Falta de capacidade de julgamento
O Estado gastou 50 milhões de euros para fazer o Pavilhão Atlântico. Vendeu-o por 22 milhões. Vender foi um mau negócio porque perdeu cerca de 30 milhões de euros.
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É este o nível dos raciocínios que dominam a opinião pública portuguesa. É um raciocínio completamente estúpido, e a maior parte das pessoas não perceberá porquê. Foram raciocínios desta qualidade que levaram à construção das SCUTs, dos estádios e de outros investimentos ruinosos.
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O Pavilhão Atlântico foi mais um dos muitos investimentos ruinosos feitos pelo Estado. Os 50 milhões investidos nunca renderam mais do que 2% ao ano, tendo rendido na maior parte dos anos cerca de 0,5%. Em 2011 renderam 0,4%. Renderam menos que a inflação e bastante menos que um depósito a prazo. Se os 50 milhões tivessem sido colocados no banco a render a uma taxa de 5% hoje o Estado teria 100 milhões de euros na conta. Em vez disso tem um pavilhão que foi avaliado pelo mercado em 22 milhões de euros (note-se que no concurso público realizado ninguém deu mais). Feitas as contas, entrando ainda com os lucros miseráveis obtidos ao longo dos anos, o Estado deve ter perdido cerca de 70 milhões de euros a preços actuais. Mas note-se que o que foi ruinoso não foi a venda do Pavilhão Atlântico. Ruinosa foi a decisão de o construir.
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Tendo em conta as actuais taxas de juro, os 22 milhões de euros que foram oferecidos pelo Pavilhão só terão retorno positivo para o investidor se este mudar radicalmente a gestão para aumentar os lucros. Os lucros que o pavilhão tem tido não são suficientes para justificar este preço. O mercado parece ter sido bastante genereso na avaliação que fez do potencial do pavilhão.
JM: (…) Se os 50 milhões tivessem sido colocados no banco a render a uma taxa de 5% hoje o Estado teria 100 milhões de euros na conta (…)
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ora aqui está o pensamento estratégico de um liberal-conservador, com um perfil próximo de um beneficiário de RSI com 100 euros no banco 🙂
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Se há um grupo privado disposto a pagar 20 milhões pelo pavilhão, é porque considera ser possível recuperar o investimento. Ora, quer no custo do pavilhão, quer nos resultados que obteve, não podemos esquecer o modo como se chegou aos 50 milhões (aliás, não podemos esquecer tudo o que de anormal se passou com as derrapagens da Expo). E é essa constante tentativa de apagar a memória e confudir vigarices no investimento público com inevitabilidade do investimento público ser ruinoso, que parece muito estranha.
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Mas então diga lá qual foi o investimento público que não comportasse uma vigarice. Não há obra que o estado faça que não derrape. E se não derrapar vem abaixo com as falsificações na construção como foi no caso chinês das escolas no terramoto que matou dezenas de milhares de crianças.
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DR joão: além de ter de considerar os sobrecustos martelados referidos pelo 33 ,onde se têm de incluir as luvas de qualquer obra pública ,deve considerar ainda a desvalorização imobiliária que é variável mas, pessoalmente, tenho imóveis onde a desvalorização foi de 50% outros de 25 a 30% e ninguém mos compra . porca miséria joão !Que Deus me mande um montez!
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Os investimentos públicos são ruinosos porque dão de mamar a privados. Por isso é que os defensores do privado estão sempre a pedir que se corte nos funcionários públicos – para sobrar mais para eles. Para JM, justo justo seria oferecer o Pavilhão.
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Falam em poupar e o Portela começa logo a espingardar
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Era uma vez um Estado que queria construir um Pavilhão.
Colocou a obra em concurso e apareceram 3 propostas.
A 1.ª, de 30 milhões, foi justificada pelo empreiteiro com materiais de boa qualidade.
