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À atenção dos jurados

20 Março, 2014
Exhibit A
Abstract

We replicate Reinhart and Rogoff (2010a and 2010b) and find that coding errors, selective exclusion of available data, and unconventional weighting of summary statistics lead to serious errors that inaccurately represent the relationship between public debt and GDP growth among 20 advanced economies in the post-war period. Our finding is that when properly calculated, the average real GDP growth rate for countries carrying a public-debt-to-GDP ratio of over 90 percent is actually 2.2 percent, not −0.1 percent as published in Reinhart and Rogoff. That is, contrary to RR, average GDP growth at public debt/GDP ratios over 90 percent is not dramatically different than when debt/GDP ratios are lower.

We also show how the relationship between public debt and GDP growth varies significantly by time period and country. Overall, the evidence we review contradicts Reinhart and Rogoff’s claim to have identified an important stylized fact, that public debt loads greater than 90 percent of GDP consistently reduce GDP growth.

Herndon, Ash, Pollin (2013)

Exhibit B

Robert Pollin e Michael Ash são outros dois subscritores do manifesto. Estes dois nomes ganharam notoriedade no ano passado, quando detectaram erros de cálculos e no Excel de Carmen Reinhart e Kenneth Rogoff, contrariando assim a tese dominante até então de que um elevado endividamento condenava uma economia a um crescimento lento. Reinhart e Rogoff inspiraram muitos dos que defenderam a austeridade e a redução da dívida como fórmula para superar a crise.

Público, 2014

Exhibit C

Assim, apelamos a uma política europeia consistente contra a recessão. Apoiamos os esforços dos que em Portugal propõem a reestruturação da dívida pública global, no sentido de se obterem menores taxas de juro e prazos mais amplos, de modo que o esforço de pagamento seja compatível com uma estratégia de crescimento, de investimento e de criação de emprego.

Ash, Pollin et al

Notas: 1) peço desculpa por haver texto em inglês neste post. Pensem assim: o Ash e o Pollin conseguiram ler o manifesto em português; 2) os destaques são meus.

74 comentários leave one →
  1. 20 Março, 2014 10:07

    Excelente. Parabéns.

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  2. Ze Gneiss permalink
    20 Março, 2014 10:53

    Não deixe que a realidade estrague uma boa teoria!

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  3. 20 Março, 2014 11:05

    Sim, é tudo uma questão de destaques:

    That is, contrary to RR, average GDP growth at public debt/GDP ratios over 90 percent is not dramatically different than when debt/GDP ratios are lower.

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    • vitorcunha permalink*
      20 Março, 2014 11:06

      Está a tentar contrariar o post? Está a funcionar ao contrário.

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  4. Ze Gneiss permalink
    20 Março, 2014 11:44

    Há duas realidades que ninguém de bom senso desmente:
    – Temos uma dívida pública gigantesca
    – Não temos condições de a pagar nos termos em que ela está atualmente estruturada.
    A partir daqui, há um sem número de teorias (algumas mirabolantes) que se podem analisar, sendo certo que aquilo que irá acontecer todos nós mais ou menos sabemos.
    É tudo uma questão de tempo.
    Só temos é que falar baixinho para os “mercados” não ouvirem.
    Eles não gostam que se fale destas coisas, muito menos esses desmiolados dos portugueses.

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    • vitorcunha permalink*
      20 Março, 2014 11:57

      Há duas realidades que ninguém de bom senso desmente:
      – Temos uma dívida pública gigantesca
      – Não temos condições de a pagar nos termos em que ela está atualmente estruturada.

      1. É gigantesca mas quer mais. Boa.
      2. Escusa de chamar implicitamente gente de mau senso a 50 milhões menos 143.

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      • Ze Gneiss permalink
        20 Março, 2014 12:20

        Se isto fosse uma novela eu aconselhava-o a ver as cenas dos próximos capítulos.
        Assim….. é só esperar!

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  5. carlos reis permalink
    20 Março, 2014 12:28

    Eu, tal como o Pateta, também gosto de brincar ao faz de conta…

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  6. BEIRAODOS SETECOSTADOS permalink
    20 Março, 2014 14:27

    Daqui a uns tempos se vera quem tem razao! Quando o Pais estiver realmente exaurido e sem forcas para se erguer, como sera?
    A Merkel que apoiava o Socas, tres anos depois ja se vira toda enternecida para um Passolas e daqui a dois virar-se-a para A, depois para B, etc., etc., ate a corda rebentar.
    A Alemanha esta bem e ficara ainda melhor. Portugal, coitados os portugas, hao-de continuar a andar para tras ad eternum – os peixes grandes sempre comeram os mais pequeninos!

