Reclamações na rede

A história da Maria João, a vários títulos exemplar, não é o primeiro caso em Portugal de uma reclamação de um consumidor na rede a saltar para os tribunais. Vale a pena compará-la com o caso anterior, sobretudo para quem a quiser usar como case study.

Há uns anos (em 2003), antes do Twitter e do Facebook e num momento em que, pelo menos entre nós, a blogosfera dava ainda os primeiros passos, uma consumidora (no caso de um automóvel), com uma história inacreditável, decidiu criar um site para relatar o seu caso, dando-se ao trabalho e registar um domínio .com com o nome da empresa reclamada. A história circulou largamente por e-mail e teve alguma repercussão na primeira geração de blogues (então um nicho relativamente restrito) e em fóruns on-line. Na era pré-redes sociais, porém, o impacto do caso foi muito mais limitado, dele restando hoje apenas alguns vestígios no webarchive, o que demonstra a relativa falta de perenidade da web. O caso teve, no entanto, um epílogo curioso: a empresa em causa, tendo ganho uma disputa sobre o nome de domínio, acabou por criar a sua página na rede com o mesmo endereço da página criada para a criticar, beneficiando, muito provavelmente, das dezenas (ou centenas) de  links dirigidos à página de crítica…