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Foi você que pediu uma coligação?*

20 Novembro, 2010
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A semana que hoje termina assistiu a uma subida, sem precedente, das taxas de juro da dívida soberana portuguesa. Simultaneamente, surgiu, em largos sectores da política interna, uma nova reivindicação: um governo de coligação para que, equipado com a estabilidade, pudesse enfrentar (pressupõe-se, com sucesso) a crise financeira e orçamental que nos oprime. De um modo mais visível e mediaticamente incontornável, essa suposta solução foi invocada pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros.

Essa reivindicação já tinha, anteriormente, começado a desenhar-se com o apelo à “unidade de todos os portugueses”, feito por algumas personalidades como, por exemplo, Santos Silva (o banqueiro, na qualidade de Presidente da Comissão relativa às comemorações do centenário da República). Em resumo: depois do discurso da “responsabilidade” (ou seja, da exigência, feita ao PSD, de aprovação do Orçamento), surge agora a palavra de ordem da estabilidade e o consequente apelo a um governo de coligação.

Vamos por partes: em primeiro lugar, a unidade e estabilidade reclamadas, deveriam começar a ser dirigidas prioritariamente ao próprio Governo. É estranho que quem reclama tal coligação salvadora não se preocupe, desde logo, com a instabilidade e desunião demonstrada no próprio Governo que tem Ministros que se contradizem entre si (Teixeira dos Santos e o inefável Ministro Mendonça; ou entre Teixeira dos Santos e a Ministra da Saúde) ou que não se mostram muito “coligados” com o próprio Primeiro-ministro (até certo ponto, parece ser o caso de Luís Amado).

A dissonância patenteada, ultimamente, entre vários Ministros deste mesmo Governo, faz-nos lembrar o que se passou no PSD, nos tempos da liderança de Manuela Ferreira Leite: os vice-presidentes do Partido surpreendiam-nos com declarações que contradiziam a própria líder, assemelhando-se a uma orquestra em que cada músico tocava o que, pessoal e individualmente, entendia. Depois e independentemente das inegáveis virtualidades que a estabilidade, em tese geral, tem, há aqui muita confusão entre, porventura, aquilo que se deseja e a realidade. Tal como se dizia que um qualquer Orçamento aprovado, por si só, não seria a solução, também, em si mesma, uma qualquer “estabilidade”, não resolverá coisa nenhuma. Além disso, que oposição (nomeadamente, que PSD) é que se entenderia, estavelmente e em coligação governativa, com José Sócrates e os escombros do actual Governo?! Ou José Sócrates sairia de cena ou o PSD quereria fazer, agora, um “hara-kiri” político. Sejamos realistas: em ambos os casos, haverá tudo (para se chegar aí) menos “estabilidade”.

* GRANDE PORTO, Ed. 19.11.2010. (aqui)

22 comentários leave one →
  1. 21 Novembro, 2010 00:58

    Se dúvidas houvessem, eis a prova: andam a brincar com a “malta”. Ou, como a criatura trata os tugas, com “o maralhal”.
    (Fraca e inconveniente estratégia para o país, de Sócrates, do PS e de Amado).

    ———————————-
    Fixem este nome como futuro secretário geral do PS e elegível PM: ASantos Silva.

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  2. Arlindo da Costa permalink
    21 Novembro, 2010 02:29

    Não fui eu.
    Foi o Cavaco!

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  3. fagulhas permalink
    21 Novembro, 2010 10:36

    O Cavaco com a sua gravata da côr de “barro” diz bem o seu estado de xéxé

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  4. tric permalink
    21 Novembro, 2010 11:41

    Governo de Salvação da Fome Nacional Cristão, please !!

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  5. tric permalink
    21 Novembro, 2010 11:53

    Os Militares, estão hà espera do quê !!??

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  6. tric permalink
    21 Novembro, 2010 12:35

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  7. lica permalink
    21 Novembro, 2010 13:14

    e os bindados não chegaram a tempo da cimeira. Para que servirão agora?

