 2009 13:13

    Há coisas que me espantam no CAA, em quem reconheço um homem de inteligência. Mas a clubite, portista e republicana, turvam-lhe o entendimento.

    CAA está desactualizado em matéria social. Reage como um pequeno-burguês, aterrado que um palerma – convenientemente transformado em oximoron, possa gritar num banco para que lhe ponham o “Dom.” Igualar esse palerma jurássico a todos os actuais simpatizantes monárquicos é que me parece ser, no míinimo, impreciso.

    Recomenda-se a leitura urgente de Proust, pode começar ao acaso, por La Prisionière, por exemplo.

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  28. Anónimo permalink
    13 Agosto, 2009 13:14

    é como diz Pi-erre. Se a mimha familia for a real alinho nessa da monarquia .. eheh

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  29. Anónimo permalink
    13 Agosto, 2009 13:15

    Há tanta gente com vontade de ser vassalo e plebeu. Olhem o 31 da armada desejosos de prestar vasssalagem.

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  30. O puto novo no bairro permalink
    13 Agosto, 2009 13:16

    “Daqui em diante, sereis conhecido como Darth… Vader!”.

    Primeira parte da biografia de Darth vader: (fanado na Wiki)

    Ao ser seduzido pelo Lado Negro da Força, Anakin (agora Vader) esquece completamente o objetivo de salvar sua esposa e passa a se preocupar apenas consigo mesmo. Nos primeiros atos como aprendiz Sith, Vader inicia a perseguição aos Jedi e acaba com os líderes Separatistas, escondidos no planeta vulcânico Mustafar.

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  31. Alfarroba D'Silva permalink
    13 Agosto, 2009 13:19

    Elidérico Viegas, empresário hoteleiro e presidente da Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve, decidiu desancar no programa de animação Allgarve, promovido pelo Ministério da Economia. Mas Elidérico Viegas é também candidato a deputado do PSD pelo círculo do Algarve. E aqui é que a porca torce o rabo. Não se sabe quem está a falar: se o presidente da Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve a defender os empresários aí associados ou se o candidato do PSD a tratar da sua vida para ser eleito. Há misturas explosivas e a de empresários e cargos políticos é uma delas.

    ( D0 PSD E BASTA, COME 2 LADOS MAFIOSO )

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  32. 13 Agosto, 2009 13:21

    A acção foi muito semelhante às do Greenpeace.
    Em vez de verde foi azul.

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  33. O puto novo no bairro permalink
    13 Agosto, 2009 13:27

    Eis como CAA, usando uma figura retórica clássicas, pensa o que os monárquicos não são_

    “Quanto aos monárquicos, sem excepção, todos pensam no interesse público, no povo e na nação.”

    Interessante. CAA é um cartesiano (penso, logo sou). E tem a maior das suspeitas, aliás a certeza, que os que não perfilham o salvífico credo republicano (que para ele é pensar no interesee público, no povo e na nação – a nova santíssima trindade que substitui a outra falida do Pai, Filho e Espírito Santo)são dignos de pura execração, porque só pensam em brandir o seu “Dom” diante de pobres e aterrados empregados bancários.

    Para informação do CAA boa parte dos novos monárquicos são, e com muito orgulho da ralé. Ainda mais:e isto desde o século XIX, a antiga fidalguia desapareceu quase por completo. Os banqueiros e a alta burguesia em geral, de facto, compraram quase tudo, títulos e castelos, anéis de armas e prosápia.

    Mas persiste em CAA, que anda desactualizado, pas du tout au courant, do que se passa aqui e agora.

    Mas Darth Vader vai (des)iluminá-lo, CAA. Um dia, graças a Chilrior, o seu lado Jedi virá ao de cima. Haja esperança! A nave Bastriar deu consigo CAA – e vai ajudá-lo na sua alquimia política.

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  34. Isabel permalink
    13 Agosto, 2009 13:29

    O problema não é o regime. O problema é a “corte”, seja ela monárquica ou republicana.

    A monárquica é mais perigosa porque se instala por mais tempo e passa de geração.

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  35. chessplayer permalink
    13 Agosto, 2009 13:30

    Onde pára o Piscoiso?

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  36. O puto novo no bairro permalink
    13 Agosto, 2009 13:32

    #32

    Partidário do nihil novo sub sole?

    De certo modo.

    Bluepeace.

    Convenhamos que tirar a bandeira de um potentado alemão do edifícioo da Cãmara é como tirar as manchas de petróleo do estuário do Tejo-

    Quero ver o Monsieur Costa a explicar, indignado às plebes nacionais, que aquela é a bandeira do município, e passar por cima do facto que é a bandeira do Conde de Schaumbourg Lippe, que foi elevado a tratamento de alteza pelo Rei português da altura.

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  37. O puto novo no bairro permalink
    13 Agosto, 2009 13:37

    “O problema não é o regime. O problema é a “corte”, seja ela monárquica ou republicana.”

    Em si as cortes são um folklore inevitável, e podem ser inócuas ou positivas. Podem servir como pólos de elegãncia, de bom gosto. Ou não, podem ser antros de perversos e sádicos.

    “A monárquica é mais perigosa porque se instala por mais tempo e passa de geração.”

    Ou não. Há lutas entre cortesãos. Depois há a legião dos would be cortesãos, que querem tirar o lugar aos outros. De resto, o nosso país está basicamente organizado pelo nepotismo – a instituição mais antiga na área do mediterrãneo. Anterior às cortes republicanas e monárquicas.

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  38. O puto novo no bairro permalink
    13 Agosto, 2009 13:39

    3 28

    Não é nada como diz o Pi-erre. essa é mais velha do que a Sé de Braga.

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  39. 13 Agosto, 2009 13:45

    Acho que esta história da troca das bandeiras até têm a sua piada. Até nem me importava que se debatesse a sério Monarquia vs. República. Mas depois penso: exactamente que querem os Monárquicos?. Dou por certo que querem a Monarquia. Mas como? E quando? E a verdade é que ninguém percebe muito bem o projecto monárquico porque, estou quase certo, ele não existe como tal. O movimento monárquico em Portugal vive de saudades e aspiracoes cavaleirescas…e números de circo. E é por isso que ninguém os leva a sério.

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  40. Isabel permalink
    13 Agosto, 2009 13:54

    JB

    Nós já estamos a discutir a República vs. Monarquia.

    É a melhor homenagem que podemos prestar aos “heróis” que desafiaram a República de forma genial.

    Puseram em causa a “fragilidade” do regime sem derramamento de sangue. Ficámos a saber, pelo menos, que as forças de segurança que o “defendem”, estão muito aquém do necessário.

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  41. 13 Agosto, 2009 13:56

    Discute-se se os monárquicos querem ter um “D.” a frente do nome nos cheques do banco.
    Isso nao é discutir República vs. Monarquia.

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  42. José permalink
    13 Agosto, 2009 13:59

    Será que o Costa sabe de quem é a bandeira ou quem é o tal conde Lippe? Duvido.

    Por outro lado, a ideia das máscaras darth vader é kitsch. Mais valia uma máscara de D. Afonso Henriques. Afinal, o conquistador da cidade.

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  43. José permalink
    13 Agosto, 2009 14:00

    Isso na perspectiva apresentada de que os sarracenos ( ou filisteus, tanto faz para o caso) são os actuais ocupantes. Com o que concordo…

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  44. 13 Agosto, 2009 14:08

    podia ter sido um acto irreverente mais ou menos gratuito, mas não passou duma palhaçada que procurou mediatismo… nada mais a acrescentar!

    não tenho nada contra os regimes monárquicos europeus respeitadores de regras democráticas, nem considero que o assunto deva ser tabu entre nós… mas um rei como o Pio Duarte e a sua corja de corte de D(ons) que por aí há, não, muito obrigada!…

    fica caro andar sempre a fazer eleições para ter uma espécie de monarca em Belém, mas ao menos sempre podemos votar num diferente!

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  45. per caso permalink
    13 Agosto, 2009 14:12

    Num ponto ganha a monarquia, que em se matando o rei estava o caso resolvido. Agora experimentem fazer tal coisa em democracia, inventa-se logo outra cara ao partido, nova seita, que num pronto põe em pé os negócios de família.

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  46. Isabel permalink
    13 Agosto, 2009 14:14

    JB

    Se não tivesse acontecido este bizarro episódio não estaríamos aqui a falar sequer de Dons.

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  47. 13 Agosto, 2009 14:18

    e tu és professor universitário? é assim tão fácil, aí por Lisboa?

    Olhe que o CAA é do Porto, cidade e clube.
    Penso que o que escreveu será por ele considerado como um dos piores insultos pessoais.

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  48. Pinto permalink
    13 Agosto, 2009 14:26

    Um grupo de moços da direita bem-comportada tem um blogue que luta desesperadamente por audiências.

    Top 25 por média diária de visitas

    “pos. nome total visitas média visitas total páginas média páginas
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  49. caramelo permalink
    13 Agosto, 2009 14:53

    Ó Puto Novo, a bandeira, seja do senhor conde lippe, seja da câmara, foi roubada por uns gajos que, ainda por cima, se gabaram muito da coisa. Parece que isso agora se chama “guerrilha” ou manifesto politico, ou qualquer coisa assim. São já crescidinhos, não são? São imputáveis? Eu estou-me nas tintas para a motivação de quem rouba, desde que o motivo não seja matar a fome. Ou há moralidade ou comem todos. Vocês andam é a ler demasiado a Hola. Falando na Hola, o que tem a Espanha a ver com a Suécia? Cada monarquia é um caso. Queres comparar a Espanha monárquica com a França republicana? Queres exemplos de monaqruias miseráveis e repressivas com republicas prósperas e liberais? E essa cena dos reis eleitos é fixe… queres voltar ao sistema tribal? Ou à eleição através das cortes?

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  50. lagarto permalink
    13 Agosto, 2009 14:57

    E O CAA LUTA DESESPERADAMENTE POR QUÊ?
    PROTAGONISMO BACOCO…

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  51. D.Pi-Erre permalink
    13 Agosto, 2009 15:01

    Ora bem, eu tenho CHARME, estou PREPARADO e agora já tenho DOM. Além disso, a minha família não é meramente virtual, mas bem REAL, e, sobretudo, é muito antiga: sou descendente dos venerandos Driopitecos, com 16 (dezasseis) MILHÕES de anos.
    Que mais é preciso para ser monarca?

    D. Pi-Erre

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  52. Isabel Coutinho permalink
    13 Agosto, 2009 15:10

    O puto novo no bairro disse
    13 Agosto, 2009 às 12:56 pm
    # 16

    “As monarquias da nossa península provem do <b<sistema monárquico visigótico: eram monarquias electivas.”

    Ora até que enfim que além disse uma verdade !
    O conhecimento da História não abunda por aqui.

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  53. tiago permalink
    13 Agosto, 2009 15:11

    Antes dos acontecimentos a lista não deveria ser esta.
    Sexo na banheira apenas em sétimo é que me parece mal

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  54. Isabel Coutinho permalink
    13 Agosto, 2009 15:15

    “Ou à eleição através das cortes?”

    Cortes ou Assembleia, é a mesma coisa. Desde que tenham sido eleitas com poderes para tal.

    Dito isto, não estou a ver ninguém elegível.

    Alguém quer apresentar um candidato ?

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  55. caramelo permalink
    13 Agosto, 2009 15:18

    51.

    Isabel Coutinho, não basta saber História (essa tal informação vai-se biscar á wiki…). É preciso saber interpretá-la e saber o que fazer com ela. Por exemplo, o que conclui do facto de esse sistema visigótico ter acabado há já um bom par de anos?

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  56. O puto novo no bairro permalink
    13 Agosto, 2009 15:27

    Não há dúvida que os republicanos tem uma moral, mas a moral é sempre a expressão das necessidades de um rebanho.

    Palavras como ” defender o interesse público” levam o indivíduo a ser uma função do rebanho.

    Nunca um regime como o republicano fomentou tanto a organização da sociedade em rebanhos.

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  57. Carlos Duarte permalink
    13 Agosto, 2009 15:28

    As cortes não elegem, aclamam. Ou seja, se a pessoa na linha de sucessão não for aclamada, passa para o seguinte na linha de sucessão, até a aclamação ter sucesso (ou, em casos extremos, podem saltar logo vários, como aconteceu com D. João I, que acabou por resultar numa guerra civil uma vez que existiam dois “Reis” aclamados).

    No entanto, não sei se a constituição à altura da implantação da républica exigia aclamação ou se esta era apenas uma formalidade.

    Quanto às monarquias electivas, cá não existiram. A nossa tradição monárquica não é propriamente visigótiva ou centro-europeia (onde existiram, de facto, monarquias electivas como na Polónia e que, diga-se, não deram grande resultado… ou o Sacro Império-Romano em que o título de Imperador era mais um “honraria” que uma posição com real poder).

    O que existia cá, como referi acima, era a aclamação do Rei (que, por exemplo, não existia em França ou no Reino Unido, onde a Monarquia nunca era interrompida – i.e. morrendo o Rei, o seu sucessor passava automáticamente a ser-lo, ou, se quiserem – “Le Roi est mort. Vive le Roi.”), que se tratava de uma legitimação popular do monarca.

    E já que estamos neste assunto, Portugal muito rapidamente (e ainda mais rapidamente com D. João II) abandonou a estrutura de uma organização feudal, em que a Nobreza detinha poder efectivo. Portugal foi, quase sempre, um Reino muito centralizado na pessoa do Rei ou, após a Revolução Liberal, na partilha de Poder entre o Rei e as Cortes. Para um exemplo completamente oposto, basta ver a Alemanha que se manteve um Império altamente fragmentado, apesar da existência da “Super-Potência” Prussiana.

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  58. O puto novo no bairro permalink
    13 Agosto, 2009 15:32

    # 51

    De facto, conhecem pouco o pensamento diacrónico e o sincrónico.

    Não é caricatura, mas para o bovino médio comentador republicano neste blog e noutros, o do joãozinho gonçalves incluído, antes de 1910 (dia 5 de Outubro) Portugal estava mergulhado na mais sombria treva, graças a meia dúzia de galegos e uns quantos jacobinos, subitamente nesse dia a luz fez-se, e começou a história e a liberdade.

    Assim se deitam quase 8 séculos de história, em que aparentemente só havia “Dons” prepotentes e reis tarados, pela borda fora.

    Resta comparar as aristocracias republicanas que tivemos e ainda temos com as outras. Não me parece nada que algo tenha melhorado.

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  59. O puto novo no bairro permalink
    13 Agosto, 2009 15:37

    A República como fenómeno estético em demonstrado uma notável imperícia.

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  60. O puto novo no bairro permalink
    13 Agosto, 2009 15:38

    A República como fenómeno estético tem demonstrado uma notável imperícia.

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  61. Carlos Duarte permalink
    13 Agosto, 2009 15:38

    Caro Caramelo,

    O sistema de monarca eleito geralmente resultava em guerra civil ou em governação fraca. A eleição de um nobre, em prejuízo de um outro para monarca geralmente implicava que quem o suportou tinha honrarias e quem se lhe opôs vivia à míngua. Como não existia nenhuma legitimação externa (daí, por exemplo, o interesse de Napoleão ser coroado pelo Papa), a facção derrotada conseguia perfeitamente legitimar-se com entidade autónoma e não reconhecia o Rei.

    Este foi, aliás, um dos motivos porque o Washington, por um lado, recusou a coroa (sim, ele foi proposto para Rei do EUA) e, por outro, sempre se bateu pela limitação de mandatos, tendo recusado concorrer a um terceito mandato. Ele tinha bem presente a história de Roma e não se esqueceu que o Imperador foi primeiro um Cônsul.

    A vantagem de um sistema dinâstico está presente exactamente no Rei (salvo excepções, como crises dinásticas) não dever a sua posição a terceiros. Como tal, está SEMPRE em melhor posição para ser imparcial e ter o interesse do País à frente do interesse de facções dentro desse mesmo país.

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  62. D.Pi-Erre permalink
    13 Agosto, 2009 15:50

    Fico sem saber se a Coreia do Norte é, ou não é, uma monarquia.

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  63. 13 Agosto, 2009 15:57

    Nos governos aristocráticos os homens que aí chegam são pessoas ricas que só desejam o poder. Nas democracias, os homens de Estado são pobres e precisam de fazer fortuna.

    “Os Jornais de Lisboa provocam todos a mesma aversão: é a pura ignomínia do abandono cobarde. Os Jornalistas que nos testemunhavam um servilismo apressado bajulam agora os revolucionários: é verdade que, agora, arriscam a pele, enquanto sob o nosso reinado se expunham a simples reprimendas ou a algumas multas” – Rainha Dona Amélia

    Soares comportou-se como um monarca caprichoso e arrogante, que sacrificou amizades, princípios, valores, lealdades, coerência, o partido e os interesses do País à sua ambição longamente calculada de vir a ser presidente da República

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  64. Carlos Duarte permalink
    13 Agosto, 2009 16:03

    Caro (agora Par do Reino) Pi-Erre,

    É um excelente exemplo de uma República à “Romana”. E o tipo que lá está diz que está por vontade do Povo e não por ser filho do pai.

    Caro Zé Preto,

    Não existem (que eu saiba…) governos aristocráticos. E se for ver por esse mundo fora, a maior parte das famílias “nobres” arruinavam-se financeiramente com frequência, sendo que se re-abasteciam com dinheiro dos dotes dos casamentos “para cima” por parte da burguesia endinheirada.

    O título nobliarquico não era um garante de fortuna, mas antes de estatuto social. Um bocado como a mania dos “comendadores” que andou por aí há uns tempos.

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  65. caramelo permalink
    13 Agosto, 2009 16:08

    Carlos Duarte, já aprendi algumas coisas consigo. Mas olhe que uma grande conquista das monarquias europeias foi os respectivos governos e parlamentos conseguirem dizer ao rei “não te metas em assuntos de governo”. Não estou a ver, assim como eles não viram, qual o discernimento sobre os interesses do país que tem alguém cuja posição foi conquistada à custa da posição dos seus pais no leito real.

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  66. Dazulpintado permalink
    13 Agosto, 2009 16:16

    Eu francamente gostei do gesto do moços do 31 da Armada.Ele ensina a muitos uma forma divertida de encarar a vida. Abdica de todo o tipo de violência na defesa de uma causa. Não prejudica terceiros, e revela uma enorme inteligência.
    Quanto à acusação de procura de publicidade, talvez um pequeno exame de consciência lhe fizesse algumas revelações Mr CAA.

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  67. Andamos todos na droga permalink
    13 Agosto, 2009 16:23

    Portanto, os rapazes do 31 querem protagonismo. Olha esta! E o senhor CAA? Há um bom par de anos ninguém sabia da sua excelentíssima existência, nem a do imparável João Miranda, e de um momento para o outro eis que as duas alminhas começam a escrever em jornais, a participar nas rádios, nas televisões, e, pasme-se, o senhor da Universidade Lusíada passa para a do Minho e acaba um doutoramento. Diz-se ateu, mas o blasfémias fez milagres (e a Heleninha também…)

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  68. dói muito? isso passa permalink
    13 Agosto, 2009 16:29

    Ui…ui…ui…que esta doeu

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  69. caramelo permalink
    13 Agosto, 2009 16:29

    Carlos, o tipo da Coreia do Norte tem todas as caracteristicas de um monarca: não deve a sua posição a terceiros (o pai e a mãe não são terceiros, é familia) e é imparcial (o país é só uma parte, não há lá divisões, nem interesses parciais a defender). E como qualquier monarca, também não diz que está lá por ser filho do pai.
    Quanto às vantagens dos titulo nobiliárquicos, também dava jeito financeiramente: não eram os gajos que recebiam gordas subvenções da corte e ficavam com os melhores cargos públicos (os melhores, os menores, praticamente todos)? Pois… lá que esbanjassem as regalias, que não conseguissem manter os coches e os palácios e tanta criadagem, e tivesse para isso de se misturar com os burgueses, é outro assunto.

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  70. Carlos Duarte permalink
    13 Agosto, 2009 17:10

    Caro Caramelo,

    Vamos por partes já que tem dois “posts”:

    Em relação ao regime parlamentar, concordo em absoluto consigo quanto à necessidade da limitação do poder efectivo do Monarca. O Monarca deve ter, acima de tudo, um poder moderador e congregador. O grande objectivo do Parlamento (NÃO do governo, que foi quase sempre uma prerrogativa real) era obrigar a Coroa a cumprir as leis que ela própria emanava. A Magna Carta é um excelente exemplo disso mesmo, em que a baixa nobreza forçou o Rei de Inglaterra a cumprir a sua própria lei. O problema sempre se pôs a nível legislativo e não a nível executivo, uma vez que o segundo deve estar submetido ao primeiro.

    Quanto à Coreia do Norte, não é uma monarquia pois não existe legitimidade. Se o tipo fosse, de facto, um monarca não precisava de ser eleito. Mudava a constituição e chamava-se a si mesmo uma gaita qualquer. Na realidade, ele continua a ser “legitimado” (com muitas aspas!) por eleições.

    Mais ainda, o regime é absoluto, o que eu discordo completamente. Vê-me aqui a defender monarquias parlamentares, não monarquias absolutas.

