Gravatas e aventais*
Portugal é um país que adora entreter-se com aparentes futilidades – no caso as gravatas -, enquanto ilude o que é verdadeiramente importante – ou seja, os aventais. Pelo que li, nas últimas semanas o país tem vivido uma guerra entre aventais, ou mais precisamente entre as diversas lojas maçónicas em que colocam o avental de irmãos diversos membros dos serviços secretos e de informações. Mas o que na verdade nos inebria é a decisão da ministra Assunção Cristas de abolir as gravatas no seu ministério, coisa que começou por ser apresentada como uma medida visando a poupança de energia e já vai a caminho de ser celebrada como um acto que, segundo a deputada Elza Pais, se “poderá traduzir na emergência de novas masculinidades, essas sim, fundamentais para mudar de paradigma”.
Das energias tratarei noutro lugar, pois no que a estas respeita existem muitas alternativas . O mesmo não se pode dizer dos símbolos fálicos (ao que consta as gravatas serão um símbolo fálico), coisa que até este bendito tempo nunca foi problema, antes pelo contrário, mas agora é. Vivemos rodeados de símbolos e francamente os símbolos fálicos parecem-me tão estimáveis quanto os outros. Presumo que os saltos altos nas mulheres devem ser um símbolo doutra coisa nefanda qualquer. Isto para já não falar dos soutiens, dos vestidos e das saias, que nestas coisas do simbólico o feminino é sempre mais reiterativo. Por este andar acabaremos, homens e mulheres, vestidos com aqueles fatos de poliuterano que fizeram a fortuna dos nadadores, de touquinha a cobrir os cabelos e quiçá com as mulheres cobertinhas de pêlos, pois ainda se há-de dar o bendito caso de a depilação passar a ser vista como um sinal da submissão feminina à sociedade falocrática.
Como é que dos homens sem gravata vão emergir novas masculinidades e por alma de quem é que tal coisa deverá acontecer e ainda por cima nos é apresentada como positiva é que me parece uma reactualização perigosa dos mistérios da fé. Mas não duvido que ainda vamos no princípio desta luta contra a falocracia das gravatas. E sou mesmo levada a acreditar que, caso os membros da maçonaria em vez de aventais (coisa tida como feminina) usassem uns adereços mais fálicos, talvez merecesse mais atenção o que acontece nessa sociedade de que alguns compagnons dessa route gostam de dizer que de secreta passou a discreta.
Antes de passarmos à maçonaria propriamente dita convém que faça uma declaração de desinteresse: não tenho qualquer interesse ou simpatia por sociedades secretas ou discretas e numa democracia nem percebo a sua razão de ser. Irrita-me solenamente a presunção dumas pessoas que a si mesmas se definem como homens bons e sobretudo todos aqueles rituais de igreja a fazer de conta que não é igreja, mais os aventais e os martelos que me parecem muito, mas mesmo muito ridículos. Tal como as gravatas parecerão a outros. Mas enquanto as gravatas lá andam despojadamente no domínio do simbólico, os aventais da maçonaria movem-se cada vez mais no domínio do material. Não há na política deste país negócio obscuro, tráfico de influências, cumplicidades entre público e privado que não nos levem à irmandade dos aventais. Para cúmulo somos também informados de que os membros dos serviços de informações têm outras lealdades para lá daquelas que devem ao país e que inevitavelmente conduzem a esse enredo de lojas, grémios e orientes.
Se alguns milhares de homens deste país se sentem felizes por andar de avental, chamando-se irmãos e dizendo-se homens bons, essa é sinceramente uma coisa que não nos diz respeito e a mim me causa particular fastio. Mas a democracia que somos tem o dever de investigar o tráfico de influências em que justa ou injustamente a maçonaria surge no cerne e muito particularmente os partidos, sobretudo o PS e o PSD, têm de ser capazes de olhar para dentro e analisar as consequências para si e para o país das cumplicidades maçónicas de muitos dos seus dirigentes.
Deixemos as gravatas em paz e já agora os símbolos fálicos e a masculinidade também, que bem precisam. E preocupemo-nos com os aventais que, ó deliciosa vingança feminina!, se tornaram no símbolo daquilo que em Portugal o poder não pode e muito menos deve ser.
P.S. É curioso como os jornalistas que investigam todos aqueles que por razões políticas contactaram ou foram contactados pelo terrorista de Oslo esquecem nessa averiguação os seus irmãos maçons.
*PÚBLICO

E a querida Agricultura do “amado” Portas? É só gravatas?
Criem aviários de galos. Cristas já têm!
