Posturas imperiais
E de um estatismo estarrecedor. Há gente que ainda se julga no centro do mundo e na sede de um império que, em boa verdade, nunca o foi. Marcelo, naquela sua postura “enciclopédica”, tanto se delicia com comentários viperinos sobre um tema que ele próprio (bem) reconhece estar a ser agitado por razões populistas, como se põe a defender grandes “visões geo-estratégicas” sobre a privatização da TAP. Esta proposta peregrina de englobar a sua privatização num “pacote” que, idealmente, inclua a gestão portuária e aeroportuária (!!!), mas inserida na grandiosa estratégia de colocar Portugal num dos vértices do triângulo Europa-África-Brasil, só pode ter um resultado: a desvalorização da TAP. Ou então está a abrir caminho para alguma(s) empresa(s) do regime, ou outra(s) que queira(m) ascender a tal estatuto, ficar no futuro com um quase monopólio no sector dos transportes.
Esta gente, que nunca na vida montou um negócio – exceptuando o dos pareceres – acha-se capacitada para dar orientações aos empresários sobre como e onde devem investir os seus recursos. Na prática, e como temos assistido, este “dirigismo” tem redundado nas ruinosas PPPs que as próximas gerações irão ter de pagar.
Não conseguem (ou não querem) discernir que terá interesse em comprar a TAP quem já estiver no negócio do transporte aéreo e que, por norma, está pouco ou nada interessado na gestão de portos ou aeroportos. No imediato, a TAP, uma pequena companhia e cujo único activo interessante são as rotas para o Brasil, terá 2 potenciais compradores: a IAG, resultado da recente fusão entre a British Airways e a Iberia, mas que para já está a digeri-la, ou a Lufthansa, parceira da TAP na Star Alliance. Mas nenhuma delas estará minimamente interessada no novo aeroporto de Lisboa. A IAG porque já tem um hub em Madrid, um aeroporto com excesso de capacidade e que já é a maior plataforma europeia para a América Latina; a Lufthansa porque tem hubs em Frankfurt, Munich, Zurich, Bruxelas e Londres-Heathrow, situados nos núcleos mais povoados da Europa.
A “visão concentracionária” de Marcelo é muito típica da nossa megalomania, tanto mais ridícula quanto não passamos de pigmeus. E denota o sintoma de padecer do mito do grande hub.

O homem é o típico lisboeta, com a mania das grandezas. Claro que esta mentalidade, do sul, tem sempre aderentes, já que o resto do país pagará estas megalomanias. ehehhheehhh
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Depois ainda há quem se admire porquê que eu digo que há dois portugais: o do Norte e do megalómano do sul. ehehhheheheheh
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vá lá que aquela coisa de tap,
perdeu para o ryan.
no Porto a dita cuja já está em segundo.
pudera.
os preços?
aberrantes.
a easy não pode fazer uma ponta aérea?
ou a air berlin?
10 euros?
ida e volta?
vendam essa coisa ao egipto!!!
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Caro LR. Notei que os seus primeiros posts sobre o hub, ainda no .blogspot, eram sobre a OTA que passou para o deserto. Estas palavras de Cristo com o cu entalado nas portas do céu são a mesma coisa que a OTA. Não as leve a sério…
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Não sei onde foi buscar essa sua ideia. A TAP interessa à IAG para fechar: fica com as rotas, os aparelhos, a manutenção e metade dos pilotos. Despede as hospedeiras e troca por pessoal a menos de mil euros; despede o pessoal de terra e contrata jovens a 700 euros, concentra o catering em Madrid e transfere para este aeroporto o hub do Sul da Europa. A Lufthansa é quase o mesmo: mantêm as rotas, diminui os ordenados de todos em 35%, fica com os aparelhos e, ao contrário da anterior, se nos portarmos bem, (isto é, se o estado “der” uma ajuda para a formaçao profissional), até transforma Lisboa num sub Hub da companhia.
Em qualquer um dos casos, são despedidos +/-1.500 funcionários redundantes. e, o que é mais importante para este governo, o centro do poder passa para a sede de qualquer das anteriores.
O único que tem uma tripla, quase, assegurada é Fernnado Pinto: ajuda na transição e, se o vento ajudar, vai para o board das empresas com o pelouro da América Latina.
Adriano
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Marcelo é seguramente um dos grandes responsáveis pela desgraça a que este País chegou.
E nem é preciso perder muito tempo a explicar as razões desta afirmação, a principal das quais reside no seu contínuo exercício de enviesamento da opinião pública (sempre, embora encapotadamente, em benefício do poder que está): haja em vista, por exemplo, as posições que tomou no caso PT, por razões de mero interesse familiar…
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Adriano Volframista,
Tudo o que você diz poderá de facto vir a verificar-se, mas você poderá continuar a viajar para onde quiser e certamente com melhores preços.