A 2.ª, de 60 milhões, foi defendida com a garantia de materiais de primeiríssima qualidade.
a 3.ª, de 90 milhões, omitiu uma formal justificação do preço. Mas, informalmente, o seu autor deixou implicito que seriam 30 pra ele, 30 para o decisor e 30 para o 1.º…
É só uma anedota, certo?
Qualquer semelhança com eventuais ocorrências similares, não passa de mera coincidência.
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Esse Montez, ou outro qualquer, podia também ficar com o estádio de Leiria, de Aveiro, do Algarve, etc, a CUSTO ZERO, que mesmo asim era uma boa ajuda pró bolso do povinho (de bónus podia levar metade das reformas dos gajos que os mandaram fazer).
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O texto do JM afirma que a opinião pública portuguesa tem raciocínio estúpido, o que de algum modo o torna a ele um iluminado. Ainda bem! Temos falta de gente assim nesta terra.
Questões:
1) O “negócio” actual foi bom? Tendo em conta que o Estado pagou muito, não rentabilizou o investimento, e acaba agora por perder o activo de que dispunha…
2) Uma vez que o mal está feito – o Pavilhão existe – qual a proposta do JM para resolver o assunto com menores prejuízos para ao contribuinte.
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Segui o raciocínio de João Miranda para obras diversas e também para várias infraestruturas.
Um dos casos que me fez mais impressão foi a estátua do Marquês de Pombal na praça do mesmo nome.
Um grande investimento, sem qualquer retorno, ainda por cima com despesas de manutenção regulares.
Só que o Estado a oferecesse, sem qualquer pagamento, livrava-se da manutenção e poupava algum.
Mas há outros investimentos do Estado que considero ruinosos, usando o mesmo raciocínio. As obras que implicam o rio Tejo. Penso que Lisboa deveria desviar o rio, ou então pedir encarecidamente aos espanhóis que o represem no território deles, porque se farta de dar despesas. Ele é pontes, ele é cais, ele é o arranjo de margens…
Vou só dar mais um exemplo, de outro investimento altamente improdutivo, para não chatear as hostes: os médicos do SNS! Deveriam ser todos dados a quem os quisesse, porque só acarretam prejuízos ao Estado. Ainda por cima, ainda aplicam compressas, eozina e pensos nalguns doentes, para além dos medicamentos, aumentando os prejuízos.
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@ Fincapé
Verdade! Raciocínio bem alinhado com o do JM. Mas tem mais! O governo, o parlamento, a presidência da república, as instituições, a democracia… Tudo isso gera despesa, tem imensos problemas de gestão… Só dá chatices… Para 10.000 milhões de alminhas talvez se pudesse encontrar uma forma de subcontratação que resolvesse, a muito melhor preço, todo o assunto…
O problema do JM (e de outros) é que – apesar de não terem raciocínio estúpido – não conseguem entender o que é um Estado, uma comunidade, uma soberania Por outros lado são pessoas resignadas, pouco criativas. Para eles “o Estado não sabe gerir” e pronto… A Solução é “privados”. Chapa sete!… E depois fazem sempre mal as contas… Não percebem, ou não querem perceber, que o Estado também pode gerir bem! Aliás, como cidadãos temos de o exigir! A solução final, não é fugir do Estado enquanto “gerente” dos recursos e ambições da sociedade. Passa exactamente por o aperfeiçoar. E aí, neste País, está quase tudo por fazer…
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o estado/ governo gastou 50 numa cena que custou realmente uns 25 a fazer , os outros 25 foram para o bolso daqules que a gente sabe ; agora vieram uns tipos e compraram-no pelo preço real . simples. nada de novo debaixo do sol.
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LuísF,
Tudo o que se destina ao bem comum é excessivo, inútil, despesista e mais umas quantas adjetivações. Todas as piscinas privadas e mansões de milhões são porreiras porque são iniciativas individuais e, portanto, direitos inalienáveis.
