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Prioridades e amizades

4 Fevereiro, 2011

Em Março de 2010, o primeiro-ministro José  Sócrates afirmava «que fique claro a toda a opinião pública portuguesa” que Portugal atribui “à relação com os países do Norte de África uma prioridade política indiscutível”. Acrescentava ainda que relativamente à Tunísia esta era «uma economia que merece toda a confiança, com estabilidade política, com regras claras…».

Claro, na altura não se contava que o povo tunisino se revoltasse contra tão longa «estabilidade» do amigo Ali.  Agora, novo revés: «Governo desiste de apostar no mercado egípcio».

Mas calma,  a «prioridade» fixada pelo governo socialista ainda tem uma ilha de esperança: a Líbia de Kadafi: «Basílio Horta continua a afirmar que o Magrebe e o Médio Oriente constituem mercados com um interesse fundamental para o crescimento das exportações, e dá como exemplo a Líbia, para onde exportamos bens no valor de 70 milhões de euros.». Aguenta-te Kadafi, o governo português aprecia a estabilidade do teu regime e que compres muitos magalhães de pacotilha.

34 comentários leave one →
  1. anti-comuna permalink
    5 Fevereiro, 2011 00:07

    Caro Gabriel, tenha lá paciência, mas queria que o nosso governo desatasse aos “tiros políticos” contra a região, sem se aperceber o que iria acontecer. Ou Vc. adivinhou o que lá iria se passar?
    .
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    Vc. faz ideia do potencial mercado para as nossas empresas naquela região? É que, ali, a menos de 2 horas de voo, temos cerca de 400 milhões de consumidores. Veja bem o número: 400 milhões de consumidores. E veja que estão mais perto do que o próprio centro da Europa.
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    Nós precisamos de diplomacia económica. Não de tolinhos.
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    Se me dissesse que agora o governo deveria criticar o regime, ainda aceito. Mas estar a criticar o governo tuga quando todos, repito, todos na UE têm relações económicas e políticas com aqueles regimes. Ou prefere a “democracia iraquiana” sob a baioneta americana?

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  2. João permalink
    5 Fevereiro, 2011 00:08

    Não esquecer que o José Eduardo dos Santos está no no poder desde 1979, razão pela qual Portugal se prepara para lhe entregar a Galp.

    O Armando Guebuza é mais recente, mas este telegrama do Wikileaks documenta uma situação semelhante à da Tunísia de Ben Ali….: http://www.wikileaks.fi/cable/2010/01/10MAPUTO86.html

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  3. citizen permalink
    5 Fevereiro, 2011 00:42

    amanhã compro o Expresso
    (o vemelho promete)
    http://noticias.sapo.pt/kiosk/#4098

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  4. anti-comuna permalink
    5 Fevereiro, 2011 00:51

    Dizem que os bifes são do mais civilizado que há. Até nos chamam porcos (PIGS) por causa de gastarmos mais do que deveriamos. No entanto, como eles têm medo da água…
    .
    “INGLATERRA
    .
    Alerta de piolhos na casa do primeiro-ministro
    .
    David Cameron alertou hoje os visitantes da sua residência oficial, em Londres, para a possibilidade de apanharem piolhos. A culpa é dos filhos do chefe do Governo britânico.”
    .
    In http://www.dn.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=1776053&seccao=Europa
    .
    .
    Graças a deus pela civilização britânica, que tão bons costumes deu ao mundo. Como evitar tomar banho. ehehhheeheh

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  5. Arlindo da Costa permalink
    5 Fevereiro, 2011 01:44

    E fez muito bem.
    Os EUA e toda a Europa apoiou Ben Ali e Mubarack, já para não falar dos sionistas israelenses!

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  6. 5 Fevereiro, 2011 02:05

    O Sókas tem a mania de fazer afirmações muito contundentes por tudo e por nada, como se tivesse as certezas todas do Mundo dentro da cuca.
    Se alguém tiver a pachorra de investigar tudo o k ele diz, sobre todos os assuntos, encontrará milhares de afirmações como essas.
    Isto só prova como o gajo não percebe nada de política internacional, pá, não tem o mínimo de bom senso, nem cuidado para não se afogar ( e nós com ele) em poços bem fundos.
    Tb foi assim com a célebre:
    ESPANHA…ESPANHA…ESPANHA…
    Como se fosse mais esperto do que o resto da malta.
    E agora?????????