    Quanto aos títulos nobliarquicos, não é verdade que ficassem com os melhores cargos. A atribuição de cargos foi sempre uma função do poder e influência que uma pessoa (ou a sua família) tinha. Se vir ao longo da história, a maioria dos ministros dos Reinos não detinham qualquer titulo, sendo, isso sim, títulados após abandonarem ou durante o exercício do cargo. Um bom exemplo (que os Republicanos até gostam…) é o do Marquês de Pombal que, efectivamente, era um fidalgo de província e NÃO um Par do Reino, tendo sido criado Conde de Oeiras por D. José I (que era, ao que parecia, um monarca absoluto…) já após ocupar o cargo de 1.o Ministro.

    (Convém fazer um parêntesis para lembrar que um Fidalgo não é um “nobre” como normalmente se entende, sendo, se quisermos, o equivalente ao britânico “Sir”, ou seja, um cavaleiro. Nos dias que correm, um fidalgo seria o equivalente a um “comendador” que tem uma das ordens menores)

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  71. CAA permalink
    13 Agosto, 2009 17:13

    «Para informação do CAA boa parte dos novos monárquicos são, e com muito orgulho da ralé»

    Do ponto de vista intelectual concordo consigo – mas eu descrevia outro tipo de desejo de ascensão social.

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  72. 13 Agosto, 2009 17:20

    #13

    A República também funciona bem nos países mais desenvolvidos da Europa: França, Alemanha, Irlanda, Itália (também só para citar alguns). Não é a Monarquia que é responsável pela riqueza e qualidade de vida do país: são os governos que têm de facto o poder e a responsabilidade, até porque a Monarquia europeia é essencialmente representativa. Já agora uma sociedade civil mais interessada também é útil. É pelo nosso governo e sociedade civil que estamos longe da qualidade de vida dos países europeus desenvolvidos, e não pelo facto de elegermos um presidente da república de 4 em 4 anos em vez de termos um rei.

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  73. Xico permalink
    13 Agosto, 2009 17:39

    Estou-me nas tintas para a república ou para a monarquia.É absolutamente indiferente num sistema democrático baseado no parlamento! Mas que votava no gatinho, ai votava.
    A paz com que dorme a sesta só podia dar ao povo um enorme sentimento de segurança.

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  74. caramelo permalink
    13 Agosto, 2009 18:11

    Carlos, esta discussão está interessante. Vamos lá então a mais algumas dúvidas.
    1. A questão da legimitidade é curiosa. Que legitimidade têm os monarcas? A sua legitimidade decorre de um qualquer discurso legitimador, o mesmo mecanismo que serve ao tipo da Coreia do Norte. Através de eleições (eleições propriamente ditas) não é concerteza, nem ele, nem a Rainha de Inglaterra.
    2. quanto aos cargos, é verdade que eu não distinguia entre pares do reino e fidalgos de provincia, tem razão. Mas, de onde vinham então os rendimentos dos nobres? Os titulos davam ou não, rendimento? E os titulos não nasceram todos (ou quase todos) precisamente de favores dos monarcas, por serviços prestados, com efeitos hereditários? Não me parece que o Marquês de Pombal deva ser apontado como excepção do que quer que seja.

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  75. Anónimo permalink
    13 Agosto, 2009 18:22

    o didi contratou um desocupado para subir ao escadote e trocar a bandeiras a troco de umas bjékas e convivência com o pessoal da causa dudu. ficou de atalaia e contratou alguém para filmar. depois foram conhecimentos, marktung e o 31 a facturar. resumindo: contestação em regime de outsourcing. barato e meno risco.

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  76. 13 Agosto, 2009 18:23

    A Monarquia é o sistema político representativo da chefia de Estado que mais vantagens traz aos portugueses:

    – É mais barato aos cofres públicos (se à Casa de Bragança forem restituídas uma grande parte das suas propriedades no Alentejo, no Minho e em outros pontos do país – sendo taxadas, são um núcleo de produção de riqueza e de sustento para os braganças)

    – É o único modelo de representação de toda a nação (visto o carácter apartidário da chefia de Estado)

    – Reforça o sentimento de identidade nacional e cria referenciais e valores para a nação (a família real é, simultaneamente, a primeira família do país e o garante da transmissão de um conjunto de referências e valores que representam a Portugalidade)

    – Cria um sentimento de verdadeira identificação com os portugueses (muito mais que uma vulgar eleição, em que não há uma relação de pertença tão intensa)

    Quanto à ideia – expressa neste comentário – de que os monárquicos portugueses são saudosistas, empertigados e “pavões”, desafio os republicanos que de forma arrogante defendem esta posição a um debate sério em que – com argumentos, como apresentei neste comentário – se apresente aos portugueses, claramente, qual a melhor solução para os interesses nacionais.

    Para além destas achegas, lanço desde já um desafio aos republicanos mais ortodoxos:
    – Como esteve o país durante 700 anos de monarquia e como está com 100 de república?
    – Que Portugal tínhamos – lá fora e cá dentro – antes e depois do terrível erro que constituiu o regicídio de 1908?
    – Que recordações nos traz a República Portuguesa (permitam-me que enumere):

    a) a I República – o período de maior pobreza económica e de caos social que o país alguma vez já viveu (onde se conta, por exemplo, a presença desastrosa na I Grande Guerra)
    b) o Estado Novo – que sempre se recusou a restaurar a monarquia porque (sabia Salazar) que apesar de tudo é muito mais fácil “manobrar” um Presidente da República do que um Monarca digno desse nome
    c) o período contemporâneo (em que, com as honrosas excepções de Pinheiro de Azevedo, Sá Carneiro e Aníbal Cavaco Silva – talvez colocando pelo meio o “primeiro” Soares) em que escasseiam as grandes referências e os verdadeiros “faróis” na chefia do país

    Espero pela opinião republicana …

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  77. JMLM permalink
    13 Agosto, 2009 18:42

    Vi o video. Gostei especialmente do moço com a escada às costas, e da forma como ele “trepou” a varanda.
    De resto, acho o argumento fraco e com poucas possibilidades de ser um exito de bilheteira.
    A presença no filme de uma autoridade, dava um ar mais sério á cena, especialmente se fosse um soldado armado pela CML…
    Para terminar, acho que os moços não devem desistir já, há que ter paciência, os bom filmes nem sempre resultam á primeira.
    Trata-se pelos vistos de um inicio de carreira, são bons moços tem é pouco juízo… Vão em frente mas com calma, OK.
    Estaremos atentos aos novos filmes.
    A democracia, tem destas coisas…
    VIVA PORTUGAL

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  78. caramelo permalink
    13 Agosto, 2009 18:43

    Gonçalo, eu acho que não precisamos de “faróis” e “grandes referências”. Precisamos de que nos governe com bom senso. Que Portugal tínhamos, antes de 1908? Um país miserável, que mal conhecia os seus monarcas e que os seus monarcas mal conheciam. Se não quer saber a opinião dos estrangeiros horrorizados que por cá passavam (a nossa nobreza sempre foi excelentemente retratada por eles ;), pode ficar-se pela descrição dos nossos escritores, como o Eça, por exemplo.

    O sistema actual pode ter (e tem) muitos defeitos, mas dar como referência exemplar o nosso periodo da monarquia, enfim….

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  79. Isabel permalink
    13 Agosto, 2009 18:55

    Carlos Duarte

    Sabastião José era um nobre, descendente de pai e mãe de D. Afonso Henriques. Era, sim, pobre e a sua família pouco influente. O título de Marquês de Pombal é-lhe devido pelo trabalho que realizou, mas não acrescentou nada à sua nobreza de nascimento.

    A luta com os Távoras não foi pela ascensão social, foi por poder, para dar ao seu nome de família o protagonismo que tinha perdido.

    O problema da monarquia em Portugal é que para além de ser um País pobre e desorganizado ainda teríamos que levar com a competição dos compadres.

    Mesmo sendo mais barato, não justifica o risco de estratificar a sociedade.

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  80. Zeca permalink
    13 Agosto, 2009 18:56

    Só discordo dos moços do 31 por não terem feito a coisa com mais alcance: mudarem a bandeira e não bulirem nos bandalhos!

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  81. PLF permalink
    13 Agosto, 2009 19:36

    #72

    Isso mesmo Sr Doutor Professor, é malhar nessa malta que só liga ao D..

    Se calhar também são boçais com a (nada de títulos) MFL.

    Isto da “superioridade intelectual” faz-me lembrar uns rapazes duma agremiação
    também muito republicana.

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  82. Anónimo permalink
    13 Agosto, 2009 20:32

    e porque é que não trocaram a do palácio de belém?

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  83. meadas permalink
    13 Agosto, 2009 21:01

    Ó homem, fuja já do programa na RTPn, o contacto com o Emídio Rangel está a fazer-lhe mal, ainda absorve a pretensão de eleger um burro para a Presidência da República (em maiúsculas, que eu respeito as Instituições do estado de direito)…

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  84. 13 Agosto, 2009 22:54

    Fala o roto para o esfarrapado… não é CAA?!

    Enfim, falta de sentido de humor, cinzentismo crónico. Já me tinham dito que era assim nos meus tempos da UM. Pelos vistos continua.

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  85. 13 Agosto, 2009 22:59

    Ponto um. Não sou monárquico nem tenho qualquer intenção de o ser.

    No entanto,fartei-me de rir com a conferência de imprensa do Darth Vader português, mais o filme da operação “bandeirante” digna do nosso exécito em pleno Kosovo.

    Aqui para nós, melhor que isso seria ver na televisão os nossos “melhores” em plena iniciação maçónica. Assim veríamos os verdadeiros republicanos em poses panascas a dar voltas a uma merda qualquer em ambientes verdadeiramente risíveis e mafiosos.

    Espero que o CAA não acabe a mostrar o ombro e a cocha aos amigos.

    Mas assim acabaria o Blasfémias.

    O que não acredito

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  86. O puto novo no bairro permalink
    13 Agosto, 2009 23:44

    O maior e mais recente acontecimento . o facto de que “A república morreu”, de que a crença na deusa república perdeu o crédito – já começa a lançar as suas primeiras sombras sobre o nosso país.

    “A velha república morreu,” que alívio, que fim feliz da neurose colectiva instalada há cem anos, de repente o horizonte está mais límpido.

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  87. Carlos Duarte permalink
    13 Agosto, 2009 23:51

    Caro Caramelo,

    “1 – A questão da legimitidade é curiosa. Que legitimidade têm os monarcas? A sua legitimidade decorre de um qualquer discurso legitimador, o mesmo mecanismo que serve ao tipo da Coreia do Norte. Através de eleições (eleições propriamente ditas) não é concerteza, nem ele, nem a Rainha de Inglaterra.”

    Em Inglaterra – e agora vão sair os ofendidos todos – é relativamente fácil, está até no armas pessoais da Monarca “Dieu et Mon Droit”. Ou seja, pela Graça de Deus (convém não esquecer que a Inglaterra tem religião de Estado) e pelo seu próprio direito (i.e. por via de “sangue”). Esse direito de sangue remonta, sem grande dificuldade, a Guilherme I, Duque da Normandia.

    Na realidade, e se quiser de forma mais crua, o Monarca É o Estado (ou, ao estilo Luís XIV, “L’État, C’est Moi”). A ideia remonta ao feudalismo ou, mesmo antes disso, ao clientelismo romano. Os súbditos colocam-se sobre a protecção pessoal do Monarca, em troca de obediência. O Estado (Parlamento, Justiça, Defesa, Segurança, etc.) são, se quiser, as ferramentas do Monarca para exercer essa protecção.

    Se quiser usar alegorias – correndo o risco de empobrecer a discussão – uma Monarquia é igual a uma empresa familiar, enquanto uma República é uma cooperativa.

    “2. quanto aos cargos, é verdade que eu não distinguia entre pares do reino e fidalgos de provincia, tem razão. Mas, de onde vinham então os rendimentos dos nobres? Os titulos davam ou não, rendimento? E os titulos não nasceram todos (ou quase todos) precisamente de favores dos monarcas, por serviços prestados, com efeitos hereditários? Não me parece que o Marquês de Pombal deva ser apontado como excepção do que quer que seja.”

    Acho que é necessário ver de onde vêm os títulos. Os títulos têm origem na posse de terra, que lhe garantia o estatuto de “homem livre” – aliás, o título alemão de Barão é Freiherr, literalmente “homem livre” – pois não estava sujeito à serventia de outrém (o “povo”, durante muito tempo, tinha um estatuto de “servo” e dependia directamente do seu “senhor”).

    Como forma de protecção, Vc. celebrava um contrato “feudal” com alguém mais forte ou poderoso que Vc., em que se comprometia a ser-lhe fiel (e, normalmente, a pagar impostos) e esse alguém comprometia-se a ajudá-lo contra ameaças. Esse alguém, por sua vez, fazia o mesmo a outro mais poderoso que ele, e por aí fora até chegar ao Monarca. Ou seja, originalmente o nobre era somente alguém com terras que estava sujeito, por um contrato de vassalagem, a um Monarca. Os rendimentos, obviamente, vinham das terras e, durante o grosso da Idade Média, à cobrança de impostos sobre a burguesia (que em vez de servir na “terra”, com parte das colheitas, pagava em moeda a sua protecção).

    O Monarca, como entidade suprema no País – para simplificar, vou considerar sempre Reinos – normalmente tinha mais terras, até porque as conquistas que efectuava revertiam para a Coroa. Assim, a atribuição de mais terras a alguém acabou por se tornar uma prerrogativa real, através da concessão de um título nobliárquico, que o tornava uma Par do Reino, ou seja, do mesmo Estatuto que o Rei (apesar de hierarquicamente inferior).

    Os nobres, por sua vez, podiam igualmente conceder terras, mas a estrutura da cedência era diferente, tratando-se mais de propriedades arrendadas sem termo (um “lease”) do que uma entrega efectiva da propriedade. Quem recebia a terra, por seu lado, tornava-se servo (Knecht -> Knight, Cavaleiro) do nobre (em vez de servo da terra, com o povo). Continuava, formalmente, a pertencer à gente “comum” e não aos Pares do Reino, mas tinha um estatuto superior devido à posse (para todos os efeitos, definitiva) de terras.

    Com o passar dos tempos e a progressão da posse de terras, eliminação do estatuo de servo da gleba e por aí em diante, tornou-se ilógico ao Monarca conceder terras, pois a maioria já tinha dono. Surgiu, em alternativa, a ideia de o título ser, basicamente, uma questão de estatuto social. Esses títulos não traziam rendimentos de qualquer espécie “juntos”, apesar de ser normal a quem os recebia ter, à altura, altos cargos do Estado (sendo ESSA a fonte de rendimentos). Ou seja, os rendimentos vinham, normalmente, ANTES do título e não depois.

    Como escrevi uns comentários atrás, no Séc. XIX a maioria da Nobreza europeia estava falida, não tinha rendimentos, e vivia de dotes e de casamentos arranjados. A família nobre “dava” o título e a da alta burguesia “dava” o dinheiro.

    Cara Isabel,

    O Marquês de Pombal NÃO era Par do Reino! Era filho de um fidalgo – ao que normalmente se chama pequena nobreza. Se quiser, em termos anglo-saxónicos, era um Gentleman (membro da Gentry) não era um Lord. Em termos estritamente formais, pertencia à classe média-alta e não à classe alta.

    Obviamente que não discuto que ele quisesse impôr-se a si mesmo sobre a Alta Nobreza do Reino, mas far-lo-ia com o intuito de tentar que algo caísse para o seu lado, como aliás acabou por cair com (1º) o título de Conde de Oeiras e mais tarde Marquês de Pombal.

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  88. EMS permalink
    14 Agosto, 2009 00:31

    “Como forma de protecção, Vc. celebrava um contrato “feudal” com alguém mais forte ou poderoso que Vc., em que se comprometia a ser-lhe fiel (e, normalmente, a pagar impostos) e esse alguém comprometia-se a ajudá-lo contra ameaças.”

    Ora ai está um bom principio de legitimidadade. Alguem mais esclarecido nessas coisas dos titulos me explica como é que o Al Capone ou um gajo desse genero não foi feito conde, marquês, ou até rei?

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  89. hajapachorra permalink
    14 Agosto, 2009 00:35

    Estão todos ao nível, a rapaziada do 31 e o caa. Uns brincam às rapaziadas, o lente do minho, como lhe compete, leva-se a sério. As universidades, as televisões e os jornais que ninguém toma a sério estão cheios disso, de gente séria e devota.

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  90. Anti-liberal permalink
    14 Agosto, 2009 01:41

    .

    C.A.A.,
    Será você, mais que provavelmente, o maior pindérico deste blog, o Blasfêmias, onde despeja todos os dis+arates da “sua ciência política”.
    E escreveu: «Ser monárquico, em Portugal, não tem qualquer significação especial para além de uma mescla entre um vago saudosismo e um esforço de ostentação onomástico. No fundo, a maioria dos ‘nossos’ monárquicos não passa de patéticos candidatos a aristocratas.» (Corrigi alguns dos seus erros ortográficos.)
    A sua ignorância não discirne entre monárquicos e aristocratas.
    Sim, têm muito que agradecer aos monárquicos que lhes legaram uma Pátria que vocês não respeitaram. Quanto ao valor, além da Educação a todos os títulos, poderão conhecê-lo no corpo se se armarem em provocadores como você está a fazer.
    Desejo-lhe sorte…

    Nuno

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  91. 14 Agosto, 2009 01:44

    Caro Caramelo

    “Que Portugal tínhamos, antes de 1908? ”

    Recorrendo a uma leitura histórica e à longa duração, diria que tivemos o Portugal da fundação, dos forais, do povoamento, da resistência estóica a Castela, dos Descobrimentos, do Ouro do Brasil, de Damião de Góis, Luís de Camões, Pedro Nunes e tantas outras grandes figuras da ciência e da cultura …

    Quanto ao conhecimento que a população tinha dos monarcas, este era de facto muito incipiente – não nos esqueçamos que não havia TV e a “telefonia” ainda tardaria um pouco … Mas pergunto – com tantos “media” e tanta “informação” – hoje quem “conhece” as principais figuras do Estado?

    O Portugal de D. Carlos – Rei prestigiado e respeitado em toda a Europa da Época: sobretudo por Eduardo VII de Inglaterra e o jovem Nicolau II da Rússia – era, apesar do rotativismo e dos adiantamentos à casa real (sempre polémicos) bem melhor que a actual podridão em que se encontra a moribunda III República …

    A popularidade da monarquia era grande (veja-se as multidões que, em plena República, acompanharam os funerais de D. Manuel II – em 1932 – e da Rainha Dona Amélia – em 1951: como explicar tão grande massa de gente numa população “republicana”?).

    Sim – no século XIX temos as descrições do Príncipe Felix Lichnowsky e de Maria Ratazzi. De todo o modo, não quero dizer que este sistema não estivesse isento de vícios, meu caro – mas fazendo a contabilidade julgo que era bem melhor que o actual por tudo que já deixei expresso nos 2 comentários.

    Acredite que a Monarquia nos traz bem melhores “flashes” que a República.

    Um abraço

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  92. Anti-liberal permalink
    14 Agosto, 2009 02:54

    .

    Oh, Bidon C.A.A.,
    Você já viu a confusão que arranjou, ainda por cima, com os comentadores que não põem uma direita sem saber sequer o que é um Rei?

    Nuno

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  93. Anti-liberal permalink
    14 Agosto, 2009 03:29

    #93
    Gonçalo Marques disse
    14 Agosto, 2009 às 1:44 am
    .

    Concordo inteiramente consigo – quem pode deixar de condenar os assassinos da Monarquia, d’El-Rei e Seu Filho. O feito dessa escumalha deu lugar à instauração da primeira república que congregou um bando de bandidos a desgovernar e a arrastar a nosse Pátria para a pior miséria.
    Depois do interregno da segunda república, com Salazar, que pôs isto na ordem e desenvolveu, embora modestamente, o País,vieram estes patifes que destroçaram Portugal mais, se possível, do que a cambada da primeira república.
    Cumuns às primeira e terceira repúblicas, tiros e assassínios.
    Paz segunda, até que surgiu a guerra ultramarina provocada por estes pseudo-democratas e acabou na revolução de 1974, com a tropa a defecar o que tinha na cabeça.

    Nuno

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  94. Atanam permalink
    14 Agosto, 2009 03:47

    “Um grupo de moços da direita bem-comportada tem um blogue que luta desesperadamente por audiências.”

    Imitam o CAA, quando este escreve sobre o Benfica.

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  95. 14 Agosto, 2009 09:22

    Caro Gonçalo,

    a sua análise peca por um excessivo romantismo. Os nossos reis, que foram dos mais ricos de todo o mundo nessas alturas que referiu, não fizeram absolutamente nada pelo país. Tal como hoje, onde o que vem de fora é melhor, os nossos reis traziam pintores, escultores, cientistas de fora para Portugal. Investir cá, foi coisa que não fizeram (com algumas honrosas excepções). Quando se fala nos matemáticos, astrónomos, filósofos, etc. da altura do renascimento, quantos portugueses são reconhecidos? Uns dois ou três se tanto. Quanto à identificação nacional com uma família real, peço desculpa mas não generalize. Eu não me identifico com a família real per se ou com a ideia de esta manter e representar os valores da nação, etc. Eu identifico-me em quem voto, já que é uma escolha minha; com um rei essa identificação seria obra da sorte. E ao contrário da Espanha ou do Reino Unido, que são constituídos por um conjunto de países com a sua própria identidade onde uma família real funciona de facto como factor de unificação, não me parece que seja esse o nosso caso. Não sou republicana ferrenha mas apenas acho que hoje a Monarquia não se adequa ao país.

