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Não dá jeito

9 Março, 2010

A propósito da morte de Costa Martins foram vários os depoimentos a dar conta do facto de Portugal nunca ter assumido que eram falsas as acusaçõesde desvio de dinheiros públicos que lhe  foram feitas. Não sei se essas acusações eram falsas  ou verdadeiras. Mais provavelmente Costa Martins foi tão só um dos compagnons sacrificados na realpolitik do pós 25 de Novembro de 1975. Mas o que certamente aconteceu foi a sua prisão e tortura em Angola em 1977. Por muito que lhe doesse o que dele disseram em Portugal dificilmente ultrapassaria a dor que lhe causou a tortura a que foi sujeito na prisão de  São Paulo, onde foi sucessivamente acusado de ser agente da PIDE, agente de Spínola, agente dos serviços secretos franceses, agente do PCP, agente de Nito Alves. Um dos homens que o interrogou foi o escritor Manuel Rui Monteiro.  

O episódio angolano não terá sido assim menos irrelevante na vida de Costa Martins do que as acusações de peculato que lhe foram feitas em Portugal. Contudo ele é docemente omitido como se não desse jeito falar disso.

11 comentários leave one →
  1. nuno granja's avatar
    nuno granja permalink
    9 Março, 2010 10:17

    tivesse sido interrogado no Chile durante o “consulado” de Pinochet, ai a relevância seria outra

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  2. Desconhecida's avatar
    oberon permalink
    9 Março, 2010 11:04

    Do link que faz não fica demonstrado que o escritor Manuel Rui Monteiro tivesse interrogado quem quer que seja. Azar, seguir o link às vezes dá nisto…

    De resto, clickei por mera curiosidade, não defendo uns ou outros ou alguém em particular… talvez apenas contra manipulações…

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  3. Euroliberal's avatar
    Euroliberal permalink
    9 Março, 2010 11:56

    Houve escritores angolanos envolvidos nos interrogatórios dos nitistas. Um deles foi Pepetela (como é pseudónimo literário, não sei se será o mesmo…).

    Foi o episódio mais sangrento, negro e sórdido de toda a descolonização lato sensu…

    30.000 pessoas foram fuziladas nos meses seguintes ao golpe falhado. Centenas de manifestantes enviados para o Moxico e aí executados, unidades inteiras das FAPLA executadas com tiro na nuca nas praias de Luanda, redadas inteiras de presos directamente conduzidos da prisão de S.Paulo para serem executados à metralhadora pesada e enterrados com buldozers em valas abertas no cemitério à noite pelos esbirros da DISA (KGB angolana). Depuração estalinista pura levada a cabo nos ultimos meses de vida de Agostinho Neto, energúmeno estalinista condenado já pela doença.

    Entre os fuzilados, vários estudantes universitários que conheci em Lisboa nos primeiros anos 70… Rui Coelho, Sita Valles…

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  4. anónimo quase visível's avatar
    9 Março, 2010 12:23

    Então, minha Senhora! Então não é OS HOMENS QUE O INTERROGARAM? Ai o plural…

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  5. Desconhecida's avatar
    Anónimo permalink
    9 Março, 2010 12:37

    2. Leia que está lá. Tb pode pesquisar por Comissão das Lágrimas

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  6. Vasco Rodovalho's avatar
    Vasco Rodovalho permalink
    9 Março, 2010 13:23

    Costa Martins fez parte da clique castrense-marxista-leninista que, às ordens de Moscovo e do PCP, tentou implantar em Portugal um regime comunista em 1975. De cá fugido depois do 25 de Novembro, foi parar a Angola, onde só a intervenção regular do embaixador portugês Sá Coutinho lhe terá salvo a vida.

    O famoso dinheiro do “dia de trabalho para a Nação”, que era o crime que contra ele se sussurrava, se calhar foi parar os cofes do PCP, a auto-proclamada vanguarda da classe operária.

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  7. Desconhecida's avatar
    FVL permalink
    9 Março, 2010 16:01

    Já estava a achar estranho que a Helena Matos (sempre ela) não dissesse nada a respeito da morte do capitão de Abril, Costa Martins, pois como sabemos sempre que o assuntos têm qualquer relação com os anos de 1974-75, a senhora em causa tem qualquer coisa para nos dizer. Pois eu penso, então, que já estaria na altura da Helena nos falar de si própria, da sua biografia política, do que andava a fazer nesses tempos, em vez de impulsivamente se servir de outros para expiar sabe-se lá o quê. Sempre teriamos um testemunho de vida e em primeira pessoa, em vez expressões de recalcamentos. Não se acanhe, Helena. Diga-nos lá o que a atormenta… Ou não dá jeito?

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  8. helenafmatos's avatar
    helenafmatos permalink
    9 Março, 2010 16:57

    7. Não me referi a 1975 em Portugal – repare que escrevi “Não sei se essas acusações eram falsas ou verdadeiras Mais provavelmente Costa Martins foi tão só um dos compagnons sacrificados na realpolitik do pós 25 de Novembro de 1975”- mas sim a Angola em 1977.

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  9. Rita Pereira's avatar
    Rita Pereira permalink
    10 Março, 2010 00:21

    Algo a ter em conta…

    O acidente ou atentado de Montemor-o-Novo?

    http://paramimtantofaz.blogspot.com/

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  10. Jose Domingos's avatar
    Jose Domingos permalink
    10 Março, 2010 00:36

    Continuamos com vergonha do nosso pasado. Gostava de saber por onde andam os arquivos da pide/dgs, se calhar, alguns anti fascistas, que por aí vagueiam, e mais alguns guardas da revolução, foram nesses tempos, assalariados ou bufos, e agora essa parte da história, passou a tabu. O mais grave, quase todos eles, com reformas douradas, pagas por todso nós.

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  11. o sátiro's avatar
    10 Março, 2010 02:11

    HELENA!

    COMO SEMPRE ESPECTACULAR!

    A DENUNCIAR A PODRIDÃO DE VALORES DA COMUNICAÇÃO SOCIAL

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