Crime de tráfico de influências

O processo Face Oculta é exemplar, como toda a acção de justiça que se requer mediática, exemplar da inexistência de justiça em Portugal e do magistério de vergonha e vaidade a que estamos reiteradamente sujeitos. O facto de existirem provas de crime (que me proponho crer) não pode levar a cúmulos jurídicos de 17 anos, tal é estúpido e denuncia falta de sobriedade. Aceito que todos os intervenientes procederam como criminosos que são e como tal devem ter pena efectiva. Aceito que a justiça não se deve ficar pelo veredicto do censurável como se fica na maior parte das vezes. Aceito que o veredicto deve redundar em efectiva aplicação de penas. Acho ridículo que tal se aproxime das condenações aplicadas que afirmo de desproporcionadas e inauditas.
Suponho ainda, e em clara suspeição da eficácia condenatória, que quer o exagera das penas por um lado, quer o artificialmente criado facto de recusa de acesso a escutas (que provavelmente teriam zero de valor probatório, ainda que previsivelmente censuráveis e desvendadores da promiscuidade entre o PM de então e o seu círculo de interesses criminoso) são duas garantias de futura anulação das penas. Mero exercício de estilo que já me habituei a ver: por um lado será dado provimento a recurso (aos recursos) para redução de penas e por outro será atendida a apreciação de nulidade por recusa de acesso a transcrições. Pelo caminho fica ainda o efeito de eficácia de suspensão de penas pelo mero exercício de interposição. Este é um jogo sabido, conhecido de juízes, advogados e arguidos da coisa e o MP também o supõe na sua mestria de aparentar independência sendo capturado como é pelos interesses instalados que correspondem aos interesses dos por ora condenados.
Quanto ao Costa é mais do mesmo, mais um boneco de são aleixo desta pantomina socialista, em que se federam os censurados e os putativos censuradores.

GostarGostar