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  96. 14 Agosto, 2009 11:34

    Mas alguém ainda se revê “nesta” república? Centralista e cada vez mais lisboeta. Governos incompetentes e sectários. Deputados de circulos eleitorais que não representam esses circulos eleitorais? Bacanos que se servem da política para criar os seus feudos e as suas “famílias”, políticas e afectivas. Um governo central que só investe em lisboa, enganando Bruxelas ao imputar obras em lisboa às regiões… Fantoches fascistas mascarados em democratas. Que porra é essa? Mais vale este gesto agora gozado por alguns do que milhares de palavras de protesto…muitas delas certas e correctas, como as que CAA profere, mas inócuas no panorama nacional e que a bestialidade da maioria de portugueses consumidores das novas oportunidades e das telenovelas não percebe…

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  97. 14 Agosto, 2009 11:57

    Cara Filipa, bom dia

    Antes de mais, muito obrigado pelo seu comentário acutilante, que permite aqui desenvolver alguns pontos interessantes:

    1 – “Os nossos reis, que foram dos mais ricos de todo o mundo nessas alturas que referiu, não fizeram absolutamente nada pelo país”

    Mentira: exemplos – a iniciativa da expansão foi uma obra de natureza monárquica (D. João I, que viu em Ceuta e no Norte de África já conhecido muito “potencial”, incumbiu o Infante D. Henrique da organização das missões de exploração costeira) e a criação de algumas das “marcas” registadas que o nosso país exporta hoje para o Estrangeiro são de natureza monárquica (casos da Vista Alegre – com alvará de D. João VI, as manufacturas vidreiras da Marinha Grande, os lanifícios da Covilhã, Guimarães e Braga são da iniciativa do Conde da Ericeira, vedor da fazenda de D. Pedro II; as grandes companhias comerciais monopolistas são da iniciativa do Marquês de POombal com a “benção” de D. José I.

    Não nos esqueçamos, iguaalmente, que foi por iniciativa régia que tivemos os seguintes institutos culturais:
    – Escola Catedralícia de Braga e de Lisboa (D. Afonso Henriques)
    – Universidade de Coimbra (D. Dinis)
    – Colégio das Artes de Coimbra (D. João III)
    – Real Colégio dos Nobres (D. José I)

    Acha que isto é pouco para o nosso deesenvolvimento?

    2 – “Tal como hoje, onde o que vem de fora é melhor, os nossos reis traziam pintores, escultores, cientistas de fora para Portugal”

    Mentira: tivemos variadíssimos homens de cultura nacionais (infelizmente pouco defendidos, conhecidos e divulgados) que percorreram a Europa e marcaram a agenda cultural e científica do “velho continente”:
    – Santo António de Lisboa (lente de Teologia em Itália)
    – Abrãao Zacuto (judeu, conselheiro de D. João II)
    – Francisco de Holanda (pintor afamado por toda a Europa)
    – Damião de Góis (discípulo de Erasmo de Roterdão)
    – Ribeiro Sanches (médico pessoal de Catarina II da Rússia)
    – Luís António Verney (estudioso em Roma e “estrangeirado” em Portugal)
    – os compositores Marcos Portugal e Domingos Bomtempo (que tiveram bolsas de D. João VI para estudar em Paris e Roma música de câmara e música polifónica)
    – Padre Himalaia (grande pesquisador da energia solar)

    Para não falar nos que cá desenvolveram uma “cultura cortesã”: D. Dinis, Álvaro Pais, Fernão Lopes, Gil Vicente, André de Resende, Garcia de Resende …

    3 – “Eu identifico-me em quem voto, já que é uma escolha minha; com um rei essa identificação seria obra da sorte.”

    Pergunto se, na altura de votar, faz escrutínio das listas partidárias, por exemplo, para a Assembleia da República ou para o Parlamento Europeu … Atrever-me-ia a dizer que a maioria dos portugueses não o faz, tendo um razoável conhecimento (em ambos os casos) do cabeça de lista e do partido que este representa …

    Nas Autarquias Locais essa identificação é muito mais completa, claro.

    Por que digo que a identificação com o monarca é maior: simples – porque esta comunhão com a nação enquanto corpo orgânico, digamos assim (todos os Portugueses), não se faz por uma mera necessidade circunstancial de uma eleição, de um cargo, de uma ambição política, mas faz-se pelo bem da Nação e pelos seus superiores interesses …

    Na Monarquia o mais importante não é o Monarca (pessoa, cabeça coroada) mas a estabilidade patriótica e o desígnio colectivo que a instituição em toda a sua acepção apresenta a Portugal.

    O que perdemos com a troca? Uma eleição …

    Se os Portugueses não gostarem do monarca porque não o escolheram? Essa questão coloca-se na mesma exacta medida na eleição presidencial … O Presidente nunca será “de todos os Portugueses” porque nem todos votaram nele …

    A identificação com o Rei é: suprapartidária, supraindividual e NACIONAL plenamente

    4 – “E ao contrário da Espanha ou do Reino Unido, que são constituídos por um conjunto de países com a sua própria identidade onde uma família real funciona de facto como factor de unificação, não me parece que seja esse o nosso caso.”

    Discordo: a Família Bragança é respeitada por todos os Portugueses – eu diria mesmo acarinhada: veja-se o que acontece (quer por monárquicos, quer por republicanos. diga-se) quando os Duques estão em touradas, eventos desportivos, eventos nacionais, etc …

    Além do mais os Braganças representam, por via hereditária, a fusão dos 2 troncos monárquicos (Petrista e Miguelista) – através do célebre “Acordo de Paris” – e tem na sua origem (ou seja, na fundação da casa) um casamento entre a Filha de D. Nuno Álvares Pereira e um bastardo de D. João I (não me parece que possam haver melhores “selos de garantia”).

    Ou seja, esta é uma família que cria uma plena identificação nacional (pese embora os casamentos mistos que se fizeram, a família Bragança tem uma matriz nacional), ao passo que em Inglaterra falamos de casas reinantes de origem estrangeira:
    – em Inglaterra, a casa de Hannover-Windsor
    – em Espanha, a casa de Bourbon (de origem Francesa – remonta ao Rei de França, Henrique IV, que fora Rei de Navarra também)

    5 – “Não sou republicana ferrenha mas apenas acho que hoje a Monarquia não se adequa ao país.”

    Estou em desacordo claro.

    Seria uma forma de associar os portugueses muito mais directamente a um orgulho e a uma “onda” positiva que superaria os tempos de crise que sentimos.

    A Monarquia é, sobretudo, um referencial, um leme, um farol.

    Um abraço amigo

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  98. 14 Agosto, 2009 12:02

    Caríssimo Anti-Liberal, 95

    Não poderia estar mais de acordo consigo.

    A herança republicana é esta (e vão-se gastar 10 milhões no centenário – o que significa que cada português contribui com 1 Euro dos Impostos!):

    – 1ª República: 45 governos em 17 anos (tiros, sangue, desordem)
    – 2ª República: 28 de Maio, Salazar, Caetano (no tocante a PR’s: com a honrosa excepção de Francisco Higino Craveiro Lopes, Óscar Fragoso Carmona e Américo Thomaz calçaram as “pantufas” em Belém)
    – 3ª República: 25 de Abril, PREC, “Estabilização” Democrática

    Será que é algo que nos deva trazer alegrias eufóricas?

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  99. Fernando Costa permalink
    14 Agosto, 2009 12:15

    A julgar pela quantidade inusitada de indignados com o acto, confirma-se que Portugal está cheio de pessoas que levam muito a sério coisas para brincar, e brincam com coisas sérias

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  100. caramelo permalink
    14 Agosto, 2009 12:15

    Carlos, como dizia o Camilo, que era miguelista, mas não era parvo, a propósito de um seu personagem par do reino, antigamente eram todos pastores ;). E porque nos haviamos de sentir ofendidos com a divisa dos reis de Inglaterra? Isso faz parte da cultura popular e é pacífico. Enfim, sejam legitimados pelo sobrenatural, seja por qualquer ideia filosófica mais materialistica, é tudo o tal discurso legitimador de que eu falava, e que só impressiona quem quer ou gosta de ser impressionado

    Gonçalo, o Pedro Nunes, o Damião de Góis, mesmo o Camões, e tantos outros homens de cultura e ciência, não foram personagens muito reconhecidas pelo regime, como é sabido. Ciência, em Portugal, era coisa rara, e a que havia era feita, com muito risco, à revelia de suas magestades e sua corte, incluíndo o clero. E o ouro encheu os bolsos de alguns e serviu ainda basicamente para celebrar suas magestades. O resto é celebração do passado, algo em que os monárquicos são bons. No século XIX (e até muito depois, convém dizê-lo) este país miserável ainda se alimentava com o passado, nomeadamente o ouro e as especiarias, mercadorias sentimentais que nunca mais acabavam.
    E o prestígio do Don Carlos era mais baseado em relações pessoais e familiares, do que no seu governo, e a ainda à sua “ilustração” científica. O Eduardo VII, e muito mais ainda o Nicolau II, estavam-se mais ou menos marimbado para o país. (pode acrescentar o Grimaldi do Monaco, seu correspondente em matérias de investigação maritima)
    E que “multidões”? A população nem era republicana, nem monárquica. Era analfabeta. Venerava os reis como se fossem pagelas de santos. A maior parte da população, em todo o caso, nem tinha tempo nem dinheiro para ir a funerais. A não ser que fosse arrebanhada para o efeito pelos caciques locais ;).

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  101. 14 Agosto, 2009 12:41

    O argumentário monárquico continua muito seco. Falam das “glórias” passadas da monarquia como razão para preferi-la à república, como se o tempo não tivesse passado e as caravelas portuguesas ainda sulcassem os mares por nunca dantes navegados.

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  102. 14 Agosto, 2009 12:43

    Gonçalo, correndo o risco de tornar estas resopostas longas quero só esclarecer uns pontos

    1 – ‘Acha que isto é pouco para o nosso desesenvolvimento?’

    É claro que em termos de expansão e defesa do território a maioria dos nossos reis esteve muito bem.
    Agora as iniciativas que referiu, como a Vista Alegre e os lanifícios da Guarda, podem ser muito louváveis, mas em termos de investir no conhecimento científico e indústria portuguesa (principalmente aquando da Revolução industrial) este foi mínimo.

    2 – ‘Mentira: tivemos variadíssimos homens de cultura nacionais (infelizmente pouco defendidos, conhecidos e divulgados)’

    Não pretendia dizer que não houve pessoas excepcionais e com talento, na monarquia e fora dela. As excepções honrosas a que me referia eram precisamente essas. Mas a questão é que são excepções e muito menos reconhecidos do que os seus congéneres italianos, holandeses, ingleses mesmo por parte de cidadãos portugueses. Isto aconteceu ainda no tempo da monarquia: a passarola de Bartolomeu de Gusmão é um exemplo, se falar no Padre Himalaya aos adolescentes de agora também não me parece que tenha grande eco.

    3 – ‘A identificação com o Rei é: suprapartidária, supraindividual e NACIONAL plenamente’

    Mas a questão é exactamente essa. Nunca se sabe se há identificação porque o rei não é submetido a um escrutínio. Mais do que suprapartidária ou individual é imposta. A menos que defenda uma monarquia com poderes executivos a comparação com as eleições legislativas e autárquicas é descabida. Nas presidenciais não temos uma lista, temos 1 pessoa por partido.

    4 – ‘…a Família Bragança é respeitada por todos os Portugueses – eu diria mesmo acarinhada’

    Eu respeito todas as famílias, sejam Santos, Fernandes ou Bragança. Agora, não tenho nada contra a família real mas também não tenho nada a favor. E uma coisa é acarinhar uma família real numa democracia, outra é querer que essa família volte a estar à frente do país. Será que todas as pessoas que acenam aos Bragança os queriam como reis? Duvido.

    O mais importante:

    A minha questão é que mudar um presidente por um rei não terá assim tanto impacto, excepto se esse rei tivesse algum tipo de poder. E aí sim, sou contra essa monarquia por princípio. Porque ‘ondas positivas’ são passageiras e enquanto através do voto podemos ir moldando a nossa sociedade, para o bem e para o mal, numa monarquia com poderes executivos isso nunca aconteceria.

    Mas podemos concordar em discordar.

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  103. Isabel permalink
    14 Agosto, 2009 12:52

    Gonçalo Marques #99

    Gostei imenso do seu comentário. “Vendeu” bem o regime monárquico. Fiquei com alguma simpatia por ele. Mas sei que o que disse é teoria. Na prática há a tendência para dividir a sociedade em ralé e esclarecidos. Hoje também há, mas com um critério a menos; o de ser filho de algo que se notabilizou em qualquer coisa a seu tempo necessário para se ter acesso aos filhos de algo de hoje.

    Sou Democrata Cristã mas reconheço que a maior conquista do PREC foi o nivelamento de classes. É um bem demasiado precioso para se desbaratar por pessoas que têm possibilidade de se dedicar às futilidades e tonterias. Que é disso que a monarquia se alimenta. É da vaidade.

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  104. Isabel permalink
    14 Agosto, 2009 13:00

    Penso que a causa monárquica não tem tido força porque há divergências a respeito do herdeiro do trono.

    Eu penso que a dinastia de Bragança já deu o que tinha a dar. Há um interregno. Apresentem-se outros.

    Qualquer português, exemplar de virtudes pode, na minha opinião, ser rei.

    A grande vantagem que eu admito à monarquia é o rei ser um exemplo para o povo.

    Tem sido esse um dos nossos problemas. Os reis públicos que temos tido, como estatura moral, deixam muito a desejar.

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  105. Isabel permalink
    14 Agosto, 2009 13:15

    Errata:

    Sou Democrata Cristã mas/e reconheço ao PREC a responsabilidade pelo nivelamento de classes.

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  106. 14 Agosto, 2009 13:46

    Caro Caramelo

    “O resto é celebração do passado, algo em que os monárquicos são bons.”

    Não creio que muitos dos nossos monarcas possam ser considerados passadistas. Na sua época, foram até bastante visionários. Destaco, apenas, os que me parecem mais relevantes: D. Dinis, D. João I, D. João II, D. Manuel I, D. João IV, D. Pedro II, D. João V …

    Sabe que alguns dos homens com mais rasgo e visão para este país são monárquicos? Exemplos: Paulo Teixeira Pinto (um homem inteligente e muito capaz), Pedro Ayres de Magalhães (um brilhante músico e genial compositor), José Carlos Seabra Pereira (Professor da UC) e tantos, tantos outros que poderá encontrar aqui:

    http://www.casarealportuguesa.org/dynamicdata/causareal.asp

    A Monarquia construiu todas as grandes referências do passado glorioso de Portugal (da República sobram-nos as misérias, valha a verdade) e quem foi, diga-se também, criando algumas “bolsas” de inovação – tomemos os exemplos dos monarcas:
    – D. João IV foi um excelente músico
    – D. João VI era ujm entusiasta da música sacre
    – D. Fernando II foi um superior homem de cultura
    – D. Carlos I foi um pintor e um oceanógrafo interessadíssimo

    Se reparar, muitas das escolas primárias que vemos hoje pelo país ostentam nomes de “Príncipe Real”, “Príncipe da Beira”, etc … etc …

    Mesmo antes da “utopia educativa” da I República (onde apesar de tudo, se fez muita coisa boa também)

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  107. 14 Agosto, 2009 13:49

    JB

    Infelizmente, não sendo este regime o do nosso presente colectivo, apenas se pode falar nele numa perspectiva passada …

    Secalhar o gesto irreflectido e frenético dos entusiastas do “31 da Armada” terá o mérito de fazer com que este sadio debate possa ser reanimado.

    Para que os Portugueses percebam quem empobreceu o país e quem o tornou, a espaços, um espaço de notável rasgo e afirmação cultural

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  108. 14 Agosto, 2009 13:53

    Caríssima Filipa

    Muito obrigado pelas achegas e esclarecimentos.

    Julgo que este debate pode beneficiar muito o país – que pode encontrar neste tema uma possibilidade de mostrar a sua maturidade democrática.

    A meu ver, a grande mais valia entre a Monarquia e a República é a construção e o envolvimento que a Chefia do Estado pode trazer ao país no sentido de se comprometer com o seu desenvolvimento e progresso, sem preocupações partidárias, de carreiras, de “jogadas” de bastidores …

    O Rei tem essa imensa vantagem – os políticos profissionais vão passando e ele fica … E fica com o único objectivo de ser o “Comandante da Nau”, o inspirador e a grande referência da nação

    Esta é a enorme vantagem da Monarquia sobre a República

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  109. 14 Agosto, 2009 14:02

    #110. “…sem preocupações partidárias, de carreiras, de “jogadas” de bastidores …”

    As preocupações partidárias continuam existindo nas actuais monarquias.
    Quanto às “jogadas de bastidores”, diz a minha tia Maria do Carmo, que tem fitas azuis escuras, são o “pão” da monarquia.

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  110. 14 Agosto, 2009 14:11

    Caríssima Isabel

    Muito Obrigado pela sua generosa e simpática apreciação.

    A grande vantagem de se (re)construír um regime monárquico em Portugal é mudar alguns desses clichés que se vão apontando amiúde, como o facto de se criar uma nobreza “palatina” e de esta poder fazer clivagens sociais em Portugal.

    Hoje em dia não faz sentido pensar numa Monarquia “Aristocrática” e “Marialva” em que o Rei convive com uma constituição, um parlamento eleito (com comuns) e um governo de composição partidária.

    Claro que na constituição da sua Casa Civil e Militar (coisa que o PR também possui, sendo isto uma espécie de “corte”) o Monarca pode chamar as pessoas da sua confiança, e aí – claro – contará algumas dessas pessoas do tipo “Bettencourts”, “Sottomaiores”, etc … (perdoem-me as famílias que usam este nome, mas é apenas uma utilização metafórica e não nominal).

    Duvido que uma monarquia acabasse com essa herança – que, perdoe-me, estou longe de atribuír ao PREC, mas que mais facilmente atribuiria a uma certa “europeização” na década de 80. Mas cautela: esse nivelamento não passa de aparência sociológica (na minha opinião).

    Somos o país (republicano, “socialista” e laico) em que a desigualdade na distribuição das riquezas (que se traduz, por conseguinte, no nivelamento social) é maior!

    Apesar de tudo olhemos para os bons exemplos – monárquicos! 🙂 – de Espanha, Suécia e Inglaterra.

    Um abraço amigo

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  111. 14 Agosto, 2009 14:17

    Pedindo desculpa por aparecer pelo meio, considero que uma figura quase decorativa como um presidente da república, tipo Cavaco Silva, que não tem nada de decorativo, Dom Nuno ficava melhor, porque mais polido.

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  112. 14 Agosto, 2009 14:27

    Piscoiso

    Perdoe-me a Tia Maria do Carmo, mas essas preocupações existem (no caso do Chefe de Estado – Rei) apenas no tocante ao partido maior: a Nação.

    Juan Carlos I conviveu – em paz institucional – com Socialistas e Populares.

    Isabel II conviveu – em paz institucional – com Trabalhistas e Conservadores.

    As “jogadas” podem ser depois preconizadas por outros membros da família …

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  113. caramelo permalink
    14 Agosto, 2009 14:54

    Ó Gonçalo, fez-se mais em dez anos de I República pela instrução pública em Portugal, do que em setecentos anos antes. A educação das classes populares não era exactamente uma preocupação dos monarcas, a avaliar pelo número de plebeus que a frequentavam. As escolas superiores (universidades, colégios, etc) praticamente só serviam para educar clérigos e funcionários superiores do Estado, em rudimentos de caligrafia, gramática e escolástica. O ensino da ciência era incipiente, coisa que só se atenuou, ainda assim praticamente só para os filhos da nobreza, com o Marquês de Pombal. A curta lista de cientistas que citou (os que se consegue arranjar para 700 anos..), não sei se reparou (está na sua lista), tiveram na maior parte de se refugiar no estrangeiro, para terem liberdade de investigação e divulgação da sua ciência. Quanto às “prendas” (como se dizia das meninas) de alguns reis, eram passatempos de quem tinha muito tempo livre, aliado a algum talento, , que não me parece que tenham beneficiado em alguma coisa o país. Não se pede a um chefe de estado, exactamente, que pratique órgão para os convidados, ou que estude oceanografia….
    Quanto a preocupações partidárias, de carreiras, de “jogadas” de bastidores, a monarquia em Portugal nunca esteve isenta. Carreirismo (os nobres sempre precisaram de avenças e favores do estado… aliás, a corte servia precisamente para isso) Conflitos entre facções (qualquer corte era um vespeiro de intrigas e correu muito sangue à conta disso), etc. E preocupações partidárias, ó pá, o século XIX, por exemplo, foi muito divertido nesse campo. Mais uma vez, é importante ler os clássicos da época.

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  114. 14 Agosto, 2009 15:12

    O Mário Soares pisou a bandeira nacional em Inglaterra e é um herói. O pessoal do 31 da Armada trocou uma bandeirinha de uma câmara pela monárquica, e é um escândalo. Deixem-se de tretas!