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  8. tina permalink
    21 Novembro, 2010 13:23

    O PS chegou, viu e perdeu. Só que não quer enfrentar a machadada final – ou seja, quando se souber que o défice de 2010 ficou muito para além do objectivo. Nessa altura, saberia muito melhor se o PSD estivesse ao seu lado. Já que não consegue arranjar desculpas para se demitir, o governo agora luta deseperadamente para diluir a responsabilidade de todo o mal que fez ao país.

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  9. Licas permalink
    21 Novembro, 2010 14:19

    É exactamente como diz, tina.

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  10. lucklucky permalink
    21 Novembro, 2010 16:51

    Nõs tivemos Estabilidade na caminhada para a bancarrota.

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  11. Mariana permalink
    21 Novembro, 2010 16:56

    O PSD – a acreditar no acordo firmado com o Governo – prepara-se para, no final da semana, viabilizar um Orçamento do Estado cuja linha condutora visa regularizar as Finanças Públicas e, dessa forma, conferir retirar-nos do centro da turbulência dos mercados financeiros.
    A uma semana da aprovação desse documento decisivo, o líder do PSD vem garantir que há desorçamentação e “números fictícios” nas contas do Estado.
    O PSD de Passos Coelho continua a demonstrar uma irresponsabilidade preocupante para um partido que supostamente faz parte do arco do poder.

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  12. A C da Silveira permalink
    21 Novembro, 2010 17:31

    Mariana,
    O PSD apenas se vai abster do Orçamento do estado para 2011. Não tem responsabilidade nenhuma nem nas contas de 2010, nem na concretização do OE/2011, que toda a gente já percebeu que o governo PS não é capaz de fazer. Estas declarações servem para calar os que já andavam pelas televisões e pelos jornais a dizer que este é o OE PS/PSD, BE e PCP incluidos.
    Passos Coelho começou já a dizer isso mesmo adiantando tambem que as contas de 2010 são ainda piores do que o governo anda a dizer.
    A conversa do governo de coligação é o canto da sereia, mas ou me engano muito, ou o PS vai ficar a falar sozinho até cair de podre.
    Desde as eleições de 2009 o PSD fez o que o PS nunca faria: proporcionou ao governo do adversario politico condições para governar; absteve-se nos OEs de 2010 e 2011, e aprovou os PECs 1 e 2. Exigirem-lhe que leve com o onus de 6 anos de socretinismo em cima parece-me de mais. Por isso Passos Coelho se começou já a distanciar.
    O Socrates e os amigos que se amanhem.

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  13. tric permalink
    21 Novembro, 2010 17:58

    Passos Coelho é o Socretino II…o próximo passo que o Socretino II, tal como fez o Socretino I, é pedir uma auditoria independente às contas nacionais, só que desta vez, não ao Banco de Portugal mas sim ao BCE ( Vitor Constãncio ) …

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  14. FCR permalink
    21 Novembro, 2010 18:02

    Esse “economista” é outro “engenheiro” da politica….
    Já começou a falar “verdade” aos tugas informando-os daquilo que já todos sabem.
    “Pobre de mi gente”

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  15. Vadinho Nascimento permalink
    21 Novembro, 2010 18:54

    Deviam socialistas e sociais-democratas
    Juntar os trapinhos
    Que isto andarem umas vezes aos namoricos
    Outras vezes,
    Uns pelos outros embeiçados
    Comportando-se sempre como amantes
    Na hora de distribuir os cargos………….

