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O paradoxo da falta de meios (reposição)

10 Agosto, 2010

Um clássico de Verão

Em Portugal, como na Catalunha ou na Califórnia, as “florestas” ardem cada vez mais, apesar de os meios de combate aos incêndios estarem a aumentar. Estranho?

Nem tanto. O fogo é influenciado essencialmente de 3 factores: biomassa acumulada, ambiente (temperatura/humidade) e ignição (causas humanas e naturais). Os meios disponíveis não afectam nem os factores ambientais nem a ignição. Afectam, isso sim, a biomassa acumulada. Quanto mais bem sucedido for o combate aos incêndios, mais biomassa se acumula no terreno.

Numa região com poucos meios para o combate aos fogos, a paisagem tenderá para a representada na figura 1. As zonas mais escuras são zonas que acumularam grandes quantidades de biomassa, as zonas mais claras são zonas com pequenas quantidades de biomassa.


Figura 1

Os fogos podem ocorrer em qualquer parte da paisagem, mas só se propagam nas zonas com mais biomassa. Nas zonas com menos biomassa, os fogos são controláveis com os poucos meios que existem. Os fogos nunca se propagam de umas zonas com grande quantidade de biomassa para outras porque as zonas com pequena quantidade de biomassa funcionam como uma barreira à propagação de incêndios.

Se os meios aumentarem de um momento para o outro, os incêndios incontroláveis diminuem. Mas isso só acontece numa fase inicial. A médio prazo, os incêndios incontroláveis voltam a aumentar porque a quantidade de biomassa acumulada também aumenta. Como todas as áreas passaram a ter elevadas quantidades de biomassa, os incêndios tendem a atingir áreas maiores porque deixaram de existir áreas tampão.


Figura 2

Como o estado tende sempre a financiar a replantação, as áreas ardidas são reflorestadas imediatamente e em simultâneo. Desta forma, o estado contribui para a formação de uma grande área contínua com a mesma idade que estará pronta para arder toda ao mesmo tempo. Deixam de existir zonas tampão, as áreas ardidas são cada vez maiores (figura 2) e são necessários mais meios porque os meios têm que ser proporcionais ao perímetros dos incêndios.

39 comentários leave one →
  1. Trinta e três's avatar
    10 Agosto, 2010 13:11

    Deste texto quase se pode tirar a conclusão que se atribuiu ao anedótico presidente Bush: para acabar com os fogos, nada melhor do que acabar com a floresta.

    De facto, a prevenção dos estragos provocados pelos fogos, depende da “gestão de combustíveis” (os interessados em reflectir, a sério, nestas coisas, podem econtrar muito material no blogue Ambio e ler este texto:http://ambio.blogspot.com/2010/08/caro-quase-anonimo.html). Essa gestão, foi seriamente afectada pelos erros no ordenamento do nosso território, pela redução criminosa das áreas agrícolas (que funcionam como tampão) e da pastorícia (os melhores sapadores que se podem encontrar). Falar de combate aos estragos provocados pelos incêndios, sem falar nestes assuntos é… brincar com o fogo.

    Mas ainda pensei que o João Miranda viesse aqui rever as suas teorias sobre o aquecimento global…

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  2. ruij's avatar
    ruij permalink
    10 Agosto, 2010 13:12

    Concordo consigo. Mas também gostaria de explorar mais o segundo factor – ambiente (temperatura/humidade). Não acha que o calor deste verão volta a confirmar a tese do aquecimento global?
    Cumps

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  3. piscoiso's avatar
    piscoiso permalink
    10 Agosto, 2010 13:20

    Ena, há avanços, da economia à biomassa!
    Gostei imenso das fotografias.

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  4. JP Ribeiro's avatar
    JP Ribeiro permalink
    10 Agosto, 2010 13:51

    #2.O aquecimento global não deve aqui ser esquecido.

    Senão a quem iremos “culpar” pelos fogos, agora que o Bush se foi embora?