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  115. Isabel permalink
    14 Agosto, 2009 15:13

    Caro Gonçalo

    Concordo consigo que o nivelamento de classes é mais aparente do que verdadeiro. A “redistribuição” não terá sido justa. Por isso não sou socilaista. Acho que as sociedades devem ter classes sociais fundamentadas no mérito pessoal, que não terá que ser herança para os filhos:

    Por exemplo, um licenciado em Engenharia tem o mérito de se ter destacado nessa área, contribuindo para o elevamento intelectual do país. O filho só será engenheiro se estudar para isso. O facto de ser filho de engenheiro, não faz dele alguém que contribuiu para a ciência. Se o filho não fizer nada na vida, terá de ser considerado um inútil e não ter regalias por ser filho de engenheiro.

    Para se começar uma meritocracia tem que se partir de igualdade de circunstâncias e oportunidades.

    Apesar de tudo, já estamos perto disso.

    A monarquia acabaria por introduzir um novo entrave a estas excelentes condições; o parentesco.

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  116. Isabel permalink
    14 Agosto, 2009 15:15

    Isto porque o objectivo da ascensão por mérito, para além de ter bons carros e casas com piscina, seria pertencer à corte.

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  117. 14 Agosto, 2009 15:18

    Caro Caramelo

    Não foi meu objectivo fazer o elogio “histórico” da Monarquia Portuguesa – concordo com alguns dos pontos que refere (nomeadamente a dificuldade de penetrar nas classes mais populares, o ambiente “abafado” que se vivia culturalmente, etc, etc … – mas apenas mostrar (recorrendo ao passado, que neste caso é a base argumentativa já experimentada e, portanto, fiável e segura) que a Monarquia é o melhor sistema para o presente, na minha perspectiva.

    Quanto ao que refere:
    Naturalmente que o Ensino (tal como na restante Europa) não era “público, gratuito e universal” mas privado, elitista e pago – o exercício de olhar para a História da frente para trás (ou seja, do presente para o passado) não me parece honesto e sério! É evidente que temos que perceber que as coisas evoluíram lentamente, gradualmente e não em saltos abruptos e violentos como nas últimas décadas!

    Se o Ensino e os conhecimentos de Ciência eram incipientes como foi possível fazer grandes e fantásticas obras como o Mosteiro da Batalha, dos Jerónimos, de Alcobaça e de Santa Cruz de Coimbra, com a supervisão de arquitectos e engenheiros nacionais (uns laicos e outros eclesiásticos?). Será possível rejeitar a riqueza e a clareza da precisão matemática destas obras? Julgo que isso mostra uma cultura científica, que igualmente se fazia sentir na produção de obras naturalistas aquando da descoberta do Brasil e de algumas colónias africanas (séculos XVI e XVII).

    Não nos esqueçamos na Academia da História e das Ciências no século XVIII também …

    A questão está em saber se os Reis fizeram alguma coisa, ou se preferiram a resignação. Digamos que, em função dos diferentes temperamentos, optaram por um ou outro caminho. Portugal esteve na liderança cultural e civilizacional do continente e talvez se tenha deslumbrado com tanta facilidade … Talvez os recursos devessem ter sido melhor aproveitados …

    Mas o grande drama do nosso país (como Monárquicos ou Republicanos no poder) é este: o providencialismo e o messianismo das soluções de sebastianista – ou seja: uma liderança pessoal, carismática e que seja capaz de – contra tudo e todos – “endireitar” o país (os exemplos repetem-se de Afonso Henriques a Salazar, com passagens por Pombal, Sidónio Pais, D. João II, etc … etc …)

    O outro grande problema do país é que se habituou à condição de pobre!

    Quando o Conde da Ericeira, Pombal ou Fontes Pereira de Mello (alguns dos mais geniais eestadistas portugueses) procuraram criar as bases de uma Economia Nacional, Produtiva e Rentável, depararam-se com a indolência e “brandura” de uma população que se resignou a fazer o mínimo, independentemente das directivas centrais …

    Este problema não vai lá com Reis ou Presidentes – tem que se resolver na Escola e fora dela: comm uma família que se interesse pela letura, que leve os seus filhos ao teatro ou a saraus e saiba apreciar a beleza do quintal do vizinho …

    Talvez um Monarca com este programa possa ajudar a concretizar este desiderato

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  118. 14 Agosto, 2009 15:27

    Cara Isabel

    Mais uma vez obrigado pela partilha. Estou de acordo com a primeira parte do seu comentário e discordo da segunda.

    E porquê? Porque não acho que o princípio hereditário da monarquia esteja necessariamente em confronto com a defesa do princípio meritocrático (que também defendo).

    Isto porquê? A nobilitação de alguém – por serviços à Pátria – pode não implicar (necessariamente) a transmissão do título a herdeiros e poderá ser atribuído de forma unipessoal.

    Não é hoje possível na Europa Contemporânea – na minha opinião – imaginar uma classe aristocrática a viver à custa do Estado, apenas à espera da “tença” ou da “prebenda” para sobreviver … É preciso ter propriedades, uma gestão fundiária e imobiliária … E uma “casa” para alicerçar tudo isto. Julgo que pensar numa Nobreza Tradicional – Palatina ou Militar – será desvirtuar aquilo que é a marcha dos tempos.

    Veja o caso da Casa de Cadaval em Portugal (ou mesmo dos Braganças, que mantêm a Casa de Vila Viçosa e outras propriedades) – esta seria a base da sua riqueza.

    Esta é a minha opinião e o meu desejo. Repare que o actual Conselho de Nobreza (até porque estamos numa República) tem hoje uma função praticamente cerimonial e de um certo “status” aparente …

    Duvido que numa Monarquia Constitucional “à Europeia” se avance nesta “marcha atrás” do ponto de vista da “clique” monárquica … Pelo menos assim espero e desejo!

    Acho que os Portugueses conhecem mal o Senhor D. Duarte Pio. É uma figura que vale a pena conhecer

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  119. caramelo permalink
    14 Agosto, 2009 15:40

    “Talvez os recursos devessem ter sido melhor aproveitados … “. Ainda duvida, Gonçalo? E duvida ainda que a ciência e o ensino eram incipientes? Olhe, veja os relatórios e as propostas do Verney, por exemplo, alguém que não partilharia da sua condescêndencia e compreensão sobre o estado das coisas naqueles tempos… É claro que os problemas do país, a indolência de que fala, a resitência à inovação, etc, começam por resolver-se na escola. O que é preciso é que haja escola, não é? Verdadeira indolência, a indolência culposa, era dos nossos dirigentes, não do povo miúdo.
    E acha o Gonçalo que não se pode fazer juizos do passado histórico? Pois se é o próprio Gonçalo que vai buscar exemplos do passado! E é claro que se podem fazer juizos criticos sobre o passado. O passado também nos condiciona. A diferença entre Portugal e a Inglaterra, por exemplo, tem raizes no passado: a forma como se aproveitaram os recursos, como se promoveu a instrução, a ciência, a investigação, a indústria, etc. Olhe que não se ficaram pela engenharia e arquitectura. Os fundamentos da sua ciência são mais sólidos do que as fundações do nosso mosteiro dos Jerónimos.

    Só mais uma coisa: é recorrente a acusação de violência e insegurança na 1ª República. É verdade que foi um periodo conturbado e violento. Mas não chegou de modo algum ao grau de violência e inseguranza generalizada em Portugal durante as guerras civis dos princípios do Século XIX, que se prolongou até meados do século, com os bandoleiros, de um lado e do outro, que enxameavam o país.

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  120. Eber permalink
    14 Agosto, 2009 15:53

    Não concordo quando se diz que no sistema republicano, os governantes não pertencem à aristocracia (quero com isto dizer que são os “filhos do pai”)
    Vão estudar a genealogia dos governantes europeus e depois digam-me se mantêm a afirmação.

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  121. 14 Agosto, 2009 16:11

    Gonçalo, (99),

    O seu comentário tem graça – grande parte dos nomes portugueses que refere foram ilustres lá fora porque tiveram de fugir às perseguições que sofreram cá dentro…

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  122. 14 Agosto, 2009 16:17

    “Infelizmente, não sendo este regime o do nosso presente colectivo, apenas se pode falar nele numa perspectiva passada …”

    Caro Gonçalo Marques,

    Infelizmente, o problema da causa monárquica é que argumenta em favor da monarquia com base no que ela fez no passado. O que é uma má ideia, a meu ver, porque para argumento a favor existem dois ou três contra. Digamos que a 4 de Outubro o nosso país nao era exemplo para ninguém. Obviamente agora continua a nao o ser, e isso pode muito bem ser argumento contra a República. Ficam as coisas ela por ela? Nao propriamente. A Monarquia foi abolida há quase cem anos, e, como no amor, longe da vista, longe do coraçao. Daí que, pesando as duas, a República leva uma enorme vantagem.

    Será que o país precisa de um “espírito novo”? Isso é mais que evidente. E isto encaixa bem no principal argumento monárquico: o de o Rei como “o inspirador e a grande referência da nação”.

    Mas ponha-se no lugar de alguém à procura desse “espírito novo” para Portugal. Ouve falar na Causa Monárquica. Pensa “talvez seja isto…”. Lê algo mais sobre o assunto, mas nao vê muito bem como é que se há de chegar lá. E quando chega ao “quem?”, encontra a figura de D. Duarte, que nao será, talvez, muito inspiradora.

    Lembro-me que, quando nasceu o primeiro filho de D. Duarte, li num artigo de jornal que os monárquicos iriam apostar nele (o filho) como figura futura de referência para a causa. Isso é verdade?

    Se sim, pergunto-lhe como vai a educaçao do Princípe das Beiras? EStao a educá-lo para ser Rei?

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  123. 14 Agosto, 2009 16:48

    Caro CAA

    É verdade que foram perseguidos pelo arrojo das suas ideias e pelo seu brilhantismo.

    Essa perseguição foi feita pelos poders públicos (entre os quais a Monarquia)? É verdade também – ainda que não despicienda a intervenção das forças eclesiásticas, com a Inquisição à cabeça.

    Mas se reparar, foi graças à monarquia que muitos destes homens obtiveram privilégios de edição (o caso de Damião de Góis, ou de Verney) e possibilidade de estudarem lá fora – fazendo o que se poderia chamar hoje um “Erasmus” (e, de facto, Erasmo foi um gigante professor itinerante em várias Universidades).

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  124. 14 Agosto, 2009 16:51

    Senhor CAA,

    O seu post é mentiroso e não passa de um instrumento de injúrias de um ideólogo ultra-dogmático.
    Espero que não passe de um acto inconsciente, já que a consciência neste caso não abonaria em favor da sua honestidade.
    Ainda que seja inconsciente, o senhor é responsável pelo que diz e merece algumas observações cujo tom não será complacente, já que não menosprezo a sua capacidade.
    A chave para compreender o post está na frase final; “… temos, ainda, de lhes agradecer a elucidação acerca do que valem os actuais adeptos indígenas da monarquia.”
    Ou seja, a atitude dos 31 ilustra o “tipo de gente” que defende a monarquia segundo o senhor.
    Que atitude é essa?
    A resposta está na descrição do acto que gerou a polémica:

    1 – “façanha tipo ‘Verde Eufémia’”.
    2 – “desta pantominada”.

    Primeiro há uma contradição nestas duas definições; ou foi uma pantominada, coisa que entendemos como um acto inocente e legal, ou foi uma façanha tipo “Verde Eufémia”, que entendemos por um tipo de acção que envolve violência contra os fracos e vandalismo.
    Mas isso não é importante pois se trata apenas do estilo (ou falta dele) de retórica dos tempos das escolas públicas que ensinam educação sexual e “valores” ao invés de lógica e retórica.
    Assim, é óbvio que a comparação com o “Verde Eufémia” é o que interessa, pois esta comparação é usada para esclarecer a natureza do acto, enquanto o uso da palavra pantominada serve somente para implicitamente chamar os autores do acto de palhaços. Nisso o senhor volta a estar de acordo com a esquerda (resultado das más companhias?), comparando a acção violenta de um grupo de covardes com as costas quentes por apoios de partidos e patrocínios estrangeiros contra um pobre agricultor com uma troca de bandeiras feita por um grupo que filmou a própria acção e a disponibilizou por livre vontade, assumindo a responsabilidade do acto, o que torna a tese de muitos “juristas” de que aquilo foi um furto -de onde deriva o adjectivo “furtivo”- ridícula. E que tipo de furto é esse em que se leva uma bandeira velha e se deixa uma nova no lugar? É o direito moderno abolindo a lógica. Deveriam os advogados trocar as togas por ferraduras! Mas isso não diz respeito ao senhor, já que descrevestes a acção como uma substituição de bandeiras.
    O que interessa é a equiparação daquela acção às do “Verde Eufémia”. O sentido das proporções, pelo que si, é a base da justiça e da civilização (Não é a toa que o símbolo do direito inclui uma balança). Invertê-lo é coisa de revolucionários, ainda que estes não se considerem como tal.
    Depois, temos o: ”diz-se monárquica, o que, em Portugal, não tem qualquer significação especial para além de uma mescla entre um vago saudosismo pindérico com um esforço de ostentação onomático.”
    Que mentira deslavada! Relato o meu caso, já que defendo a monarquia e fui injustiçado com esta insinuação, como a maioria esmagadora dos monárquicos. Nunca usei do nome para nada, ao contrário de muitos dos que se dizem republicanos nos dias de hoje mas não passam de “cunhistas” e actores do circo dos amigos que se auto-promovem, se citando mutuamente em artigos e em nominatas intermináveis nas conferências, ainda que isso por vezes custe um bocado (há camaradas mais simpáticos que outros, mas estão todos no mesmo barco). Quanto ao “pindérico”, me parece mais apropriado para descrever os burocratas académicos com ambições de poder.
    Eu, e não sou caso único, só quero ser deixado em paz pela escumalha de oportunistas “pragmáticos” que actualmente usa o estado para me chular, sou contra os títulos (a não ser por grandes feitos no campo de batalha e sem hereditariedade, mas isso é opinião pessoal) e odeio todos os arrivistas e filhinhos de papai que ostentam os galões da família ou a fortuna, sejam eles republicanos ou monárquicos.
    Por fim, temos este interessante “veredicto”(entre aspas para reforçar a ideia por detrás da etimologia): “No fundo, a maioria dos ‘nossos’ monárquicos não passa de patéticos candidatos a aristocratas” .
    Bom, ou eles são aristocratas, ainda que não tenham título, ou não são. Título e aristocracia não são sinónimos. Candidatos a algo que não é pela sua natureza electivo é novamente abolir a lógica, coisa que não se pode fazer por nenhum decreto ou “veredicto”, como acreditam muito professores de direito. Deves estar a se referir aos monárquicos do mundo de caras, mas estes são no fundo uma facção da mesma tribo dos republicanos fashion que adoram advogar as causas em voga para se sentirem “in”.
    A maior parte dos monárquicos com quem mantenho relações é contra a nobreza hereditária e a titulação, mas isso são coisas que não posso exigir que o senhor conheça, afinal, não tens tempo para estudar por estar tão ocupado com a política e em fazer a tua opinião conhecida do público (Isso não é publicidade de si próprio?). Um estudo sério de história serviria para o senhor comprovar que entre a nobreza hereditária se encontraram sempre os maiores inimigos da monarquia, o que torna a sua visão do problema ridícula e sem importância, somente um preconceito.
    Eu não tenho nenhum preconceito anti-republicano. Repúblicas podem funcionar muito bem, mas pode ser comprovado na História que elas exigem muito mais em termos de vigilância do homem para sobreviverem aos assaltos dos poderosos; desde a honestidade intelectual até os tomates para desafiar um consenso baseado em mentiras.
    É muito fácil ser “mainstream”, mas isso não garante nada para além do conforto de ser afagado por outras criaturas com a mesma necessidade de afagos dos outros. Não é assim que se conquista o mérito e se funda uma civilização. Não há muitos Cincinatos e Cipiões por aí, especialmente nas academias, e sem eles as repúblicas se transformam rapidamente em tiranias.
    A “nossa classe intelectual aparente” é a prova de quanto a monarquia constitucional e o poder moderador são urgentes no país, se este quiser evitar o pior. Tivessem eles valor, teríamos uma república que faria a americana (dos bons tempos) parecer um experimento de amadores.

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  125. 14 Agosto, 2009 17:00

    Caro JB

    Tem razão no que diz quanto ao facto da Causa Monárquica dever ultrapassar um certo passadismo e um saudosismo das páginas heróicas da história da Monarquia. Ainda que lhe diga que me parece igualmente justo que, num contexto de construção europeia e de “globalização”, não esqueçamos o nosso vasto e rico capital de diferenças nesta manta de retalhos – a nossa História (e ela só nos pode orgulhar!).

    Julgo que Paulo Teixeira Pinto, que lidera a Causa Monárquica há cerca de um ano, será um bom interlocutor para os tempos presentes. A ver vamos …

    D. Duarte é um homem conciliador – repare que ele preconiza a junção do ramo miguelista e petrista (através da família Imperial Brasileira e da Casa de Orleães-Bragança) – e viveu o difícil período do Salazarismo, em que as relações do seu pai, D. Duarte Nuno, com Salazar foram tensas …

    Julgo que é em torno dele que os monárquicos portugueses se devem unir – deixando de lado outros fanfarrões e oportunistas que apenas contribuem para a descredibilização da monarquia. Estou convencido que o Duque de Bragança se está a empenhar ao máximo na educação dos seus filhos, que tem procurado colocar alternadamente em Escolas Públicas e Privadas e aos quais procura incutir a sua larga experiência.

    Penso que D. Duarte procura preparar o futuro – procurando, aqui e ali, sensibilizar os portugueses para a necessidade de não darem como adquirida a questão do regime e, quem sabe, alertá-los para os benefícios que a monarquia pode trazer numa época nebulosa como a que vivemos.

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  126. 14 Agosto, 2009 17:10

    Caramelo

    1 – Eu não digo que não se possam “fazer juízos críticos sobre o passado”. Nada disso … O que eu digo são duas coisas: não podemos olhar o passado com os “olhos do presente”, pois corremos o risco de “contaminar” a nossa interpretação de uma dada época e contexto e não podemos caír no risco de cometermos anacronismo – ou seja – caracterizar um época de acordo com as características de outras época totalmente distinta

    2 – Quanto à I República, mantenho tudo o que fica dito e digo mais: o facto de ter sido controlada caciqueiramente por Afonso Costa mostrou que este não se redimiu das críticas que fez ao rotativismo progressistas-regeneradores (tendo feito bem pior!). Acho que a I República teve como marca uma educação patriótica e tendencialmente mais alargada a todos os Portugueses

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  127. O puto novo no bairro permalink
    14 Agosto, 2009 17:37

    Caro Gonçalo Marques,

    seguem abaixo alguns comentºários. O seu texto vai entre “”.

    “A grande vantagem de se (re)construír um regime monárquico em Portugal é mudar alguns desses clichés que se vão apontando amiúde, como o facto de se criar uma nobreza “palatina” e de esta poder fazer clivagens sociais em Portugal.”

    O problema não é a nobreza, o problema é a qualidade da nobreza. Um país como a Polónia do tempo da monarquia incluía automaticamente na nobreza todos os que tivessem licenciaturas. Daí que cerca de 15 % da população da Polónia do século XIX pertencia à nobreza.

    “Hoje em dia não faz sentido pensar numa Monarquia “Aristocrática” e “Marialva” em que o Rei convive com uma constituição, um parlamento eleito (com comuns) e um governo de composição partidária.”

    Embora eu não ache que aristocracia seja uma má palavra, dado que forma o pólo oposto com plebe – e quem quer um país com os valores da plebe? é óbvio que uma Monarquia moderna não seria de todo uma re-edição de uma monarquia antiga, como querem fazer crer apressadamente os que raciocinam por cliché.

    “Claro que na constituição da sua Casa Civil e Militar (coisa que o PR também possui, sendo isto uma espécie de “corte”) o Monarca pode chamar as pessoas da sua confiança, e aí – claro – contará algumas dessas pessoas do tipo “Bettencourts”, “Sottomaiores”, etc … (perdoem-me as famílias que usam este nome, mas é apenas uma utilização metafórica e não nominal).”

    Pela parte que me toca, descendo dessas duas famílas, no problem. Se bem que haveria outras de maior notoriedade e maior nobreza.
    Mas será interessante notar que tal como já praticamente não há nobres dos 4 costados, também não há plebeus dos 4 costados. Quem escavar a sua árvore genealógica, a começar pelo CAA, encontrará mais tarde ou mais cedo um avô fidalgo. 90 % ou mais da população portuguesa está neste caso.

    “Duvido que uma monarquia acabasse com essa herança – que, perdoe-me, estou longe de atribuír ao PREC, mas que mais facilmente atribuiria a uma certa “europeização” na década de 80. Mas cautela: esse nivelamento não passa de aparência sociológica (na minha opinião).”

    Tem toda a razão. É um nivelamento artifical. Talvez dará frutos daqui a 3 oun 4 gerações. Entretanto o chá e a falta dele notam-se à légua.

    “Somos o país (republicano, “socialista” e laico) em que a desigualdade na distribuição das riquezas (que se traduz, por conseguinte, no nivelamento social) é maior!”

