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E a banda lá vai tocando! *

28 Maio, 2011
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Referimo-nos à campanha eleitoral, agora já oficial e numa
fase pós-debates televisivos. A banda, de facto, lá vai tocando, ainda que a
música nem sempre seja a mais adequada às circunstâncias. O concerto, na
realidade, tem como público um país na expectativa de dias muito difíceis,
resultantes da execução do acordo com o FEEF/FMI. Reforçando esse horizonte sombrio,
temos, ainda, as previsões de entidades internacionais, alheias à actuação da
banda que, cá dentro, serpenteará até 5 de Junho. A OCDE, por exemplo, reafirmou
o cenário de recessão económica, previsto para Portugal, durante o próximo ano
(em 2012, nós seremos o único país desenvolvido a passar por essa situação). O
certo é que a música tocada por alguns, para além de ser, muitas e notórias
vezes, desadequada (por exemplo, exigências inoportunas de renegociação da
dívida), é, igualmente, repetitiva.

Senão vejamos: da parte do PS – para além
da insistência, maçadora e sem sentido, na tecla de que todos os males
resultaram do “chumbo” do PEC IV – qualquer acorde do PSD e, em particular, do seu
líder, suscita logo um chinfrim histriónico. A partitura do PS parece seguir
sempre o mesmo refrão minimal repetitivo: o que quer que Passos Coelho diga, desencadeia
logo uma reacção (tipo reflexo condicionado) de indignação. Foi o que
aconteceu, incongruentemente, com a proposta de redução da Taxa Social Única
(redução essa com a qual o próprio Governo se comprometeu, perante a “troika”)
e agora, com a (óbvia) sugestão de que deveria fazer-se um balanço da aplicação
do regime (em vigência há quatro anos) da interrupção voluntária da gravidez. Da
parte do PSD, alguns músicos têm manifestado, também, uma tendência para a
desafinação, como sucedeu, recentemente, com Catroga. Além disso, alguns dos
seus intérpretes de relevo, parecem querer ser (talvez a destempo) solistas e com
uma partitura própria: veja-se o caso de Rio e os seus encontros
“institucionais” paralelos, logo agora e em plena campanha, com Portas.

Esta campanha é, inevitavelmente, dominada pela economia e
pelas finanças do Estado. Estas terão que ser, por uma questão de
sobrevivência, disciplinadas. No entanto, este combate, para ser profícuo e
sustentável, dependerá não só de medidas avulsas imediatas, mais ou menos
radicais e eficazes, mas também da reanimação da nossa economia, marcada por
graves problemas de falta de produtividade e de competitividade. Isto resulta,
antes de tudo, da escassez de capital disponível, assim como da sua baixa intensidade
(relação entre o capital e a mão-de-obra). Ora, infelizmente e até agora, ainda
não consegui ouvir, na música que a banda vai tocando, como é que se vai,
rapidamente, atrair e aumentar a intensidade desse capital que tanto nos falta…

* Semanário Grande Porto, Ed. 27.05.2011 (Opinião)

5 comentários leave one →
  1. Gonçalo's avatar
    28 Maio, 2011 10:53

    Cada vez mais referendárias, as eleições de 5 de Junho.
    Mais do mesmo ou a mudança… PSD
    Segurança ou dúvida… PS
    http://notaslivres.blogspot.com/2011/05/5-de-junho-eleicoes-referendarias.html

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  2. Piscoiso's avatar
    28 Maio, 2011 12:27

    Diz o articulista
    que a campanha é dominada pela economia e as finanças.
    Então as eleições serão ganhas…
    pela economia e pelas finanças,
    seja lá o que isso for para a maioria do povo
    cuja economia é doméstica
    e as finanças apertadas.

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  3. Leme's avatar
    Leme permalink
    28 Maio, 2011 16:59

    O que é que o PMF quer? Comentários de merda? Feitos por gentinha de merda?

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  4. a.marques's avatar
  5. Arlindo da Costa's avatar
    Arlindo da Costa permalink
    28 Maio, 2011 22:56

    A economia é dominada por economia e finanças?
    Aonde?
    O que eu vejo é um somatório de casos, incidentes e até ouviu o Passinhos a render-se à ronha dos professores e do sindicato dos professores!…

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