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    • Tiradentes permalink
      20 Março, 2014 14:32

      Os portugueses não são coitados quando não podem pagar a dívida. Os portugueses são coitados quando a contraem a níveis incomportáveis.

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      • JCA permalink
        20 Março, 2014 22:28

        “Os portugueses são coitados quando a contraem a níveis incomportáveis”-
        .
        Esta conversa também já chera mal. Ninguém nunca lhe ligou nenhuma.
        .
        Diga lá quantos ou qual a percentagem de Portugueses que contrairam dividas que não pagaram ?
        .
        Quantos desses contrairam dividas incomportaveis ?
        .
        Chega facilmente respetivamente a 10% e a uns 0, 0…%.
        .
        Então querem dizer o quê ao País ?
        .
        Não é contra si “Tiradentes’, é contra uma demagogia permanente a falar para o boneco. Donde nada resolve, nem pretende por fantasista, virtual.
        .
        Se querem de facto atacar o problema, se há uma micro minoria que eventualmente contrairam dividas incomportaveis chamem o nome aos bois. Quem ? Quantos ? É que em dez milhões são 0,0 ….. %
        .
        É que é não só uma oratoria absurda como ofensiva para a esmagadora maiorias das Familias, Empresas e demais Cidadãos.
        .
        Metam a viola ao saco. É abusivo, insultuoso e ofensivo para ´praticamente todos os Portugueses que é claro não acreditam e começam a não ter confiança na Democracia por estas e por outras de tão alarves calibres.
        .

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  7. 20 Março, 2014 14:47

    Não é contraditório, por uma simples razão – Portugal endividou-se numa moeda que não controla, logo a expansão da dívida por via monetária (imprimir dinheiro) é uma impossibilidade.

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    • vitorcunha permalink*
      20 Março, 2014 15:30

      Quando se deve 1000 bananas, nem que cá só se coma maçãs, continua-se a dever 1000 bananas mesmo que mude a dieta para amendoins.

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  8. Ze Gneiss permalink
    20 Março, 2014 14:53

    Parece que nos finais do sec. XIX Portugal entrou em bancarrota.
    Não sei se houve manifestos nessa altura, mas ao que me consta o País ainda existe e desenvolveu-se desde então.
    No entanto se os comentadores de hoje fossem vivos nessa altura certamente teriam vaticinado o fim da Pátria.
    Os profetas da desgraça sempre existiram e até proliferam quando a realidade é difícil.
    Não perdem uma oportunidade de nos puxar para baixo.
    É por isso que eu interpreto estes posts mais como uma terapia de grupo e o meu contributo é gratuito.

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    • vitorcunha permalink*
      20 Março, 2014 15:00

      No século XIX os tontos não tinham internet em casa. Graças a isso aguentou-se melhor.

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      • Ze Gneiss permalink
        20 Março, 2014 15:54

        Maldita internet, vai-nos atirar para o buraco!!!

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    • Abre-latas permalink
      20 Março, 2014 22:45

      Aparentemente gosta de novelas, mas essa que contou já acabou, sabemos o final.
      O país não acabou como é óbvio mas para se endireitar sofreu uma ditadura de 50 anos( esqueceu-se de ver esse “episódio”?). Ditadura curiosamente desejada à época de tal forma ía a coisa.
      Eu não desejo uma ditadura, por isso espero que o país não precise de estar dependente de terceiros, se acha que fechar a torneira dos mercados não vai levar, mais tarde ou mais cedo a uma ditadura ou protectorado reveja a novela do séc. XIX.
      Já agora, não foram os profetas da desgraça que nos puseram para baix, foram os profetas do oásis e do endividamento virtuoso.

