por que não funciona o estado (social)
Qualquer pequeno ou médio empresário sabe de ciência certa como é difícil evitar, na sua empresa, o crescimento involuntário de custos, das despesas desnecessárias, das gorduras inúteis. Controlar e reduzir custos é, no mundo das empresas, a mais importante tarefa de um gestor, sem a qual todas as outras poderão vir a ser inúteis. Ainda assim, a dinâmica das coisas faz com que eles cresçam para além do que é conveniente e desejado. Se isto é assim nas empresas privadas, que obedecem a uma lógica racional de lucro e onde o patrão está presente para defender os seus interesses e os da empresa, imagine-se como será numa entidade cujos recursos são obtidos coercivamente, e são geridos por quem tem uma perspectiva de permanência em funções de curto ou, no máximo, de médio prazo, que obedece a uma racionalidade hierárquica política, quer ganhar eleições, e, sobretudo, que será completamente irresponsável – civil e criminalmente – se as coisas derem para o torto. Não funciona, como é evidente.

Pois, mas v. é capaz de mais. Ora explique lá de onde apareceram estas despesas que dantes não existiam.
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É que historicamente existem causas para a mudança e não são estruturais. O Estado podia perfeitamente manter benefícios sociais e os descontos que os trabalhadores fazem sempre serviram para tal.
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Como aparece esta alteração? o que é que mudou? E a quem interessou essa mudança?
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Mas nunca percebo se o Rui está a falar do Estado ou do Estado Social. Acho que o próprio também não sabe porque há muito que os equivale. Agora foi em parêntesis.
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E as alternativas, caro Rui? Achinecização abrupta e elisão de séculos de conquistas civilizacionais que fizeram da Europa o farol do ocidente (sim, o bem-estar das populações é uma fatia importante da história e do sucesso europeu). Americanização, com tudo o que isso implica, enorme assimetria entre ricos e pobres e uma larga franja de população a viver na indigência? Simples darwinismo social?
As cruzadas contra um paradigma têm mais probabilidades de sucesso quando apresentam outro para substituir o rei deposto.
Quanto à confusão que o Rui faz entre Estado Social e Estado, sei que é voluntária. Assim é mais fácil engordar e denegrir o alvo.
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“nunca percebo se o Rui está a falar do Estado ou do Estado Social”
O Estado Social é o modelo contemporâneo dos estados ocidentais, desde, pelo menos e para não ser muito pessimista, a década de 50 do século passado (deixemos a Constituição de Weimar e o Disraeli para trás…). Esse modelo mais não é do que uma nova roupagem para o crescimento “natural” do estado, que tende sempre a crescer como qualquer outra potência ou poder, à semelhança do que sucedeu nos momentos históricos do seu crescimento desmesurado, como, por exemplo, o Estado Absolutista: o fenómeno é o mesmo, só que os fundamentos e, teoricamente, a legitimação são distintos. Nos séculos XVIII e XIX, ao fim de quase 200 anos de absolutismo, a forma encontrada para conter esse poder foi o constitucionalismo e a liberdade económica. Funcionaram durante quase 100 anos, nalguns países, noutros funcionam ainda razoavelmente. Hoje é necessário voltar a encontrar mecanismos de contenção do excessivo poder deste estado, “Social”, se quiser, embora reconheça que a perversão operada através do sufrágio universal dificulte um pouco as coisas. É necessária uma nova abordagem liberal, que, concordando com o que você por aqui escreveu há uns dias, é filha bastarda do estatismo, ou, por outras palavras, só existe porque existe o estado.
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«É necessária uma nova abordagem liberal, que, concordando com o que você por aqui escreveu há uns dias, é filha bastarda do estatismo, ou, por outras palavras, só existe porque existe o estado.»
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Eu?
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O que eu digo é que a agenda liberal precisa do Estado e do voto. Mas o problema actual tem a ver com a globalização e essa é liberal. Os exageros dos lobbies podem ajudar mas não são suficientes para explicar o descontrole.
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Mas, pelo menos, já concordamos que do Hobbes à Revolução Francesa e a muita agenda neotonta vai um passo.
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eheheh
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Mas, a verdade é que pela sua lógica, o aparelho de Estado só diminui se deixar de existir assistencialismo social. E isso é falso. Qualquer guerra provoca mais gastos que a escola ou a saúde.
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O Estado Social conseguiu um progresso para a humanidade como nunca antes aconteceu.
Vamos destrui-lo só porque sim ?
