Tomemos a sério o Álvaro!
Sempre gostei do Ministro Álvaro Santos Pereira.
Precisamente pelas razões que todos apontavam como sendo aquelas que o tornavam um Ministro improvável: vivia no estrangeiro, não tinha “experiência política”, tinha um estilo politicamente pouco ortodoxo (ele queria ser tratado, como Ministro, por “o Álvaro”), iria estar à frente de um (mais do que “super”) “mega ministério”. Sobretudo – e isso percebia-se nas entrelinhas – não “era conhecido”, leia-se, conhecido do pequeno círculo de conhecimentos mediáticos dos jornalistas do costume. Claro que não importava nada ter publicado, em Portugal, um ótimo livro sobre a economia portuguesa (e o seu estado) , nem ser um académico com uma carreira sólida, no estrangeiro. Não, isso não contava, na medida em que não frequentava, provavelmente, o circuito relativamente pequeno dos restaurantes e sítios públicos conhecidos pelos media, nem era uma cara conhecida dos eventos e ocasiões mediático-jornalísticas. Sobretudo, não seria de “cá”, um dos “nossos”. Era irritantemente (ainda por cima) um “independente”, não frequentava a corte e seria um Ministro cujo nº de telemóvel ainda não se tinha!
Claro que foi um alvo fácil e apetecível. As gaffes (ou supostas gaffes) cometidas, foram amplificadas por certa imprensa. Também – é certo – “pôs -se a jeito”, em algumas situações, permitindo que se juntasse, para os ávidos de casos (grandes, pequenos, ou, sobretudo, não -casos), a fome à vontade de comer.
Mas, o que é certo, é que o primeiro grande golo que, política e mediaticamente, este Governo marcou, beneficiou de uma “assistência” e de um certeiro “remate à baliza” de Álvaro Santos Pereira. Não será nada fácil negociar e conseguir um “acordo de concertação social” (em certo sentido, histórico e ímpar) como aquele que o Governo e o Ministro da Economia conseguiram!
A entrevista que o Ministro concedeu, este fim de semana, ao Expresso, salienta, entre outras coisas, isso mesmo. E, de seguida, com o mesmo acordo alcançado, dá resposta às críticas sobre a dimensão excessiva do seu ministério: pode-se concordar, ou não, mas que é uma resposta incontornável, lá isso é. Como é que se poderia alcançar um acordo (de concertação social) como aquele, transversal a toda a organização e atividade económicas, se o ministério não fosse, ao fim e ao cabo, uma espécie confederação/central de coordenação de várias “pastas” e áreas?
Por outro lado, aquela entrevista também tem coisas preocupantes. Nota-se que o Ministro sabe (não nega) a existência de uma imensa e poderosa teia de interesses que, até agora e pelo que se vai sabendo, não recua em confronto com o interesse público. O Estado estará – e compreende-se isso, da entrevista (mesmo sem falar noutros elétricos acontecimentos que assistimos durante a semana) – enclausurado num dilema: “não rasgar contratos” herdados, mantendo a pose de um verdadeiro Estado de Direito e, simultaneamente, ir aparando (leia-se, desarmadilhando) tais interesses. E há a questão das privatizações, a necessidade de atrair capitais, os 2,7 mil milhões chineses que faturou, mas ainda não recebeu, e, e, e. … enfim, como diz Santos Pereira, preto no branco, “há sectores com um nível de proteção inaceitável”.
Simultaneamente, penso que será precisamente um Ministro como Santos Pereira que poderá (como ele próprio assume) “combater os lóbis”. Foi com Ministros prováveis, ortodoxos, táticos sob o ponto de vista político que fomos chegando a este estado (claro, com algumas exceções não comparáveis… digamos, muito “out”, tipo Manuel Pinho e as suas “eólicas”, p. exe.).
Tem que existir algo de quixotesco, de desassombrado, de certeza nos seus conhecimentos e ideias e de auto confiança para se empreender este tipo de combate, com resultados. Álvaro Santos Pereira poderá tê-lo e, simultaneamente, alcançar resultados, como se viu com o acordo de concertação social!
Talvez seja, agora, a hora, de uma vez por todas, de termos não só Ministros “improváveis”, como, sobretudo, Governos e uma classe política “improvável”… Com os outros, já se viu o resultado a que chegamos!

Tal qual . E, ou Passos tem tintins para apoiar o que é preciso fazer, ou uma larga maioria de opinião vai mandá-lo borda fora. Já está a ceder muito para o meu gosto e aquele personagem Relvas tem de deixar imitar o silva pereira . As empresas rentistas apesar de também estarem sobreindividadas terão de ceder algo, porque senão assistiremos a umas novas viajens apressadas para o Brasil , com se passou no prec . Quem te avisa teu amigo é. Espero que alguns CEO arrogantes sem “insight” leiam estas palavras premonitórias.