    É inteiramente verdade. É escandalosa essa desigualdade, e a nova nobreza plutocrática é bem pior e muitíssimo mais agressiva do que a antiga. Além do mais tem uma insensibilidade ecológica-patrimonial que brada aos céus.

    “Apesar de tudo olhemos para os bons exemplos – monárquicos! 🙂 – de Espanha, Suécia e Inglaterra.”

    E Luxemburgo, Holanda, Bélgica… tudo países modernos.

    Cumps.

    Um abraço amigo

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  128. 14 Agosto, 2009 18:01

    Caro Gonçalo Marques,

    Apesar das qualidade de D. Duarte, penso que o tempo dele já passou. Um dos problemas da Causa Monárquica é o da identificaçao. A verdade é que o povo português já nao se identifica com a Monarquia, e um passo fundamental para a restauraçao monárquica é voltar a recuperar essa identificaçao.

    A desvantagem da Monarquia é que tem uma componente pessoal muito mais forte que a República. No caso desta última, a identificaçao é mais com uma ideia política do que com propriamente a pessoa do Presidente da República, embora nos últimos anos, a componente pessoal na eleiçao de cargos políticos seja cada vez mais forte. Basta lembar que para as eleiçoes legislativas, a propaganda visual centra-se sempre no candidato a Primeiro-Ministro do que no partido ou na ideologia.

    Eu penso que a juventude portuguesa nao se identifica com D. Duarte, porque este é de outra geraçao. E mesmo os adultos também nao se idenficam muito com ele. E se pensarmos que a Monarquia é uma soluçao para o futuro de Portugal, entao nao vejo como é que alguém pode identificar o futuro de um país com uma pessoa com a idade de D. Duarte. Nao que a idade dele seja algum impedimento algum para as funçoes de Rei, mas simplesmente acho que as pessoas associam mais a ideia de futuro a um jovem de 30 anos do que a um homem de 50 e tais.

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  129. Isabel permalink
    14 Agosto, 2009 19:13

    O puto novo no bairro

    “Pela parte que me toca, descendo dessas duas famílas, no problem. Se bem que haveria outras de maior notoriedade e maior nobreza.”

    Quais e porquê?

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  130. 14 Agosto, 2009 20:03

    Caro Puto novo no Bairro

    Subscrevo, inteiramente, tudo o que diz.

    Relativamente às famílias aristocráticas com mais “pedigree” nobiliárquico, perdoe-me ter optado pela apresentação de “exemplares” menos significativos, mas era apenas num sentido ilustrativo.

    De facto, seja nobreza militar, “de toga” ou provincial/regional, é possível que os costados da maioria dos Portugueses (por via legítima, ou bastarda) toque nos calcanhares aristocráticos.

    Julgo que a (nova) monarquia deverá apostar numa aristocracia – não tenhamos medo do nome – meritocrática.

    Um abraço amigo

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  131. Isabel permalink
    14 Agosto, 2009 20:19

    Caro Gonçalo Marques

    “Relativamente às famílias aristocráticas com mais “pedigree” nobiliárquico, perdoe-me ter optado pela apresentação de “exemplares” menos significativos, mas era apenas num sentido ilustrativo.”

    Podiam-me definir “famílias aristocráticas com mais “pedigree” nobiliárquico”, por favor.

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  132. Anónimo permalink
    14 Agosto, 2009 21:11

    “pessoas do tipo “Bettencourts”, “Sottomaiores”, etc …
    Pela parte que me toca, descendo dessas duas famílas, no problem.”

    ora voilá! um descendente de curtos e maiores, prefiro o barão telecom.

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  133. 14 Agosto, 2009 21:18

    Caro JB

    Concordo consigo. Talvez seja melhor começar a pensar no Príncipe da Beira.

    É de uma geração que olha para o mundo – e consequentemente para a Monarquia – com outros olhos.

    Mas julgo que D. Duarte, com a sua larga experiêmcia, tem ainda um papel importante a desempenhar no esclarecimento cívico dos Portugueses.

    Um abraço

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  134. O puto novo no bairro permalink
    14 Agosto, 2009 21:18

    # 130

    Cara Isabel,

    A seguir à Família Real, para os genealogistas, tradicionalmente a família de maior nobreza em Portugal, devido à sua ascendência real directa e às suas ligações é a dos Noronhas. Depois tem várias como os Pereiras (Casa Cadaval), os Castros, de 12 e de seis arruelas, os Távoras,os Vasconcelos e mais outros.
    O critério é simples, quanto mais antiga e mais títulos tiver tido e parentesco à Casa Real Portuguesa (e a outras)mais ilustre é essa família.

    Os Bettencourts são mais das Ilhas (Madeira e Açores, onde tiveram morgadios) e serão média nobreza, mesmo que tenham as 5 bolinhas do geneall. Os Sottomaiores, igualmente.

    Digamos, em suma que se pode distinguir entre os actuais representantes da alta, média e baixa nobreza.

    Pode dizer-me que o critério é discutível, mas se num simples Campeonato de futebol se distingue a equipe que tiver mais títulos, analogamente se faz em relação a uma dada família.

    Pode dizer-me que pertencer a uma família destas não torna ninguém especial. E eu concordarei plenamente. O sangue azul é um mito, embora a boa educação não, e esta é um das qualidades de um gentleman. IMO é pelo mérito que uma pessoa tem de ser avaliada e reconhecida, não pelo sangue, pedigree, títulos, e passado familiar.

    Além disso partilho esta concepção oriental: se uma pessoa fôr nobre, então torna nobres os seus antepassados, e não ao contrário.

    Em todo o caso, a monarquia, como a vejo está ao serviço da elevação do povo, de todo o povo. E competirá ao Rei, como figura supra-partidária, e acima dos interesses económícos particualres deste ou daquele grupo, velar para que isso aconteça.

    Como se percebe não sou nada pela fidalguia, nem
    pelo seu restabelecimento nas posições que terá tido. Como doiz o Gonçalo Marques, sou por uma aristocracia de mérito, totalmente independente do facto de ter sido bien né ou não.

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  135. O puto novo no bairro permalink
    14 Agosto, 2009 21:22

    #133

    Esteja à vontade: graçolas fáceis fazem-se com qualquer nome.

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  136. Isabel permalink
    14 Agosto, 2009 21:45

    Gostava de ler a resposta do Gonçalo Marques à minha questão.

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  137. 14 Agosto, 2009 22:08

    Cara Isabel

    Tem toda a razão. Desculpe, mas involuntariamente passei o comentário no trânsito para o jantar.

    No fundo, quando falava em “pedigree” aristocrático – confesso que estava a brincar com as palavras – referia-me a famílias portuguesas com mais pergaminhos, mais tradiç~ção nobiliárquica: no fundo, famílias mais antigas e com tradição.

    E dou alguns exemplos: os Sousas, os Lencastres, os Menezes, os Pachecos, os Brandões, os Maias …

    Estamos a falar por exemplo, de algumas das famílias que estão na génese da nossa nacionalidade

    Queira aceitar um abraço amigo e um pedido de desculpas sincero

    O debate está a ser muito interessante e elevado

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  138. 14 Agosto, 2009 22:11

    O “politicamente correcto” leva à “tolerância multicultural” que alimenta a violência.

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  139. 14 Agosto, 2009 22:15

    Caros Amigos

    Para vos dar um exemplo da minha concepção lata de aristocracia, eu diria que, numa (nova) monarquia portguesa “nascitura”, pessoas como Belmiro de Azevedo, Medina Carreira, Carlos Lopes, Nuno Crato, José Mattoso, Agustina Bessa Luís, Manuel Sobrinho Simões, D. Manuel Clemente, entre muitos outros grandíssimos portugueses, seriam os meus “eleitos” para uma aristocracia meritocrática que sirva de exemplo ao país, no sentido deste ser cada vez melhor e mais ambicioso.

    Esta é a verdadeira função de uma Nobreza – ser um estímulo e um exemplo.

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  140. 14 Agosto, 2009 22:44

    Carlos Velasco,

    Em quase tudo o que diz V. expressa livremente a sua opinião – foi precisamente aquilo que eu fiz no meu texto. Simplesmente, as duas opiniões não são conciliáveis…

    Apenas refuto o seguinte passo:

    «Primeiro há uma contradição nestas duas definições; ou foi uma pantominada, coisa que entendemos como um acto inocente e legal, ou foi uma façanha tipo “Verde Eufémia”»

    Não há qualquer contradição.
    Nem todas as ‘pantominadas’ são inocentes. Esta bem sequer foi grave (a PJ deveria ter coisas mais relevantes em que pensar). Foi um número mediático. Tal como o da ‘Verde Eufémia’. Com iguais propósitos e com o mesmo desrespeito pelo direito de propriedade. Ambos os movimentos quiseram aparecer nos telejornais sem atender a valores tutelados pelo direito (claro, nem tem discussão, os Verde Eufémia foram muito mais longe no desvalor jurídico e são uma escumalha sem hipótese de redenção).
    Mas, note-se, ambos cumpriram os seus planos com êxito.

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  141. Anónimo permalink
    14 Agosto, 2009 22:49

    “…minha concepção lata de aristocracia,…”
    com essa lata e dentro da mesma podes acrescentar o barão pingo doce, os viscondes logoplásticos, o princípe da marmeleira, o rei do bolo rei, as diznastias mickey e vanzelina, os betos armados em parvos e quejandos.

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  142. Socrates de Atenas permalink
    14 Agosto, 2009 23:28

    Não sendo monarquico, não posso deixar de me admirar pela negativa obviamente, pela forma radical e ofensiva que alguns apelidados de esquerda classificaram o conceito de monarquia e os seus adeptos, na realidade só revelam uma grande ignorancia, segundo o pouco que sei, quase todos os paises da UE são monarquias de grande sucesso, e pelo mundo fora, muitas mais existem, por isso quando se fala de monarquia, só pelo simples facto de se pronunciar tal palavra, assusta logo as mentes mesquinhas trotskianas e estalinistas que vagabundeiam por este Portugal fora, ora assim não fosse certamente que estariamos bem melhor, mas a abudancia de mentes retrogadas neste pequeno cantinho não lhes permite ver além do seu pais, se assim fossem os nossos antepassados que novos mundos descobriram, nunca teriamos passado das belas prais que temos.

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  143. O puto novo no bairro permalink
    14 Agosto, 2009 23:29

    Em relação à troca de bandeiras comprova-se que os guardas vermelhos e verdes da república de repente entraram em função e, nada surpreedentemente, pelo lado mais expectável: o do moralismo.

    Tudo o que se verifica é que a República, a ideologia da, a moral da, a cultura da, não induziu transformações verdadeiras: não fez mais do que transmitir um espirito pequeno-burguês.

    Está fora de qualquer hipótese que ainda presos ao revanchismo pequeno-burguês consigam influenciar em seja o que for a juventude deste país, e menos ainda as ignaras massas hiper-plebeizadas por dezenas de anos de caldo de cultura debilíssimo, a televisão.

    Acusam os outros de querer placo, porque querem ser eles os donos do palco. Agarrados às saias das instituições – que são as coisas menos dinâmicas que há – que espectáculo dão de si? o do profundo imobilismo democrático, atravancado até à medula de leis e juristazotes, em quem corre o sangue anémico e formalista das Leis. Não o do espírito, porque esse foi proscrito.

    Um texto professoral e pedante publicado no Público sobre as bandeiras (Público que agora julga que é um palco de televisão) – do Rui Tavares chega ao ponto de sentado em cátedra dar notas aos manifestantes! E acaba num tom de Magnificat republicano, afirmando que só os republicanos tem o civismo e a virtude. É sempre interessante ver até onde vai a linguagem dogmática.

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  144. Socrates de Atenas permalink
    14 Agosto, 2009 23:35

    ” – Dizeis vós meu caro senhor de que não existe pior praga na face da terra do que aquela que brota das mentes mesquinhas e invejosas ??

    -Sim meu caro, espalha-se facilmente e dificilmente tem cura.”

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  145. O puto novo no bairro permalink
    14 Agosto, 2009 23:44

    Caro Sócrates de Atenas,

    O que diz serem as mesquinhas mentes trostkistas e estalinistas são bastante semelhantes às dos directores espirituais da república, que revelam profundo desconhecimento do valor da diacronia, da terra intelectualmente fértil do passado e da verdadeira Tradição portuguesa (nada a ver com touradas e fados).

    São as mentes do corte epistemológico total e revanchista, as mentes dos pequeno-burgueses que tomaram conta de tudo desde a eclosão do chamado positivismo comtiano.

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  146. O puto novo no bairro permalink
    14 Agosto, 2009 23:46

    Se Nietzche tivesse tido o descuido de nascer em Portugal ainda estaria por editar.

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  147. Isabel permalink
    14 Agosto, 2009 23:49

    O puto novo do bairro

    Resolvi investigar os Bettencourts, até em honra do novo Presidente do meu clube, que tem um árduo e espinhoso trabalho pela frente. Vai com certeza estar à altura do feito, como aristocrata/nobre que é.

    Esta família descende de Jean de Bettencourt, nobre francês 7º neto de Henry I Rei de Inglaterra. Foi para as Canárias com uma expedição para ocupar o território e intitular-se rei, o que aconteceu. Pelo facto das ilhas serem paupérrimas e ter sido traído, que é o costume, acabou por acordar a ocupação das ilhas com o rei de Castela e exilou-se na Madeira. Daí depois terá tido terras e rendas.

    Como vê vc não sabia a históría toda. Esta família, como muitas, tem sangue real e no entanto não têm um único título válido. O meu critério de nobreza é que quanto mais antiga e mais real, mais vale. Não vou comparar o nome Bettencourt com o Conde de Montereal, o das revistas cor-de-rosa, como é obvio. Não tem comparação possível. Para não falar nas outras centenas de títulos concedidos pelos últimos reis a burgueses ricos a troco de $erviços prestados ao reino.

    Mas esta discussão serve de mote para provar a “verdade” da minha tese; eu não sou monárquica porque desde que este post foi editado até agora já:

    foram mortos pelas mães, dezenas de portugueses(as), mortes pagas com o dinheiro dos nossos impostos

    muitos portugueses(as) foram neste tempo informados de que não iam receber o salário de Agosto e iam para o desemprego porque a empresa ia fechar

    muitas pessoas foram informadas pelos médicos de que tinham um cancro

    muitas crianças, neste tempo de férias, de 3 e 4 anos ficam à guarda de irmãos de 7 ou 8 porque os pais saem de manhã para ir trabalhar e só chegam à noite

    muitos miúdos de 12 ou 13 anos estão, neste preciso momento, a fazer a sua primeira incursão no mundo da droga

    e nós estamos a discutir quem é quem na nobreza

    O mesmo se passará, tenho a certeza, na casa civil e militar, de D. Duarte ou de qualquer outro rei.

    Se fossem burgueses…mas estar a nobreza preocupada com este tipo de assessório, não pode ser.

    Por isso eu não arrisco. Está a paz social em jogo.

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  148. 15 Agosto, 2009 01:38

    Caro Gonçalo,

    essa noção de aristocracia com base na meritocracia, apesar de soar bem, iria provocar muitas clivagens.

    Desde logo, quem seria o responsável por atribuir títulos nobiliárquicos a Agustina, Belmiro de Azevedo e Nuno Crato (usando os seus exemplos)? Porquê estes e não outros? A resposta teria de ser obviamente o rei, como figura agregadora, a decidir. Mas dizer que o rei não tem interesses além do bem nacional e que não olha a grupos é simplesmente inocente. Rei ou não, o ser humano é imperfeito. É impossível ser sempre justo, sempre isento, sempre ‘bom’. A diferença é que enquanto as decisões de um presidente são submetidas a um controlo e maior escrutínio, podendo ser ainda criticadas por todos nós, no caso de um rei o seu lugar nunca está em risco (haja ou não mérito).

    Com base na nossa sociedade, que afinal se baseia ainda muito pouco no mérito e muito mais na linhagem (os senhores doutores, os senhores ministros, os senhores figuras-públicas, entre outros), este género de atribuição é um desastre à espera de acontecer. Parece-me que seria muito difícil que um português de classe média, a receber um ordenado mísero em qualquer loja Continente, conseguisse admitir que o Sr./Dr. Belmiro passasse a ser o Conde Belmiro, sem ver nessa atribuição um qualquer interesse oculto ou amizade com quem de direito. E repare que considero Belmiro de Azevedo um homem com características que fazem falta à maioria de nós: tem visão, é empreendedor, directo, etc. Isto pode ser extrapolado para a maioria dos novos nomes.

    Agora, e tendo em conta os 100 anos de interregno, com quase 90% da população próxima de famílias nobres (como disseram) a monarquia com base na hereditariedade parece-me mais fácil de aceitar numa fase inicial pela maioria, mas muito mais difícil de implementar.

    Neste momento a maioria das pessoas não vota e não tem confiança nos nossos políticos. E repare que neste sistema é possível a qualquer um de nós intervir directamente. Na minha opinião é muito mais interessante tentar mudar as coisas por baixo, ou seja, através da educação tentar envolver mais a sociedade nas decisões políticas. Alterar a cúpula, i.e. a chefia do estado, não me parece o caminho correcto para unificar os portugueses. Uma das nossas piores características é a inveja e ia ser complicado gerir ‘novas nobrezas’ onde a maioria continuaria a ser automaticamente excluída.

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  149. Escorpião permalink
    15 Agosto, 2009 01:46

    Cara Isabel,

    Sem tirar o primor da ascendência dos Bettencourts que eu conhecia perfeitamente et par cause,visto que tenho duas ou mais linhas de Betts, os Noronhas tem mais cotação – pergunte a qualquer bom genealogista.
    Os Betts. são uma família muito bem estudada.

    Veja aqui:

    http://web.meganet.net/bettenco/bett0001.htm#t0

    Há por outro lado famílias portuguesas mais antigas do que os Bettencourts. O geneall é um bom local para ter umas primeiras noções sobre isso.

    Quanto aos miúdos de 12 a 13 anos a experimentar com a droga, é uma boa idade. Todos os miúdos em todo o mundo estão a fazer o mesmo. E todos os miúdos o hão-de fazer. Devia-se garantir a pureza da droga. O proibicionismo nunca deu bons frutos.

    A paz social não me interessa. Interessa-me a paz interior. Sem esta, a minha, não há paz social consistente. A paz não vem de fora para dentro, irradia justamente de dentro para fora. Não se faz por decreto nem por proibições disto ou daquilo.

    Discutir a qualidade da nobreza foi para dar uma pálida ideia de quem é quem e de quem é considerado mais quem. Claro que tem interesse. Pelo menos para uma pessoa interessada em sociologia, em história. Ou julga que a discriminação social graças ao sol democrático acabou?

    os males que me diz, e que suscitam a sua preocupação ou compaixão, são devidos à responsabilidade de quem? O cancro é transversal à república e à Monarquia.

    Entretanto, quem matou as crianças foram os nossos impostos ou foram as mães? Quer tornar todos culpados? Somos todos culpados? Eu sou inocente. Não tinha idade para votar. E não pago impostos.

    As crianças ficarem á guarda dos irmãos mais velhos? Olhe, é o que eu fiz até há bem pouco tempo. É divertido. Muito melhor do que ficarem no “infectário.” São muito melhor tratados também, do que por aquelas atrasadas mentais de “educadoras de infância”. As mais estúpidas,feias e más, das raparigas é que vão para educadoras de infância, infelizmente.

    Muitos portugueses, diz, foram informados que foram despedidos. Tem razão. Mas não carregue com a cruz de todos os males do mundo, por favor. Eles, nós, teremos que mudar as coisas para que isso não aconteça.

    Nós não estamos a debater a nobreza, estamos a debater o regime e 100 anos de República que levaram à situação depressiva presente. Mas interessa apurar as qualidades nobres e perceber que são válidas, intemporais e activas, em vez da vileza ambiente generalizada.

    Além disso a minha opinião é que isto não vai de fora para dentro. Sem transformar a cognitividade dos portugueses, monarquia ou república, nada mudará. Nem um iota.

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  150. Escorpião permalink
    15 Agosto, 2009 01:50

    O Escorpião sou eu. O Puto Novo do Bairro.

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  151. Isabel Coutinho permalink
    15 Agosto, 2009 02:05

    Caros monárquicos,

    Começo por afirmar que sou monárquica de coração e tradição (embora uma parte da minha família tenha sido ultra-republicana). E entanto não derei um passo para a restauração da monarquia hoje e em Portugal.

    Começo por citar esta frase de JB, com a qual concordo inteiramente:

    “A verdade é que o povo português já nao se identifica com a Monarquia, e um passo fundamental para a restauraçao monárquica é voltar a recuperar essa identificaçao.”

    Com a diferença que não acredito que a recuperação de que fala seja possível.