J. Gil
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Primeiro uma desculpa pelo pedido. Para me darem uma ajuda num concurso literário em que estou a participar…É só aceder a http://www.luisgarcia.com.pt/ ver as instruções e “Likar” se quiserem ; Obg
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Elza Pais… grupo PS de Viseu! Não levem a sério e SOBRETUDO não confiem! Mas é o que temos e, por vezes, nos impingem: é as gravatas, é o Bairrão, é as viagens, é o COLOSSAl… Tudo importa, menos o que é importante. O ministro da Educação respondeu bem no aeroporto à chegada do miúdo da medalha de Matemática! Por mim, estou satisfeita com um governo pouco mediático e que se “entretém” a trabalhar! Eis o que quero acima de tudo. Por outro lado, o futebol e os seus milhões são a nova praga das notícias! Impostos… será que pagam? E ouvi um adepto benfiquista dizer que o Benfica jogou sem nenhum jogador português… Será possível?!
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As associações secretas existem desde os primórdios: Famílias-Clãs-Tribos…
O tráfico de influências é tão vulgar como a entrada de algumas jornalistas no Público.
helenafmatos não gosta da Maçonaria.
Ponha na borda do prato.
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Não ponho a mínima objecção ao que escreve,antes pelo contrário,só no que toca às gravatas,pelo que representa para mim a disciplina,objecto duas questões:
1ª. Se eu fosse 1º ministro não consentia duas formas de vestir na função pública;
2ª.A ter que tomar uma medida com o alcance pretendido,começava pelo casaco,esse sim é que aquece.
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Boa, esta foi uma grande boca no jornal.
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Primeiro tiram-nos a gravata.
Depois levam-nos o colarinho.
Por fim cortam-nos o pescoço.
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Nas tintas para as gravatas que só uso em casamentos, avental uso e abuso na cozinha, e digo-lhe, de vez em quando sai um petisco de ir ao céu.
Quanto aos maçons, opus deis, católicos, evangélicos, muçulmanos, é tudo farinha do mesmo saco. O pessoal precisa de se entreter com qualquer coisa, o problema é que enquanto os fans do Toni Carreira são inofensivos, os acima citados deitam a ética para a lixeira e fazem da profissão de fé um meio para atingir determinados fins.
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Pela quantidade diminuta de respostas a um post tão provocador – parabéns e obrigado por ter tido a coragem de o escrever num jornal de grande tiragem – há mais aventelados por aqui do que se supunha.
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Aqui está a Dona Cristas quando ainda usava gravata:

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de novo, um texto excelente.
Desde que H.Neto teve a imensa coragem de fotografar a corrupção socratiniana como “MÁFIA COM EXPERIÊNCIA NA MAÇONARIA” era dever dos portugueses estarem atentos a esta guerras…de supostos galos….apesar do secretismo dos aventais.
E todos nós devemos seguir o exemplo de HM e denunciar o assalto ao poder e aos €€€ dos portugueses por esta cambada de traficantes de influências, de negócios e de ruía para o País.
Parabéns HM.
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Ó Berto
pelo q dizes suponho seres um ateuzito coitado.
Não te esqueças daquilo que os teus camaradas ateus já fizeram por esse mundo fora:
assassinaram 2 milhões de cambodjanos.
assassinaram cerca de 60 milhões na china
assassinaram cerca de 20 milhões na URSS.
assassinaram mais de 50 mil em Cuba.
enterraram vivos muitos milhares em espanha.
etc,..etc,..etc..
e com as negociatas escuras maçónicas enchem os bolsos e as contas bancárias, á custa do povo, e ainda têm diminuídos mentais como tu a defendê-los
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Na ex-URSS eu nunca vi mulheres vestidas de homens, mesmo aquelas que serviam as forças de segurança.
Lá era cada macaco (ou macaca) no seu galho…
Por outro lado, cheguei a ver nos EUA, na Grã-Bretanha, em França e nesta Lisboa berbere, muitas mulheres (principalmente em tarefas executivas, universidades, agências governamentais) com indumentária proto-masculina, com gravatas bem compridas e fatinhos às riscas com corte masculino.
Já para não falar nos cabelos curtinhos e nos acessórios masculinos que usam pendutados ou na mão.
Este «Ocidente» está transformando-se a pouco e pouco numa Sodoma e Gomorra.
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o romão é que tem razão.
Ele e a Helena Matos.
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Bom post!!
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Sátiro, no seu entender um ateu é um criminoso. Portanto só me resta entregar-me à polícia e responsabilizar-me por tudo o que você directa ou indirectamente me acusou. Quanto a coitado saiba que me sinto bem na minha pele, e que lamento a a sua falta de discernimento. A sério.
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Não terá a Sª Ministra da agricultura, quando suprimiu o uso de gravata nos gabinetes do seu ministério, pretendido insinuar que, sendo o seu ministério essencialmente de trabalho, é ridículo o uso de gravata tanto pelos técnicos como por pescadores e lavradores em serviço.
Se foi por poupar na energia do ar condicionado, tal medida podia também ser extensiva à A. R. onde ainda hoje, 5 de Agosto, no plenário, os Senhores Deputados para além do aprumo e compostura que a função exige, parecia estarem com frio.
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Pelo mal-estar (e mau estar) em tanto sítio, perceberá que certeira foi! Parabéns!
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Cara Helena,
Fiz link.
Obrigado.
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Obrigado por este texto.
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Estes tipos dos aventais são de vomitar!…
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