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  9. Alexandre Carvalho da Silveira permalink
    20 Março, 2014 15:13

    Ando mesmo distraído, porque não li este post antes de escrever um comentário no post “O bisavô dos jarretas” sobre o assunto.
    Não faço considerações sobre os economistas estrangeiros que apoiam o manifesto dos 70+4, mas lendo o texto que eles escreveram e subscreveram, salta à vista um pormaior: eles falam em “reestruturação da divida global, no sentido de se obterem menores taxas de juros e prazos mais amplos”…, e não falam em nenhuma espécie de mutualização da divida pública, que é o principal pilar do manifesto indigena.
    Concluindo: estes economistas estrangeiros, são apesar de tudo mais conscientes da realidade do que os seus colegas portugueses. Embora não concordando com as considerações do texto, posso fácilmente concordar com a ideia da redução dos juros e alargamento dos prazos, coisa que o governo português tem vindo a fazer com cerca de um terço da divida. A redução de juros e aumento de prazos não é possivel para a parte da divida que está nas mãos de fundos de investimento e fundos de pensões estrangeiros, simplesmente porque esses investidores não estão dispostos a fazê-lo. Investiram o seu dinheiro, e acham que não são a Santa Casa da Misericórdia.
    Resta a que está nas mãos dos bancos portugueses, e do fundo de garantia da Segurança Social; reduzir juros e alargar prazos aqui terá inevitalmente consequências desastrosas.
    Portanto, tudo isto é mais uma vez chover no molhado, e a prova de que a esquerda e algumas pessoas que se prestaram a fazer um servicinho ao PS, não têm mais nada para apresentar aos portugueses que não seja mais uma vez empurrar as dificuldades com a barriga, e a fuga às responsabilidades.

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    • Ze Gneiss permalink
      20 Março, 2014 15:58

      Daí a mutualização ser uma solucção cada vez mais consensual porque praticamente não depende da vontade dos credores já que eles são ressarcidos do seus direitos.
      Mas isto é um tonto a falar porque se os “mercados” ouvirem não vão gostar e cortam a sobremesa aos meninos.

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      • Alexandre Carvalho da Silveira permalink
        20 Março, 2014 16:40

        Consensual aonde e entre quem?

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      • lucklucky permalink
        20 Março, 2014 21:35

        Consensual !?

        Vou lhe dar uma proposta que tal uma mutualização da Dívida só com os Gregos.

        Que tal esse consenso para si?

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      • Rafael Ortega permalink
        21 Março, 2014 17:58

        Consensual entre quem quer ter as dívidas pagas sem meter o seu.
        Fale nisso na Alemanha, na Holanda, na Finlândia, e vai ver em que se transforma o seu consensual

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    • Tiro ao Alvo permalink
      20 Março, 2014 16:49

      Alexandre, concordo com o seu ponto de vista. Este Gneiss cada vez está pior…

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  10. LTR permalink
    20 Março, 2014 16:40

    “average GDP growth at public debt/GDP ratios over 90 percent is not dramatically different than when debt/GDP ratios are lower.”

    Claro! Quando a situação é má inventa-se de tudo para dela saír, que é o que as empresas portuguesas têm andado a fazer. Do outro lado estão aqueles que desesperam por voltar a viver como antes, não percebendo depois disto tudo que nada será igual ou parecido, à excepção da avidez votante por candidatos-promessa ou mesmo milagreiros.

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  11. Ze Gneiss permalink
    20 Março, 2014 17:22

    A mutualização é de facto uma péssima solução, mas é a única possível, chame-se isso outra coisa qualquer.
    É verdade que a Europa (ou seja, a Alemanha) resiste, mas é uma questão de tempo.
    Quem não concordar está no seu direito, mas tem a obrigação moral de nos explicar como é que a dívida pode ser paga de outra forma.
    Daí estes 74 estrangeiros que não nos devem nenhum favor terem prontamente alertado para estas questões.
    Acontece que o debate neste blogue está muito centrado na procura dos culpados desta situação e na melhor forma de os castigar.
    Eu até concordaria caso aqueles que nos governaram nos últimos 40 anos tivessem fundos suficientes para pagar a dívida.
    Se as suas teses tivessem acolhimento arrastariam o povo português para um poço sem fundo, mas mesmo assim achariam que era merecido, pois andaram a gastar aquilo que não tinham.
    São os defensores do retrocesso civilizacional regenerador, certamente porque têm a sua situação pessoal devidamente salvaguardada.

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    • LTR permalink
      20 Março, 2014 18:18

      “Acontece que o debate neste blogue está muito centrado na procura dos culpados desta situação e na melhor forma de os castigar.”

