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Eles e não nós

14 Dezembro, 2013

Ontem à noite, antes de dormir, lia eu as últimas páginas de “F. – Portugal é uma figura de mulher” e pensava se um dia, como avô, teria a disciplina necessária para tentar transmitir algo aos meus netos quando estes tivessem 40 anos.

Hoje de manhã, o de 6 anos que será pai dos meus netos, encontrou-me a dormir no sofá, como muitas vezes acontece, culpa da televisão e dos 150 canais que, entre si, combinam uma mediocridade simultânea que torna impossível a selecção de um deles, exigindo o rodopio num ciclo infinito de mudança constante apenas quebrado pela cedência do corpo ao sono. Com aquela energia matinal contagiante, despertou-me para um dia solarengo, cheio de actividades, a principal das quais facultar-lhe transporte para as suas próprias actividades. E aí percebi: o meu filho pertence à geração da ruptura com mais uma experiência em centralismo económico e político, uma União Europeia impossível, uma tentativa dos povos do sul em quererem ser aglutinados pelos do norte, crendo serem parte de algo que eles próprios fantasiaram, a de serem europeus antes de serem portugueses, espanhóis, italianos, gregos…

Saragoça da Matta referia, na sua crónica, ser Portugal o país mais europeu, o mais pronto a adoptar medidas ditadas por uma massa de burocratas que as elaboram, na boa vontade da crença que a sua ocupação faz algum sentido, que não faz. E esta criança será a primeira a testemunhar isso. Ele e os amigos e os que desconhece, da mesma geração. Testemunharão a desilusão dos povos do sul, quando perceberem que o que os une, a tradição, não é transferível para a rigidez das regras no domínio das leis do norte.

O sistema legal português, adaptado do sistema alemão, é a prova viva do erro da importação destes conceitos que nos são alheios. Não deve existir um português com irresponsabilidade suficiente para enaltecer a justiça portuguesa.

E a minha geração daqui a 30 ou 40, depauperada, sem pensão ou forma de subsistência que não a amealhada hoje e agora, será a primeira geração dependente da geração desiludida, que tratará de nós como nós não tratamos deles, ao querermos tratar como igual aquilo que é diferente.

32 comentários leave one →
  1. joshua permalink
    14 Dezembro, 2013 13:11

    Tenho esperança. Imensa esperança no trabalho dos portugueses.

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    • und permalink
      14 Dezembro, 2013 18:23

      sm, mas tal como ele não terás netos de 40 anos….é uma impossibilidade pois mesmo que eles nascerem hoje ou já estarem nascidos
      demograficamente em 2053 nenhum de ocês está por cá

      e se estiverem estão a transmitir à soares…

      e os portugueses dos 28 aos 58 estão desempregados 1 em cada 6
      e os outros 5 em cada 6 preferem trabalho mais levezinho

      logo fica à espera até se acabar a comida pá

      nã deves ser pretuguês ó murcão

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  2. 14 Dezembro, 2013 13:20

    Não se reduza o riquíssimo legado do Mestre apenas a uma única obra! http://lishbuna.blogspot.pt/search/label/Pedro%20Arroja

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  3. Aladdin Sane permalink
    14 Dezembro, 2013 14:37

    Nada como um “banho de realidade” de manhã; ou então alguém andou a ouvir o album dos Arcade Fire.

    “Testemunharão a desilusão dos povos do sul, quando perceberem que o que os une, a tradição, não é transferível para a rigidez das regras no domínio das leis do norte.” Já nós o fazemos, se bem que essas regras se apliquem ao que é mesmo importante, como se depreende do artigo que refere – a transposição das directivas comunitárias “vidrinhos”. Cá está de novo o atavismo do “povo que não se governanem se deixa governar”.

    Essa da televisão por cabo está bem rematada. Mas prometa que se o televisor se avariar, não escreve algo como “morreu-me o [televisor] aspirador. Era assim uma espécie de pet.”, como escreveu há uns anos a f.

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  4. 14 Dezembro, 2013 14:39

    Realista e belíssimo post VC.

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    • 14 Dezembro, 2013 19:30

      SEMPRE DISSE QUE ERAS MUITO FÁCIL PÁ

      DEVES LER MUITO ANTES DE DRUMIRE

      SÓ O FACTO DE TER UM FILHO DE 6 ANOS E 150 CANAIS REVELA UM PERIGOSO CONSUMIDOR QUE DEPAUPEROU A VIDA FUTURA DO FILHO

      PRIMEIRO PRODUZINDO UM PUTO QUE NEM CONSEGUE ARRANJAR TRABALHO JÁ COM 6 ANOS DE DESEMPREGO

      E INDA ESTUPIDIFICA O PUTO COM CANAIS QUE ASSEVERA SEREM MEDÍOCRES APARENTEMENTE COM A PLAYBOY TV E SIMILARES

      É MANDAR O PUTO PRÓ CANAL CAVEIRA

      ONE HUNDRED AND TWO H-BOMBS – IN MOST CASES THE TITLE IS PURE POETRY IN MOTION AND NOTHING IN THIS BOOK IS REALLY A TRUE SHIT, BUT IT’S NOT REALLY GOOD STUFF, EXACTLY THE WAY THINGS ARE OR PERHAPS ARE NOT.
      ..TITULUM É TUDO E O RESTO NADA…..