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LR
Tem toda a razão. Mas é pelo que eu digo que, muito provavelmente, a TAP casa-se com a GOL, e vamos ter os bilhetes mais caros, vamos financiar a empresa com os nossos impostos e vão-nos vender como o desígnio nacional. Neste cenário todos os que lá trabalham continuam a ganhar e perdem os contribuintes. Parafraseando Churchill: neste como na PT, GALP, EDP, nunca tantos ficarão a dever por tão poucos…
Adriano
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Adriano,
A GOL é uma Low Cost e não estou a vê-la a querer abalançar-se para rotas intercontinentais quando ainda tem muito mercado para consolidar no Brasil e na América do Sul. Afigura-se-me mais provável uma associação/fusão da TAP com a TAM, também sua parceira na STAR. Mas o mais importante – e espero que seja o que venha a acontecer, porque o dinheiro falta – é que o governo venda a quem der mais. E nesse sentido, estar a querer juntar a venda da TAP com a gestão do novo aeroporto (que espero nunca se construa) como pretende Marcelo, é uma perfeita idiotice e só desvaloriza a empresa. Para uma grande companhia, a TAP só é atractiva pelas rotas do Brasil e isto enquanto este país e a Europa não estabelecerem um acordo de “Open Skies” como aconteceu há 2 anos com os States. A acontecer tal, qualquer Cia. europeia poderá voar de qualquer ponto da Europa para qualquer ponto do Brasil. Neste caso, não precisarão da TAP para nada pois no limite, e caso entendam que há mercado que o justifique, a Lufthansa, a Air France ou o IAG podem estabelecer rotas para o Brasil com partida de Portugal. Isto quer dizer que a TAP tem de ser vendida o mais cedo possível, antes que perca qualquer interesse por via de alterações regulamentares. Fora as rotas do Brasil, neste momento a TAP só poderá ter interesse para alguma “major” como “feeder” regional para os seus hubs.
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Enfim há que parar os cogumelos e começar a experimentar a erva porque estou a ver que se está ver coisas que não existem.
Marcelo Rebelo de Sousa disse isso; pode ser bom de privatizar a TAP, mas se fazemos isso também teriamos de vender os aeroportos com a TAP e os compradores teriam de comprar as duas coisas, como deveriam ter interesse em promover um hub lusitano. Mai nada.
Que este hub é pode existir ou não não me interessa por enquanto, o que me interessa é que Portugal no seu inteiro tire mais ganhos que prejuízos do seu sector aerónico, com Estado a participar ou não.
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LR
É um raciocínio realista. O problema da TAM para além da debelidade financeira é, uma das companhias de “primeiro mundo” com mais acidentes e isso pesa, sobretudo quando a TAP tem um histórico mais do que bom.
Sobre vender depressa isso já é outro plano. Só um político poderia ter imposto uma decisão de compra da OI tão depressa. Com aquele dinheiro, a PT, além de poder ter um rendimento mais do que agradável , poderia ter ido às compras com mais calma e, no final, comprado melhor seja, a OÍ, seja, mais outra qualquer. A única razão ( a meu ver) para essa pressa foi apenas uma: a OI é farinha do mesmo saco e, como tal permite manter as gorduras na PT, antes que os acionististas tivessem ideias em aumentar a “rentabilidade” do pessoal. Por isso, no caso da TAP, terá de ser uma companhia que permitisse manter as gorduras da TAP e, nesse sentido, GOL ou TAM dá igual: a dominância seria da TAP (quem tem o acesso à Europa é esta, mais a nacionalidade europeia) e, com isso, materia o status quo que tem dado resultado: o Estado mantêm o poder contra uma generosa remuneração de capital aos acionistas. Ora, a última coisa que um político faz é alienar a sua base de apoio mais sofisticada, o que sucederá se um dos seus dois cenários iniciais se concretizar. Pode, pois imaginar o meu cepticismo e mesmo enorme pessimismo quanto ao futuro da TAP, a manter-se, como se dizia antigamente, a “situação”. (Pode usar, com adaptações, o mesmo para a GALP. Ontem um artigo do director do Jornal de Negócios descrevia, bem, a situação).
Sabe, esta coisa de estratégia é muito mais comezinha do que se imagina, a falta de dinheiro e a necessidade de tomar as decisões de afogadilho tornam as, verdadeiras, motivações mais claras.
Adriano
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ADENDA
LR
Sobre o (novo???) aeroporto:
“Foi voçê que pediu um novo aeroporto ? Foi, mas serão os seus bisnetos a receberem de presente.
Adriano
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Caro LR,
Excelente post. Peço-lhe autorização para o republicar no http://www.maquinistas.org.
cumprimentos!
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Não é de admirar tanto disparate vindo de quem vem.
Afinal de contas esta gente pensa que a rentabilidade é coisa que se legisle… Estamos mesmo lixados com F grande.
Anti-comuna:
Cuidado ao acusar de megalómanos o pessoal do sul! Olhe para os lados do alentejo aquela gente pensa pequenino, por isso a região “não passa da cêpa torta”… Não confunda Sul com Lisboa sff.
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Um hub na extremidade da Europa. Numa região que está em recessão Sociallista.
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