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A guitarra do Paulo

19 Dezembro, 2013

O Paulo era um rapaz irascível mas passeava como ninguém a guitarra comprada em Vigo, com as 4 cordas restantes ainda razoavelmente lubrificadas com óleo de pacote das batatas fritas, com zelo de estiva, por debaixo do coberto entre o ginásio e o pavilhão de mecânica. O arpejo do solo de “The Final Countdown”, com a sua figura de três notas repetidas em grupos de dois, ilustravam a figura: trapalhão, sem noção de ritmo e uma percepção alternativa do conceito de dinâmica. Um dia, a professora Armanda, numa aula de Química, gritou com o Paulo por este se recusar a sentar. O Paulo enervou-se e atirou o objecto em forma de guitarra na direcção Oeste, sentido Este-Oeste, para onde o Rui se sentava, mesmo ao lado da janela. O vidro partiu, a testa do Rui sangrou. A guitarra, demasiado grosseira para instrumento, demasiado frágil para bastão de baseball, emitiu o som do costume.

O Paulo foi suspenso. O pai pagou o vidro e eventualmente o dente que o Paulo perdeu na semana de dispensa às aulas por ter caído acidentalmente pelas escadas do prédio. A guitarra nunca mais foi vista.

Todos os directores das escolas privadas viram os telejornais de ontem. Amanhã, quando forem a uma destas procurar emprego, e se ontem apareceram na televisão a dizer ou a fazer coisas à Paulo contra a prova, não se esqueçam de levar uma guitarra para a entrevista.

22 comentários leave one →
  1. João Lisboa's avatar
    19 Dezembro, 2013 00:08

    Pois é, só maus exemplos: http://lishbuna.blogspot.pt/2013/12/blog-post_2354.html

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  2. Renato's avatar
    Renato permalink
    19 Dezembro, 2013 00:30

    se for de um grupo empresarial com boas ligações ao Estado, ou a funcionários das secretas lusas, tem esse trabalho facilitado… tem um MEC totalitarista e tem serviços de informações para as ocasiões… não precisa de TV’s… essas só para inspirarem textos de argumentação absurda como este… como se todos os professores fossem o seu querido Paulo!

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  3. PiErre's avatar
    PiErre permalink
    19 Dezembro, 2013 08:45

    Que raio de artiguelho tão mal defecado!…

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  4. fado alexandrino's avatar
    19 Dezembro, 2013 08:45

    Podem não ser todos como o Paulo, mas ontem pelas imagens e fotos que perduram há lá centenas de “Paulos”. Vão no bom caminho para ensinarem os fundamentos da democracia musculada, como o Doutor António (nome proibido), gostava.

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  5. Xizmêne's avatar
    Xizmêne permalink
    19 Dezembro, 2013 09:26

    sr. Vítor agradecia que coloca-se em gráfico senão não percebo

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    • vitorcunha's avatar
      vitorcunha permalink*
      19 Dezembro, 2013 09:34

      O gráfico pretendido

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    • Antonio Lopes's avatar
      Antonio Lopes permalink
      19 Dezembro, 2013 12:01

      xismene:”coloca-se”?Já percebo porque é que não quiseste fazer o teste!

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      • Xizmêne's avatar
        Xizmêne permalink
        19 Dezembro, 2013 13:05

        Sr. António pranta-te quedo.

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    • fado alexandrino's avatar
      19 Dezembro, 2013 17:53

      LOL(ada). O Crato a mostrar que tem paletes de razão.

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      • pilatos's avatar
        pilatos permalink
        22 Dezembro, 2013 14:55

        Levo uma vida desgraçada !! O que raio fui fazer? Dou aulas e de repente ou são os malucos da Prova ou os doidos varridos Anti-Prova… Socorro!

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  6. Xizmêne's avatar
    Xizmêne permalink
    19 Dezembro, 2013 09:42

    o sr. Vítor anda atento… afinal ambos os dois não nascemos para a literatura

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  7. piscoiso's avatar
    piscoiso permalink
    19 Dezembro, 2013 10:11

    O Paulo atira a guitarra para Oeste quando não se quer sentar.
    Foi o que percebi.

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  8. Filipe's avatar
    Filipe permalink
    19 Dezembro, 2013 12:05

    Pessoalmente não sei se a prova serve para alguma coisa. Mas há algumas coisas que sei:

    – É indigno um professor manifestar-se da forma que foi feita;
    – É cobarde servir-se da maioria para impedir uma “minoria” de ser livre e optar fazer a prova;
    – A prova não tem que validar a competência do professor para ensinar, basta que assinale quem não tem garantidamente essas condições;
    – A prova não humilha nem dignifica os professores. A prova serve para melhorar o ensino (a prioridade do ensino são os alunos);
    – São precisos pequenos passos para se melhorar o ensino e se nem uma prova básica se conseguir implementar todos perdemos;
    – Todos conhecemos maus professores que esta prova não “elimina” (existem professores que vão buscar as perguntas dos seus testes à internet, procurando não os que têm solução mas os que têm resolução).

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  9. @!@'s avatar
    • Joaquim C. Tapadinhas's avatar
      Joaquim C. Tapadinhas permalink
      19 Dezembro, 2013 13:54

      O Francisco José vem mesmo a propósito para nos embalar com canções de antigamente, lindas, melódicas, que nada têm a ver com o triste fado que nos embala no momento. A lembrança foi boa. Parabéns.

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  10. Straedtler's avatar
    Straedtler permalink
    19 Dezembro, 2013 15:18

    Acho que o Paulo gosta mais do “Thunderstruck”…

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  11. josegcmonteiro's avatar
    19 Dezembro, 2013 16:16

    10 anos de cadeia para o cretino Crato será pouco?!
    Os alunos, professores e pais deviam correr um tal ministro à pedrada!
    Só um reles patife é capaz de humilhar tanto os professores.
    O descarado burgesso ainda foi rir para a TV.
    Haja nojo!|

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  1. Papá-Estado, parti um vidro, ajuda-me! | BLASFÉMIAS

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