      Opção: castigar os Alemães, fazendo como o Tó-de-saída – perguntando-lhes se eles não se importam de nos fiarem mais umas décadas. Se eles não o fizerem, faz-se novamente como o Tó-de-saída faz – culpar a Europa pelo que se passa em Portugal . E lá estamos nós nos culpados outra vez. Obviamente, o pêiesse é a vítima, Mário Soares é Deus e sócrates o profeta.

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  12. 20 Março, 2014 17:41

    Eu nem consigo dizer o que me causa mais espanto, se o estudo original, se aquele que o contraria. Crescimento é a derivada do PIB (portanto euros/ano²). O PIB é o produto DO PAÍS no ano, portanto euros/ano. A dívida é o passivo do estado em stock, euros. Andar a comparar qualquer uma das grandezas só revela iliteracia. Sejam os autores detentores de PhD’s em Economia ou não… Tal como dizer que a distância de Lisboa ao Porto é de 200% da velocidade e, como a aceleração está em 2%, então a viagem é melhor… 🙂

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    • Pedro Paz permalink
      20 Março, 2014 18:47

      Certo, mas com mais dívida mais impostos e com mais impostos menos crescimento e com menos crescimento menos PIB.

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      • vitorcunha permalink*
        20 Março, 2014 19:12

        O problema não é mais impostos. Permita-me considerar algo ingénuo esperar que um governo reduza impostos voluntariamente. O problema é esses impostos levarem maior fatia para serviço de dívida já feita em vez de serem usados para algo que interessa mais aos governos: fazer rotundas e elefantes brancos, mantendo toda uma indústria de pendurados no esforço do contribuinte.

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  13. Portela Menos 1 permalink
    20 Março, 2014 18:03

    O porta voz do governo português considera que, como não tem notícia que os subscritores estrangeiros do manifesto sejam credores do país, não tem nada a comentar.

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  14. Alexandre Carvalho da Silveira permalink
    20 Março, 2014 18:06

    Sendo deliberadamente capcioso, adianto aqui uns números, que apesar de tudo deviam fazer muitos das 70+4 manifestantes estarem calados, e, se tivessem alguma, coradinhos de vergonha.
    A divida directa do estado na ótica das contas publicas era em 31/12/2010 de 151.779 milhões de euros; em 31/12/2013 era de 204.252 milhões de euros; mas se retirarmos os 75.050 milhões de euros que a troika nos emprestou até esse dia, a divida seria apenas de 132.200 milhões, menos cerca de 19.000 milhões. Quem é que pediu os empréstimo à troika? O Partido Socialista com o aplauso da generalidade dos 74.
    Isto significa que os que nos andaram alegremente a endividar, agora por razões misteriosas, pelo menos para mim, descobriram que a divida não é pagável.
    Esta gente tem alguma credibilidade?
    P.S. quem se deu ao trabalho de seguir as intervenções dos quatro ex ministros das finanças ontem no forum organizado pela SIC, pôde verificar quem entre eles aborda estes assuntos tipo conversa de pastelaria, e quem fala deles com a seriedade e profundidade que eles merecem; Vitor Gaspar mostrou ali em palavras simples como é que o assunto deve ser discutido, e porque é que ele tem uma longa e prestigiada carreira internacional, e os outros três não passam do que sempre foram: mangas de alpaca.

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    • Ze Gneiss permalink
      20 Março, 2014 18:20

      Pois é, mas o Gaspar pirou-se com o rabinho entre as pernas.
      Teorizar é fácil, mas quando é preciso dar a cara, aí a coisa muda de figura!

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  15. Portela Menos 1 permalink
    20 Março, 2014 18:07

    ou seja, como PCoelho, membros do governo, do partido, outros amigos na CS e blogues, não têm feito outra coisa senão desancar nos 74 portugueses que subscreveram o manifesto, podemos concluir que são importantes credores 🙂

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  16. Portela Menos 1 permalink
    20 Março, 2014 18:25

    o jornal de negócios, que fez primeira página quando do manifesto subscrito por portugueses – “A unanimidade contra a reestruturação e pelo consenso político” –
    hoje não sentiu necessidade de informar os seus leitores na edição em papel.
    Como diziam por aqui, há dias, sobre as tiragens do jornal “I”, quem se vai interessar por umas centenas de leitores?