Um dos grandes apoiantes de facto do Monstro Estatal são os Anarquistas Austriacos porque fazem desviar o debate que deveria ser como melhorar o Estado Social , para o debate sobre a necessidade de destruir o Estado Social.
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De todo o modo, fica-se sem se perceber de onde vem então o atraso e a má-fama do terceiro-mundo. Na volta até parecem modelos mais avançados que os nossos.
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Os anarquistas austríacos não tinham agenda se não existisse Estado para o voto. Esses é que são a caricatura do lobbie apátrida e pencudo a destruir nacionalidades à conta do Estado.
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Enquanto o modelo do neoliberalismo for o cigano ou o tea partier, as urnas não o vão acolher muito bem.
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e falam os Blasfémios, indignadissimos, dos Abrantes!
este post é para quê? para relembrar que “vosostros”- iminências pardas do liberalismo – sois contra tudo o que é público, seja empresa, serviço, fundação, banco, clube de futebol, rancho de almeirim e blogues? F***-se para os BlasfAbrantinos!
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Como é que existia direito de secessão sem democracia burguesa e bruto poder do aparelho de Estado?
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Os austríacos sonham com a burocracia europeia para inventarem separatismos disparatados.
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“… nas empresas privadas, que obedecem a uma lógica racional de lucro e onde o patrão está presente para defender os seus interesses e os da empresa…”
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O patrão pode estar presente nalgumas empresas e defender os seus interesses. Mas quando os accionistas entregam a gestão das empresas a gestores profissionais, estes passam a defender os seus próprios interesses e não os do patrão.
O capitalismo está a afundar-se, como previu Schumpeter, salvo erro.
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Portela Menos 1; Um analgésico que isso passa. Foi ontem do Benfica, coitadinho que ainda está a recuperar.
R.
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Apenas umas ideias:
Estado
http://existenciasustentada.blogspot.com/2010/09/8-estado.html
e Estado Social
http://existenciasustentada.blogspot.com/2010/11/11-estado-social.html
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Só há uma solução. A constituição deve proteger-nos desse estado.
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ah, e sobretudo da banca que ajuda o estado a crescer.
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Um exemplo de como esse capitalismo com patrão no topo a zelar pela empresa já era:
http://www.ft.com/intl/cms/s/0/258a38d2-df6a-11e0-845a-00144feabdc0.html#axzz1Xv9d0Btp
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Kweku Adoboli, a 31-year old trader in UBS’s London-based exchange traded funds business, was arrested on Thursday morning in connection with a $2bn loss due to unauthorised trading at the Swiss group’s investment bank.
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UBS declined to comment, other than saying the loss had been caused by “a trader” and the matter was under investigation.
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The bank’s board is to meet later on Thursday to discuss the situation.
In a public statement, UBS warned that the discovery – potentially the third largest trading scandal at a bank after the €4.9bn ($6.8bn) hit caused to Société Générale by Jérôme Kerviel in 2008 and a $2.6bn loss at Sumitomo Corporation in 1996 – could prompt it to report an overall loss for the group when third-quarter figures are revealed in October.
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“No client positions were affected,” it said.
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Officials at UBS discovered the trades at about mid-afternoon on Wednesday, according to people close to the matter. Mr Adoboli’s boss, John Hughes, has already resigned.
Both Mr Hughes and Mr Adoboli were directors in UBS’ Global Synthetic Equities Trading team and engaged in a form of complex derivative trading activity – known as ‘Delta One’ – identical to that carried out by Mr Kerviel.
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City of London police arrested Mr Adoboli at 3.30 on Thursday morning and took him to Bishopsgate police station under suspicion of fraud by abuse of position.
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“Around 1am the City of London police was contacted by UBS about an allegation of fraud by one of their employees,” commander Ian Dyson said late on Thursday afternoon. The individual arrested would remain in custody while detectives investigated the matter, Mr Dyson said.
Mr Adoboli’s last update to his Facebook page, dated September 6, simply reads “need a miracle”. Since news of his arrest broke, friends of Mr Adoboli have flooded his profile with messages of support.
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News of the loss is likely to have wide-ranging repercussions for UBS, and will spur critics of investment banks’ lucrative, but sometimes risky trading activities.
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Both Finma, the Swiss banking regulator, and the UK’s FSA have already been in contact with UBS. A spokesperson for Finma said: “From the scale of this case, you can be sure that it’s the biggest we’ve ever seen for a Swiss bank.”