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  7. anti-comuna permalink
    5 Fevereiro, 2011 05:45

    Um bom artigo sobre o que se passa no Egipto:
    .
    “Os árabes também amam a liberdade”
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    In http://www.presseurop.eu/pt/content/article/491271-os-arabes-tambem-amam-liberdade
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    Talvez os nossos diretinhas devam ler este tipo de artigos em vez de se colarem aos costumeiros racismos anglo-saxónicos em relação aos arabes.
    .
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    No artigo não refere o papel fundamental da Al Jazeera nesta mudança social e política que se vive no mundo arabe e islámico. Mas esta “CNN” para o mundo arabe está a revolucionar a forma como os próprios arabes se vêm. E tem aberto discussões importantes que são cruciais para separar o trigo do joio. Isto é, do islamismo moderado (mesmo assim critico com os USA e Israel) e do islamismo radical.
    .
    .
    Os nossos direitinhas precisam de ler mais e viajar mais para entender melhor o que se passa por aqueles lados. Em vez de se tolherem com o radicalismo islámico, na prática apoiando ditadores e virando as costas aos democratas, aos liberais e aos moderados do mundo islámico e arabe.

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  8. lucklucky permalink
    5 Fevereiro, 2011 08:06

    É lógico o Governo Sociallista querer fazer negócios com Ditadores da Internacional Sociallista.
    .
    Anti-comuna deixe-se de conversa fiada. Só quando os liberais Muçulmanos tiverem armas e estiverem dispostos a lutar é que haverá alguma chance. Até lá ganharão sempre os Heezbollahs.

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  9. Pi-Erre permalink
    5 Fevereiro, 2011 09:10

    A-comuna
    “Vc. faz ideia do potencial mercado para as nossas empresas naquela região? É que, ali, a menos de 2 horas de voo, temos cerca de 400 milhões de consumidores”
    .
    E esses quatrocentos milhões de consumidores consomem o quê? Toucinho fumado?

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  10. Tolstoi permalink
    5 Fevereiro, 2011 09:49

    Não são apenas os regimes ditatoriais que merecem contestação, outros também merecem ser questionados pela qualidade das suas democracias.

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  11. lucklucky permalink
    5 Fevereiro, 2011 10:21

    “E esses quatrocentos milhões de consumidores consomem o quê? Toucinho fumado?”
    .
    Que consumam o que quiserem até carne de porco, não interessa o Governo meter-se no assunto. Infelizmente o Anti-Comuna é um mercantilista.

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  12. Francisco Colaço permalink
    5 Fevereiro, 2011 10:48

    Anti-comuna,
    .
    Suponho que não conhece a história da revolução iraniana. Informe-se. Verá que os ditos estereótipos têm razão de fundo.
    .
    Madame Guillotine a fait bien son travail la bas.

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  13. Francisco Colaço permalink
    5 Fevereiro, 2011 10:53

    Tolstoi,
    .
    Podem ser uns filhos da mãe, mas serão os nossos filhos da mãe. Conquanto não goste de ditadores, e os tenha em conta de uns filhos da mãe, devem ser os povos a resolver os seus problemas com os seus próprios filhos da mãe. Napoleão foi bem recebido em Lisboa, em Pádua, em Varsóvia e em Moscovo pelos libertários. Esses mesmos libertários depois combateram os franceses com o mesmo ardor com que os haviam aclamado.
    .
    Deixem a maré andar. Os egípcios encontrarão um novo poder, provavelmente de cariz islamista, talvez não. Não sei. Sei é que ingerir neste momento irá radicalizar as massas.
    .
    De qualquer maneira, enquanto o meu inimigo estiver a combater o meu inimigo, folgo eu.
    .
    Já agora «Hoje Israel, amanhã a Europa» não foi escrito numa parede israelita.