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  17. Pedro Paz permalink
    20 Março, 2014 18:40

    Eu agradecia muito a quem me fizesse o favor de explicar o porquê de tanta contestação ao manifesto dos 74. Não estou a ser irónico, queria mesmo perceber o porquê de não se poder reestruturar a divida na opinião que quem não concorda com ela. O que eu entendo é que os credores, na perspectiva de a dívida ser impagável não vão querer renegociar – e isso é claro. Eu se emprestasse dinheiro a alguém que via não ter condições de o pagar, certamente também pediria um juro elevado. Mas temos credores solidários que já baixaram os juros porque entendem que é a vida de muitas pessoas que está a ser excessivamente prejudicada e que isso têm consequências graves. Eu baixaria os juros de um empréstimo a alguém se observasse que essa pessoa algum dia iria pagar e que se estava a esforçar a sério. Neste caso, fazendo a analogia para Portugal, vendo que com juros tão altos não se cresce e sem se crescer a divida continuará impagável, parece de bom senso que se baixe um pouco o juro para que Portugal possa investir para poder crescer. Se se duvida da capacidade de investimento nacional, então isso é outra coisa, e deverão ser feitos esforços por eleger os líderes que provem que farão os investimentos com maior retorno. Neste momento a preocupação é exclusivamente a da “poda”, ou seja, a do ajuste ao pagamento do impagável – que se torna tão mais impagável quanto mais se asfixiam as fontes de rendimento existentes.

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    • vitorcunha permalink*
      20 Março, 2014 18:49

      A contestação ao manifesto tem a mesma origem na contestação que qualquer pessoa teria sobre indivíduo que dissesse que a sua dívida de crédito à habitação é impagável porque representa 600% do seu rendimento anual.

      É uma questão meramente semântica que só aparece porque o dicionário define “impagável” sem recorrer a “não me apetece”.

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      • Pedro Paz permalink
        20 Março, 2014 19:08

        Eu não estou em desacordo com o manifesto mas estaria bem mais descansado se tantas “personalidades” se preocupassem com crescimento económico e verdadeira distribuição dos esforços para pagar a dívida. Em segundo plano viria a reestruturação, mas viria. E o pagamento da dívida, sem dúvida. Não me posso queixar financeiramente hoje mas nenhuma sociedade está bem se os seus pares estão mal. Se se continuar com a mesma receita, com baixa natalidade, com um sistema de educação miserável como é o nosso e a brincar às empresas, nem de embalar salsichas para uma multinacional estrangeira vamos poder viver. E aí todos vamos estar mal.
        Gosto muito de ler algumas coisas deste blog mas os comentários são sempre destruidores e não apresentam soluções. Sei que faz parte da cultura portuguesa, mas aqui só se chamam aos subscritores de jarretas. Se se chamassem de incompetentes ou de jarretas-incompetentes-porque-são-incompletos-nas-suas-áreas-de-especialização era melhor porque no campo das soluções o manifesto é oco. Dizer que se deve promover o crescimento económico (o que é dito de várias maneiras e feitios) é muito bonito – é à partido político daqueles que todos conhecemos demasiado bem – mas falta, como sempre, o como.

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      • vitorcunha permalink*
        20 Março, 2014 19:15

        Todas aquelas pessoas, directa ou indirectamente, contribuíram para o crescimento nulo da década dourada. Inclusivamente, muitas daquelas pessoas criaram dívida numa perspectiva cainesiana (sem grande relação com Keynes) à espera do multiplicador que, vai-se a ver, é um número negativo.

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      • 20 Março, 2014 21:08

        Essa da dívida de crédito à habitação ser impagável, só pode vir de uma cabecinha pensadoira…

        Qualquer divida é impagavel pelo simples facto de não se gerar riqueiza durante a vigencia do emprestimo.
        No caso da habitação, se tirarem o rendimento(cair no desemprego) a quem contraiu o credito, é mais que evidente que a divida é IMPAGAVEL, foi o caso de muitas familias, sem que estas tivessem qualquer tipo de culpa.

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      • vitorcunha permalink*
        20 Março, 2014 21:17

        Ai perdeu o rendimento? O PIB foi zero? É que se o PIB é zero a dívida é DIV/0% do PIB.

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      • 20 Março, 2014 21:29

        Continue com as suas teorias que daqui a uns tempos infelizmente falamos.
        Com o Pib assim ou assado, como paga o que quer que seja se não se criar riqueza???