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  5. Dazulpintado's avatar
    Dazulpintado permalink
    10 Agosto, 2010 14:22

    Muito bem senhor JM, mas o aquecimento global não pode ser esquecido.Quem havia de dizer que no Verão ia estar assim tão quente?
    A bem dizer os guardas florestais foram substituídos por gente muito qualificada e bem fardada e muitos helis e canadairs.Aqui está uma “Fileira” em que nós somos mesmo bons.Queimar. Queimamos tudo, sobretudo dinheiro.Pelo menos enquanto os malfardados voluntários, não mandarem às malvas o sacrifício que lhes é pedido, todos os anos, a troco de nada.

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  6. Gonçalo's avatar
    Gonçalo permalink
    10 Agosto, 2010 14:26

    É um ponto muito interessante.

    Questões:

    1. Uma operação de rescaldo e replantação mais cuidada pode replicar o equilíbrio representado na figura 1 – mas em que se combate/controle os incêndios?

    2. O que seria preciso fazer? Plantação de árvores diferentes pós incêndios, feita em diferentes fases?

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  7. manuelli's avatar
    manuelli permalink
    10 Agosto, 2010 14:58

    Ao fim, é o que eu tenho dito sempre, e só não o registei por não ver urgência, que é deixar as matas arder, por vezes até as casas, atafulhadas de haveres, coisas de arder e apodrecer, antes que ainda peguem fogo por nos aquecer.

    Depois, neste Portugal de invejas, de dois partidos no poder, que presidente junta não vê com olhos de festa a vizinha junta a arder? E hoje eu pego-te o fogo, caramba, como tu já mo puseste, o ano passado, antes de ganhares as eleiçoes.

    Que até eu, não soubesse que isto tudo, apesar do que parece, não pertence aos donos do poder, atirava-lhe fosfers, não já agora, por não fazer mais prazer ao Verão, mas breve, pelo Outono, poralgum magusto e festa de ocasião.

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  8. lucklucky's avatar
    lucklucky permalink
    10 Agosto, 2010 15:39

    “Não acha que o calor deste verão volta a confirmar a tese do aquecimento global?”

    Isto é piada, só pode ser…

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  9. AAA's avatar
    AAA permalink
    10 Agosto, 2010 15:41

    A biomassa tem menos relevância, a meu ver.
    Alguém acredita que a biomassa das florestas espanholas é menor que a das portuguesas? Pelo que tenho visto não me parece nada.
    O que me parece é que há portugueses que gostam de pôr fogos. Muito mais que os espanhóis, por exemplo.
    Outra coisa: a inclusão da Catalunha no grupo das regiões onde mais arde não é confirmada pelo mapa que JMF colocou a seguir.

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  10. AGG's avatar
    AGG permalink
    10 Agosto, 2010 15:52

    Curioso, tenho ideia de à uns meses ouvir os especialistas (numa altura de neves tardias) terem dito que as alterações climáticas (nome arranjado por especialistas de merkting pois aquecimento global fica mal quando neva) implicavam um arrefecimento ligeiro durante um período de 5 a 10 anos e depois um aquecimento exponencial… na altura fez-me confusão essa explicação, mas felizmente que parou de chover a partir de 15 de Junho (época onde já devia estar calor) e agora voltou o calor à Rússia e a Portugal para se poder falar em aquecimento global….. Porque, aqui, tal como na Rússia, nunca ninguém tinha assistido a 35º em Agosto.

    Agora uma dúvida, se estamos a arder por causa do aquecimento global, os países do centro da Europa que ainda à 1 semana se debatiam com chuvas e temperaturas baixas estão a sofrer arrefecimento global? isso quer dizer que Portugal e a Rússia se irão tornar um deserto nos próximos 20 anos circundando um lago gigante no antigo centro da Europa?

    Saudações

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  11. bagaço's avatar
    10 Agosto, 2010 15:53

    biomassa a mais, massa cerebral a menos

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  12. Hawk's avatar
    Hawk permalink
    10 Agosto, 2010 16:32

    Então e os incendiários? Já ninguém fala deles?