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  14. 5 Fevereiro, 2011 11:22

    Desde há muitos anos a política externa tuga está abandalhada, desleixada, sem estratégia consistente.
    Mesmo que houvessem bons ministros, a ignorância e a alarvice de Sócrates não os deixaria implementar algo inovador, surpreendente e diferente…
    Sócrates trabalha para o imediato, para o dia-a-dia…

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  15. anti-comuna permalink
    5 Fevereiro, 2011 13:48

    “É lógico o Governo Sociallista querer fazer negócios com Ditadores da Internacional Sociallista.”
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    O Mubarak era um fantoche americano. Não era?
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    “E esses quatrocentos milhões de consumidores consomem o quê? Toucinho fumado?”
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    75% das importações daqueles países são europeias. Consomem desde transformadores da Eface até a marroquinaria de luxo da Parfois, de Rio Tinto. E mais consumirão se soubermos vender-lhes, como fazem espanhois e franceses, alemães e até escandinavos.
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    “Suponho que não conhece a história da revolução iraniana. Informe-se. Verá que os ditos estereótipos têm razão de fundo.”
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    A revolução iraniana teve muito a ver com o governo fantoche pró-americano que lhes impuseram à bomba.
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    É certo que a cultura deles é diferente da nossa em demasiados aspectos regrediu bastante face ao passado (e até nem muito longínquo), mas aquelas populações merecem que lhes apoiemos os esforços em prol da luta pela liberdade. Da democracia. E nós temos que, de uma vez por todas, abandonar o seguidismo aos USA, que só olham pelos seus próprios interesses. (Ver a última revelação da wikileaks, em que os americanos venderam os segredos dos ingleses aos russos, em troca de concessões negociais.)
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    Para um defensor de Israel como eu, fico agradado com as revoluções em prol da Liberdade e da Democracia naquela região. É o meio mais seguro de termos paz na região, haver democracias. Só quem tem vistas curtas pode pensar o contrário.
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    .
    Claro que há riscos mas sempre os haverá sempre e quem troca a segurança pela Liberdade, não merece uma nem a outra. O caso iraniano é bastante diferente dos restantes países islámicos. Além de não serem arabes, têm uma propensão hegemónica à custa dos arabes e são bastante mal vistos pelos arabes.
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    .
    Como democratas e amantes da liberdade, como Liberais, devemos sempre apoiar as revoluções pela Liberdade e pela Democracia. Seja feita por eslavos, asiáticos ou arabes. Ser Liberal não é fácil. Quem o disse?

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  16. anti-comuna permalink
    5 Fevereiro, 2011 13:57

    “Infelizmente o Anti-Comuna é um mercantilista.”
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    Tdem que me explicar isto. Porque, se se refere às teorias antigas, Vc. é que o é. E já lhe apontei muitas vezes que Vc. nem o sabe que o é. Se se refere a um neo-mercantilismo que eu desconheça, faça o favor de me explicar onde é que estou errado.
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    Quando quiser, salte para a arena, faz favor. ehehehheh

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  17. 5 Fevereiro, 2011 14:23

    O engenheiro da treta e o seu governo, porque não têm projeto, atuam de forma casuísta e sujeitam-se às consequências.
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    A aposta nos mercados do Norte de África não obedece a princípios ideológicos, só a interesses imediatos.
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    A aflição é tanta que não dá para pensar nada a prazo. Daí a falta de perspectiva.
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    O desastre do costume, se bem que como na crise do “sub-prime”parece que toda a gente, serviços secretos incluídos, foi apanhada de surpresa.

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  18. anti-comuna permalink
    5 Fevereiro, 2011 14:25

    Este documento é especialmente dedicado ao ignorante PR:
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    Click to access 126780588901_eurico_dias.pdf

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    Compre lá o presuntinho e coma-o com broa e deixe-se de palermices. A ignorância é sempre má conselheira. Veja lá as estatísticas e veja lá se aquilo não compra bastantes produtos variados, manufacturados de maior valor acrescentado. 25% das exportações portuguesas para o Magrebe (portanto, só uma parte da região e não arabe) são máquinas e aparelhos eléctricos. E mais se pode exportar para lá. Desde vinhos a alimentos, materiais de construção e até papel. De destacar que as nossas exportações duplicaram em apenas 3 anos, o que é excelente já que importamos muitos combustiveis de lá, em especial gás natural, através do gasoduto da Argélia pela Espanha.
    .
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    Infelizmente o PR é apenas um exemplo da falta de conhecimentos e inteligência que campeia em Portugal, pois não sabem que para sairmos da pobreza em que estamos (e até diminuir o nosso endividamento externo) temos que lhes vender muito. Mas muito mais.
    .
    .
    Felizmente nem todos são como os PRs deste país. Nem todos são atrasadinhos.