      POSTENADA NUM É POSTERNADA

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  5. lucklucky permalink
    14 Dezembro, 2013 14:40

    Tontices.

    Tal como nos últimos 40 anos a qualidade de vida portuguesa é mais determinada pela evolução tecnológica fora de Portugal e pela evolução dos conflitos fora de Portugal.

    Desde que não tenhamos desastres Chavistas, Comunistas os portugueses vão ter uma vida melhor mesmo que não sejam mais ricos pelas contas do PIB.

    Basta a tecnologia.

    A melhoria de vida dos portugueses nos ultimos 40 anos teve muito mais que ver com a tecnologia que veio de fora que com a política do país.

    Os Portugueses são é enganados pelo complexo político-jornalista para pensarem o contrário.

    Aliás basta olhar para o desastre jornalístico: as capas dos jornais, os programas de TV são uma data de tipos a discutirem para quem vai o dinheiro que tiram ao vizinho.

    Criar, Inventar não faz parte do léxico jornalista, Social, Igualdade sim.

    Óbvio, Criar e Inventar são actividades que afectam o status squo.

    Social e Igualdade o dinheiro passa sempre pelos mesmos.
    É preciso preservar o poder dos grupos, grupinhos que se formam a cada mudança de regime.

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    • Aladdin Sane permalink
      14 Dezembro, 2013 15:53

      Nem é tanto uma questão de bens materiais, mas o modo como o país se “comporta”. Passamos de “bom aluno” para “mau aluno” e vice versa mas sem conseguirmos ser “um dos professores”. Cheios de prosápia revolucionária mas sempre de mão estendida.

      Por vezes parece que nos devemos ter evadido da América Latina, e muitos gostariam que para lá voltássemos. Claro que depois se arrependeriam quando sentissem na pele o “socialismo core” porque tanto parecem salivar.

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  6. 14 Dezembro, 2013 14:44

    A última coisa que me passaria pela cabeça para transmitir aos meus netos, seria a de lhes incutir uma ideia sexista de Portugal.
    Atibuír a Portugal uma figura de homem ou de mulher, de coelho ou coelha, de cão ou cadela, nem para uma estória aos quadradinhos.

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    • Expatriado permalink
      14 Dezembro, 2013 14:52

      Se este tiver netos, sera’ um autentico crime contra a humanidade pela perpetuaçao da estupidez!!!

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      • 14 Dezembro, 2013 17:24

        Estúpido é vossa excelência
        (mais a sua descendência?)
        concordando com a atribuição
        de sexo a uma nação.

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      • 14 Dezembro, 2013 17:42

        ahahahaha

        Mas é que era mesmo. Uma data monguitos coisas-piscas.

        O imbecil é tão estúpido que nem entende que não se trata de sexo mas de características que já os chineses chamavam yin e yang

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      • Expatriado permalink
        14 Dezembro, 2013 18:46

        Este gajo encapado e’ mais para o Yang…..

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      • 14 Dezembro, 2013 19:23

        Yin e Yang são complementares em todas as coisas, segundo o taoismo.
        O Yang, em que o Exp. me classifica, é o princípio masculino, o céu, a luz e atividade.
        Será assédio?

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      • piscoiso permalink
        14 Dezembro, 2013 19:26

        Quanto à Zazinha, coitadinha, não tomou as gotas e vem aqui despejar sobre os outros as excreções da sua alma azeda.
        Já experimentaste acupuntura?

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  7. Expatriado permalink
    14 Dezembro, 2013 14:52

    Boa prosa, jovem Vitor Cunha, boa prosa!

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  8. tric0001 permalink
    14 Dezembro, 2013 15:16

    quando é que Portugal sai do Euro!!??? o fanatismo do Euro…

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    • lucklucky permalink
      14 Dezembro, 2013 15:36

      Este tonto quer dar ainda mais poder aos políticos do défice.
      O poder sobre a moeda.
      Deve ser recompensa por terem levado o país à bancarrota.

      Se a maioria dos portugueses quer dar poder sobre a moeda à cultura de regime que os levou para a bancarrota então mais que nunca merecem a má sorte que têm.

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      • tric0001 permalink
        14 Dezembro, 2013 17:12

        quando!!??

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      • lucklucky permalink
        14 Dezembro, 2013 23:43

        Se tivermos o Escudo quem manda imprimir a quantidade que quiser? O Governo do momento claro…

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    • Expatriado permalink
      14 Dezembro, 2013 15:38

      Takyhia….. nao pega.

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  9. tric0001 permalink
    14 Dezembro, 2013 17:39

    Portugal ainda não expulsou o Embaixador da Turquia, do Qatar, de Marrocos!!?? Estados Unidos, França, Inglaterra, Israel, Alemanha, a aliança Judaico-Protestante-Jacobina aliados aos Waabis na erradicação da Cristandade no Médio-Oriente…inacreditável que Portugal queira se integrar mais ainda nesta Europa…a Europa da perseguição à Cristandade Tradicional!
    .