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      • vitorcunha permalink*
        20 Março, 2014 21:31

        Amén.

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      • Portela Menos 1 permalink
        20 Março, 2014 23:22

        por aqui não se disfarça a defesa do conceito luismontenegrino “o país está melhor mas as pessoas estão pior”.

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    • Alexandre Carvalho da Silveira permalink
      20 Março, 2014 19:26

      Não é a ideia da reestruturação da divida que está em causa, até porque a divida tem sido reestruturada práticamente todos os meses, sendo a maior dessas operações feita com a troika. Na minha opinião, o que está aqui em causa é a maneira panfletária como o manifesto surgiu e a ideia da mutualização da divida que ninguém na Europa quer para a divida futura, e muito menos para a divida antiga. Fala vagamente de finanças públicas controladas, mas não diz que qualquer tipo de negociação para reestruturar a divida exigiria sempre o cumprimento do memorando, e acrescentaria mais sacrificios que ninguém deseja. Como dizia o outro, não há almoços grátis.
      O futuro de Portugal e dos portugueses não se compadece com gaijosporreirismos, e tem de ser encarado com os pés bem assentes no chão. Este manifesto é uma espécie de boletim do euromilhões, não passa da manifestação dos desejos de um grupo de pessoas que na sua maior parte é responsável por acção ou omissão pelo nivel de endividamento que temos. Contribuiram para fazer a divida e agora dizem que não se pode pagar. Chega a ser esquizofrénico.

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      • vitorcunha permalink*
        20 Março, 2014 19:28

        Como se chama alguém que cria dívidas que depois diz que não quer pagar? Assim, jarreta não é insulto, é suavizar a coisa.

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      • 20 Março, 2014 21:17

        esquizofrénico, é terem defendido toda as medidas que nos trouxe até aqui e apesar da evidencia da opinião de 74+74 individualidades continuarem a achar que o caminho da austuridade ser o melhor.

        Meu, a divida é IMPAGAVEL e ponto final e nem é por ser-se de direita ou de equerda é ecomico/politicamente IMPAGAVEL.

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      • vitorcunha permalink*
        20 Março, 2014 21:29

        Pronto, pronto: não lhe apetece pagar, não pague, queixe-se na internet (é fibra?)

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      • lucklucky permalink
        21 Março, 2014 00:02

        Continue com as suas teorias que daqui a uns tempos infelizmente falamos.
        Com o Pib assim ou assado, como paga o que quer que seja se não se criar riqueza???

        Você é um tonto Bolota.

        A riqueza que Portugal produz durante um ano anda por volta dos 160 mil milhões de euros.
        E basta Portugal ter défice zero para a dívida começar a reduzir-se.

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      • 21 Março, 2014 09:08

        lucklucky,

        Sabe como se diz em Baleizão a obsevações como a sua???? o/a lucklucky está armado em carapau de corrida.

        Com que então defice zero…Sabe quem na europa conseguio em 2013 o defice zero??? Foi a Alemanha. Como é obvio que nós com um PIB nos 130% atingiremos um defice zero num abrir e fechar de olho…quando os 74+74 nos dizem que para começar a haver crecsimento o PIB tem de vir para valores abaixo do 90%, o ideal seriam abaixo dos 60%.

        É isso o tonto é o Bolota

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  18. Silva permalink
    20 Março, 2014 18:49

    “In some cases, we have favored more radical proposals, including debt restructuring (a polite term for partial default) of public and private debts. Such restructurings helped deal with the debt buildup during World War I and the Depression. We have long favored write-downs of sovereign debt and senior bank debt in the European periphery (Greece, Portugal, Ireland, Spain) to unlock growth.” Carmen M. Reinhart, Kenneth S. Rogoff (http://www.nytimes.com/2013/04/26/opinion/debt-growth-and-the-austerity-debate.html)

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    • vitorcunha permalink*
      20 Março, 2014 18:52

      Já pediram desculpa a Reinhart e Rogoff?

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      • Portela Menos 1 permalink
        20 Março, 2014 23:33

        pedir desculpa sobre quê? sobre a “recessão curativa” ou sobre a “austeridade expansionista”? quem é que pede desculpa a + de 1.000.000 de desempregados? o “dr” empreendedor Relvas?

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      • vitorcunha permalink*
        20 Março, 2014 23:44

        Volte a focar. Está desfocado.