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  19. anti-comuna permalink
    5 Fevereiro, 2011 14:32

    “O engenheiro da treta e o seu governo, porque não têm projeto, atuam de forma casuísta e sujeitam-se às consequências.”
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    Tenha lá paciênciia, amigo. Devemos criticar o gajo pelas asneiras que ele fáz. Não pelos esforços bons que ele também os faz. Se Vc. ler acima o link e o ler vai ver que os esforços não são casuisticos e até se inserem na estratégia Europeia de uma maior integração daquela região no próprio EEE. Sabia que Marrocos é o primeiro país que aderiu ao EEE? E que essa estratégia tem como fito desenvolver económicamente a região (desde o Acordo de Barcelona) para depois a desenvolver politicamente, no sentido de transferirmos a nossa legislação para os seus sistemas políticos? Sabia que Marrocos foi o primeiro país a começar a adoptar o acquis comunnitaire?
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    Ó meus amigos, não sejam como a nossa esquerda paralítica. Estudem e informem-se antes de escrever algumas bacoradas. Senão, não passam de meros direitinhas, bota-abaixo, sem uma estratégia política de futuro.
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    Assim não admira nada que 20% da AR é composta por comunas. Pffff!

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  20. Bulimunda permalink
    5 Fevereiro, 2011 14:51

    Nem mais anticomuna..por mim vendo a todos os ditadores assassinos pedófilos copofrágicos etc..desde que paguem quero lá saber..não é da minha conta afinal o dinheiro não tem cor nem pátria…desde que entre no bolso…Money is my soul and my cage

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  21. 5 Fevereiro, 2011 14:54

    AC segui o link e parece que a necessidade absoluta de fazer negócios não incluía a análise do tipo de regime que dominava politicamente essas economias.
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    Parece que é nos relatórios diplomáticos e dos serviços secretos que essas coisas aparecem.
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    De qualquer maneira neste caso o engenheiro da treta tem atenuantes: não fomos os únicos a apostar forte, por causa da proximidade geográfica do petróleo, do gás e da necessidade imperiosa de equilibrar a balança de pagamentos.
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    Mas colecionamos falhanços estratégicos nas nossas prioridades de expansão de mercados (já sabemos que são só táticos): Espanha, Norte de África… Aposto que a Venezuela será o próximo.
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    Mas se estivesse à procura de novos mercados e tivesse acesso ao documento do seu link se calhar também apostava!

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  22. anti-comuna permalink
    5 Fevereiro, 2011 15:29

    Caro AB, num mundo ideal não compravamos nada a este tipo de regimes. Mas isso além de ser impossível (já reparou que a maior parte do pitroil e gás natural vem desse tipo de regimes?) é contraproducente. A liberalização comercial acaba por levar à própria liberalização política. Esse é o resultado de um maior crescimento económico que acaba por criar uma classe média, mais educada e urbana, que acaba por aspirar a viver como nos países ricos. Além disso, a dada altura, a falta de liberalização política acaba por prejudicar o crescimento económico, a partir de um dado patamar. Por isso, negociar com esses países é contribuir para derrubar os sistemas políticos.
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    .
    A questão é esta. Impôr à baioneta regimes políticos não costuma dar resultado. Porque não se faz democracias impostas pelo exterior, até porque não há democracias sem democratas. E para haver democratas é preciso que as necessidades básicas das populações sejam satisfeitas. Só depois se pode pensar que eles serão capazes de aspirar a mais que meros rendimentos.
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    .
    Por outro lado, todos os países têm relações económicas com esse tipo de regimes. Porque vamos ser nós portugueses a sermos os únicos a não o fazer? Se ainda por cima não nos podemos dar a esse luxo e somos os mais pobretanas da Europa Ocidental?
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    .
    Claro que determinadas apostas podem dar mau resultado. E as prioridades devem ser os mercados mais desenvolvidos, pois é lá que se criam os chamados campeões da competitividade. Esse é o erro do Sócrates. Não ter como prioridade os mercados mais desenvolvidos e maduros. E que criam as tendências do futuro. Como a Alemanha, o Japão, os USA, etc. Essa é uma critica que de deve fazer e é mesmo legítima. Mas criticar as apostas diplomáticas do Sócrates só porque os regimes caiem, é errado. Ainda em Novembro passado a UE teve importantes encontros com a UMA e ninguém adivinharia que estes regimes começassem a desabar. Até o Obama considerou o Mubarak um bom amigo e um trunfo para a estabilidade da região, há poucos meses atrás.
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    .
    Para sermos credíveis temos que saber criticar o governo e o Sócrates. Não embandeirar em meros bota-abaixismo, pois a população não é estúpida e pode não o opinar mas pensa-o, que depois se traduz no boletim de voto.
    .
    .
    Não embarquemos em mero bota-abaixismo. Este governo tem tantos defeitos e é tão mau, que não faltam motivos bons para o criticar severamente.

