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Ecoboys

8 Abril, 2011
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E ainda dizem que o estado não cria emprego. Veja-se este exemplo. O Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade, procura-se alguém para trabalhar como técnico superior num Parque Nacional. Seguindo as boas práticas que se exigem a quem gere a coisa pública, a seleção será feita por concurso. Procura-se alguém que:
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a)    Seja detentor de relação jurídica de emprego por tempo indeterminado – nada de desempregados ou contratados a prazo.
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b)  Tenha uma Licenciatura em Psicologia – que em situação alguma pode ser substituída por outro qualquer grau educacional ou experiência profissional. É mesmo só para psicólogos.
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Que experiência se pede a este psicólogo? Tudo coisas óbvias para uma carreira exclusiva a licenciados em Psicologia: Representação e promoção de imagem da região, designadamente junto dos órgãos de comunicação social.  Experiência em gestão de conteúdos funcionais de divulgação, para inclusão em páginas da Internet. Experiência de organização de exposições no domínio da Conservação da Natureza e da Biodiversidade. Experiência no âmbito da visitação (!) em áreas protegidas. (gosto particularmente desta última)
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Só não se entende uma coisa. Porque razão não publicaram o nome do visitador candidato desejado, com fotografia e número de BI?
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No mesmo dia o ICNB publica também um outro anúncio para um técnico superior da carreira técnica superior, para a sua Unidade de Gestão de Sistemas. Neste caso, pretende-se um Licenciado em Geografia – mas apenas na variante Geografia Humana – nada de ideias, licenciados em outros ramos da Geografia.
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Pede-se apenas uma experiência de 15-anos-15 em 1. Sistemas de Informação Geográfica e 2. na área da Conservação da Natureza. Para afinar mais o perfil dos candidatos, exige-se também 10-anos-10 de trabalho em Sistemas de Informação, designadamente ‘configuração de computadores, instalação de software, gestão de rede informática, normalização de protocolos de segurança e apoio ais utilizadores’.
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Mas como este perfil é capaz de ter ainda mais que um candidato – convém evitar surpresas –  faz-se um derradeiro fine tuning dos candidatos: Experiência profissional na utilização de software de Sistemas de Informação Geográfica da ESRI, Arc View 3.2, Arc Gis – só falta mesmo o número de série. Cumulativamente, o candidato geógrafo humano tem que ter tido formação em Autocad e em Programação de Computadores.
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E se depois disto ainda resistirem 1,01 candidatos no mundo inteiro, resolve-se o excesso com a exigência de fluência em Francês. Pow! Já está, Manel.
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Aproveitem malta. É o fim de festa.
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(via @ccz1)

22 comentários leave one →
  1. lucklucky permalink
    8 Abril, 2011 10:50

    Desenhado para só um candidato que já se sabe qual é…
    Também se fazem muitos “concursos publicos” assim.

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  2. tina permalink
    8 Abril, 2011 10:55

    De certeza que é uma psicóloga especialista em kamasutra.

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  3. Trader permalink
    8 Abril, 2011 10:55

    Conheço dezenas de casos assim, só de amigos ou conhecidos que me relatam algumas experiências, desde estado central, institutos, outros organismos públicos ou municípios de variados partidos. Ahh, e as câmaras comunistas estão muito longe de serem exemplares, até costumam ser das mais mázinhas. Facilmente se concluiu que isto se passa com milhares de concursos, é uma vergonha nacional de que ninguém fala, é um faz de conta, um muro de silêncio que existe em Portugal.
    Um dos casos era tão escandaloso que me revoltou pessoalmente, que eu próprio estive a ajudar uma pessoa a encaminhar queixas para diversas instituições que supostamente deveriam fiscalizar coisas. Mas nunca serviu para rigorosamente nada. Nojo de país.

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  4. tina permalink
    8 Abril, 2011 10:59

    E busto 44-C

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  5. 8 Abril, 2011 11:10

    E busto 44-C LOL

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  6. Portela Menos 1 permalink
    8 Abril, 2011 11:12

    A nossa sorte é que vai ser diferente com o “arco da governaçåo do FMI”

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  7. 8 Abril, 2011 11:17

    Não exageres, jcd. O que está mal aqui é o concurso (independentemente do cargo estar bem ou mal, não estou a discutir se é preciso termos essa gente na nossa lista de pagamentos), não a forma como as pessoas dão a volta à lei.

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  8. 8 Abril, 2011 11:24

    A intenção é substituir uma peça
    com características específicas.
    E se o carro for Mercedes,
    a peça tem de ser Mercedes.