    A monarquia morreu porque ninguém a defendeu. A começar pelos monárquicos.
    O PRP não tinha qualquer interesse na implantação da República. Estava muito bem como estava, ou seja na oposição onde ninguém o perseguia, publicando artigos inflamados em jornais que ninguém censurava. Os 2 partidos monárquicos atacavam-se um ao outro, esperando a vez de governar, e obter as vantagens.
    Na sombra funcionava a Maçonaria, onde monárquicos e republicanos se tratavam por “irmãos”. Apenas a Carbonária constituia um perigo aqui, como em toda a Europa.
    O povo queria melhores condições de vida e o pão que ninguém lhe dava, nem estava interessado em dar.
    O Rei estava completamente manietado.
    D. Carlos amava o povo e a Nação. Estava a morrer e sabia-o.
    O “governo em ditadura” (por um tempo definido) não era o escândalo que é hoje. Os “rotavivos” já tinham tido oportunidade de governar assim, e ambicionavam-no. Mas eram piores um que o outro: não resolveriam nada. Os republicanos só a criticavam “de boca” – era um bom pretexto para atacar a monarquia, e isto convinha-lhes.
    O Rei teve esperança num homem independente dos partidos: Sidónio Pais. As coisas iam endireitar-se e haveria eleições em Abril de 1908. Se … não tivesse sido cobardemente assassinado. D. Luis Filipe era ainda muito novo, mas tinha sido bem preparado para reinar. Tinha tido os melhores mestres e ideias avançadas. Mataram-no também.

    Ninguém se levantou, ninguém quis verdadeiramente saber o que se passara. Ficaram-se com o Buiça e o Costa. Como se estes tivessem saido do nada. Só Sidónio foi afastado. Porque não convinha a ninguém: nem a Monárquicos (profundamente implicados no golpe), nem a Republicanos.

    Depois, foi o que se sabe. A agonia da Monarquia foi breve. O PRP só entrou em acção, a 4 de Outubro, com medo da Carbonária. No fundo preferia o bode expiatório que era a Monarquia.

    A 1ª República foi abjecta. A 2ª foi uma reacção à 1ª. Bem acolhida, aliás, pelo povo e pela generalidade das classes sociais, no seu início.
    Entretanto D. Manuel II morreu no exílio sem herdeiros.
    FIM.

    Agora pergunto: mesmo que Salazar tivesse pensado em restaurar a Monarquia – o que não está provado – com quem o faria? Com um longínquo descendente (que mal sabia falar português) de um Rei banido, odiado e absolutista? Com um dos seus incapases filhos? (recorde-se que D. Duarte Pio nem conseguiu concluir um Curso Superior, e dos seus irmãos é melhor nem falar).
    De “boas pessoas” está o mundo cheio, mas não chega. Os “monárquicos” lá foram “cantando e rindo”, à espera que lhes caisse um rei do céu. Não caiu.

    A República caiu-nos em cima como uma fatalidade do destino. Não a devemos a ninguém, muito menos aos republicanos. Ninguém a quis, ninguém lutou por ela, nem contra ela.

    Quanto à Monarquia, com tais defensores, R.I.P.

    PS. Só um conselho: deixem-se dessa snobeira dos nomes e pedigrees. Todos somos iguais em carne, sangue e osso.
    A única nobreza que reconheço é a nobreza de sentimentos.
    E essa, não abunda.

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  152. Isabel permalink
    15 Agosto, 2009 02:33

    Escorpião

    Eu não carrego às costas os males do mundo. Só o faria se pudesse acabar com eles.

    O que eu quis dizer é que num cenário monárquico, e eu conheço o meio e as respectivas “caganças”, estou a imaginar com as desgraças todas que eu mencionei, a única preocupação dos próximos do rei é saber quem é mais Noronha ou mais Bettencourt.

    E todos os que gostariam de pertencer ao círculo restrito, não faziam mais nada senão falar em nomes e conhecimentos e ascendências. É muito pobre o meio.

    O pior é que começavam a criar-se as castas. Os que pertencem ou não pertencem aquela clã ou áquela família. E os que não pertenciam seriam tratados como cidadãos de segunda, num meio onde nunca poderiam entrar porque não tinham passado.

    Todos têm o direito de ser respeitados pelo que são e nunca poderia dar o meu apoio a um regime que, mesmo sem intenção, promove a separação de classes.

    Acredito que o melhor de todos ainda será o rei.

    Gostava de achar que isto não é verdade, mas infelizmente é.

    E vivermos numa sociedade sem classes definidas por nascimento, é um bem inestimável, que eu não arrisco perder mesmo sabendo das vantagens da monarquia.

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  153. Isabel Coutinho permalink
    15 Agosto, 2009 10:00

    Corrigenda:

    No meu comentário acima (152), certamente pelo adiantado da hora, tive um lapso – que não é de somenos. Onde escrevi Sidónio Pais, queria obviamente escrever João Franco.

    Peço que me desculpem.

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  154. 15 Agosto, 2009 11:58

    Cara Filipa

    Muito obrigado pelo seu comentário e pelo seu “feed-back”.

    “Neste momento a maioria das pessoas não vota e não tem confiança nos nossos políticos. E repare que neste sistema é possível a qualquer um de nós intervir directamente.”

    Essa é, de facto, a questão central. Estamos num momento que em mjuito se assemelha à fase final da nossa monarquia constitucional:
    – temos 2 partidos que se rodam no poder, afirmando um neo-rotativismo
    – temos um verdadeiro presidencialismo do primeiro ministro (na época designado Presidente do Ministério ou do Conselho de Ministros)
    – tems um Chefe de Estado que procura “regenerar” o sistema e afirmar a credibilidade, mas que é envolvido no jogo político-partidário com o intuito de manchar a sua reputação
    – temos uma desconfiança generalizada na possibilidade do sistema se auto-regenerar

    Este é o grande paralelo entre 1909 e 2009 (cem anos exactos, repare).

    Em que é que a monarquia (com a experiência do passado, a consciência dos erros cometidos e a preparação de novos quadros monárquicos para o tempo presente) poderia contribuír para resolver o problema?
    – Unificando o país (através de um Monarca que, representando a nação e sendo a sua “cabeça”, seja uma espécie de General “de linha da frente” de que tanto precisamos neste momento de crise. Graças a esta função ele seria capaz de definir as grandes linhas orientadoras para o país – tal como Isabel II faz no seu “discurso da coroa” na abertura das Casas do Parlamento)
    – Incentivando os Portugueses à excelência, ao trabalho e ao esforço (puxando por um Portugal Positivo)
    – Acabando com a partidarização do Chefe de Estado (ele deixa de sre de uma ou mais facções para passar a ser o “Rei de todos os Portugueses”)

    “Uma das nossas piores características é a inveja e ia ser complicado gerir ‘novas nobrezas’ onde a maioria continuaria a ser automaticamente excluída.”

    Concordo de forma absoluta! Sem dúvida! A inveja é uma instituição nacional!

    Mas esta minha noção de nova nobreza não implica “títulos tradicionais” e “prebendas”, mas uma homenagem pública através de uma cerimónia (radio e teledifundida) para que os Portugueses conheçam o percurso destas grandes figuras (podendo depois fzer juízos críticos fundamentados sobre elas) e não sejam intoxicados pelo negativismo e pela fome de “sangue” dos noticiários.

    Esta nova Nobreza seria o “exemplo” do que a Nação é capaz de produzir e fazer.

    Isto cria identidade, unidade e espírito empreendedor: tudo o que precisamos como de pão para a boca.

    Um abraço amigo

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  155. 15 Agosto, 2009 12:03

    Quanto à sua questão da não participação dos cidadãos na monarquia (através de cargos e de forma “directa”), deixe-me discordar vivamente: o regime é parlamentar e constitucional, com as mesmas regras que possuímos actualmente para a composição do parlamento e do governo.

    A única eleição em que não se poderia participar (e que seria eliminada) seria a de Chefe de Estado.

    Isto no caso de termos uma monarquia hereditária. Lembro que na europa há (e havia) várias monarquias electivas. O caso de Andorra é, actualmente, o mais significativo: trata-se de um co-principado (liderado pelo Presidente da República Francesa e pelo Bispo de Urgell) em que estes assumem a chefia do Estado.

    O modelo do vestusto Sacro Império Romano-Germânico será, certamente, o mais atractivo: os vários príncipes eleitores (Saxónia, Renânia, Áustria, Boémia, Morávia, etc …) escolhem quem acham que deve ser o Imperador (entre os seus pares, claro).

    Como vê há outros modelos “mais participativos”.

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  156. 15 Agosto, 2009 12:27

    Caríssimos

    A minha proposta de construção de uma aristocracia identificada com o sentir popular passa pelos seguintes princípios:

    1 – tal como nas condecorações do 10 de Junho e nas ordens de mérito, o Monarca escolhe um conjunto de figuras que lhe parecessem meritórias e relevantes

    2 – essa lista de figuras (nãio muitas, claro) seria sujeita a referendo pelos Portugueses

    3 – o(s) nome(s) mais votado seria elevado a uma condição aristocrática (avant la lettre: “governo dos melhores”)

    Lembro que para que este princípio seja efectivo e esta eleição tenha legitimidade e validade, os portugueses teriam acesso a informação sobre cada uma das figuras, através da sua biografia e da visualização de um vídeo-documental sobre cada um (para que a escolha fosse mais consciente).

    E uma nota: em Repúblicas, ou Monarquias, vai haver sempre Elites, ou Nobres, ou Aristocratas, ou “Lordes”, ou o que lhe queiram chamar …

    A questão está em saber se esse elitismo – ou seja, factor de distinção – seja ele económico, social, cultural, intelectual, pessoal ou profissional é usado no sentido de dinamizar o país e de o potenciar e desenvolver (projectando-o).

    Lamento, mas vou divulgar uma notícia de última hora:

    A Igualdade não existe (nenhum ser humano é igual em características de personalidade, em educação, em méritos, em proveniência familiar).

    Aquilo que é desejável que aconteça é que a Lei nos trate com equidade e respeito, olhando para todos com estes sentimentos. No trato social, deve acontecer o mesmo.

    Mas a Igualdade é uma miragem esquerdista

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  157. Escorpião permalink
    15 Agosto, 2009 13:00

    Desde a antiga Grécia com o seu conceito de arethé sempre houve aristocracia. Um governo aristocrático era o governo dos melhores.

    Quanto a tipos de governos há 6 hipóteses:

    Teocracia
    Autocracia
    Oligocracia
    Plutocracia
    Aristocracia
    Democracia

    Nós vivemos numa pseudo democracia, e é pseudo-democracia porque é extremamente vulnerável à influência da Plutocracia. Digamos que é uma Plutocracia com véu democrático. Demasiado diafano o véu.

    E quem está instalado em todos os lugares? O Espírito de Lucro A Qualquer Preço.

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  158. Isabel permalink
    15 Agosto, 2009 13:06

    Caro Gonçalo

    Concordo consigo no que diz respeiro à igualdade. Por isso temos que promovê-la constantemente, retirando do caminho todos os obstáculos que a podem obstruir.

    Regimes que à partida pressupõem a existência de “melhores”, não sei se serão adequados.

    Nós, portugueses, somos um povo servil e ressabiado. Temos duas caras. Uma simpática que diz que sim e logo a seguir outra que faz gestos de vingança quando se vira costas. Esta característica é facilmente manipulável com a bondade do argumento que somos todos iguais e que há uns que têm mais direitos que outros. Já passámos por essa experiência uma vez e temos que aprender com ela.

    Rei, significa líder. É alguém que nos guia e em quem nós confiamos, porque nos representa e nos serve.

    D. Duarte está longe de ser essse líder.

    Apresentem-se outros.

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  159. O puto novo no bairro permalink
    15 Agosto, 2009 13:21

    #153

    “O pior é que começavam a criar-se castas…”

    Não há que temer isso, pelo simples facto de que já existem e de que maneira. Quase tantas como na Índia, o país com o sistema de castas mais elaborado.

    A República com todas as suas utopias sobre a igualdade não recriou o socius de novo. O mais que fez foi promover um igualitarismo chilro.

    Por outro lado o mito da igualdade entre os homens é absurdo. Há estúpidos – geralmente são a esmagadora maioria. E há inteligentes. Há cultos e – também, maioria em Portugal, supinamente incultos. Há gente activa politicamente, há uma imensa maioria passiva, em estado de afasia terminal.

    A diferença entre a República e a Monarquia é que nunca a plebe foi tão vasta como agora. É uma plebe audio-visual, é certo. Mas tão amorfa, fanatizável e manipulável como a antiga plebe. Parece que o ideal da República foi transformar tudo em plebe, reduzir todos ao nível mais baixo. Estão a vista as novas fornadas de burros doutorados (já os havia, mas o rebanho aumentou)
    causa directa do anti-elitismo na educação e na cultura.

    Diz-me que há cagança nalguns meios monárquicos. É verdade é de morrer a rir. Mas a cagança não escolheu aí a sua única morada. É uma das muitas possíveis. Porque a vanitas não escolhe classes. Nem a estupidez, que permeia todas.

    Não me fale, por favor, é do bom povo. O povo – já lhe limparam o sebo há muito – é uma boa abstração para usar em discursos. E há gente horrível no povo. Há filhos da p. em qualquer classe.

    O problema está em que medida a pessoa transcende a sua classe e não fica preso num ghetto social, cultural, profissional-

    Seja como for uma sociedade sem classes é pura utopia – por enquanto. Teremos que aguardar muito. Entretanto que sejam os melhores a governar não me parece que seja absurdo. Porque senão forem eles serão os medianos, mas em geral como se viu em Portugal com as anedoptas que supõe que nos tem governado, são os piores, que estão ao serviço dos empreiteiros e dos plutocratas.

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  160. 15 Agosto, 2009 14:09

    Cara Isabel

    Estou em absoluto de acordo com o retrato que faz do povo português na sua “bipolaridade social”, digamos assim. Bem se assemelha ao deus romanos Janus, nesse aspecto …

    Mas, precisamente por causa dessa nossa idiossincrasia, eu acho que era bom haver figuras para as quais pudessemos olhar como referenciais de postura e de conduta. Essa é a grande vantagem, na minha óptica, de uma arustocracia na nossa contemporaneidade.

    Quanto a D. Duarte, julgo que ainda “não deu tudo o que tinha a dar”. A sua experiência na política interna (acompanhando vários períodos interessantes e ricos) e a sua imagem junto dos seus pares “reais” pode ser uma mais valia no (re)lançamento deste interessantíssimo debate que aqui estamos a ter.

    Mas deposito em D. Afonso, Príncipe da Beira, um Bragança-Herédia com uma educação contemporânea e liberal, as minhas maiores esperanças.

    Um abraço amigo

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  161. 15 Agosto, 2009 14:15

    Caríssimos

    Em qualquer regime (dos que o Escorpião referiu e, mesmo, dos 2 mais em voga) o mais importante é que sejamos governados pelo Império da Educação.

    O que quero dizer com isto? Que, antes de mais, quem esteja no poder compreenda, (inter)leia (avant la lettre do latim “interlegere” – ou seja, ser inteligente) e possa analisar e actuar sobre o mundo em torno de si.

    Ora, numa época em que a mediocridade campeia e invade os areópagos do poder, quem se revestir destes valores e cultivar estes princípios – seja da “plebe” ou das “cúpulas”, o que quer que isso hoje signifique – é, necessariamente (e na minha opinião), um Aristocrata.

    E porquê? Porque se destaca dos demais …

    E é disto mesmo que precisamos

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  162. 15 Agosto, 2009 15:08

    Caro Gonçalo Marques,

    Eu tenho D. Duarte em boa conta, embora acho que ele desde sempre se tenha afastado da vida pública nacional. Acho que isso foi um erro que justifica a distância que eu vejo haver entre ele e os portugueses. Nao digo que ele se devia ter envolvido na vida política, mas acho que deveria ter enveredado por uma carreira de serviço público distinto. Sei que é díficil encontrar hoje em Portugal, uma carreira no serviço público que seja “distinta”, dado que a corrupçao e a trafulhice sao mais ou menos transversais ao sector público hoje em dia. Talvez o serviço diplomático tivesse sido uma boa escolha para fazer carreira. Julgo que é um dos menos poluídos, pelo menos na percepçao do público.

    Quanto à sua experiência política, nao sei se ele mantém contacto com líderes políticos que lhe permitam saber o que se vai passando. Acho que é fundamental para um Rei ter essa capacidade de estar por dentro da vida política, estando fora dela, se é que me entende.

    Em relaçao à Nobreza, Aristocracia, ao “pedigree” etc. etc., nao vejo que isso seja um ponto interessante a discutir.

    Na minha ideia de monarquia em Portugal, nao vejo que a Nobreza (o que quer que isso signifique) venha a ter algum papel especial a representar. Isso ficou já atrás. O Rei terá um papel de representaçao, nao possuindo poderes executivos, pelo a corte que rodeava o monarca antigamente já nao tem razao de existir. Passou para o Parlamento. Daí que me pergunte: o que é um aristocrata hoje em dia? Para que serve a Nobreza?

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  163. Anónimo permalink
    15 Agosto, 2009 15:22

    sai mais barato vir aqui do que ir ao psiquiatra, além do mais seria difícil arranjar um gajo que não adormecesse com esta conversa de chacha.

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  164. Isabel Coutinho permalink
    15 Agosto, 2009 15:51

    Tem razão Anónimo. Ao princípio pensei que o assunto podia dar um bom debate. Mas já é repetitivo.
    Quase todos insistem em D. Duarte. Ora
    por aí ninguém vai lá. Podem ter a certeza.

    E se falassemos de outra coisa?

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  165. 15 Agosto, 2009 15:56

    Caro JB

    De facto, novos tempos, novas exigências … Estou de acordo

    A Monarquia pode ser hoje algo muito mais “personalista” e “carismático” – nesse aspecto julgo que o conceito de “monarquia popular” se adequa, talvez.

    Com os monarcas a aparecerem, a darem a cara por causas sociais e outras, talvez (certamente) tenhamos que repensar o papel da nobreza “tradicional”

    Daí que eu tenha falado em figuras exemplares, mais do que propriamente nobres ou aristocratas.

    Isso parece-me ser o que o país precisa: referências

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  166. 15 Agosto, 2009 16:00

    Cara Isabel Coutinho

    Não se trata de uma insistência em D. Duarte.

    Há um facto: ele é neste momento o pretendente ao trono.

    Isso faz dele uma figura essencial no relançamento da discussão. O JB diz que D. Duarte optou por uma discreta participação pública – é verdade.

    Julgo que esta posição teve na sua base um respeito enorme pelas sólidas instituições republicanas que temos e, também, uma forma de apaziguar possíveis machados de guerra e capitais de ressentimento que acabm por sempre existir.

    Mas os tempos agora são outros – e julgo que não há nada de mais nobre do que pensarmos o nosso país na actualidade.

    Pergunto: deve-se, entre outras razõees – claro, (a nossa) crise ao regime republicano?

    Um abraço

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  167. O puto novo no bairro permalink
    15 Agosto, 2009 16:32

    “Nós, portugueses, somos um povo servil e ressabiado. Temos duas caras. Uma simpática que diz que sim e logo a seguir outra que faz gestos de vingança quando se vira costas.” (Isabel dixit)

    É a ambivalência dos oportunistas e espertalhões, uma característica plebeia, o recurso dos fracos.

    E isso acompanhado por uma falta de sentido de humor aguda, ou seja em humor o máximo é o sarcasmo pesado, à romana. E nem os nossos humoristas tem piada – porque baseiam o seu exercício de humor apenas na imitação, e na caricatura. Ora o humor é mais do que fazer troça, inclui rir-se de si mesmo – coisa para a qual somos inaptos, embora gostemos imenso de nos rir à custa dos outros.

    Por outro lado, somos um povo afeminado. O que não quer dizer que sejamos um povo feminino.Basicamente comprazemo-nos na fraqueza, na indolência, no adiar de tudo. Ou então, avançamos de cabeça para a megalomania.

    O actual PM é afeminado nos ademanes, e na expressão e na vontade (que qualquer psicólogo detecta) de compensar-se disso através da execução de obras monumentais.

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  168. O puto novo no bairro permalink
    15 Agosto, 2009 16:40

    “Tem razão Anónimo. Ao princípio pensei que o assunto podia dar um bom debate. Mas já é repetitivo.
    Quase todos insistem em D. Duarte. Ora
    por aí ninguém vai lá. Podem ter a certeza.”

    Formou-se uma ideia errada sobre D. Duarte, um preconceito tenaz – quando a verdade é que o homem tem qualidades superiores a muitos ministros e PRs.Dir-me-ão que não é preciso muito. Mas não é o zero à esquerda das caricaturas fáceis. Além disso, coisa raríssima, é uma pessoa de facto muito educada.

    Quando ninguém falava de ecologia e da importância da harmonia do homem com o seu meio ambiente (isto há 20 anos atrás)ele falava disso. Em Portugal foi precursor nesse tipo de intrepretação da realidade e em chamar a atenção para necessidade de prestar primordial a atenção à estética.

    Num tempo de maníacos da eficácia e do funcionalismo naturalmente foi uma voz discordante, e por isso foi ridicularizado na altura.

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  169. 15 Agosto, 2009 16:44

    #168,

    Nós somos o que somos. Nao vai ser um Rei a mudar os portugueses da noite para o dia.

    O mais que se pode esperar é que um Rei possa inspirar os portugueses a mudarem-se a si próprios.
    Mas isso nao vai acontecer se se voltar à Monarquia de 4 de Outubro.
    É preciso “baralhar e voltar a dar”.

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  170. Anónimo permalink
    15 Agosto, 2009 16:49

    “somos um povo afeminado.”
    só se forem os betencurtos, o rei dudu e o resto da famelga, mas os portugueses não têm culpa disso-

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  171. Isabel permalink
    16 Agosto, 2009 00:03

    O D. Duarte, que penso ser uma excelente pessoa, não leva o meu voto para rei.