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The UK’s Serious Fraud Office is also considering whether to open an investigation. The SFO is understood to be particularly interested in what role ETFs may have played in a potential fraud.
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Internally, UBS’ management have been at pains to play down the damage the losses have caused.
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In a letter to staff, Oswald Grübel, chief executive, said this latest setback to UBS – which lost more than €50bn in the US subprime crisis – would not affect the bank’s “fundamental strength”.
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“We understand that you have already had to contend with unfavourable, volatile markets for some time now,” Mr Grübel wrote. “While the news is distressing, it will not change the fundamental strength of our firm.”
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Analysts had forecast net profits of about SFr1.3bn ($1.5bn) for the quarter, but are now revising their outlook. UBS shares, down nearly 85 per cent in the last five years, fell 10.8 per cent to close at SFr9.75 in Zurich.
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Analysts at Goldman Sachs said the trading losses were a reason to “sharply scale back” investment banking at UBS.
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“The key area of damage in our view is reputational and extends beyond the investment bank, into UBS’s private banking business,” the Wall Street bank said in a note to clients.
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http://video.ft.com/v/1160456626001
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The bank’s last annual report said that “increased risk taking” had been authorised since 2010 “for incremental trading activity.”
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However, some Swiss politicians, still angered by the state bail-out of UBS in late 2008, are likely to take the trading scandal as “proof” that the bank should focus exclusively on its less risky private banking and fund management activities.
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Uncomfortably for UBS, news of the losses come on a day when the lower house of the Swiss parliament is set to debate amendments to banking laws to reduce the risks from groups viewed as “too big to fail”.
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The news will also prompt doubts about Mr Grübel, the veteran Credit Suisse chief executive who came out of retirement in February 2009 to head UBS.
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Mr Grübel joined UBS with a simple message for the bank’s traders: “Don’t lose any money” – a dictum that was modified last year amid rebounding markets to “still don’t lose any money, but do more.”
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As a “hands on” manager and a former trader himself with an acknowledged “nose” for the markets, Mr Grübel will find Thursday’s revelation particularly unwelcome, say peers.
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Ora se apenas um tipo de 31 anos consegue fazer perder 1,5 mil milhões de euros a um banco, sem sequer haver rasto dele porque se perdeu no mercado, como é que o Rui imagina que se controlem despesas sociais?
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Não controlam. Quanto mais se consegue ganhar mais se consegue perder e, neste caso, apenas um tipo pode levar ao desemprego 3 500 pessoas.
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O funcionamento do Estado, qualquer que ele seja depende da Educação do Povo e da qualidade do Executivo.
Toda a “gente” sabe em Portugal do que a Casa gasta: não há Educação e não ha preparação.
E estamos conversados… :)))
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É a “destruição criativa”.
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ehehehhe
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“que serão completamente irresponsáveis – civil e criminalmente – se as coisas derem para o torto”. Pois é, mas se são justamente as criaturas que NÓS elegemos que fazem no Parlamento (e, depois, no governo) as leis que, alcançado o poleiro de São Bento, as há-de ilibar, para todo o empre, das mais trágicas irresponsabilidades, das maiores besteiras, sejam elas de que natureza forem, que cometerem contra o Estado – que é que se há-de fazer?
Veja-se o caso do inerfável Sócrates e de todas aquelas criaturas que fizeram parte dos seus dois governos.
Pois não foram eles que, com as suas irresponsabilidades, oceanos de incompetência e, sobretudo, por gestão danosa da coisa pública lançaram o país no estado de ruína em que se encontra, falido, no ‘lixo’ da bancarrota?
Quem vai assacar responsaabilidades criminais e civis a essa gente? Que se pavoneia por aí, e por Paris, de riso largo nas fuças e de fatiotas Armani!
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O modelo estatal não funciona porque o homem está orientado para a sua própria sobrevivência e nas tintas para a dos outros. Basta ver a percentagem de pessoas fazem trabalho voluntário para a comunidade para perceber isso. A grande maioria mete-se em casa e só quer saber das suas próprias vidinhas. O homem é basicamente egoísta por isso não se pode esperar que lute pelos outros a não ser que a sua própria sobrevivência esteja em jogo.
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Interessante o nosso conceito de Estado Social: é um sistema segundo o qual o partido no poder saca o que pode a quem trabalha para assegurar a vitória nas próximas eleições.