Vá comentando, que eu aprecio. E acho que os nossos “anfitriões” também. Duvido que eles gostem mais do apoio pouco racional e acrítico que às vezes recebem. 😉
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@ Fincapé
… mas eu também sou completamente pelos “direitos individuais”. O que me chateia é ver certos senhores “desligaram a cabecinha” rendendo-se à moda do liberalismo “tout court”, ignorando o papel do Estado (evoluído e democrático) como entidade emergente das necessidades colectivas. A sociedade não vive apenas do e para o dinheiro. Este é apenas “instrumental”. É precisamente para que os direitos individuais sejam respeitados que é preciso por ordem nas coisas, pois de outro modo regressamos à selva…
Nesse aspecto, os senhores neoliberais escribas, com o seu excesso, estão a ser péssimos apóstolos de si próprios e muito menos defendem qualquer ideia além da mais pura anarquia. Mandam “bitaites” mas em nada contribuem para algo que nos faz falta: a reforma efectiva do Estado. Este continua a interferir onde não deve e a complicar a vida de todos. É aí que o problema reside: no “mau” Estado, na promiscuidade endógena que congrega entre o interesse público e privado. Em grande medida, e sobretudo nas mentalidades, ainda não saímos do feudalismo medíocre… Genético!
Se o Estado gere mal, então vamos lá fazer com que passe a gerir bem!! – Porra! 😉 – Naquilo que lhe compete, ou seja, naquilo que importa aos cidadãos, para que estes possam exercer plenamente a sua “liberdade individual”, sem lixarem o parceiro do lado…
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“Se o Estado gere mal, então vamos lá fazer com que passe a gerir bem!! – Porra! 😉 ”
Exatamente. Com o “porra” e tudo! 🙂
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Há sempre uma justificação para entregar a carne ao privado e ficar com os ossos. Nestas vendas, até tem acontecido aparecer logo alguma possibilidade de revenda a preço muito superior ou algum negócio inesperado que permite aumentar rapidamente a rentabilidade. Já tem acontecido empresas darem prejuízo ao Estado e, depois de vendidas, transformarem-se imediatamente em empresas de grande sucesso, excelentes fontes de rendimento.
São milagres como o das rosas, inexplicáveis porque são milagres.
Será que o Estado vai agora alugar o Pavilhão de modo a garantir que passa a valer os tais 50 milhões.
Depois de algumas privatizações, das PPP e do BPN, tudo é possível.
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Convém lembrar que os os heróis da eispô ’98 e do euro ’04 foram José Sócrates e Carlos Cruz, ambos os três…
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Ó era mas foice: essa equipa está um bocadinho desfalcada. Ora recorde-se lá… Mega Ferreira, Cardoso e Cunha… E quem mais, lembra-se?
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Se o Pavilhão dava um “lucro miserável” ao Estado (ainda bem que não dava prejuízo…), que lucros proporciona o Palácio de Belém? E a Torre do Tombo? E os “panzers” Leopard?
Acredito que a venda ao genro seja pura coincidência (tal como pretendo continuar a acreditar no Pai Natal), mas, se o espaço dava lucro (miserável…) , e é interessante para privados, porquê aliená-lo? O Estado (actual) com tantos iluminados nas rédeas não seria capaz de o gerir com a mesma competência? O “poder actual” acha-se a si próprio incompetente?
Uma coisa é certa, observando as contas da compra, exploração e venda, existe aqui um cenário de “lesa-pátria” por parte de alguém… Como cidadão, isso preocupa-me…
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Ainda admira ter aparecido alguém para o comprar: que tenha muita sorte! Aquilo até para conferências de média dimensão é uma desgraça.
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O Edgar deve ter acertado na mouche.
Alguns governantes gostam de vender o património do Estado e depois alugá-lo aos novos donos, garantindo-lhes a rendibilidade necessária.
É o Estado inquilino e manhoso defendido por alguns setores da nação. Os que lucram com isso.
Pergunta o LuisF: “O Estado (actual) com tantos iluminados nas rédeas não seria capaz de o gerir com a mesma competência? O “poder actual” acha-se a si próprio incompetente?”