    Não há mais ninguém que se ofereça?

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  172. 16 Agosto, 2009 00:59

    Cara Isabel

    Há outras pessoas com inegável mérito.

    Os direitos dinásticos estão com os Braganças e, na minha opinião, Afonso de Bragança – comom já aqui escrevi – é um jovem em formação que creio poderá desempenhar (muito) bem esse papel.

    Duvido que o ignorante e peneirento Nuno da Câmara Pereira – que nem perfil para nº 2 tem – venha (como ele ardentemente deseja) algum dia a poder ser, sequer, secretário de Rei … Se ele descredibiliza a República no Parlamento, quanto mais a Monarquia …

    De resto, vejo Diana de Cadaval como uma interessante possibilidade (seria uma Rainha culta e interessada pelo país).

    Um abraço

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  173. Isabel Coutinho permalink
    16 Agosto, 2009 01:14

    Gonçalo Marques disse ( propósito de D. Duarte Pio de Bragança)

    “Há um facto: ele é neste momento o pretendente ao trono.”

    Caro Gonçalo,
    Permita-me contradizê-lo: D. Duarte não é o, mas um dos pertendentes ao trono de Portugal. Só não sei quem são os outros nem se estes aparecerão.

    Estou como José Régio: “não sei onde vou, não sei para onde vou, mas sei que não vou por aí”.

    Não vou relembrar-lhe a Hstória de Portugal, espero sinceramente que a conheça. Pense no que pode acontecer se formos outra vez atrás da “legitimidade dinástica”.

    Para mais, não acho que seja aqui o melhor lugar para discutir este assunto.

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  174. Isabel permalink
    16 Agosto, 2009 01:29

    Não acham que a dinastia de Bragança já deu o que tinha a dar? Na realidade não esteve à altura dos acontecimentos. Porquê insistir no erro.

    Não seria altura de começar uma nova, com alguém que “agarre” o País de uma maneira inovadora, com propostas semelhantes às que o Gonçalo deu, sem esta carga de passado de má memória para muita gente?

    E que seja genuinamente português, com pouca mistura de sangue estrangeiro.

    D. Duarte nunca terá hipótese. Tem que aparecer um lider carismático, como foi D. Afonso Henriques, D. João I e D. João IV. D. Duarte para primeio duma dinastia, não tem perfil.

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  175. 16 Agosto, 2009 01:41

    Cara Isabel Coutinho

    Tendo o máximo rspeito pela opinião que acaba de transmitir, direi que D. Duarte é, “de jure” e “de facto” o candidato ao trono português, até por uma razão muito simples e que torna a sua legitimidade intocada:

    Ele une os ramos liberal (descendentes de D. Pedro IV) e absolutista (descendentes de D. Miguel I) através do casamento dos seus pais D. Duarte Nuno (neto de D. Miguel I) e Dona

    Tenho mesmo que conhecer a História de Portugal, sabe: é esse o meu ofício – conhecê-la (investigando), ensiná-la e divulgá-la.

    Pegando nas suas palavras: “Só não sei quem são os outros nem se estes aparecerão”

    Os outros são Diana, Duquesa de Cadaval (talvez aa candidata com mais possibilidades, ainda que com muito menos direitos que os Braganças) – uma mulher moderna, arejada e com imenso nível.

    Há vários estrangeiros – que são falsários – que têm tentado “forjar” dos seus direitos: um deles um italiano que se diz aparentado com os Sabóias, Manuel Felisberto. E depois há outros e outras “Donas Brancas” (passe a expressão).

    Mas o que diz é exacto: esses candidatos nem se conhecem, porque as suas aspirações são obviamente frágeis.

    É ridículo o papel que, nessa medida, o pavão Nuno da Câmara Pereira tem desenvolvido.

    Isto só prejudica a unidade e autenticidade da Causa Monárquica.

    Um abraço

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  176. 16 Agosto, 2009 01:44

    Nota:

    A mãe de D. Duarte Pio (que ficou incompleto no comentário) é Dona Maria Francisca de Orleans e Bragança – Princesa do Brasil e trineta do Rei D. Pedro IV de Portugal (e I do Brasil).

    Esta força legitimidora e congregadora da actual Casa de Bragança desagrada a muitos empertigados que se julgam livres para dar largas à sua vaidade e soberba aristocrática.

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  177. Isabel permalink
    16 Agosto, 2009 01:52

    Mas porquê insistir na Casa de Bragança? Esta dinastia já deu o que tinha a dar. Porque não começar uma nova sem as más lembranças que esta deixou no povo.

    Não tem que ser Bragança. Tem que ser portuguesa, genuinamente portuguesa.

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  178. 16 Agosto, 2009 09:09

    Um grupo de meninos bem – desses que se tratam por dom sem se aperceberem da ridicularia da questão, resolveu inventar um fait divers que distraia a populaça bloguística dos slogans habituais dos monárquicos – fados, toiros, putas e vinho verde. Dito de outro modo, marialvismo saloio, dolce far niente e umas cabecinhas ocas de betinhos imberbes ou quarentões de bigodaças retorcidas, eis o ideário monárquico. Pouca substância.

    Vai daí toca a infringir meia dúzia de leis a agora ai jesus que sofrem de perseguição política. Assim de repente lembrei-me de um outro condenado que reclama o estatuto de prisioneiro político em Portugal.

    Entretanto o verdadeiro país continua profundamente distante destas manifestações ridículas.

    E quanto aos títulos nobiliárquicos em Portugal não me esquece o velho adagio popular.

    “Foge cão, que te fazem barão!
    – Mas pra onde, se me fazem visconde?”

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  179. 16 Agosto, 2009 09:18

    A mãe de D. Duarte Pio (que ficou incompleto no comentário) é Dona Maria Francisca de Orleans e Bragança – Princesa do Brasil e trineta do Rei D. Pedro IV de Portugal (e I do Brasil).

    Ora D. Pedro IV resolveu renunciar solenemente aos seus direitos e título na Sucessão ao Trono…
    Quanto a d. Miguel I , que era filho da Carlota, isso é indibitável….

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  180. 16 Agosto, 2009 12:23

    Moral da historia. assaltem a camara. porque o costa esta a dormir!

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  181. carmei permalink
    16 Agosto, 2009 13:31

    NÃO HÁ BELA SEM SENÃO
    No melhor pano cai a nódoa. Este ditado, embora muito antigo, está sempre actual. Ninguém está isento de cometer gafes ou erros, por mais brilhante que seja o seu percurso académico e a sua carreira profissional.

    Confesso que cultivei uma certa simpatia por Carlos Abreu Amorim e desde há anos que aprecio as suas intervenções políticas e leio com regularidade os seus artigos de opinião que a maioria das vezes coincidem com a minha maneira de pensar.

    Desta vez, porém, discordo totalmente com o conteúdo do postal publicado na última página da edição do Correio da Manhã de 12.08.2009, com o título “Heresias – Azul Eufémia”, por ser ofensivo e atentatório dos direitos de uma parte dos cidadãos portugueses que se revêem na Monarquia e gostariam de a ver restaurada em Portugal.

    Prefiro pensar que foi um momento menos bom de Carlos Amorim pois poderia ter aproveitado esta soberana ocasião, não para “malhar” nos simpatizantes monárquicos, que nada fizeram para o merecer mas para denunciar a forma como tem sido maltratada a monarquia e a memória de todos aqueles que a serviram, pelos democratas de Abril.

    Lembrar que no centenário do assassinato do Rei e do filho herdeiro, os partidos políticos não foram capazes de fazer aprovar na Assembleia da República, um simples voto de pesar e, por outro lado, a Constituição Portuguesa não permite o referendo para avaliar a vontade do Povo.

    Mas vejamos o que escreveu Carlos Abreu Amorim:

    Um grupo de moços da direita bem-comportada tem um blogue que luta desesperadamente por audiências. A rapaziada diz-se monárquica, o que, em Portugal, não tem qualquer significação especial para além de uma mescla entre um vago saudosismo pindérico com um esforço de ostentação onomático. No fundo, a maioria dos ‘nossos’ monárquicos não passa de patéticos candidatos a aristocratas.

    A malta desse blogue quis dar nas vistas e urdiu uma façanha tipo ‘Verde Eufémia’: invadiu a varanda da Câmara de Lisboa e substituiu a bandeira da cidade pela do seu culto, filmando tudo (claro está!).

    O que fica desta pantominada? Para além da publicidade grátis aos próprios, temos, ainda, de lhes agradecer a elucidação acerca do que valem os actuais adeptos indígenas da monarquia.

    ***

    Um grupo de moços da direita bem-comportada? Conotar alguém que se revê na Monarquia e que levou a cabo uma acção política em sua honra com a direita bem-comportada é, no mínimo, um atrevimento insensato, na medida em que não conhecendo a ideologia das pessoas, não se pode partir do princípio que sendo monárquico, é de direita. Esta conotação é abusiva porque no universo dos cidadãos monárquicos existem todas as ideologias e não podem os autores da acção na Câmara Municipal de Lisboa ser identificados como sendo de direita, a não ser que Carlos Abreu Amorim os conheça pessoalmente.

    Vago saudosismo pindérico? Acha mesmo? Depois de 16 anos de revolução republicana, em permanente guerra civil, 48 anos de ditadura e 34 anos de democracia falhada por incompetência dos políticos e governantes, ainda acha que é saudosismo de mau gosto, piroso, parolo?

    Esforço de ostentação onomático? Perdoe-me a correcção mas eu penso que se trata de onomástico (relativo aos nomes próprios). Qual ostentação onomástica? Nenhum monárquico está preocupado com esse tipo de ostentação, o que para mim é preocupante é a escandalosa ostentação de grandes sinais de riqueza, de muita gente, por esse País fora, consequência da má administração da coisa pública, corrupção, fraude, etc., etc. e gozar de um estatuto de impunidade que é vergonhoso, revoltante e muito penalizador para o contribuinte. Isso é que é muito precupante e demonstra bem o estado deplorável em que se encontra a Justiça.

    Patéticos candidatos a aristocratas? Nenhum monárquico pensa em privilégios ou títulos de nobreza, uma vez que são verdadeiros democratas, o que se pretende é construir uma sociedade mais fraterna e mais justa, onde todos sejam tratados de forma igual e onde os governos tenham como primeiro objectivo a felicidade da pessoa humana.

    Elucidação acerca do que valem os actuais adeptos indígenas da monarquia? Da actuação dos bloguistas “31 da armada” ningém pode ter ficado elucidado acerca do valor dos actuais adeptos da monarquia que tenho a certeza valem muito mais do que o autor do artigo nos quer fazer crer. Pessoalmente, gostei do episódio mas ficaria muito mais satisfeito se em vez de terem hasteado a bandeira monárquica na histórica varanda da Câmara Municipal de Lisboa, tivessem consagrado na Constituição os direitos usurpados à Monarquia.

    Depois, querer comparar a actuação do grupo designado “Verde Eufémia” com a dos bloguistas “31 da armada”, também não é muito correcta na medida em que os primeiros destruíram um campo de milho, causando prejuízos avultados ao seu legítimo proprietário e os segundos não causaram qualquer dano ou prejuízo à Edilidade. Por outro lado, o segundo é um caso tipicamente político e o primeiro tem a ver com a cultura de transgénicos a que os ecologista se opõem de forma frontal e radical.

    Este episódio de hastear a bandeira monárquica na histórica varanda do edifício dos Paços do Concelho, tem o seu quê de simbolismo e fez bem ao ego de muitas centenas de milhar de monárquicos que gostariam de ver consagrada na Constituição da República a possibilidade de realizar um referendo à vontade dos portugueses sobre o modelo de regime que preferem.
    Afinal, que raio de democracia é esta que proibe o povo de se exprimir democraticamente sobre a implantação de um outro regime, ao qual se deve a fundação de Portugal, o alargamento das suas fronteiras, a descoberta de novos mundos e a administração do território durante novecentos anos?
    Em democracia devem caber todas as tendências políticas, religiosas, culturais, etc. e depois cabe ao Povo escolher, em cada momento e em plena liberdade, a sua vontade.
    Os constitucionalistas de Abril, mais papistas que o papa, mancharam a Constituição com algumas normas inconstitucionais, de cariz fascista, sendo uma das maiores nódoas, a proibição do referendo à MONARQUIA.

    Afinal, de que têm medo os Republicanos? Se estão assim tão seguros de que a Monarquia morreu no dia 1 de Fevereiro de 1908 com o bárbaro assassinato do Rei D. Carlos e do Príncipe Herdeiro D. Luis Filipe, porque motivo impuseram essa restrição na Constituição?

    Uma coisa é certa, o sangue monárquico continua a fervilhar nas veias de muitas centenas de milhar de portugueses e um dia, a sua acção fará com que seja revista a Constituição.Tal não aconteceu ainda nestes 34 anos de regime democrático porque o herdeiro do Trono tem tido um papel pouco activo na consolidação de tais objectivos e os monárquicos também nada fizeram de relevante, até hoje, para alterar tal situação.
    D. Duarte Pio de Bragança, herdeiro da Coroa portuguesa, deve desenvolver todos os esforços para que seja consagrado na Constituição o direito de referendar a monarquia e deve assumir um papel mobilizador e unificador de todos os cidadãos monárquicos.

    Publicada por Manuel Carmo Meirelles em 16:02 0 comentários

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  182. Isabel permalink
    16 Agosto, 2009 14:29

    “Tal não aconteceu ainda nestes 34 anos de regime democrático porque o herdeiro do Trono tem tido um papel pouco activo na consolidação de tais objectivos e os monárquicos também nada fizeram de relevante, até hoje, para alterar tal situação.
    D. Duarte Pio de Bragança, herdeiro da Coroa portuguesa, deve desenvolver todos os esforços para que seja consagrado na Constituição o direito de referendar a monarquia e deve assumir um papel mobilizador e unificador de todos os cidadãos monárquicos.”

    Se ele até tem a simpatia da República, sendo amigo pessoal de Mário Soares que lhe deu a verdadeira promoção, porque é que todas as “lutas” para a reposição da moralidade estão ainda em estado larvar?

    É por falta de dinheiro? Por falta de perfil de lutador, que eu associo a D. Duarte? Ou será por qualquer outra razão que me escapa?

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  183. João de Távora Merens permalink
    16 Agosto, 2009 17:46

    Os bois são lentos, mas a terra é paciente (Provérbio chinês).

    Quem sabe um mínimo de história sabe que esta tem ciclos e tinha que se cumprir o ciclo republicano, para que Portugal também tivesse essa experiência, e a pudesse integrar na sua personalidade colectiva.
    A experiência foi feita em três fases:
    a) fase da República terrorista e autoritária, de Afonso Costa sobretudo, que por exemplo mandou assassinar Sampaio Bruno, pensador e filósofo português que se lhe opunha.
    b) Fase da República corporativo-social-fascista, o segundo periodo do autoritarismo republicano, e por fim, desde o 25 de Abril
    c) fase do republicanismo inspirado pelo socialismo (este herdeiro do comunismo. Toda a gente sabe que o socialismo provem de uma cisão no movimento comunista). PS, PSD que tem funcionado como alternativas são ambos partidos socialistas.

    Portugal teve assim tempo para experimentar três dos sabores republicanos mais evidentes – foram cem anos de experiência política desse regime em fases, como se percebe pela cronologia acima.

    Sob os auspícios nem sempre racionais, apesar do positivismo de base e a sua correlata ideologia subjacente do cientismo, das 3 Repúblicas, tem sido longa a caminhada para a democracia, que ainda está longe de ser entendida. Mas de certo modo a experiência está feita.E neste momento desagrada à quase maioria dos portugueses que o exprimem pela não participação cada vez mais massiva nas eleições.

    O que se infere é que as 3 Repúblicas (O salazarismo, porque não lhe convinha) não souberam instaurar na verdade uma cultura democrática, e isso porque em primeiríssimo lugar começaram por descurar a cultura tout court, entregando-se à cultura de massas, que produz diversos graus de obscurantismo, conducentes ao estado amorfo.

    Temos assim neste momento o quase grau zero das ideologias, e pode-se certamente verificar que àparte uns quantos zelotas da república, a ideologia republicana não produziu praticamente nenhum pensador original. Nem de António Sérgio, o mais evidente, se pode dizer que fosse original. Sem produçao ideológica nova, a República passou a ser uma ideia velha propalada por velhos, enquanto a monarquia , que se renovou, é uma ideia velha propalada neste momento pelos novos.

    O pensador mais fecundo, mais moderno, um génio universal, em tempos de República foi sem dúvida Fernando Pessoa, que se declarou explicitamente monárquico, além de templário. Ele percebeu, como se pode ler na Mensagem, para quem esteja preparado para ler para além do visível e da tirania dos factos, quais sâo as condições de Portugal ser lançado na eternidade, e que tem existido ao mesmo tempo na história de Portugalum devir racional e metafísico .

    Em vez do pensamento templário, tem sido o maçónico com os seus ideias de globalismo e consequente submissão ás Supremas Lojas, a orientar até este momento, os destinos da República. Uma certa partilha de poder com a Opus Dei, para dar uma ideia de que há pluralismo e tolerãncia, não obsta a que desde a República tem sido o avental a orientar o país como bem entende, já sem sequer precisar de secretismo.

    Contudo o analfabetismo político corrente não discerne coisas tão evidentes para quem tenha os olhos abertos, e irrita-se quando lho recordam – sinal certo de que é verdadeira esta impugnação.

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  184. 16 Agosto, 2009 18:09

    O regime republicano tem muitos defeitos, sem dúvida. Mas é preciso nao esquecer que nem todos eles, e os maiores sem dúvida, nao foram criaçao da República. A Monarquia também tem culpas no cartório. Por isso nao vejo que seja positivo este constante ataque ao regime republicano por parte do discurso monárquico. Nao se esqueça que por cada argumento contra a república, será sempre possível apontar um à Monarquia. É um jogo de soma nula, que por um lado, nao faz dano ao regime republicano e por outro nao ajuda à causa monárquica. Convenhamos que algum discurso monárquico acerca da República, quase raivoso e que deiza transparecer um “desejo de vingança”, nao abona muito em favor de quem o produz, o que no final prejudica também a Causa. Nao me parece que os portugueses tenham vontade de perder o seu tempo para discursos que nao ajudam a resolver os problemas do país.

    O que os portugueses sim querem ouvir é um discurso positivo, que mostre soluçoes para Portugal. Nao digo que a Monarquia vá resolver todos os problemas do país, até porque muitos deles já existiam antes do 5 de Outubro, mas acredito que ela possa trazer algo novo à vida pública nacional que possa ser uma ajuda para melhorar a sociedade.

    O problema que eu vejo hoje na Causa Monárquica é que ela baseia o seu discurso na Monarquia de há cem anos atrás, o que nao é a melhor proposta porque nao vejo o efeito positivo que possa ter trazer uma instituiçao de 1910 para o Portugal de 2010. É preciso pensar numa nova Monarquia, adaptada aos tempos em que vivemos, e que mostre ao Portugueses um caminho para o futuro e nao para o passado.

    As democracias liberais modernas constituem-se hoje sobre três princípios basilares: o Estado de direito, a separaçao de Poderes e a laicidade do Estado. E Portugal também, por mais machucados que estajam estas três ideias fundamentais. Por isso, é fundamental que o novo Estado Monárquico assente sobre estes três princípios também. Apresentar a Monarquia que foi como soluçao para os problemas do país é pura falta de senso.

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  185. carmei permalink
    16 Agosto, 2009 19:10

    Veja em direitodeopinar.blogspot.com a resposta que considerei apropriada ao artigo de Carlos Abreu Amorim, do qual sou admirador e que de certa forma me desiludiu.

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  186. carmei permalink
    16 Agosto, 2009 19:30

    Cara Isabel, de facto, tal como ficou compreensível na minha publicação, há de facto insuficiências notórias na forma como têm sido conduzidos os interesses da Monarquia. Põe o dedo na ferida referente a alguns desses problemas como a falta de dinheiro (não esquecer que D. Duarte Pio é um herdeiro do trono sem tesouro) e depois é necessário que os verdadeiros monárquicos (homens com valor), se organizem, dêem a cara e apontem caminhos seguros para Portugal. Creio que estamos no limiar de uma nova era e que a partir de agora nada mais será como dantes. Como em tudo na vida, a concorrência é benéfica em qualquer ramo de negócio. Também a República, a partir do momento em que constatar que existe uma forte concorrência da Monarquia, procurará implementar uma política que seja mais altruista para os cidadãos.
    A mudança não depende só do Herdeiro ao Trono mas de todos os verdadeiros monárquicos.
    Em quase 100 anos de República, nunca se falou tanto de Monarquia mas isto é só o começo e vvai ver que nos proximos anos haverá grandes novidades.
    Obrigada pela citação que fez do meu comentário.
    Saudações monárquicas.

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  187. Anónimo permalink
    16 Agosto, 2009 20:07

    “A mudança não depende só do Herdeiro ao Trono mas de todos os verdadeiros monárquicos.”

    como é que estão pensar fazer a coisa? é segredo ou podes ser mais específico.