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Desculpe rui a., não é mesmo para ofender. Mas este seu texto parece tirado de um daqueles livrinhos americanos que dizem coisas muito certinhas, escritas por pessoas que nunca sairam do seu gabinete. Não conhecem a realidade, não conhecem empresas e muito menos o ser humano.
Nunca foi feito o balanço da desbunda que grassou por este país há duas dezenas de anos. O dinheiro que caía e era gasto a rodos em coisas perfeitamente inúteis. Os benefícios que foram deitados ao “luxo”, não ao lixo.
Enfim, como a retórica nos vai consolando!
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“Nunca foi feito o balanço da desbunda que grassou por este país há duas dezenas de anos. O dinheiro que caía e era gasto a rodos em coisas perfeitamente inúteis.”
Está a falar em subsídios públicos e fundos comunitários em empresas da treta, muitas delas criadas só para os receber, certo? Em “incentivos” estatais e comunitários ao desenvolvimento económico e social, não é verdade? O que tem isso a ver com uma empresa criada, com donos, e desenvolvida para actuar no mercado e sujeitar-se as regras da oferta e da procura?
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Rogério, Posted 15 Setembro, 2011 at 18:27
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continuas sem cuidar do teu QI.
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«O que tem isso a ver com uma empresa criada, com donos, e desenvolvida para actuar no mercado »
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O problema é que pode ter tantos donos visíveis quanto invisíveis e nem se saber quem é o patrão. No caso da política é o mesmo- geralmente quem manda não tem cara e quem a tem perde-a facilmente para também “ser dono”.
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«Quem vai assacar responsaabilidades criminais e civis a essa gente? Que se pavoneia por aí, e por Paris, de riso largo nas fuças e de fatiotas Armani!»
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Deviam ir. Os políticos e a justiça. Só não vão porque não querem. Para isto é que não há desculpa do “sistema”.
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E é por isso que a escardalhada é a última a ter autoridade moral para criticar os “capitalistas e suas crises” quando apaparicam os seus gatunos no poder.
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De qualquer forma o Schumpeter estava errado. Essa é que é essa. Não previu esta desagregação moderna. Imaginou todos os males na outra face da moeda racionalista e sistemática. E o tempo provou que o caos também manda.
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Por isso é que o liberalismo também é uma doutrina datada.
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São os “espíritos animais” na brincadeira. Parecem gremlins.
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Para o Rui que imagina que ainda vive num capitalismo organizado com patrão a controlar tudo e o mercado a funcionar normalmente:
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http://www.thisislondon.co.uk/standard-business/article-23987376-ubs-rogue-trader-how-could-it-happen-again.do
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Sim, rui a.
Estava a falar disso, mas apenas como um grande exemplo. Poderia dar outros recentes, já que a sua resposta elimina da classe empresarial esses tais beneficiários, apesar de muitos deles continuarem por aí. E isso não se pode fazer, tal como não se pode generalizar. Mas quando se fala com empresários fornecedores de outras empresas deles devedores fica a saber-se como e porquê surgiram as dívidas. Não é propriamente um mundo cor-de-rosa (salvo seja) como se retira do texto.
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Mais simples e fácil de perceber impossível.
Quem não concordar com isto não percebe patavina de gestão e ainda acredita na geração espontânea.
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“Controlar e reduzir custos é, no mundo das empresas, a mais importante tarefa de um gestor”
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Quem escreve tiradas destas não sabe o que é gestão de empresas.
Quanto mais de países.
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Ainda não perdi a esperança de ler um post do mesmo autor com o título:
por que funciona tão bem o estado (liberal)
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“Quem não concordar com isto não percebe patavina de gestão e ainda acredita na geração espontânea.”
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Absolutamente. Eu trabalhei para a maior fábrica de cerveja do mundo, uma empresa com um sucesso estrondoso, e admirava-me sempre com a preocupação que eles demonstravam em minimizar custos. Se eles já eram tão ricos, porque é se preocupavam tanto? E então lá estavam os engenheiros a tentar recuperar a cerveja toda da levedura, a minizar a poluição do efluente, a reciclar água, etc. Se fosse uma empresa estatal, nunca se teriam incomodado em ir a esse extremo porque achariam que com tantos lucros, não era preciso.
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Tina, nem mais, o seu exemplo é perfeito.
Ao contrário do Fredo que ainda não descobriu que são os custos que mais influenciam os lucros e não as receitas. Deve ser daqueles gestores que assim que vê as vendas diminuirem contrai um empréstimo para investir…
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