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  13. El Der's avatar
    El Der permalink
    10 Agosto, 2010 16:51

    Não sabiam que a biomassa provoca incêndios?
    Experimentem encher uma caixa com biomassa se a quiserem ver a arder. E quanto mais cheia estiver, mais arde.
    Pior ainda se forem muitas caixas cheias de biomassa.
    Ouvi até dizer que iam substituir os vulgares isqueiros por caixinhas de biomassa sob pressão. Para acender o cigarro basta abrir uma tampinha da caixinha de biomassa.

    Cientistas de todo o mundo vão até aplicar este raciocínio a outras áreas do saber.
    Vão começar pela medicina. Prova-se que quantos mais seres vivos há, maior o número de doenças.
    Vão acabar com esse sorvedoiro de dinheiro que é a indústria farmacêutica, bastando, simplesmente acabar com os seres vivos do planeta para se erradicar de vez a doença.

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  14. José Manuel's avatar
    José Manuel permalink
    10 Agosto, 2010 16:56

    Por isso é que no deserto do Saara não há incêndios. Esses é que estão bem.

    A solução do João Miranda para os incêndios é a desertificação do país. Portugal sem vegetação, com terrenos sujeitos à ersão acentuada acabavam com os incêndios para sempre.

    Porque será que nunca ninguém pensou nisto antes?

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  15. henrique pereira dos santos's avatar
    henrique pereira dos santos permalink
    10 Agosto, 2010 17:06

    João Miranda,
    Um raro texto exemplar sobre fogos, com excepção do último parágrafo. É que a acumulação de biomassa não resulta das florestações, resulta das nossas condições edafoclimáticas que fazem com que tenhamos uma produtividade primária bastante alta (no meu blog vou pôr um mapa da produtividade primária na Panínsula Ibérica para se percerber que arde em Portugal pelas mesmas razões que a Galiza concentra mais de 50% dos fogos de toda a Espanha). Dir-me-á que isso sempre existiu. É verdade, mas três processos na economia tradicional controlavam a acumulação de combustíveis: o aquecimento e cozinha a lenha, as pesadas estrumações que obrigavam à roça do mato e o pastoreio tradicional (que inclui queimadas de elevada frequência e baixa intensidade).
    Todos estes processos ruíram com a falência da economia tradicional do nosso mundo rural, sem que em alternativa se tenha criado outra economia (é aí que entra o mito da vocação floretal de Portugal, mas isso seria outra história).
    Se quiser criticar o Estado nesta matéria pode fazê-lo com mais propriedade porque usa o dinheiro disponível para o mundo rural a financiar actividades pretensamente competitivas (que deveriam prová-lo no mercado sem a ajuda do Estado) em vez de remunerar os serviços ambientais prestados por algumas actividades (à cabeça o pastoreio, muito mais barato e eficaz que as centenas de equipas de sapadores que o Estado paga) e que não são directamente remuneráveis no mercado.
    henrique pereira dos santos

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  16. manuelli's avatar
    manuelli permalink
    10 Agosto, 2010 17:16

    #12
    Henrique Pereira
    “no meu blog vou pôr um mapa da produtividade primária na Panínsula Ibérica para se percerber”

    E onde é lá esse seu blog, ó Henrique, para se ler?

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  17. henrique pereira dos santos's avatar
    henrique pereira dos santos permalink
    10 Agosto, 2010 17:20

    http://ambio.blogspot.com/
    Já agora, apropósito das afirmações de que semrpe houve fogos assim, o que é verdade, e sempre haverá enquanto não se quiser gerir os combustível a sério, convém lembrar que o custo do dispositivo de combate aos incêndios aumentou de 40 milhões em 2005 para 100 milhões este ano. Os resultados podem até ser os mesmos, mas custam mais de duas vezes mais.
    henrique pereira dos santos

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  18. Salvador's avatar
    Salvador permalink
    10 Agosto, 2010 17:53

    o primeiro comentar, o Trinta e Três, primeiro insulta o post, depois confirma-o quando defende a teoria das zonas tampão, que é a base deste post.

