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Eleições no PSD (3)

11 Março, 2010

Aguiar Branco será certamente o candidato que congrega apoios internos mais sérios e credíveis. E terá um posicionamento ideológico dentro da tradição do PSD mais clássico, com o que isso tenha de coerente e simultaneamente negativo, sendo duvidoso que seja isso que o país precisa. Por tudo isso terá certamente menos visibilidade na imprensa, não dispondo também, felizmente, das estridentes claques e apaniguados histéricos que os seus dois outros principais rivais dispõem.

De Castanheira Barros, para além de ser contra a incineração em Souselas e propor Cavaco para primeiro-ministro caso aquele não se recandidate, tem para já o mérito de ter conseguido que 1500 militantes tenham proposto a sua candidatura.

Rangel, seria à partida certamente, dos 4 candidatos, o mais bem preparado intelectualmente, embora se tenha vindo surpreendentemente a revelar o menos preparado em termos políticos. Com um posicionamento por vezes coincidente com um conservadorismo intervencionista de que comungam forças políticas à sua esquerda e à sua direita, eivado de forte populismo, que não se antevê de grande sucesso, procurando embora passar a sua mensagem de ser aquele que se colocaria explicitamente fora de qualquer acordo com o ps socrático.

Passos Coelho, com sua campanha de longa duração e mais profissional (o que por si constitui parece ser um handicap), aparenta ter um discurso mais liberalisante, o que sendo uma evolução meritória, não corresponderá de todo ao pensamento nem interesse do eleitorado interno, profundamente arreigado à matriz do socialismo-democrático, da qual o adesivismo recente de algumas figuras praticantes do surfismo de sobrevivência político é sinal mais do que evidente do rápido engavetamento de tais ideais por parte do hipotético futuro líder. Curiosa e preocupantemente, tem Passos Coelho, desde que é candidato há dois anos, permanente atitude de grande proximidade ao ps-socrático, manifestando frequentemente uma maior convergência e disponibilidade de entendimento com o actual poder.

Na verdade, nada disto merecia ser muito interessante, nem relevante, não se desse o caso de o psd ser, (como último resquício do prec), mesmo após a estrondosa 4ª derrota  em eleições gerais das últimas 5 realizadas, o partido que ainda pode ser de alternativa ao poder.  Provavelmente os actuais candidatos estarão conscientes que esse papel do psd não é hoje seguro (como antigamente era), que se mantenha no futuro próximo, dada a recorrente proximidade ideológica e de práxis entre os dois principais partidos, parecendo ao eleitorado insuficiente a mudança de pessoas e de estilo. Alguma coisa mais seria preciso, e é aparentemente duvidoso que algum destes candidatos, pela amostra, o consiga.

13 comentários leave one →
  1. Desconhecida's avatar
    anónimo permalink
    11 Março, 2010 17:27

    é isso tudo gabriel, não percebi qual é a ideia, mas se calhar é mesmo assim sem ideia, como o psd.

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  2. José Barros's avatar
    José Barros permalink
    11 Março, 2010 17:30

    Sinceramente, não vejo em que é que o Gabriel Silva enxerga o populismo de Rangel. Em que propostas ou afirmações é que isso se tem traduzido? Quanto ao conservadorismo, posso estar de acordo, no sentido de que há alguma tentativa da parte do candidato de recuperar os votos da direita, perdidos para o CDS.

    Quanto ao Passos Coelho, também não vejo liberalismo nenhum, porquanto é o candidato que, sustentando à la Sócrates que os mercados da América do Sul e de África “são o futuro”, pretende que os nossos empresários exportem para esse continentes. Visão mais socialista que esta é difícil. Já par não falar na “grande proximidade” com o socratismo, que também não escapa ao Gabriel Silva. Quanto ao profissionalismo, de acordo. Mas o que está a criar urticária em muitos sectores será o alinhamento – não só nas causas, mas também nos métodos – com o socratismo. Ou seja, trata-se de um profissionalismo indesejável, porque assente em manobrismo politiqueiro.

    No resto, preferia que Ferreira Leite continuasse, porque demonstrou-se que estava certa. Não podendo continuar, gostava que fosse Rangel, mas tudo aponta para PC.

