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Autárquicas*

1 Abril, 2012
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“(…) o Banco de Portugal divulgou o seu «boletim da primavera». Asperspetivas para este ano, porém e segundo o nosso Banco Central, não são nada primaveris! Prevê-se uma deterioração da situação económica (ainda mais!), nomeadamente, por comparação com aquilo que era estimado no “boletim de inverno”. Na realidade, o Banco de Portugal espera, em 2012, uma recessão mais profunda e, para o próximo ano, uma estagnação. A taxa de crescimento das exportações deverá ser, segundo essas previsões, mais baixa do que aquilo que se estimou antecedentemente e o nosso PIB deverás decrescer, já durante este ano, cerca de 3,4%.

Ora, a questão que poderá, com propriedade, colocar-se é a de se saber qual o impacto desta deterioração das nossas condições de vida, na “saúde” do Governo. Por “saúde” entenda-se, sob o ponto de vista político, o nível efetivo de contestação; a aceitação, sem grande ou consequente reação social, na opinião publicada e, sobretudo, nas ruas. Disso – e, com o passar do tempo, já não apenas o cumprimento do “Memorando de Entendimento” – dependerá a capacidade de ação governativa.

 Por outro lado, com uma tendência generalizada, em toda a europa, para o encurtar dos ciclos políticos, a legitimidade do Governo de Passos Coelho subsistirá, ou não, consoante consiga manter uma base ampla de aceitação (positiva ou, simplesmente, por “resignação convencida”). Ou seja, uma base de apoio mais ou menos consensual, no que diga respeito às medidas duras que deverá implementar.
As coisas, até agora, não têm corrido mal ao Governo. A “greve geral” da CGTP, já passou e, de certa forma, uma semana depois, já se apagou o seu putativo rasto. Um certo “flop” que só enfraqueceu aquela central sindical, deixando incólume o Governo.
Neste quadro, hoje, perspetivam-se já as eleições autárquicas como sendo o próximo grande desafio e teste (indireto, por estranho que isso pareça)… do Governo. Isso, naturalmente, se o efeito de erosão da referida deterioração económica, prevista pelo Banco de Portugal, não conseguir, ainda assim, alterar o contexto político e social que vivemos atualmente, baralhando estas contas. Naturalmente, eleições como as autárquicas servem muitas vezes – dizem os entendidos nestes assuntos “politológicos” – para que a população mostre, sem o risco de ser muito consequente, um “cartão amarelo”; um descontentamento democrático, sem querer assumir uma mudança na governação nacional.
Por isso e pelos cenários e hipóteses que se abrem às oposições atuais, em certos concelhos, as próximas autárquicas poderão oferecer ao país resultados normalmente imprevisíveis. Também por isso e ainda que ninguém o assuma, acho que a campanha autárquica já começou”.

* Semanário GRANDE PORTO, 30.03.12.

4 comentários leave one →
  1. aremandus's avatar
    aremandus permalink
    1 Abril, 2012 10:31

    o Passos e C&ª achava que bastava o voluntarismo.
    Mas o voluntarismo funciona em tempo de vacas gordas,v.g. nos anos 90 com cavaco;
    nós que nos metemos nesta aventura com estes estarolas ou revertemos a situação ou…estamos phodidos!

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  2. pedro's avatar
    pedro permalink
    1 Abril, 2012 22:35

    se a situação começar a ficar pior que o previsto ,nada que me espante, o governo só tem de inverter politicas e pode humildemente apresentar alternativas e não imitar o sr socrates que negava a pré-bancarrota. Como alternativas pode: 1ªpedir uma moratória no pagamento da dívida e com o dinheiro dos juros e da amortização do capital injectar na economia em sectores rentáveis; 2ªPensar em pedir novo empréstimo para negociar a saída do euro e encararmos a nossa debilidade e reconhecermos que não podemos ter uma moeda sem ter condições para tal . Se continuarmos com administração estrangeira(troika) e a coisa não melhorar ,então em breve, vamos ter uma administração estrangeira residente ,o que, também não é novidade ,aconteceu com os filipes e com beresford, na pós invasão francesa. Como dizia o outro “é a vida”

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  3. O SÁTIRO's avatar
    2 Abril, 2012 03:39

    E ainda se vê por aqui alguns tótós, completamente alienados, a falar em milagre económico português.
    ao menos leiam tb este texto do “i”:

    Estado fechou 2011 com uma dívida superior a 184 mil milhões de euros, mais 23,1 mil milhões de euros que o valor registado no final de 2010 e bem acima das previsões do governo na versão inicial do Orçamento do Estado para este ano. Assim, e nos 12 meses do ano passado, o país endividou-se a um ritmo mensal de quase 2 mil milhões de euros, ou 65 milhões/dia.