    Se estivessem coligados num acordo
    Com o valor de um casamento
    Acabava-se o sofrimento do carreirista em geral
    Que na hora de escolher partido com tacho garantido
    Sofre de uma indecisão tal
    Que não sabe qual o partido lhe fornece o currículo ideal
    Para governar a vida à custa de Portugal

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  16. 21 Novembro, 2010 19:43

    A abstenção do PSD, na votação do OE, não é a atitude correcta.
    É como um sócio, coorresponsável por uma empresa, tendo direito de veto sobre uma administração, prefere abster-se deixando uma má gestão arruinar a empresa. Atitude imperdoável, para ser muito meigo. Os outros sócios, o eleitorado, não perdoará. Se PPC se abstiver, em vez de votar contra, é porque pura e simplesmente, não merece ser político no Portugal de hoje. É o mesmo que declarar que não tem a força interior, a convicção, básicas num Político ( tal como Ferreira Leite). E as oposições -internas e externas- sabem e têm apostado nisso, como se tem visto, há muito tempo. Aliás os argumento -mercados f., FMI, eleições presidenciais, duodécimos …- são supinamente ridículos.

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  17. Francisco Gonçalves permalink
    21 Novembro, 2010 20:33

    CLARO QUE ELE NÃO QUER COLIGAÇÃO ALGUMA
    O nosso ilustre ministro deve andar distraído, todos sabemos que para dançar o tango é preciso um parceiro, e não estou a ver ninguém com um pingo de decência, que não dê uma grande tampa, aquele que ainda é o nosso PM…

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  18. tina permalink
    21 Novembro, 2010 20:38

    Passos Coelho é um político exímio que já fez muito bem à nação sem ainda ter chegado ao poder.
    1. Não chumbou o orçamento de 2010, obrigando Sócrates a ficar no governo e a enfrentar a porcaria toda que fez. Desesperado, Sócrates tem feito inúmeras tentativas desde essa altura para causar uma crise política, mas graças à habilidade de Passos Coelho, não conseguiu.
    2. Passos Coelho poupou 500 milhões de impostos à classe média e obrigou o Estado a reduzir a despesa em artigos de limpeza, “coltura” e outras tretas assim que não fazem falta a ninguém.
    3. Passos Coelho obrigou o arrogante Sócrates a baixar a bolinha e a fazer tudo o que ele queria. Grande humilhação para Sócrates quando teve de pedir de joelhos ao PSD para voltar à mesa de negociações.
    E, como se não chegasse Passos Coelho ser 1 milhão de vezes mais consciencioso e inteligente do que Sócrates, é também 1 milhão de vezes mais bonito. Ao lado dele Sócrates parece mesmo um parolo da Covilhã.

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  19. Nuno Alvares permalink
    21 Novembro, 2010 21:41

    M. Barreto. Ancien exilé de la dictature, celui-ci se pose, à regret, des questions qu’il pensait évacuées de l’histoire du Portugal : ” Sommes-nous capables de résoudre cette crise en démocratie ? Ou est-ce que tout cela va finir par un régime autoritaire ? “

    Venham as Forcas Armadas para acabar com o fartar vilanagem…e depois que escolham gente de valor para governar. Chega.

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  20. 21 Novembro, 2010 22:00

    Tina, Tirando o promenor da boniteza, estou de acordo com o que afirma. A minha análise é semelhante à sua. O PPC com a tática do cada passo a seu tempo, tem obrigado a administração Sócrates a exibir -parte- do desatre que tem sido o seu exercício. E mais se verá.
    Quanto à impossibilidade de eleições neste período de “defeso” de eleições do PR, é tão ridículo que, para ultrapassar o impasse, o PR e/ou o Tribunal Constitucional, assim lhes convenha, resolvem o -inconcebível- imbróglio numa tarde. Afinal “eles” são todos funcionários do cidadão eleitor e não dum documento -aqui sim- por mais bonito ou feio que seja.

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  21. Nuno permalink
    22 Novembro, 2010 03:34

    O que é incontornável é que não se deve dar ouvidos a parvos.

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  22. Miguel permalink
    22 Novembro, 2010 11:06

    ” Os outros sócios, o eleitorado, não perdoará”
    Esses outros sócios também estão “deixando uma má gestão arruinar a empresa.”?
    E será também uma “Atitude imperdoável, para ser muito meigo.”?

    É impressão minha ou a “Empresa” tem “sócios” a mais e trabalhadores a menos

    Sócios a culpar sócios e ninguém olha para a administração.

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