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Um comediante português

22 Setembro, 2014

bifes080714Não é de admirar que Portugal seja um destino de férias para ingleses: é um país tão horrivelmente putrefacto que só bêbados, porcos e deploráveis poderiam encontrar no sinistro pardieiro à beira-mar mal-depurado qualquer jocosidade justificativa para 15 dias de martírio entre gordas das beiras, com tatuagens nos rins em sânscrito – mas com caracteres japoneses – em pleno mês de Agosto, nos seus fatos-de-banho de 1988, cheirando a entranhas de sardinhas, tal como os fatos-de-banho.

Porém, nem sempre assim foi. A grandiosidade deste país, antes do declínio mefistofélico forçado pela manifestação terrena da privação do Bem nos advocatus diaboli troikentos de Passos Coelho e Paulo Portas, com um pico de urbanidade nunca visto no mundo ocidental durante o período 2005–2011, foi completamente destruída pela austeridade que levou à fuga de cérebros, incluíndo o de João Magueijo, também ele próprio, o corpo, perfeitamente emigrado no abaixo-de-galinheiro Imperial College.

Não que tenha mal escrever mal dos hóspedes: para isso é que existe o livro amarelo. O que não fica bem é escrever tão mal sobre o mal da maldade dos hóspedes. Não que sequer importe o que os outros possam pensar de nós (uma pista: não é lá grande coisa) – importa o que nós pensamos de nós próprios e – lamento o embaraço pela epifania – o problema foi o João Magueijo pensar que conseguia ter piada (uma pista: não consegue).

Dito isto, parabéns ao João Magueijo por conseguir entrar, nem que temporariamente, no monopólio de mercado humorístico que há em Portugal: o do gajo fixe da esquerda porreira. A competição será dura com o espaço ocupado pelo Tubo de Ensaio, David Ferreira no Prós e Contras, as crónicas do Ricardo Araújo Pereira e o apoio do Pedro Abrunhosa ao Costa.

Miguel Esteves Cardoso sobre o mesmo… assunto.

29 comentários leave one →
  1. Castrol permalink
    22 Setembro, 2014 16:46

    Porra!

    Este Magueijo já se me adiantou… Bastou ouvir falar da nova Lei da cópia privada, para lançar uma compilação de meia dúzia de balelas a que deu um nome pomposo e o formato de livro.

    Agora, que se alcandorou ao estatuto de ARTISTA, é só esperar e ver o seu quinhão das receitas de venda dos iphones, pens e drives em geral, a cair na conta bancária…

    Exatamente o que tinha planeado, mas pelo vistos não fui o único e muito menos o primeiro…

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  2. 22 Setembro, 2014 17:25

    re-porra !!

    Hoje, por que interessa ao VC este tipo de post, que interessa ao país esse livro * (que não li nem vou ler), se esta manhã, quatro dias após o seu ministro Crato ter pedido “desculpa” por grave ineficácia (no mínimo…) da qual é responsável-mor, PPCoelho apelidou o seu conceito de educação como “salsicha educativa”, mais merdices sobre o seu passado no qual se sentiu como “cobaia” do ensino ?
    Que raio de linguagem e que governantes são estes ?

    * prefiro reler o livro “De Fora para Dentro”, há muitas décadas editado pelo Fernando de Melo.
    E o MEC que releia bastantes das suas desinteressantes crónicas diárias no Público.

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  3. 22 Setembro, 2014 17:59

    «Perhaps we are not all that different, after all.»

    Depois da bosta, a auto-flagelação.

    I’m out.

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  4. vsantos permalink
    22 Setembro, 2014 18:09

    o gajo tem mesmo cara de tótó……que foto !!!!

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  5. joao lopes permalink
    22 Setembro, 2014 18:37

    o MEC tenha mas é juizo.por sinal nos anos 90 em pleno bairro alto,o MEC fazia muita publicidade aos seus amigos ingleses:sempre bêbado(a vantagem é que se evita ressacas)

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  6. 22 Setembro, 2014 19:05

    Não li, nem vou ler por não me interessar, mas se o livro fala dos “filthy english” não deixa de ser verdade. Sim, uma noite de copos é de caixão à cova e eu conheci muitas noites dessas e vi o desastre, e lixo humano, que restava. Vi em Londres, até gajos borrados de merda a entrar em comboios, vi em Birmingham, vi em Manchester, vi em Leeds, vi em Newcastle, tenho várias, dispersas notas da falta de higiene dos ingleses por todo o lado. E o seu lado boçal é algo tão comum como a distinta “fleuma” que muitos garbosamente ostentam e me apraz registar. De resto, basta visitar ou passar por qualquer estação de comboios em Londres que nem uma papeleira existe e toda a gente é convidada a atirar tudo para o chão à falta de “bins” e de preocupação por não haver depósitos convenientes – simplesmente porque há depois um “funcionário” de cor negra mais ou menos clara para apanhar o lixo. Não é que tudo seja assim e eu gosto do UK, já estive em todas as capitais dos “países” e nem em todas é assim. Mas é muito assim, em geral. Não sei qual a surpresa quanto à constatação, quanto ao mérito literário, who cares?