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  9. 8 Abril, 2011 11:32

    Exemplos como esse há dezenas de milhar.
    A nível de dirigentes, verdadeiros criados do Largo dos Ratos-Máfia com experiência na Maçonaria-incompetentes, arrogantes…estão espalhados por toda a parte.
    Institutos..Autoridades. Unidades de Missão(????) inventados por…Guterres, claro….E.P.s—-etc…, bons salários, carros de luxo, motoristas, viagens pagas, etc………….são resmas de analfabetos.
    PPC: É PRECISO ACABAR COM ESTA ESCÓRIA

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  10. Portela Menos 1 permalink
    8 Abril, 2011 12:21

    A respeito de Ambiente era bom que os negacionistas do clima, a começar por jcd, lessem a pagina 4 do jornal “i” de hoje.

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  11. JP Ribeiro permalink
    8 Abril, 2011 13:03

    O pior não é fazer estas vergonhas. É achar que se tem o direito de o fazer.

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  12. J. Alves permalink
    8 Abril, 2011 13:05

    Uma agravante: para além de formatados para um candidato já identificado, esses requisitos que tornam o candidato único e irrepetível provavelmente foram todos adquiridos ao serviço da instituição e pagos pelos contribuintes …

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  13. 8 Abril, 2011 13:30

    Concordo com o modelo.
    Vejamos, o mais certo é o candidato já estar lá a trabalhar a recibos verdes ou de outra cor qualquer (talvez rosa).
    Ora se ele já sabe tudo da Casa para quê ensinar a um novato qual a hora do café quem anda com quem e outras trapalhadas que demoram anos a aprender.
    Podia aparecer um candidato melhor do que o que lá está?
    Podia, o problema é que sendo assim também podia aparecer para quem faz o concurso.

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  14. Kat permalink
    8 Abril, 2011 13:35

    A única forma que temos para acabar com este tipo de coisas é VOTAR. Nas últimas eleições havia 14 forças politicas a votos. enquanto escolherem os mesmos não iremos a lado nenhum. Não será o FMI que vem resolver este tipo de situações. Terão que ser os portugueses. Devemos denunciar enviando para todos os jornais e sindicatos, se todos denunciassem algum dia haveria de acontecer qualquer coisa. O que acontece é que se calam.
    Bom fim de semana

    http://temdias.com/?p=6332

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  15. 8 Abril, 2011 14:23

    Concurso público para aquisição de viaturas automóvel para a Administração de uma empresa pública.
    1. Devem ter 4 rodas.
    2.Motor.
    3.Volante….
    46. Um dístico ” A8″ na bagageira.
    65. 4 argolinhas na grelha.

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  16. lucklucky permalink
    8 Abril, 2011 14:40

    hehehe JS ainda bem que não se lembraram do cavalinho…

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  17. Carina Santos permalink
    8 Abril, 2011 18:30

    Atenção! Este concurso, como quase todos os que aparecem no DR, são para gente que JÁ ESTÁ nos quadros da Função Pública! Quando dizem : “a) Seja detentor de relação jurídica de emprego por tempo indeterminado” é o que significa! Não pensem que é para alguém que está a recibo verde ou que esteja contratado a prazo ou até desempregados!
    É a única hipótese que existe de transferir trabalhadores de um organismo para o outro, já que deixaram de ser possíveis as “requisições” desde 2007… Para isso é obrigatória a autorização do chefe, e nenhum chefe deixa o “seu” funcionário sair quando sabe que não pode colocar outro no seu lugar… a não ser que também abra um concurso destes, que até estar terminado pode demorar um ano ou mais. Tempo este em que o trabalho do funcionário que saiu tem de ser acumulado aos que ficam.
    Esqueçam, ninguém ENTRA na Função Pública, por mais que digam o contrário… Até o saiem 2 entra 1 é treta!
    Percebem porque é que os concursos são tão “específicos”?
    Bom fim de semana

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  18. 8 Abril, 2011 19:19

    Caro jcn “Experiência profissional na utilização de software de Sistemas de Informação Geográfica da ESRI, Arc View 3.2, Arc Gis” é uma tolice.

    Parece que hoje em dia já há o Arc View 9 e 10. A versão 3.2 já não funciona com o XP, já não tem suporte.

    LOL

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  19. pierre bernard permalink
    9 Abril, 2011 09:46

    O comentário de Carina Santos não está correcto. De facto estes “concursos” são para pessoas sem vínculo à função pública. Se assim não fosse seria uma mobilidade interna (transferência de funcionários dentro do mesmo organismo – ainda em vigor e com inúmeros exemplos recentes) ou requisição (transferência de funcionários de outro organismo – tb ainda em vigor e tb com exemplos recentes). Estranho é o facto do PN de Montesinho ter perdido um biólogo recentemente e abrir vaga para um psicólogo (cargo fundamental para o funcionamento de um Parque Natural). O Arcview 3.2 também é interessante (já ninguém o usa)

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