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Ora bola. Ficamos a saber que afinal os nossos problemas são os lóbis. Qual legislação do trabalho, qual problema de produtividade, qual problemas estruturais. No fim de contas o que nos trama é a ligação umbilical entre o tecido empresarial e liberal com as estruturas do Estado. Como disse o outro: “Assim não vamos lá”.
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O Álvaro é um beirão de Viseu e tem um blogue:
http://desmitos.blogspot.pt/
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Aquele “acordo de concertação social” não é acordo nenhum.
É apenas um papel assinado por um grupinho de amigalhaços dos quais um é provavelmente pago para o papel de lambe-cús que costuma desempenhar.
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Criar um super-ministério e colocar no topo um “escritor” que se apresenta como prof. de economia
numa Universidade canadiana, sem experiência política, um conhecimento empírico da economia
portuguesa e, desconhecimento do universo empresarial foi, um dos muitos erros que P.Coelho tem
sido expedito em cometer! O Álvaro é tão duro ou exigente para os interesses instalados que, até o
presidente da CIP liderou um baixo assinado contra a sua eventual saída do governo porque, certa-
mente, já o tem no bolso! Só por brincadeira, se pode falar numa vitória na concertação social quan-
do a principal estrutura sindical ficou de fora! Tudo não passou de uma imposição do governo e pa-
tronato no sentido de dar satisfação ao programa da troika, espoliando o factor trabalho de alguns
direitos negociados invocando, a necessidade de “flexibilizar” o mercado de “escravos”!
Em resumo, o Álvaro será uma figurinha que, ficará na história como um contador de estórias, um
visionário de cortinas de fumo e, um deficiente leitor da realidade que o envolve…aqui na Europa
há muito que não resulta o agitar do papão comunista, até agora, nada, nada, nada mostrou!!!
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o homem da longa testa reluzente e ar de idiota está ora numa conferência na FEUC
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os interesses instalados não querem perder um avo e lançaram a campanha ‘tiro ao Álvaro’.
sempre ouvi dizer ‘ninguém dá pontapés num cão morto’
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Aguenta Álvaro, estes tipos vão dar cabo de ti.
O Álvaro é como aquele miúdo «caixa de óculos» e gordinho lá da minha escola.
Passava o dia a levar pontapés no cu.
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Álvaro Santos Pereira é o característico tipo de pessoa que não sendo político de carreira, é diferente, ingénuo ,mas acima de tudo e por isso mesmo, um homem sério.
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pedro,
O Governo tem de cortar cerce TODAS as excrescências das empresas sobreendividadas para evitar que se concretizem as suas lúcidas previsões.
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” a principal estrutura sindical ficou de fora!”
Qual? Que percentagem da população activa representa? Em que actividades?
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E parece que o Álvaro para além de um blog foi enterrado por um blogger estudante de economia.
Ah ganda Álvaro
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http://entreonadaeoinfinito.wordpress.com/2012/03/18/desculpe-la-senhor-ministro/ – aqui fica o link
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a principal estrutura sindical é uma marioneta do PCP, obviamente fica de fora de qualquer coisa com pés e cabeça.
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O Álvaro é (conjuntamente com o da Educação) a maior deceção deste governo. Comparar o que escreveu com o que tem feito, quase dá vontade de chorar! Uma marioneta nas mãos dos grupos instalados. Uma pena.
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Boas as observações do «Miguel C.» e do «leopardo» …
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Curioso, trinta e três, Nuno Crato, Álvaro SantosPereira, Paulo Macedo e Pedro Mota Soares são do melhor que tem passado nos íultimos governos. Para mim, Álvaro Santos Perereira alia aos conhecimentos teóricos e técnicos, a qualidade da seriedade intelectual, que é um excelente princípio para combater a corrupção e o amiguismo.
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Por isso mesmo, Bengal. A deceção é diretamente proporcional ao que dele(s) se esperava.
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Então é ou não verdade que o mundo financeiro “capturou” o poder político?
Porque sendo verdade esta premissa a entrevista do Ministro ASP ao Expresso é uma verdadeira fábula (de La Fontaine). E, dentro desta classificação, os animais, sou levado a crer, que somos todos nós.
A incapacidade, revelada pelo Ministro, em segurar o Secretário de Estado da Energia é o prenúncio da sua claudicação.
“Daqui p’rá frente so há dragões” pode ser um filme, um livro, uma aboutade de Pinto da Costa, mas também um prenúncio (um mau prenúncio). E uma ameaça (futura).
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