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  188. O puto novo no bairro permalink
    16 Agosto, 2009 23:41

    #185

    Carmei,

    Bom texto o que o meu caro escreveu no seu blog, sereno e lúucido. De facto CAA que é um homem inteligente, (e Ha! não esquecer de “bom sangue”, como o são os Amorins, gente que veio das espanhas há muitos sºeculos, e possui brasão de armas)) passou-se dos carretos no texto que escreveu. Não deixarei de apreciar o seu estilo truculento, nem a maneira incisiva como frequentemente, quando não obnubilado pela clubite, escreve.

    Concordo que a Monarquia não pode ser apresentada com revanchismo em relação à República, nem quando for instaurada seja revanchista. Também não faz sentido a palavra restaurar. Não vamos recuar 100 anos e recomeçar a partir daí. A experiência republicana existiu, foi boa em certas coisas. Não se pode ser diabolizador de todos os frutos da República. Não há sistema político, seja de que cor for, que não produza algo de bom. Por exemplo, na China comunista a saúde pública depois da passagem dos comunistas pelo poder é sem dúvida alguma infinitamente melhor do que era anteriormente. É um regime que está em transição e que agora se reabriu um pouco aos valores da sua imensa tradição mais do que milenária, com que esteve desavinda durante 50 anos de radicalismo e corte epistemológico total com o passado.

    À Nova monarquia não lhe interessará de todo restaurar a velha nobreza e os seus privilégios. Por um lado, ela já quase desapareceu, absorvida que foi pela alta burguesia, por outro já não faz sentido em tempos modernos como os nossos.

    Que se conserve e guarde a sua memória é uma coisa, que se lhe atribua a mesma função e os mesmos papéis não parece de todo o caminho, já porque deixou de ter condições objectivas de existência, já porque felizmente os tempos são muito outros.

    Recorde-se entretanto que muitos aderentes da revolução francesa eram da pequena e média nobreza. O mesmo aconteceu em Portugal, e os quatro ou cinco primeiros, presidentes da República a começar por Teófilo Braga, todos eles foram oriundos da pequena nobreza.

    A ideia do monárquico façanhudo, marialva e toureiro, papador de moças, com necessidade urgente de frequentar os alcóolicos anónimos não corresponde de todo ao tipo de actuais monárquicos, de monárquicos capazes de defender um conceito antigo com ideias novas.

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  189. carmei permalink
    18 Agosto, 2009 01:42

    Meu caro PNNB
    Não tendo muito tempo disponível para dedicar ao mundo incrível da blogosfera, confesso que gosto de o fazer e é com grande prazer que participo, de forma séria e responsável, na difícil tarefa de comentar o conteúdo de alguns Blogues.
    Quanto a Carlos A Amorim, de quando em vez, adora gerar polémica e, neste caso, foi sem dúvida o que lhe passou pela cabeça. As ideias transmitidas não foram sentidas, quis apenas “provocar” os monárquicos, no sentido de pôr à prova a sua reacção. Por esse motivo, não vou deixar de continuar a apreciar as suas qualidades opinativas, tendo sempre presente que ninguém é completamente isento e independente e que cada um, sempre que pode, chega a brasa à sua sardinha.
    Quanto à Monarquia, o caminho faz-se caminhando, percorrendo todas as etapas com a máxima dignidade, respeitando tudo e todos, com muita sensibilidade e compreensão, despidos de intuitos vingativos e tiques de arrogância.
    Quando se pensa em mudar alguma coisa, só pode ser para melhor, caso contrário é preferível deixar as coisas como estão.
    Tal como a mentalidade das pessoas actuais nada tem a ver com a daquelas que viveram ao longo da Monarquia, entre os séc. XII e XX, também a Monarquia que vier a ser instaurada no País, será completamente diferente daquela, sem títulos nobiliárquicos, sem brazões e sem a maioria das regras em que assentava o seu funcionamento porque o progresso e bem-estar da humanidade foi gigantesco e a evolução científica atingiu patamares impensáveis ao longo do último século.
    Da Monarquia que reinou entre 1143 e 1910, é imprescindível que se recuperem alguns dos valores arraigados na sociedade monárquica, no campo da ética e da moral e voltar a guindar a HONRA ao bem mais precioso do Homem, como acontecia na época, a qual servia de caução para realizar qualquer negócio ou contrato e por ela, pela honra, se necessário fosse, batiam-se em duelo até à morte. Invocar a honra, jurar pela honra, significava empenhar a palavra e dar a vida por ela.
    Esse conceito de honra faz imensa falta na actualidade, já que quase ninguém cumpre o que promete. No tempo dos meus avós, lembro-me perfeitamente, com um vigoroso aperto de mão e um efusivo abraço, selava-se qualquer tipo de negócio ou contrato que depois era cumprido religiosamente até ao fim. Hoje, esses métodos já não vigoram porque as pessoas perderam a vergonha e desbarataram a sua honra, ao ponto de já nem sequer cumprirem os contratos celebrados, com pompa e circunstância, em solenes actos notariais e, por isso mesmo, os Tribunais estão atulhados de processos.
    A moralização da sociedade e da vida pública é, no momento, tal como o País se encontra, o grande desafio da Monarquia e uma das mais significativas intervenções que poderá ser executada de imediato, Criando medidas severas para punir a corrupção, a fraude e todos os crimes que atentem contra a honra e a dignidade das pessoas e o funcionamento pleno da Democracia. A liberdade de cada um termina onde começa a dos outros e, nesse aspecto, o regime republicano demonstrou, até agora, uma incapacidade confrangedora para salvaguardar a liberdade e a segurança dos cidadãos. Basta constatar a imensa quantidade de crimes cometidos diariamente de norte a sul do País e que têm destroçado e arruinado milhares de famílias.
    No capítulo da segurança, o País está um caos. Mas qual é o estado da economia? E o estado da Justiça? E o estado da Educação? E do emprego? E da saúde?
    Há sempre um tempo certo para intervir. A Democracia tem vivido de promessas não cumpridas. Os biliões que entraram no País, provenientes da CEE, e que davam para modernizar e colocar em pé de igualdade com todos os outros, não um, mas dois territórios da dimensão de Portugal, foi completamente desbaratado, desviado para outros fins, nomeadamente para as contas pessoais de um grande número de empresários, políticos e autarcas, situadas em convenientes offshores e os interesses dos pescadores, dos agricultores, dos pequenos e médios empresários, dos reformados, etc., acabaram por não ser devidamente salvaguardados pelo Estado, criando-se nesses sectores uma situação de grande dificuldade económica e, nalguns casos, de verdadeira pobreza.
    O tempo das promessas há muito que terminou (são passados 34 anos!) e a Democracia não cumpriu os slogans revolucionários de Abril: igualdade, emprego, justiça, habitação, saúde e educação e há ainda chagas muito mal curadas como a Descolonização e o tratamento dado aos militares que durante mais de uma década combateram heroicamente, nas ex-Colónias, em condições muito difíceis e precárias, para defender a integridade territorial de Portugal.
    Por tudo isto, há sobejas razões para, cada vez com mais convicção e intensidade, mas de forma correcta e ponderada, questionar o papel do actual regime e avaliar a sua substituição pela Monarquia que oferece melhores garantias de isenção, na medida em que o Monarca, não está ligado a nenhum Partido e é educado desde a infância para ocupar aquele cargo; por outro lado, D. Duarte Pio, é uma referência de Homem honrado e de cuja honorabilidade sempre ouvi tecer rasgados elogios.
    Nos tempos que correm, esta é uma virtude valiosíssima porque não é fácil encontrar alguém que possa servir de arquétipo para ocupar tão distinto cargo e em quem as pessoas acreditem e depositem toda a confiança.
    O cargo supremo da Nação deve ser ocupado por quem possua uma elevada estatura moral, com um passado exemplar que sirva de referência para todos os cidadãos.
    Ah e para terminar: embora a Constituição não permita o referendo e caso essa lacuna não seja preenchida com a brevidade que se impõe, os monárquicos saberão organizar-se em torno de uma força política credível, para dentro de algum tempo se apresentar a votos, numa eleição legislativa e, dessa forma, demonstrar a sua força, servindo também como exercício referendário.

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  190. 18 Agosto, 2009 14:13

    “organizar-se em torno de uma força política credível”

    Quer você dizer em torno de um partido já existente? Ou criar um novo?

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  191. carmei permalink
    18 Agosto, 2009 16:41

    É inevitável que tenha que ser em torno de uma força política a criar, reunindo pessoas com provas dadas e acima de tudo, com o cadastro completamente limpo.
    O PPM não reuniu à sua volta os melhores e nunca lhes vi fazer campanha enaltecendo as qualidades da Monarquia e as vantagens de haver uma representação monárquica forte na Assembleia da República. O Partido, de monárquico só tem a sigla, tendo criado alguns falsos enredos acerca do legítimo sucessor da Coroa portuguesa. Até certo ponto, este Partido prestou um mau serviço à Monarquia, com tal polémica porque a palavra de ordem terá que ser sempre, união.
    A seu tempo, sem pressas, serão criadas todas as condições para que uma nova Força Política surja e congregue no seu seio toda a Nação Monárquica, cabendo-lhe depois a grande responsabilidade de orientar os membros monárquicos aderentes e divulgar o seu projecto político a toda a população portuguesa, sem excepção.
    Do grau de competência e capacidade dos timoneiros desse Partido, na construção e divulgação do Projecto Político, resultará o sucesso do mesmo, junto dos simpatizantes e n/simpatizantes da Monarquia.
    Saudações monárquicas.

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  192. 18 Agosto, 2009 19:47

    Caríssimos

    Julgo que com massa crítica, disponibilidade e sentido de dever patriótico, é imperativo “enterrar” o actual PPM, os seus dirigentes e todo o “mofo” que o rodeia, fazendo – como muitíssimo bem sugere o Carmei – uma nova força política de pendor monárquico em Portugal.

    Os tempos são outros e as necessidades também. O marialvismo de alguns – além de desfasado e anacrónico – só nos afasta do essencial: a unidade de forças no sentido de fazer com que Portugal usufrua dos benefícios que alguns dos países mais desenvolvidos já sentem – uma Chefia do Estado sólida, identificada com a nação, carismática e, acima de tudo, que coloca os superiores interesses de Portugal acima dos de qualquer outra facção!

    O caminho faz-se caminhando e, com o que aqui se tem debatido, quem sabe se não poderá ser um começo?

    Um abraço amigo

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  193. Isabel permalink
    18 Agosto, 2009 22:52

    Caros monárquicos

    Faço três sugestões:

    1. Têm que arranjar um tratamento mais familiar para o candidato ao trono. Estamos habituados a dizer “o Cavaco”, “o Sampaio” ou o Presidente Eanes pelo que chamar ao candidato Sua Alteza Sr. D. xxxx em linguagem corrente não vai pegar. A maioria dos portugueses baptizam os filhos mas não são católicos, não estão habituados à linguagem religiosa. Termos pesados e cerimoniosos fá-los-á, estranhando o tratamento, rejeitar a proposta.

    2. Deixar cair por completo qualquer referência à nobreza baixa ou alta da família seja de quem for, dizendo que vêm daqui ou dali, perguntando se são parentes deste ou daquele, etc. Nós sabemos que a antiguidade duma família deveria ser prova de uma grande qualidade de carácter e educação, persistência nos valores do espírito sobre a matéria, etc. Acreditem meus amigos, que conheço muitos aristocratas descendentes de titulares que são uns grandessíssimos malandros. Talvez por terem também uma costela burguesa, resultado da “douragem” dos brasões, são uns autênticos patos-bravos, ( Srs. 10 %), só que com gostos requintados e linguagem sofisticada. Tal como muito burguês, matam, se for preciso, o pai e a mãe para ir ao baile do orfanato.

    3. Nunca caiam no erro de pôr a monarquia, sob a forma de um partido, a concorrer a eleições com todos os outros. Vejam como os micro partidos foram esmagados pelos media, e não tiveram qualquer hipótese de apresentar as suas propostas em concorrência leal com os grandes.
    Mesmo que fosse monaárquica, que ainda não sou, votaria em primeiro lugar sempre no que representa a democracia cristã.

    A luta pela alteração da Constituição é muito justa e nessa estou com vocês. É aí que devem atacar.

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  194. 19 Agosto, 2009 07:16

    Cara Isabel,

    Concordo consigo nos três pontos, excepto em votar na democracia cristã, mas isso é outro assunto.

    Mas os primeiros dois pontos sao especialmente importantes. É preciso, de facto, tornar o discurso monárquico mais familiar para que os portugueses não o rejeitem por simplesmente estranharem os costumes dos monárquicos. Quanto ao segundo ponto, basta-me apenas dizer que a Nobreza, como classe social distinta, já nao existe, e que as sociedades modernas já nao toleram uma estratificacão formal da sociedade.

    Acho que o problema da alteracão da constituicão será uma empreitada para uma geracão. E para a conseguir, terá de haver uma penetracão extensiva do ideal monárquico na sociedade portuguesa, que se reflicta depois no parlamento. Só assim é que se poderá chegar à revisão constitucional que permitirá a restauracão da Monarquia.

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  195. O puto novo no bairro permalink
    19 Agosto, 2009 17:02

    As democracias cristãs são muito pouco cristãs e bastante cesaristas. As outras estão na fase Bouvard e Pécuchet, a recolher um bestiário do essencial e a sair-lhes o tiro pela culatra.

    O que tem piada é que apesar das aparências quem fez mais pelos ideais democráticos tem sido os monárquicos. Apesar do mito que paira sobre eles de serem frequentadores de adegas e bordéis,pegadores de toiros, senhores de pilosidades ancien régime, e terem arrasto no “erres.”

    Há de facto essa fauna, mas é uma minoria jurássica, e de cujos ovos velhos não sairão ideias novas. Quanto aos Don Calogeros, apesar de por cá haver poucos Dons Fabrizios,generalizaram-se como sempre se generalizam os astutos e os espertos, e são eles “the ruling class”.

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  196. Pinto permalink
    19 Agosto, 2009 17:08

    Ó puto novo do bairro, aponte lá um país a ser governado por um partido democrata-cristão para ver se essa sua tese se confirma ou se é só conversa de puto.

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  197. O puto novo no bairro permalink
    19 Agosto, 2009 17:11

    Uma das perguntas que vai dar trabalho aos mais lúcidos deste século em marcha é sem dúvida esta : Como é que se vai desfazer o “espírito pequeno-burguês” que se tornou sacrossanto e tudo permeia?

    É o espírito da relativização absoluta de todos os valores. Prefiro, no modo bíblico, dizer espírito, em vez de falar de “mentalidade” termo marxista que envelheceu sem espírito ; -) Também é mais nietzcheano e vitriólico.

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  198. O puto novo no bairro permalink
    19 Agosto, 2009 17:21

    A Alemanha adenaurica já o foi, o CDS gostaria de governar. Na fundação da ideia da União Europeia estiveram envolvidas várias democracias cristãs. A Itália andou aos soluços com democracias cristãs encravadas entre o populismo democrata seguinte.Mas o meu ponto, não era se as DCs governaram muito ou não, era que são pouco cristãs e bastante cesaristas. Mas que estiveram na cena política e a influenciaram até hoje não se pode ter disso a mínima dúvida.

    O grande guru JC disse explictamente: A César o que é de César, a Deus o que é de Deus. Um partido de DC confunde essa declaração clara, relativiza-a, faz dela, se quiser, uma leitura pequeno-burguesa e colabora com César em nome de Deus, e menoriza Deus em nome de César.

    Antes de entrar um partido político, portanto, é melhor, pendurar a religião no bengaleiro.

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  199. Pinto permalink
    19 Agosto, 2009 17:24

    Não é “já foi”. É “já é”. A CDU é o partido alemão que mais vezes governou a Alemanha. É o actual partido do Governo.

    Para pendurar a religião no bengaleiro teríamos de as pendurar todas, incluindo o Manifesto Comunista.

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  200. 19 Agosto, 2009 19:28

    Só para chegar aos 200.

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  201. O puto novo no bairro permalink
    19 Agosto, 2009 20:43

    # 199

    Teríamos que pendurar no bengaleiro o judeo-cristianismo, de facto. E reter a Grécia.

    #200

    E não deixar morrer o tema ;- )

    Em vez de monárquicos e republicanos jurássicos a re-encenar um velho duelo em que os dois já se esqueceram que estão ambos no chão, uma oportunidade de uma Monarquia Nova ou então de uma República Nova, não sou fanático, nem fideizável a instituições dogmáticas.

    Mas que os tempos são de mudanças mais profundas do que as simples tecnologias, só alguém enterrado no seu pessimismo poderá duvidar. Pela primeira vez na humanidade, mau grado disfásicas e maioritárias massas, há uma massa crítica pensante em estado operatório em todos os continentes.

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  202. Isabel permalink
    19 Agosto, 2009 22:44

    O Cristianismo não é uma religião. É uma filosofia de vida ou movimento social inspirado nos ensinamentos de Cristo, um judeu “desalinhado”. O catolicismo, anglicanismo e as sectas protestantes são religiões cristãs. O Cristianismo vale por si e existe para além do facto de se considerar ou não, Cristo Deus.

    Por ter sido transmitido como uma religião, chegou aos nossos dias e é a base da sociedade Ocidental, que SEMPRE assentou na Fraternidade, Igualdade e Liberdade.

    Faternidade: “Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei”, (a ponto de dar a sua vida).

    Igualdade: “Tudo o que fizerdes ao mais pequeno dos meus irmaos é a mim que me fareis”

    Liberdade: Estas duas premissas só são válidas se vividas por livre escolha. Por Amor.

    A Democracia Cristã assenta nestes princípios. Promover a dignidade da pessoa humana que está muito para além das esquerdas e direitas.

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  203. 19 Agosto, 2009 22:51

    Amen.

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  204. Anónimo permalink
    19 Agosto, 2009 23:10

    liberté, egalité, fraternité um dos slogans jacobinos usados na revolução francesa.

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  205. Isabel permalink
    19 Agosto, 2009 23:16

    “Roubado” do Cristianismo, com a pesporrência de quem tinha descoberto a pólvora…

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  206. Anónimo permalink
    19 Agosto, 2009 23:26

    A legacy of the Age of Enlightenment, the motto “Liberté, Egalité, Fraternity” first appeared during the French Revolution. Although it was often called into question, it finally established itself under the Third Republic. It was written into the 1958 Constitution and is part nowadays of the French national heritage. (site do eliseu)

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  207. Isabel permalink
    19 Agosto, 2009 23:30

    Inspirado em quê?

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  208. Isabel permalink
    19 Agosto, 2009 23:50

    “Elle réapparaît lors de la Révolution de 1848, empreinte d’une dimension religieuse : les prêtres célèbrent le Christ-Fraternité et bénissent les arbres de la liberté qui sont alors plantés. Lorsqu’est rédigée la constitution de 1848, la devise ” Liberté, Egalité, Fraternité ” est définie comme un ” principe ” de la République.”

    Onde é que os “iluminados” a foram buscar? Levaram mesmo assim alguns anos a admitir estes princípios como fundamentais…

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  209. Anónimo permalink
    20 Agosto, 2009 00:11

    #209 – quem inventou? não sei, não há registo de patente. quem usou primeiro? consta que foi o robespierre e a jacobinada. caíu em desuso e apareceu a igreja à boleia, comme d’habitude.

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  210. O puto novo no bairro permalink
    20 Agosto, 2009 15:05

    Retorno às origens: uma monarquia inspirada no panteísmo grego ou uma república inspirada nos jacobinos, e num 45 grau de maçonismo cripto-cristão?

    O cristianismo pode ter sido uma filosofia, com um guia espiritual controverso – nem sequer se sabe se existiu deveras ou se é uma construção literária – mas organizou-se em mui diversas e raivosas seitas, que fizeram entre si as maiores guerras europeias de que há memória.

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  211. O puto novo no bairro permalink
    20 Agosto, 2009 15:06

    Ô Liberté que de crimes ont a commis en ton nom!

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  212. O puto novo no bairro permalink
    20 Agosto, 2009 15:13

    “Fraternidade: Amai-vos uns aos outros como eu vos amei.”

    O problema é que não sabemos como ele os amou.

    Fraternalmente? Há um velho ditado que diz: eram pior que inimigos, eram irmãos.

    De facto, na realidade, ao longo de toda a história, de modo incessante, sob esta capa ou aquela, tem-se visto as “fraternidades” às facadas inter-pares.

    De tal modo que a prática dessa bela fórmula incitando à fraternidade acabou por se transformar no seu reverso: Odiai-vos uns aos outros como eu vos odiei.

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  213. 21 Agosto, 2009 01:02

    A centralidade da figura de Cristo ultrapassa a dimensão eminentemente religiosa e situa-se no plano da influência cultural.

    Por exemplo:
    – O calendário é hoje marcado AC e DC (Antes e Depois de Cristo)
    – Jesus Cristo é considerado um profeta do Islamismo
    – A grande maioria dos homens de cultura estudou graças a Escolas de influência cristã

    E … para a nossa discussão:

    Estado Laico à parte, muitas monarquias continuam a não abdicar da Sua influência e favor nos mais importantes momentos da governação e no próprio ritual de coroação.

    Cristo une mais do que se separa – e é hoje, talvez, a grande marca aglutinadora da cultura europeia …

    O que faz muita esquerda invejosa roer-se de inveja …

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