Vuvuzelas e Buzinões!*
Este mês de Junho tem-nos proporcionado um certo descanso mental. Temos o Mundial de futebol, disponibilizando-nos, por breves instantes, algum stress alternativo em relação à crise, à bancarrota, às Scut’s e aos PEC (os anunciados e os que se antevêem). O futebol pode funcionar como uma preciosa e oportuna distracção mental, oferecendo-nos uma alternativa noticiosa às vicissitudes (cada vez mais deprimentes) da nossa vida política. É uma questão de liberdade de escolha: sofrer com algo diferente, para além da triste realidade política em que submergimos. Poderemos (durante alguns instantes) desfrutar de outros pretextos para as nossas más disposições (ou mesmo depressões).
Ora, através da imprensa, ouviu-se já o coro habitual de queixas contra a “opressão do futebol”. Opiniões e sentimentos legítimos, mas, para mim, injustificados. Além disso, reveladores de alguma irreflexão, nada consentânea com um tom de (auto) superioridade intelectual que, habitualmente, se pressente nesse tipo de queixume. Em primeiro lugar, hoje em dia, o nosso panorama mediático e televisivo, permite-nos escolher e compor diferentes menus noticiosos. Com a facilidade de um clique, poderemos fugir da tal putativa opressão. Trata-se de não ter medo da liberdade (de escolha) e das suas implicações. Por outro lado, o futebol é, actualmente, muito mais do que um simples entretenimento: será, no nosso quotidiano, o único elemento de “coesão nacional” que se vislumbra.
Tanto mais valioso, quanto mais o (nosso) Estado é centralizador e “opressor” dos interesses próprios das populações. Internamente, a paixão aguda em torno das disputas clubistas acaba por ser uma uma espécie de vuvuzela para a expressão simbólica das nossas identidades (locais, regionais e culturais). Essa paixão será tanto mais intensa quanto menos respeitadas forem, no plano do Estado nacional, essas identidades. Todos poderemos discutir e antagonizarmo-nos a propósito dos nossos clubes (representantes das nossas comunidades, nem que sejam culturais, de afectos e simpatias). No entanto, todos (os que assim discutem) projectam-se, comummente, no mesmo palco da representação dessas suas identidades que é o futebol.
A selecção nacional, por seu turno, permite que nos sintamos, entre nós e apesar das nossas diferenças, ligados a uma ideia de comunidade partilhada (ainda que, porventura, mais romântica do que real): a portuguesa.
O som do futebol talvez seja, nos dias que correm e a Norte deste Portugal centralista, o único contraponto ao som dos buzinões!

Não fora o estilo civilizado e pensaria que esta posta era do CAA.
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Vamos rebentar com tudo isto!
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PMF diz: “A selecção nacional, por seu turno, permite que nos sintamos, entre nós e apesar das nossas diferenças, ligados a uma ideia de comunidade partilhada (ainda que, porventura, mais romântica do que real): a portuguesa.”
Mais, mas muito mais, romântica seria se os portuguêses se dedicassem a tocar as VULVADELAS em vêz das vuvuzelas.
Era vê-los a correr que nem uns desalmados e a marcar golos…..
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E depois da visita do Papa e da festa do futebol temos o enterro do Saramago
Papa, Futebol e Saramago respectivamente.
A pátria reencontra-se.
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Portugal = colónia de Lisboa
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Graça á Vuvuzela conseguimos não pensar nas desgraças do país.
Depois do Mundial, Socrates vai andar a vuvuzelar por todo o lado
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