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  19. Pedro Paz permalink
    20 Março, 2014 19:44

    Em resposta a:
    vitorcunha
    20 Março, 2014 19:15
    Todas aquelas pessoas, directa ou indirectamente, contribuíram para o crescimento nulo da década dourada. Inclusivamente, muitas daquelas pessoas criaram dívida numa perspectiva cainesiana (sem grande relação com Keynes) à espera do multiplicador que, vai-se a ver, é um número negativo.

    Concordo e estou mais esclarecido, obrigado.
    Não têm legitimidade ainda mais por: não apresentarem uma solução; não defenderem, no fundo, o pagamento da dívida.

    Será legítimo propor reestruturação + austeridade deixando de fora as empresas privadas? Não será isso incentivo aos negócios e ao investimento, criando fonte de receita para, num estado com menor peso, se recuperar receita fiscal que permita pagar a dívida e criar condições para o investimento directo estrangeiro e para a criação de empresas? Afinal foi feito algo semelhante para os reformados estrangeiros se fixarem em Portugal, aí com multiplicador, desta vez positivo.

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  20. Tiro ao Alvo permalink
    20 Março, 2014 20:55

    Sobre esta coisa da reestruturação, convém ouvir com muita atenção o que disse o Bagão Félix, em Outubro do ano passado:
    Bagão Félix, Outubro 2013 [YouTube]

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  21. 20 Março, 2014 20:57

    Ilusão das ilusões, tudo é ilusão e vento que passa.
    Quem viver, verá.

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  22. Fincapé permalink
    20 Março, 2014 23:55

    A ênfase está nos negritos, mas como gosto mais de encher chouriços… Caro Vítor, afinal Reinhart and Rogoff cometeram mesmo erros? 😉

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    • vitorcunha permalink*
      20 Março, 2014 23:58

      Eventualmente até poderão ter circulado em excesso de velocidade numa área urbana. Só por causa disso deviam ser proibidos de opinar sobre o tempo.

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      • Fincapé permalink
        21 Março, 2014 00:11

        Mas não é chato deixá-los ainda opinar sobre economia? 🙂

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      • vitorcunha permalink*
        21 Março, 2014 00:13

        Nem por isso. O Fincapé agora já gosta do que dizem.

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      • Fincapé permalink
        21 Março, 2014 00:16

        Eu? Nem os conheço. 🙂

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      • vitorcunha permalink*
        21 Março, 2014 00:17

        Vá por mim. Hoje o Fincapé gosta deles.

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      • Fincapé permalink
        21 Março, 2014 00:28

        Eu sou daqueles que não gostam de excesso de dívida(s). Mas também não aprecio erros como os deles, com a responsabilidade deles.
        PS: Também não gosto que, feitas as dívidas com a complacência e até incentivo dos credores, ela seja tratada com danos ainda maiores.

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      • vitorcunha permalink*
        21 Março, 2014 00:31

        O erro não está, nem nunca esteve em questão.

        O trabalho limitava-se a agregar dados de vários países e a obter uma conclusão numérica para algo que é mero empirismo. O erro afectou números, não as conclusões, que nunca poderiam ser diferentes, como alias referem os novos indignados com dívidas que passaram a vida a criar dívidas.

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      • Fincapé permalink
        21 Março, 2014 00:53

        Sim, eu sei. Mas eles sabem muito bem que não podem cometer erros daqueles.
        Quanto a dívidas, foram-me transmitidos genes que lidam mal com elas. Principalmente fora dos limites do razoável e pagável. Suponho que as câmaras chegaram a estar limitas a um endividamento de cerca de 30% das receitas, mas chegou a atingir 125%, não se se por lei de 2007. Um absurdo, embora a intenção talvez fosse o aproveitamento dos fundos comunitários.

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      • Fincapé permalink
        21 Março, 2014 02:30

        Não era como eu disse acima, mas até à Lei das Finanças Locais n.º 42/98, de 6 de Agosto, o endividamento para um determinado ano era controlado através dos valores dos encargos das amortizações e juros sendo o valor máximo de 20% das despesas de investimento do ano anterior ou três duodécimos do FGM e de Coesão Municipal (o maior valor) do ano anterior.
        Com a Lei n.º 2/2007, de 15 de Janeiro, passou a ser talvez mais claro (artigo 37.º Limite do endividamento líquido municipal – O montante do endividamento líquido total de cada município, em 31 de Dezembro de cada ano, não pode exceder 125% do montante das receitas provenientes dos impostos municipais, das participações do município no FEF, da participação no IRS, da derrama e da participação nos resultados das entidades do sector empresarial local, relativas ao ano anterior.)
        Mas creio que aumentou bastante a capacidade de endividamento.
        Com efeito, houve agravamento das dívidas das autarquias em 2008 e 2009, mas poderiam não ser efeito da lei de 2007.