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  23. 5 Fevereiro, 2011 15:43

    AC, aceito a sua argumentação e os dois comentários que fiz a este post não são muito críticos da opção Magreb. De facto não é possível ter comportamentos baseados em princípios num Mundo que os perdeu.
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    E quanto a aceitar a falta de princípios o engenheiro da treta e os seu governo nem fazem grande esforço.
    .
    “Business as usual”!

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  24. anti-comuna permalink
    5 Fevereiro, 2011 16:05

    Um dos grandes problemas dos portugueses é que só vêm o mundo pelos olhos da nossa má imprensa. Vamos sabendo o que se passa em Espanha, nos restantes país europeus e bastante nos USA. Mas o mundo não se esgota no Ocidente. Ou como temos como Ocidente. Temos que tentar ver o mundo como um todo e tentar aproveitar todas as oportunidades que surjam. Todas. Mas é preciso deixar de ver o mundo pelos olhos da nossa má imprensa e de parte da nossa direitinha, que não passam de meros lambe-botas do pensamento anglo-saxónico. (Viu-se na questão do aéreo como eles são mesmo seguidistas e pouco inteligentes.)
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    .
    Temos que tentar pensar fora da caixinha, tentar ver o mundo através de outros olhos (ler jornais de vários países do mundo ajuda bastante a saber como ele vai e até para fazer apostas macro-económicas) e até ser inovador. Vou-lhe dar um exemplo pessoal. Eu costumo pegar no google earth olhar o mundo com os olhos centrados noutros países. Assim tento perceber as distâncias, eventuais afinidades culturais e até linguisticas, trocas comerciais, integração económica, eventuais tendências económicas futuras, etc. Não tenha dúvidas que é uma das minhas vantagens: tentar ver o mundo com o olhar alheio.
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    Se pegarmos no nosso mapa, vemos que a menos de duas horas de voo, temos importantes aglomerados urbanos no Norte de África. E também sabemos que a Europa, dos tempos do Império Romano, incluia aquela região. (A bem dizer, da suévia romana para cima, os romanos não consideravam Europa, nem culta nem desenvolvida.) Ora, aquela região é para Portugal uma das mais críticas. Não apenas em termos comerciais mas sobretudo de Defesa e até eventuais imigrações em massa indesejadas. (Basta ver as dificuldades em integrar a segunda geração de imigrantes islámicos, bastante mais dificil de controlar que a primeira, que até é muito pacata.) E se pudermos transferir parte do centro europeu para sul, integrando aquelas regiões no Espaço Económico Europeu, não apenas ganharemos Segurança, como até Portugal fica mais apto a ganhar poder negocial junto da própria Europa.
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    A estratégia do Sócrates em tentar formar um triângulo Europa/Ibero-America/África não é apenas uma estratégia comercial mas sobretudo política e de segurança externa. Mas política porque se nos tornarmos um importante actor político e económico nesses países, odemos ganhar peso negocial nas próprias instituições europeias. E repare que esta estratégia não tem nada de novo. É apenas a visão marítima do eixo estratégico de defesa e alianças externas. E repare que até em termos privados, o Grupo BES tem mesmo em termos estratégicos uma ambição de se tornar o eixo deste tipo, mas a nível económico e financeiro.
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    Nós portugueses temos vantagem evidentes. Primeiro, tivemos relações históricas com aqueles povos e até temos heranças culturais. (O Fado é apenas uma evolução de canções religiosas islámicas, por exemplo.) Segundo, não temos nenhuns conflitos com eles e eles não nos vêm como uma ameaça cultural. Em terceiro somos um pequeno país, até tolerante, que acolhe bem os estrangeiros e não somos ameaças para eles. Nem somos arrogantes com eles. Em quinto lugar, somos vizinhos e com fácil e rápido acesso àquela zona do mundo.
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    Se pudermos aproveitar estas nossas vantagens evidentes face à concorrência espanhola, francesa e italiana, cada qual com problemas graves ainda por resolver com aqueles países, estamos a dar um grande paso para ganharmos peso na UE. Além disso, podemos aproveitar as triangulações comerciais, para ganharmos competitividade económica. Um exemplo, há bastantes têxteis portuguesas já a produzir naqueles países, que podem ser uma vantagem enorme para combater os produtores asiáticos. É sabido, por exemplo, que o algodão egipcio é de alta qualidade e pode ser aproveitado para combater o asiático e australiano.
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    É preciso pensar nestas coisas para além da politiquice mesquinha, do dia-a-dia. E é preciso ser ambicioso e não nos armarmos em finos, desbaratando excelentes oportunidades. Haja um pouco de pensamento estratégico em relação a estas questões.