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  3. Desconhecida's avatar
    anónimo permalink
    11 Março, 2010 17:42

    este barros é um ponto, agora descobriu que exportar para áfrica e américa do sul é uma visão socialista. o que estes gajos se lembram para defender a velha e o sobrinho, a fase seguinte deve meter criançinhas ao piqueno & médio almoço.

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  4. simon's avatar
    simon permalink
    11 Março, 2010 17:48

    E contudo, à vista, o Aguiar Branco não passa do atadinho que salta à primeira à vista e aí permane tal, à medida do partido, ci lo sa….

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  5. Falcão Peregrino's avatar
    Falcão Peregrino permalink
    11 Março, 2010 17:58

    Cheira-me que se for o PPC a ganhar nunca vai a 1º ministro.O Sócrates tem a legislatura garantida…

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  6. Desconhecida's avatar
    anónimo permalink
    11 Março, 2010 18:04

    a mim cheira-me a catinga

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  7. Desconhecida's avatar
    Acabar com esta Roubalheira Geracional! permalink
    11 Março, 2010 18:10

    Só um GOLPE DE ESTADO pode salvar os portugueses da miséria e da escravidão.

    Ou vamos ser como os judeus que entraram pacificamente nos comboios a caminho da matadouro?

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  8. Tiago Azevedo Fernandes's avatar
    11 Março, 2010 18:23

    Gabriel, também te falta ler o livro do Passos Coelho. 😉

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  9. Tiago Azevedo Fernandes's avatar
    11 Março, 2010 18:29

    “adesivismo recente de algumas figuras praticantes do surfismo de sobrevivência político é sinal mais do que evidente do rápido engavetamento de tais ideais por parte do hipotético futuro líder”

    Há aqui um salto para a conclusão que não é sustentado pela constatação (não decorre dela).

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  10. Piscoiso's avatar
    11 Março, 2010 19:02

    Diz a minha tia Quitéria, que Aguiar Branco é o candidato mais rico, e que por isso tem mais hipóteses de ganhar, pois pode comprar os votos.

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  11. Desconhecida's avatar
    11 Março, 2010 19:43

    Gabriel, onde é que isso já vai… Para quem já deu o PSD como morto, este post revela uma incontida esperança.
    Mas lindo lindo é ver-vos desfazerem-se do mito Rangel. Não deixa de ser curioso como, apesar de tudo, nos dias de hoje ainda se conseguem criar mitos. O problema é ter que os despachar por manifesta falta de consistencia. Aliás, nunca percebi porque é que por aqui ninguem fez uma análise cuidadosa às sondagens das eleições europeias. Facilmente teriam verificado que rangel não acrescentou sequer um votito ao PSd.
    Mas tenho que te dar razão, o cenário não está simpatico. Aliás, visto deste lado até começo a dar razão ao pacheco. A dra. manuela pelo menos conseguia marcar a agenda, estes nem isso. A dra. manuela sempre conseguia que cavaco viesse contradizer as suas palavras, com estes vai ter que ser mesmo cavaco a fazer oposição. Olha que na volta ainda se lembram disso; pedem-lhe que fique…

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  12. Gabriel Silva's avatar
    11 Março, 2010 20:02

    fortuna,

    «este post revela uma incontida esperança.»

    estranho que tires tal conclusão, atendendo a todo o texto e em especial à última frase.

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  13. bettencourt de lima's avatar
    bettencourt de lima permalink
    12 Março, 2010 00:00

    Dois partidos fortes é necessário.

    A maior parte dos votantes em Portugal está no centro e centro-esquerda. Se é necessário haver alternância, então o PSD deve reconstruir a narrativa e deslizar suavemente da Escola de Chicago para Krugman.
    O PSD, no seu impulso de se distinguir do PS, não pode referir-se ao Estado de forma sobranceira como se a evolução do país para o Portugal moderno não se devesse, em grande parte, às politicas e aos serviços públicos que as implementaram. «Liberalices» e neoconservadorismo podem dar um ar modernaço ao discurso mas, a meu ver, não têm plateia nem votos.
    Se não, então podemos vir a assistir ao predomínio partidário tão ao gosto da 1.ª República que o país não precisa . É necessário substituir a politica reles pelo confronto de projectos.

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