As pessoas boazinhas
Tema do meu artigo de hoje no DE: Estou farta. Mas não farta em geral. A minha fartura é um caso muito particular. Estou farta de pessoas boazinhas. Causam-me a mesma agonia que na infância me suscitavam as iscas: as iscas eram tão saudáveis, as iscas faziam bem, as iscas isto e aquilo. Felizmente lá em casa não era muito popular a invocação então generalizada dos pastorinhos da serra da Estrela que passavam fome e que certamente iriam adorar a comida que nós rejeitávamos, pois creio que teria acabado a integrar os pastores mais as ovelhas e as serranias da Estrela ao Caldeirão ou Mú no desgosto, sim desgosto enquanto contrário de gosto, ou “igosto” para usar a prefixação em voga no Tribunal Constitucional, que aquela textura pastosa das iscas me causava. Lembram-se que por mais que as mastigássemos as iscas nunca mais acabavam? Pois é essa sensação de mastigação circular que eu, décadas depois e já relativamente reconciliada com as iscas, experimento perante os sobressaltos cíclicos das pessoas boazinhas. E nas últimas semanas as pessoas boazinhas têm andado tão sobressaltadas, com tantos factos ali mesmo a jeito para elas poderem mostrar como são boazinhas. Os pinos metálicos colocados na entrada de um edifício em Londres, pinos esses que teriam a finalidade de impedir os sem-abrigo de pernoitarem naquele espaço, foram o pretexto ideal para a manifestação de carradas de bondade. Ler mais

“Estou farta de pessoas boazinhas”. Também eu. Prefiro a solidariedade à caridade. Mas não era isso que queria dizer, não é?
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Claro que não era isso que queria dizer e você sabe-o muito bem, não é?
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E você é solidário? Já tratou do seu sem abrigo de estimação hoje? Ou prefere exercer a sua solidariedade através do meu ordenado?
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Os meus parabéns por ainda ter um ordenado.
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Pois eu prefiro a caridade, que é solidariedade. ‘solidariedade que’ geralmente não tem caridade nenhuma, mas apenas ambição de lucro e de carreira. Um missionário em África faz mais pelo pobres do que dez ONGs ‘solidárias’. E quando começam os tiros ele é o único que fica. Mas não admira que diga isso, é o que pensa qualquer besta de jornalista. Portanto, continue a pensar por descabeça alheia…
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São as beatasdo século XXI
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Bem observado.
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Agora não tenho o passe e por isso não dá para ir ao Rossio mas quem se der ao trabalho de ir a montra da CGD tem exactamente os mesmos pinos que aqui são notícia e também pelos mesmos motivos.
Já tínhamos inventado a solução muito antes de a colocarem em prática lá fora
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Fui confirmar, até dá para ver no Google Maps.
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Uma afronta à dignidade humana a colocação desses skipes pinos em português,nas terras de Sua Magestade.E por aqui?Descansem que essa ideia deve estar bem latente na cabecinha de certos senhores bonzinhos do nosso Portugal.Deve estar ,aquilo pega.se.As modas copiam.se.Estejamos bem atentos aos santinhos de pau carunchoso.!
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Como exemplo, durante décadas foram e ainda são usados bancos corridos com apoios, bancos individuais alinhados, em paragens de autocarro, estações de metro e comboio, edificios publicos e outros mais para que os sem-abrigo la não se deitem. Todos os dias passamos por exemplos desses e nem nos apercebemos.
http://architectures.danlockton.co.uk/2011/09/12/architecture-urbanism-design-and-behaviour-a-brief-review/
http://en.wikipedia.org/wiki/Disciplinary_architecture
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acabe-se com os sem abrigo,se tanto confusao criam nas mentes bem pensantes.curiosamente,nesta altura do campeonato ,os “mercados” lançam cada vez mais gente para a rua,para a indigencia,para bem longe dos “condominios privados”,para onde nao possam ofender …quem passa na rua.
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No tópico: acredito na bondade.
Conheço pessoas de tal maneira altruistas que só pde ser bondade.
E são assim, desde sempre.
Não de um dia para o outro.
Pessoas que sofrerem grandes adversidades e aturaram coisas do pior…mas foram e são bondosas.
Agora bondade em grupo…cheira a oportunismo, comércio (solerte qb), pobreza de espírito ou perversão
Ou se calhar, tudo.
Santidade grupal, inventa-a, por exemplo, a ICAR – sem “bondade”, decerto.
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A solidariedade é uma treta.
Virtude erguida a ministério – está condenada.
Cheira a confisco esbulho, compra de votos dos miseráveis
É coerciva.
Usa da força.
Solidariedade à força e coerciva…
A caridade não será grande coisa, mas pode conter amor e sentido de repartição, ao jeito “protestante”.
Nunca se deve desprezar a generosidade humana.
Pode ser “induzida”, nunca imposta – sobretudo, oportunisticamente.
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na boa tradição da social democracia europeia (ou dos antigos regimes de leste), sempre se podia ilegalizar a pobreza (por decreto), ou no mínimo torná-la invisível para que não nos incomode (uma vez que eliminar a consciência é um pouco mais difícil). É isso ou seguir a sugestão do Sr. Costa e tornar Portugal num país de ricos.
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