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  25. anti-comuna permalink
    5 Fevereiro, 2011 16:38

    Agora dou outra opinião sobre o que se está a passar neste tipo de países, sobretudo aqueles que vivem sob importantes jazidas de energia, como o pitroil e o gás natural.
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    Num mundo onde este tipo de países são dominados por ditaduras, o acesso a estes países é ditado sobretudo por questões militares e segurança interna. Um exemplo, os USA mantêm estes países na sua dependência, apoiando-os, tanto a nível político mas sobretudo vendendo-lhes armas. Tanto armas para a Segurança Interna como armas para a segurança interna. Os USA chegam ao cúmulo de formar a policia secreta saudita, que depois maltrata bastante a sua população. No caso egipcio também tal aconteceu e por isso naqueles países os democratas não gostam dos americanos e dos ingleses. (Também dos franceses mas menos.)
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    Ora, como este tipo de regimes domina importantes recursos energéticos, países pequenos como Portugal não têm capacidade política para sozinhos fazerem diplomacia política e económica. Só num quadro da NATO ou da UE. Mas se houver a oportunidade de liberalizar politicamente aqueles regimes, não apenas as grandes potências podem ter acesso priviligiado áqueles regimes mas até pequenos países como Portugal. (Ver o caso clássico de Angola.) Portanto, quanto mais depressa aqueles regimes cairem, melhor para Portugal. Mesmo com o risco de haver novos “irões”.
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    Por outro lado, este tipo de regimes tentam controlar a produção e exploração de novas jazidas, para vender mais caro ao mundo rico. Por isso formaram a OPEP. Mas este cartel quase só consegue aderentes junto de regimes totalitários. Ver o caso brasileiro, em que o Lula negou pertencer à OPEP. Mas se este tipo de regimes cair e se liberalizarem, também vão desenvolver mais a produção e exploração de novas jazidas. E é importante que o façam mas com privados, pois eles além de serem mais eficazes não se deixam dominar muito por questões políticas. Logo, caindo este tipo de regimes, o mais provável é haver mais pitroil e gás natural no mercado, logo mais barato e mais acessível a países pequenos como Portugal. É preciso enfatizar que 90% da produção mundial de crude é feito por empresas estatais, sobretudo deste tipo de regimes.
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    Ora, estas revoluções que se estão a estender para vários países podem ser uma grande bonança para o mundo. Por um lado, a própria questão dos direitos humanos, da liberdade e da democracia, que chegarão a centenas de milhões de seres humanos. Por outro lado, o cartel da OPEP perderá poder e logo teremos preços da energia mais baratos. Em terceiro, o acesso a estas fontes de energia será mais descentralizada e livre, em que países pequenos como Portugal poderão ter a oportunidade de, em pé de igualdade com grandes potências, desenvolver parcerias comerciais vantajosas. Até para a nossa segurança energética.
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    O que a nossa direitinha atrasadinha vê como um mundo em ebulição demasiado arriscado, sendo seguidistas do pensamento anglo-saxónico, eu estou a ver um mundo de oportunidades para os portugueses. Um mundo que deve ser aproveitado e não seguir apenas os interesses geoestratégicos das grandes potências. Eu vejo estas revoluções como uma oportunidade de ouro para Portugal. (E não estou a pensar apenas em ganhos imediatos com a turbulência naquela região, como no caso evidente do Turismo.)
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    Tentemos pensar pela nossa própria cabeça, com as nossas próprias ideias e não apenas a termos comportamentos de poodle, em relação às grandes potências, como o UK e os USA. Esse tipo de direitinha é apenas anacrónica e lambe-botas. Um desastre para os interesses dos portugueses. Glup!

