Faz sentido comparar o incomparável?
20 Outubro, 2010
Aumentar o peso do Estado na economia de 30% para 35% do PIB prejudica tanto a economia como aumentá-lo de 40% para 45% do PIB?
É recomendável que um Estado que tem um PIB per capita que é 75% da média europeia tenha um peso na economia igual ao da média europeia?
8 comentários
leave one →

Não a ambas as perguntas.
GostarGostar
Depende!
GostarGostar
“É recomendável que um Estado que tem um PIB per capita que é 75% da média europeia tenha um peso na economia igual ao da média europeia?”
à partida é impossível dizer – depende se os serviços que o Estado fornece (incluindo o “seguro” que o Estado fornece através das politicas supostamente redistributivas) forem serviços que se considere que a procura tende a aumentar mais ou menos que proporcionalmente ao rendimento.
GostarGostar
…
Esta questão faz-me lembrar a impossibilidade de comparar as responsabilidades dos socialistas com as dos sociais-democratas neste pântano em que Portugal se afundou e é espantoso constatar os malabarismos que o primeiro Pinócrates faz seja para atribuir as culpas ao PSD por querer incluir medidas e condições que ele – PS – considera inaceitáveis seja por considerar ser um dever do PSD deixá-lo governar à vontade.
O troca-tintas aldrabão quer ainda que, à viva força, convencer o Povo que o PSD seja considerado culpado das eventuais consequências se for esse partido a tentar endireitar e salvar o que parece não ter salvação possível.
Nuno
GostarGostar
«Aumentar o peso do Estado na economia de 30% para 35% do PIB prejudica tanto a economia como aumentá-lo de 40% para 45% do PIB?»
A pergunta tem uma assunção implícita questionável – a de que em ambos os casos prejudica. É como a pergunta “deixou de bater na sua mulher?”, perfeito exemplo de um sofisma.
Mas é verdade que os efeitos de um mesmo incremento são diferentes consoante o ponto de partida. Abaixo do “peso óptimo” o aumento beneficia a economia, e acima desse peso prejudica. Quanto mais longe do peso óptimo mais notórios são esses efeitos (benéficos ou prejudiciais, consoante o caso).
«É recomendável que um Estado que tem um PIB per capita que é 75% da média europeia tenha um peso na economia igual ao da média europeia?»
O peso do estado na economia já de si é uma proporção do PIB e não um valor absoluto, por isso não existe qualquer razão para assumir que não.
Existe sim é razão para rejeitar a alegação segundo a qual é o excessivo peso do estado na economia portuguesa a causa do nosso atraso, visto que o nosso peso é igual aos dos países em relação aos quais se alega que estamos atrasados.
Mas pelos vistos este argumento torna tal alegação infalsificável – se um país pobre tem peso igual ao nosso é por isso que é pobre, se um país rico tem um peso igual ao nosso, é incomparável… É uma variante da falácia do “verdadeiro escocês”.
GostarGostar
««O peso do estado na economia já de si é uma proporção do PIB e não um valor absoluto, por isso não existe qualquer razão para assumir que não.»»
.
Que falta de perspicácia.
GostarGostar
«Que falta de perspicácia.»
Isso é um argumento?
Mas vou expandir o meu ponto.
O argumento apresentado no texto falha por pressupor que é razoável assumir que quanto mais pobre uma economia mais gravoso será que uma mesma proporção da mesma seja dedicada a suportar o estado.
Ambas as assunções são problemáticas – não só a existência (ou aumento) da proporção do estado na economia pode ser benéfica para uma economia (se esta estiver abaixo da dimensão óptima) – como não existe razão para assumir que a dimensão óptima do peso do estado aumenta com o enriquecimento da economia em questão – o único caso em que o mesmo aumento seria mais greve numa economia pobre que numa economia rica. Podemos alegar que se mantém, ou até que diminui.
Assim, continua válida e “perspicás” a observação inicial. Apesar de neste blogue o atraso de Portugal ser constantemente atribuído ao alegado peso excessivo no nosso estado na economia, é curioso que em relação aos países desenvolvidos com os quais nos comparamos a sua dimensão se encontre na média. Somos um país médio a este respeito. Reforço que o peso do estado é um valor relativo, já é em proporção ao PIB. Em termos absolutos o custo do nosso estado per capita é, obviamente, muito inferior ao da generalidade dos países desenvolvidos.
GostarGostar
…
Anda alguém muito preocupado com a igualdade de géneros. E isso é possível?
Nuno
GostarGostar