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  19. Salvador's avatar
    Salvador permalink
    10 Agosto, 2010 17:56

    o que é que os que defendem a tese do Aquecimentto Global acham que se devia fazer para combater os incêndios?

    a) nada, esperar que os países cumpram Kyoto ou semelhante acordo.

    b) dobrar o número de bombeiros e de meios

    c) proibir os transportes individuais e as indústrias poluidoras

    d) proibir o desenvolvimento

    e) outra, qual?

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  20. Salvador's avatar
    Salvador permalink
    10 Agosto, 2010 18:20

    f) ilegalizar os fogos florestais por decreto governamental

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  21. Trinta e três's avatar
    10 Agosto, 2010 18:59

    Salvador:

    Este “defensor da tese do aquecimento global” (eu), defende que se devia olhar mais para o ordenamento do território, protegendo e repensando actividades como a pastorícia e a agricultura que permitem prevenir situações extremas- este é o único combate eficaz aos fogos.

    Já agora, se se der ao trabalho de ler o texto do JM até ao fim, encontra no último parágrafo a justificação do meu anterior comentário.

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  22. Eduardo F.'s avatar
    10 Agosto, 2010 21:24

    Mas por que razão será que uma onda de calor é tida como uma confirmação da tese do “aquecimento global” e uma onda de frio é apenas um “ruído” que não afecta a “tendência” anunciada da catástrofe?

    Assim de repente e agora que, ao princípio da noite, posso voltar a usufruir do alpendre finda a canícula diurna, recordo-me de 3 verões de calor de esturrar: o de 1966 onde o carro do meu pai (um Volkswagen 1200 de vidro traseiro oval e “piscas” laterais basculantes), com a toda a família dentro, parou, às duas da tarde, na charneca algarvia por sobreaquecimento do motor (arrefecido a ar para os menos versados em automóveis); o de 1981 (o ano da eleição de Mitterand para o seu primeiro mandato) que nos obrigou a arrefecer os pés numa tina com água e gelo) e o de 1989 (30 de Julho a 2 de Agosto). Em todos estes casos, o termómetro subiu acima dos 40 graus, as galinhas morreram aos milhares nos aviários e os óbitos subiram face aos valores “normais”.

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  23. TaCerto's avatar
    TaCerto permalink
    10 Agosto, 2010 22:27

    Mas que raio! Claro que se não houver nada para arder nada arderá!
    A questão não é esse, a questão é perceber (ver mapa no post mais acima) porque é que em Espanha (e na Califórnia) existem muito menos fogos que no Tugal. A resposta parece-me estar aqui mesmo noutro post mais acima:

    A ler: Quem nos acode?
    Posted by jmf1957 em 10 Agosto, 2010

    A tema da biomassa é La Palice, é como dizer que o açucar é doce.

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  24. alberto mendes's avatar
    alberto mendes permalink
    10 Agosto, 2010 22:28

    Proposta para o combate os fogos florestais:

    – O estado(1) concessionar todas as suas áreas florestais a quem estivesse interessado. O concessionário tira proveito económico da floresta(2) e recebe um valor anual por hectare para manutenção(3).
    – O concessionário é obrigado a garantir que não há fogos florestais. Por cada hectare ardido o concessionário perde o valor da manutenção e paga multa.

    Este modelo simples poderia diminuir os incendios e animar a actividade economica no interior.

    (1) No pressuposto de o estado ser o maior proprietário florestal
    (2) Desde a madeira para móveis, pasta de papel, etc. aos detritos através da sua queima para energia electrica. As caracteristicas da floresta devem ser mantidas.
    (3) Esse valor seria a 85% da média do valor gasto a combater incendios nos ultimos 10 anos a dividir pelo total de hectares concessionados.

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  25. Salvador's avatar
    Salvador permalink
    10 Agosto, 2010 22:49

    Trinta e Três:

    Você critica o post do JM, que não diz que não deve haver floresta, defende que deve haver zonas de compartimentação, coisa que você também defende (pastorícia, etc.)

    Você indica para contrapor um link e um autor que veio a esta caixa de comentário concordar com o post, discordando apenas de um ponto, o da reflorestação, não por este ser falso, mas por não ser a causa principal da reincidência dos incêncios.

    já agora agradeço o link que forneceu, o blog é muito bom.