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      • vitorcunha permalink*
        21 Março, 2014 07:13

        O que o Fincapé está a dizer já disseram os temidos liberais há muito: não havendo restrições ao endividamento de estruturas governamentais, estas aumentarão até ao infinito. Toda a gente quer “dar” alguma coisa.

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  23. JorgeGabinete permalink
    21 Março, 2014 00:49

    Como de há anos tenho dificuldade em perceber nexos de causalidade entre nível de dívida versus PIB, partilho algumas dúvidas:
    – certamente é diferente um dado nível de dívida ou de produto se encontrarem em crescente ou decrescente, ou não?
    – o pressuposto de correlação teria mais que ver com uma dinâmica, de que modo é que esta análise estatui ou é passível de extrapolação
    – não será diferente a eficiência (marginal?!) de acréscimos de dívida num cenário de consolidação por oposição a quando ocorrem numa política expansionista (ou de endividamento?!)
    – não percebo também se (porque não estudei tanto como esses srs) são países comparáveis? são os respectivos rácios determinados pelas mesmas evoluções de variáveis?
    – se o pressuposto de qualquer estudo for encontrar esta correspondência entre níveis de dívida top e subcrescimento de produto e os dados aparentarem (apontarem) nesse sentido, fica demonstrado? assim? de modo tão simples?
    Como exemplo: se o numero de acidentes de viação tiver 60% de viaturas de côr branca fica demonstrado que essa cor provoca mais acidentes? E se introduzirmos o dado que 60% do total de viaturas é dessa cor?!

    No caso, apenas proponho que a dívida a 120% poderá ser mais sustentável que a 90% (por exemplo) se os pressupostos forem a evolução do défice de contas públicas de 10% para 5% e evolução estrutural da economia (tecido empresarial, regulação, mercado laboral, modelos de VAB predominantes, etc), e também o esvaziamento da procura interna “excedentária”. Será possível no exemplo acima que, demonstre-se A ou demonstre-se B, ainda assim não permitem antecipar (prever) com razoabilidade a evolução de qualquer caso em específico? Sei que são questões de leigo, mas terão respostas assim tão óbvias e que não vejo?

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    • vitorcunha permalink*
      21 Março, 2014 07:10

      Na realidade, não é tanto o valor relativo da dívida como a qualidade dessa dívida. Dito de outra forma, países com dívida relativa elevada tendem a desperdiçar mais dinheiro sem obter com este uma reprodutividade real.

      Veja, por exemplo, a diferença entre construir uma série de escolas para uma população com baixo nível de instrução e o embelezamento de escolas existentes com mármores e quadros electrónicos. Enquanto a criação de escolas em falta trará maior qualificação e permitirá o desenvolvimento de uma economia, os benefícios reais do quadro electrónico, por muito giro que seja, serão inexistentes ou marginais face ao investimento realizado.

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  24. JorgeGabinete permalink
    22 Março, 2014 17:02

    “Portugal não necessitará, para começar, de uma reestruturação da dívida pública ao estilo clássico, com um corte profundo no valor facial da dívida, que, mesmo em termos líquidos, já rondava os 200 mil milhões de euros no final do ano passado?

    Necessitar é uma palavra forte. Eu creio que uma política de estímulos que faça regressar rapidamente Portugal – e outros países da periferia europeia – a um crescimento real e nominal partilhado pode reduzir rapidamente, em termos relativos, a importância da dívida pública, sem necessidade de um “corte de cabelo” (hair cut).”

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    • JorgeGabinete permalink
      22 Março, 2014 17:10

      Vamos a ver se percebo, a pessoa citada em resposta acima, vê um haircut como não necessariamente necessário. Bom deve ser daqueles que nunca assinariam o manifesto…

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      • JorgeGabinete permalink
        22 Março, 2014 17:21

        Mas… é o Ash! O do manifesto!

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