    Na versão rectificada do OE2012, apresentada esta semana, o executivo não avançou com qualquer estimativa para o valor desta rubrica no final de 2011 ou para o corrente exercício.

    Contudo, e de acordo com a primeira notificação do ano do procedimento dos défices excessivos enviado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) para Bruxelas, as contas públicas chegaram ao final do ano passado com uma dívida equivalente a 107,8% do produto interno bruto (PIB), ou seja, um peso de mais 14,4 pontos percentuais sobre o PIB que em Dezembro de 2010 – quando equivalia a 93,3%. O salto de 2011 foi assim bem maior que o registado de 2009 para 2010 – quando o endividamento público cresceu 17 mil milhões de euros –, e desse ano para 2011, período em que a dívida aumentou perto de 21,2 mil milhões de euros.

    Além de o novo valor da dívida pública superar, e muito, as previsões de Outubro do governo, as estimativas feitas mais recentemente também são superadas pelos valores agora provisoriamente oficializados pelo INE. No último relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre a situação portuguesa, o fundo previa que Portugal fechasse as contas do ano passado com uma dívida de 107,2% do PIB, valor idêntico ao referido no último Boletim Estatístico do Banco de Portugal, de Fevereiro.

    No reporte a Bruxelas, o INE avança também que o Estado deverá fechar este ano com uma dívida equivalente a 112% do produto, valor que, contudo, deverá acabar revisto em alta. As previsões do FMI apontam, aliás, para 116,3%.

    Défice de 4,2% em 2011 Além da oficialização do valor da dívida pública, o INE reportou ao Eurostat um défice de 4,2% na execução orçamental do ano passado, valor equivalente a uma perda de quase 7,3 mil milhões de euros nas contas públicas.

    Os 4,2% de défice ficam assim abaixo da meta acordada com a troika para 2011 e em torno das previsões antes avançadas pelo governo de um défice “a rondar os 4%”. Mas a obtenção de um défice tão baixo foi garantida à conta da maquilhagem das contas, já que sem os fundos de pensões da banca Portugal teria violado – e com um valor alto – as metas impostas pela troika. Segundo o INE, “é de referir que este resultado [défice de 4,2%] reflecte a transferência de fundos de pensões de instituições financeiras para as administrações públicas de 5993 milhões de euros”, o equivalente a 3,5% do PIB. Sem esta operação, o Estado teria chegado ao final do ano passado com um défice de pelo menos 7,7% do PIB.

    Mais 34% em juros O aumento da dívida pública bem acima do esperado está também a provocar aumentos recorde na despesa do Estado com juros.

    O ano passado o governo gastou 6,6 mil milhões de euros com os encargos da dívida, mais 34% que os 4,9 mil milhões de euros despendidos em 2010. Para o corrente ano, e segundo as previsões do INE incluídas no documento agora entregue a Bruxelas, Portugal deverá gastar 8,3 mil milhões de euros só em juros, valor que compara com os 7,3 mil milhões de euros avançados pelo governo no orçamento rectificativo para este ano.

    Considerando os valores referentes aos anos cujas contas estão já provisoriamente fechadas, constata-se que entre 2008 e 2011 o Estado pagou mais de 21,5 mil milhões de euros em juros, valor que daria para cobrir os défices de 2011 e de 2010 – juntos não passaram de 24 mil milhões.”

    quem vive em portugal é que se amola com esta herança da gestão ruinosa e criminosa xuxa-sókas-maçonaria-gay

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  4. delfim's avatar
    delfim permalink
    2 Abril, 2012 20:54

    A verdadeira questão a é :como vai a nossa saude enquanto cidadãos? Mal ou pelo menos sofrivel Pelo menos a jugar pelos indicadores morremos mais desde o acordo com a Tryka e estamos mais doentes qanto mais não seja sofremos todos de depressão cronica ,ansiedade e raiva contida ,naquilo que algiuns j´s chamam o Sindrme de Baixa Autoestima Adquirido apos exposição aos dicursos do Dr. Vitor

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