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  26. o baralho's avatar
    10 Agosto, 2010 22:52

    Afinal estão explicados todos estes incêndios.

    Pegar fogo, para ver se amanhã não existe mais nada para arder… mas esqueceram-se da biomassa.

    Criticam-se muito os proprietários das bouças, por não limparem o mato, blá, blá… esquecem-se que as florestas são encaradas como qualquer empresa, se não compensa é idiotice gastar tempo, dinheiro e trabalho nela.

    Olhem o estado que dê um valor justo, e não falta quem queira alienar o «seu» território.

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  27. El Der's avatar
    El Der permalink
    10 Agosto, 2010 22:58

    Porque será que no tempo do Salazar haveria menos biomassa, o lá o que quer que seja. O que é certo é que havia menos de 1% dos incêndios que há hoje.
    Será que o fascismo apaga incêndios, ou o anti-fascismo os ateia?

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  28. santos's avatar
    santos permalink
    10 Agosto, 2010 23:43

    haja uma alma iluminada que resuma isto tudo . obrigado …

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  29. Salvador's avatar
    Salvador permalink
    11 Agosto, 2010 02:06

    “Porque será que no tempo do Salazar haveria menos biomassa”

    as pessoas viviam nos campos, usavam a lenha, recolhiam o mato porque precisavam dele e não havia tanta floresta nem tão densa; mesmo assim também havia fogos, mas nunca das proporções dos que hoje existem.

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  30. henrique pereira dos santos's avatar
    henrique pereira dos santos permalink
    11 Agosto, 2010 06:38

    #26
    Incêndios havia muito menos, mas área ardida haveria muito mais no tempo de Salazar. Parece uma contradição, mas não é, é simplesmente um alteração do padrão do fogo. No tempo do Salazar (mais ou menos, os grandes fogos começaram ainda no tempo de Marcelo Caetano e corrspondem a um desfasamento no tempo de cerca de vinte anos (necessário para a recuperação dos sistemas naturais ganhar consistência) entre o abandono dos campos que começa nos anos cinquenta e cujos efeitos na acumulação de combustiveis se começam a tornar visíveis no fim dos anos sessenta e princípios dos anos setenta) havia muitas queimadas associadas aos sistema de pastorícia de percurso, isto é, fogos frequentes e de baixa intensidade (por isso mesmo sem causarem qualquer alarme social). Hoje temos um padrão de fogo de fogos menos frequentes mas muito mais intensos com efeitos muito mais severos. A evolução de um padrão de fogo para outro não é nenhuma especificidade portuguesa, e encontra-a por exemplo na Galiza, na Califórnea, na Austrália, no Chile, ou seja, no lado ocidental dos continentes em latitudes entre 30 e 40 graus, que é onde se localizam os climas mediterrânicos.
    henriue pereira dos santos

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  31. El Der's avatar
    El Der permalink
    11 Agosto, 2010 11:42

    #29
    Estamos a falar do tempo do Salazar, não da Idade Média.
    No tempo do Salazar, tempo da minha juventude, as coisas no campo não eram ASSIM TÃO diferentes de hoje.
    #30
    A sua análise não resiste à realidade. As zonas dos incêndios não são as zonas desertificadas.

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  32. henrique pereira dos santos's avatar
    henrique pereira dos santos permalink
    11 Agosto, 2010 12:26

    Caro El Der,
    Só para lhe dar o exemplo da zona do maior incêndio deste ano, até agora: o número de ovelhas e cabras dos Concelhos de Castro Daire e S. Pedro do Sul em 1940 era de bem acima dos oitenta mil animais. Hoje devem rondar os 5000 (posso saber os dados mais exactos).
    Se considera que isto não é uma diferença abissal na remoção do mato não sei o que lhe diga.
    Para já não falar nas estrumações que é mais difícil de quantificar com exactidão.
    henrique pereira dos santos

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  33. Miguel's avatar
    Miguel permalink
    11 Agosto, 2010 14:37

    #31, deduzo então que conhecesse o campo no tempo do Salazar tão bem como revela conhecer o de hoje.