Tenho colocado por aqui, e não só, esta questão. Como raio é que temos indivíduos (e partidos) que pretendem governar o país a partir da ideia de que são incapazes de o governar bem? PPC tem batido o recorde. Quis ser governo e passa a vida a gritar que tem de vender tudo por não ser capaz de governar o património que gere.
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O mercado parece ter sido bastante genereso na avaliação que fez do potencial …
quê?, o que é que disse?…
aquilo muito mais do que o avaliado só em cascalho, diz montez, só em cascalho e ferro retorcido, acrescentou o de aveiro …
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A propósito de raciocínios completamente estúpidos.
Temos um investimento que rende entre 2,0 e 0,4% ao ano. É uma taxa de rendibilidade baixa, mas rende. Mesmo assim, é tido como um investimento ruinoso, esse investimento que até dá lucro.
A solução dada? Alienar o investimento por 44% do valor enterrado nele. Espectacular. E mais, esta medida de gestão danosa é ainda apontada como um sinal de que o mercado parece ter sido bastante genereso.
Palavras para quê? Como dizia Scolari, “e burro sou eu?”
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O que eu gostava de saber é o que é que vão fazer ao Pavilhão de Portugal que continua (como sempre esteve) às moscas.
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O pavilhão de Portugal? … É só interpretar o monumento (classificado pelo . Aliás, é notória a premonição de Siza Vieira na concepção arquitectónica . A lindíssima pala (abaulada) significa que esse espaço ‘viverá à pala’ dos contribuintes. Fácil e dá milhões.
Já o pav. Atlântico foi privatizado porque – apesar de todas as peripécias – começou a dar (anémicos) lucros, de qualquer modo, ‘fugindo’ (descolando) da alçada dos custos públicos. O que, para quem está obrigado a cortar essencialmente na despesa, parece ser intolerável, aproveitar-se destas receitas de exploração… Esta sala de visitas de Lisboa, que o Governo diz ser uma dispensável infraestrutura pública, passará no futuro a ser alugada – a preços de mercado – para eventos, de grandes dimensões que – se o Estado não abandonar por completo a dimensão artísitca, social e cultural – aí terão lugar.
Esperemos então que as ‘rendas’ não sejam majestáticas (como já estamos habituados)…
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Mas então os sobre-custos do pavilhão não incluíam os apartamentos na Castilho Residence?
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Até um magistrado veio aqui comentar sobre a “Falta de capacidade de julgamento”, que é o título do post, e onde é que pensa que está essa falta.
Nota: ler este comentário nos próximos minutos, pois vai ser censurado, a avaliar pelo que aconteceu aos meus últimos 22 comentários a posts de João Miranda.
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“A propósito de raciocínios completamente estúpidos.
Temos um investimento que rende entre 2,0 e 0,4% ao ano. É uma taxa de rendibilidade baixa, mas rende. Mesmo assim, é tido como um investimento ruinoso, esse investimento que até dá lucro.
A solução dada?”
Mandar os do costume alugarem esse rentabilíssimo espaço pelo valor que o governo quizer.
A rentabilidade passaria a ser de 200 ou mais por cento.
E todos (alguns) ficariam contentes.
O mesmo se poderá fazer em estádios de futebol vazios, etc.
Que tal a TAP fazer a reunião anual no Estádio de Aveiro?
E a CP no do Algarve?
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O POST contem quatro erros .
O primeiro , aquele que o próprio post contem : considerar estúpido o que de estúpido a decisão da venda contem ! … o segundo , a estupidez da venda .O terceiro , confundir os raciocínios da construção com os raciocínios da venda !… O quarto , ter omitido as razões obscuras da compra e venda ! …
A serem verdade os ecos da comunicação “cor de rosa” , o comprador está tecnicamente falido , ainda que bem protegido !… Não obstante a bolha imobiliária , consultada a “MAYA” , antevemos no local , o “Atlântico” transformado em luxuosos escritórios e apartamentos !…
P.S. A maior omissão do post : ninguém vai para a “cadeia” ?…
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