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  26. burns permalink
    5 Fevereiro, 2011 17:29

    ninguém compreende a mundividência deste lunático que ainda está como primeiro-ministro

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  27. 5 Fevereiro, 2011 18:20

    Se não se faz nada, é porque não se faz nada.
    Se se faz alguma coisa, é de bom tom divulgar.
    Isto pode ser o embrião duma mudança a sério.

    http://www.facebook.com/?ref=home#!/home.php?sk=group_192153134146638&ap=1

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  28. lucklucky permalink
    5 Fevereiro, 2011 19:37

    “O Mubarak era um fantoche americano. Não era?”
    .
    Não não era nem nunca foi. Mubarak é um produto do Egipto. É como dizer que o Soares foi um fantoche Americano. Coincidência de interesses simplesmente.
    Mas como você vive no mundo das conspirações o que é que se há de fazer…

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  29. anti-comuna permalink
    5 Fevereiro, 2011 19:50

    “Não não era nem nunca foi. Mubarak é um produto do Egipto. É como dizer que o Soares foi um fantoche Americano. Coincidência de interesses simplesmente.”
    .
    .
    Olhe lá, que armas automáticas foram agora usadas pela bófia egipcia para disparar sobre os democratas? Quem treina e treinou a policia egipcia? Tanto a civil como a secreta? Quem manda biliões de dólares todos os anos para o Egipto? A Rússia? lolololololol
    .
    .
    E, de facto, o Marocas foi financiado pela CIA. Não sabia? lololololol

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  30. anti-comuna permalink
    5 Fevereiro, 2011 19:57

    Olhe a “sua” Clinton cheia de medo:
    .
    .
    “Pressão dos EUA à negociação entre Governo egípcio e a oposição
    .
    Clinton repete apelo à transição, mas alerta para o “caos” no Médio Oriente”
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    In http://www.publico.pt/Mundo/clinton-alerta-para-o-caos-na-regiao_1478767
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    Sabe qual o seu problema e dos americanos? Durante anos apoiaram este tipo de regimes (diziam com medo dos comunas, no inicio – foi por isso que foi abatido o anterior lider egipcio? , depois com medo dos radicais islámicos – lembra-se de Argélia?) e agora admiram-se porquê que os democratas não podem com os americanos nem ingleses. Pois é.
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    O problema agora é que os americanos perdem um aliado na região. E não sabem como lidar com o regime que vem aí. Têm medo dos radicais islámicos mas não apoiam os moderados nem os democratas. Por puro racismo. Assim… Vamos ver no que dá.

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  31. anti-comuna permalink
    5 Fevereiro, 2011 20:08

    Olhe, mais lenha para a fogueira:
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    O Wise diz que o Mubarak deve-se manter no poder. lolololololol
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    Naquela administração americana estão todos em pânico. Não sabem para onde se virar. Até mandaram o sinistro Wiser ao Cairo apoiar o Mubarak enquanto alguns tentam dar a entender que pretendem a democratização do Egipto.
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    Depois queixem-se que os democratas egipcios vão mandar às malvas os americanos. ehhehhehehheh

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  32. anti-comuna permalink
    5 Fevereiro, 2011 20:11

    Eu só quero chamar à atenção para isto. Os ataques do regime contra os manifestantes (pacificos no inicio) coincidiram com a chegada deste Wise ao Cairo. Já se está a ver. Estão a tentar usar o caos na região para segurar este tipo de regimes, fantoches dos americanos. Os egipcios não são estúpidos e, depois, a quem vão buscar a inspiração para a sua revolução? Onde não deviam.
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    Este Obama é mesmo burro. Nabo. Até parece que quer que os democratas egipcios se colem a outros interesses ideológicos. Safa! Que Presidente americano mais idiota. Pffff!

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  33. anti-comuna permalink
    5 Fevereiro, 2011 21:06

    Esta noticia é dedicada aos seguidistas de Washington:
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    “WikiLeaks cables: US agrees to tell Russia Britain’s nuclear secrets
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    The US secretly agreed to give the Russians sensitive information on Britain’s nuclear deterrent to persuade them to sign a key treaty, The Daily Telegraph can disclose.”
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    In http://www.telegraph.co.uk/news/worldnews/wikileaks/8304654/WikiLeaks-cables-US-agrees-to-tell-Russia-Britains-nuclear-secrets.html
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    Mas os bifes merecem-no. Comportam-se como mero poodle pró-americano, sempre a abanar a cauda aos gajos e a lamber-lhes as botas. lololololololol

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  34. tina permalink
    6 Fevereiro, 2011 09:55

    É só mais uma prova de como Sócrates é saloio, incompetente e não tem quaisquer princípios.

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