    O que #29 falou é exactamente o que se passa hoje para quem ainda vive do campo, simplesmente agora em vez de o sector primário representar uma grande parte do emprego do país como acontecia até aos anos 50 (como o #32 explicou, os grandes fogos começam exactamente 20 anos após o início da grande des-ruralização do nosso país – porventura será coincidência ou então será culpa dos soviéticos ou do MPLA), representa apenas umas míseras milhares (ou dezenas de milhares) de famílias dispersas por todo o país.

    De resto o método de trabalhar os campos obviamente que se modernizou, mas nem por isso deixam de precisar de lenha ou de roçar o mato.

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  34. Nuno's avatar
    Nuno permalink
    11 Agosto, 2010 19:01

    1.Trinta e três disse
    10 Agosto, 2010 às 1:11 pm

    Você tem razão em quase tudo o que escreve excepto quanto ao George Bush.
    Os americanos não elegem anedoctas e em Portugal, em vez de cultivar gente capaz, geram-se imbecis e, infelizmente, nenhum George Bush.
    Até o macaquinho que lá está presentemente nos fazia cá falta.

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  35. piscoiso's avatar
    piscoiso permalink
    11 Agosto, 2010 19:06

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  36. El Der's avatar
    El Der permalink
    11 Agosto, 2010 23:02

    Caro Henrique Pereira dos Santos

    A sua argumentação faz todo o sentido no que respeita à extensão dos incêndios (média de área ardida / nº de incêndios).
    Lendo agora com mais atenção, é o que diz em #30.
    Quando falei “do tempo do Salazar” referia-me, pelo contrário, à quantidade.
    De notar que o que digo (“nesse tempo havia muito menos incêndios”) é apenas a minha percepção intuitiva do fenómeno.
    Não sou (ao contrário do João Miranda e da quase totalidade dos comentadores) nada que se pareça com um especialista desta área; apenas me baseio na aparência subjectiva e não em estudos objectivos.

    Para resumir o que penso: há zonas de grandes densidades de biomassa, com elevadas temperaturas, em que o nº de acendimentos é irrisório. Ou seja: a relação entre biomassa + temperatura nº de acendimentos está longe de ser directa. Se quisermos saber da causa dos incêndios temos de procurar alhures.

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  37. LGF Lizard's avatar
    LGF Lizard permalink
    11 Agosto, 2010 23:48

    E que tal por malta que está a receber o RSI para não fazer nada/andar nos cafés e pô-os a limpar a biomassa?

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  38. António Barreto's avatar
    António Barreto permalink
    12 Agosto, 2010 22:02

    A contracção drástica dos sectores da economia primária para os padrões da CEE que se verificou após a n/adesão devia ter sido acompanhada por uma política eficaz de desenvolvimento da economia florestal. Não foi.

    Onde estão as centrais de Biomassa que o Governo de A. Guterres chegou a anunciar,parecia prestes a concretizar e tão úteis poderiam ter sido? Que aconteceu? Inviabilidade económica? Excessiva emissão de contaminantes? Estratégia meramente política? Alguém sabe?

    Sobre o aquecimento global, situo-me entre os céticos; segundo noticiava a imprensa – Expresso – foi lançado recentemente um satélite para estudar com mais detalhe invulgares perturbações solares que poderão produzir tempestades magnéticas na Terra.

    Parece que só agora a comunidade científica e política decidiram estudar melhor as erupções solares! Após décadas de consolidação da tese do efeito de estufa pelo CO2 e do tremendo impacto económico resultante!

    Na verdade, não devemos esquecer que foram aquelas entidades as principais responsáveis pelo estado a que chegámos no domínio da emissão de poluentes atmosféricos perigosos (ex: CO2 e CFC, etc).

    Por vezes, fico perplexo e até indignado perante certos excessos reguladores fundamentados em “certezas irrefutáveis” que parecem produzir consequências mais nefastas que as que pretendem evitar,revelando-se, às vezes, posteriormente, inadequados.

    Há em tudo isto, falta de muita coisa; uma delas é a prudência.

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