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  10. @!@ permalink
    14 Dezembro, 2013 20:12

    A justiça será sempre mal vista. Dizem que funciona mal em Portugal. Pela minha experiência no que concerne ao código de estrada acho que é uma desgraça. Obrigar o dono do carro apanhado em excesso de velocidade a provar a sua inocência sem que lhe seja fornecida a fotografia da infracção (quando a fotografia não é considerada como prova num tribunal normal) e servir ainda de delator do infractor não cabe na cabeça de ninguém.
    De qualquer modo deixo a indicações da origem do nosso direito.
    http://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_romano-germ%C3%A2nico
    http://pt.wikipedia.org/wiki/BGB
    Numa reunião de pais com os professores da turma sugeri que deveriam informar e fazer ênfase nos alunos sobre as obrigações sociais a que iriam estar sujeitos, como impostos e segurança social e os contratos de trabalho. Disseram-me que estava nos programas de ensino. Também me informaram que havia informação sobre a sexualidade e recentemente fui surpreendido pelo desconhecimento da minha prol sobre o tema.
    Pelo andar da carruagem o maior problema dos seus filhos vai ser a sustentabilidade, como arranjar remuneração por actividade profissional uma vez que o trabalho está a sofrer transformações alarmantes para os humanos. Desde 2000 a tecnologia superou os postos de trabalho disponiveis para humanos.
    Talvez esteja a ler demasiado sobre o futuro e as alterações que a sociedade irá sofrer, mas o “maravilhoso mundo novo” está aí.

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  11. Tiro ao Alvo permalink
    14 Dezembro, 2013 20:56

    @!@ , pára com essas leituras. De outra forma vais ficar doente.
    Não acredites nessa malta que anda por aí a meter medo à gente. Olha para o que te digo.
    Fica a saber que, em meados do século passado, um enorme grupo de sábios (Clube de Roma) anunciou ao mundo que dentro de 20 anos estariam esgotadas as reservas de petróleo, coisa que está longe de acontecer, e agora já ninguém fala disso, estando “toda” a gente convencida que o pitrol não tem fim…
    O mesmo se passa com essa gente “pregadora” do aquecimento do planeta. Esses profetas andam todos a encherem-se, assustando a malta. São os chamados profetas da desgraça.
    Portanto, desliga, para teu bem e para bem a tua família. E não tens nada que agradecer….

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  12. licas permalink
    14 Dezembro, 2013 21:27

    Expatriado HIPERLIGAÇÃO PERMANENTE
    14 Dezembro, 2013 14:52
    Se este tiver netos, sera’ um autentico crime contra a humanidade pela perpetuaçao da estupidez!!!
    ________________

    Não há azar, não haverá transmissão de genes do putativo pai. . .

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  13. Juromenha permalink
    14 Dezembro, 2013 22:22

    É bem verdade que “contra trancos e barrancos” , e umas ajudas generosamente teutónicas, lá vamos mantendo os sinais exteriores de independência – mas até quando?…
    E depois da bernarda em alegre e festiva preparação aqui mesmo ao lado ( já se viu que este galego não está à altura…), qual será a decisão dos “donos do jogo” em relação ao rectângulo?
    Não nos enganemos : esta “paz europeia” tem muito da “drôle de guerre” de má memória…

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  14. Manata permalink
    15 Dezembro, 2013 23:18

    “será a primeira geração dependente da geração desiludida, que tratará de nós como nós não tratamos deles,”

    Fale por si. Diga ao seu filho que foi um gastador, um irresponsável, que viveu acima das suas possibilidades. A maior parte dos pais apenas quis uma vida decente para os seus filhos.

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  15. 16 Dezembro, 2013 16:47

    “O sistema legal português, adaptado do sistema alemão” – o nosso sistema – e o da França, Itália, Espanha, Suiça ou Austria “é” o romano-germanístico, não é uma adaptação: é o mesmo que o da Alemanha porque foram os alemães quem elaborou a partir do direito romano(*).
    Mas da Alemanha veio muito mais do que o sistema jurídico. Veio grande parte do que pensamos.
    (*) – claro que há leis, às vezes aqui apresentadas como novidades, que são meramente traduzidas, palavra por palavra, do alemão ou do francês

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  16. 16 Dezembro, 2013 17:03

    “Não deve existir um português com irresponsabilidade suficiente para enaltecer a justiça portuguesa”
    A justiça portuguesa pura e simplesmente não era má e funcionava. O seu último desenho consistente foi nos anos 60 e estava adaptada à reallidade de então.
    Com o 25 de abril, para além da criação de autogestões (ministério público) inexistentes no resto do mundo, e alargamento do regime do “segredo de justiça” – que deve ser o mais fechado do mundo, contendo ainda há pouco tempo, medidas que fariam inveja à inquisição (a possibilidade de poder estar preso sem saber os factos de que é acusado).

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