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    • 22 Setembro, 2014 19:20

      Isso é algo que vem dos tempos do IRA.

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    • 22 Setembro, 2014 21:03

      Estive agora em Londres e todos dias passava por King’s Cross e visitava pessoa amiga em St Pancras. Conforme sabe passam por lá se não me engano seis linhas do tube e não vi nada disso. Esteve por lá recentemente?

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      • 22 Setembro, 2014 21:48

        Não anteontem, mas dezenas de vezes de há muitos anos para cá. Nem havia cestos antes nem depois dos atentados, como a idiota abaixo diz. Eu próprio tive de atirar papéis para o chão, o que nunca faço, por não ter alternativa. Quando puder tire umas selfies com os bins.

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      • 22 Setembro, 2014 22:10

        “Eu tive de atirar papéis para o chão”.

        As vozes mandaram-me matar o presidente.

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      • zazie permalink
        22 Setembro, 2014 23:42

        O porco nunca saiu do chiqueiro

        “:O))))))))

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    • 22 Setembro, 2014 21:22

      Palerma: os cestos dos papeis foram retirados por causa do atentado de 2005

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  7. A. R permalink
    22 Setembro, 2014 20:07

    Continuo à espera que o aparelho do PS peça desculpa pela bancarrota, a festa da educação, os 200 milhões gastos em magalhães, pela porcaria dos sistema citius que engendraram e pagaram sem bufar

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  8. PiErre permalink
    22 Setembro, 2014 20:39

    Mas este João Magueijo não é o tal que é mais rápido que a luz?

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  9. 22 Setembro, 2014 21:10

    Falta a muita gentinha a capacidade de perceber o que é uma caricatura, aceitar que uma piada de mau gosto é uma piada e que a comédia não avilta mas pode ser demolidora. Um lado apreciável da escrita deste Autor é conseguir evidenciar, por reacção, a tacanhez do espírito luso transportado pelas rezes e muares do costume. Obrigado ao VC pelo link para o MEC mas já atingi o limite de artigos gratuitos.
    Quem conheça ingleses saberá que, modo geral, não se arriscariam a dar importância a um luso-Autor não fora a pertinência da crítica (claro que em exagero, grotesca) a alguns dos traços que os unem e dos quais não gostam de ser recordados. Por outro lado veja-se a forma como os seus limites de decência se alteram significativamente quando recorrem à piadola sobre indianos (qualquer desses povos). Parabéns ao Autor por pôr os Bifes a olhar para eles próprios porque essas selfies involuntárias valem pela genuinidade.

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  10. zazie permalink
    22 Setembro, 2014 21:24

    O Magueijo quer dar nas vistas. Como na Ciência ninguém lhe deu crédito, agora escreve tretas para vender cá, como se fosse um grande cientista (porque humorista nunca será).

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    • André permalink
      23 Setembro, 2014 15:50

      “Como na Ciência ninguém lhe deu crédito” – pois não, só teve direito a um documentário no Discovery. Facto absolutamente banal.

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    • joao lopes permalink
      23 Setembro, 2014 16:42

      os ingleses não passam de uma cambada de bêbados,em particular os brancos(por isso mesmo andam sempre vermelhuscos).

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  11. Hawk permalink
    22 Setembro, 2014 22:49

    Quere-me parecer que isto tudo não passa de uma birra do Maguejo. Os bifes devem-lhe ter recusado qualquer pretensão e agora têm que o aturar. That’s life…

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    • zazie permalink
      22 Setembro, 2014 23:40

      Nenhum inglês leu aquela treta. O tipo nem traduziu, limitou-se a publicar cá, em português.

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      • Euro2cent permalink
        23 Setembro, 2014 21:47

        Os ingleses leram as recensões dos jornais (grauniad, etc.) e deram uma entre o indignado e o desportivo nos comentários.

        Bah, passámos séculos a ser comentados em inglês por qualquer palerma inglês que aqui passasse uns tempos, qual é o problema de um palerma português mandar uns bitaites sobre a terra onde vive na sua lingua nativa?

        Sem crise.

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      • 23 Setembro, 2014 23:15

        ehehehe

        Realmente.

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  12. Procópio permalink
    22 Setembro, 2014 23:40

    Não devemos estar assim tão preocupados com os comediantes, com a nova pide sim.
    O avental tanto pode cobrir as pernas peludas de um sabujo como as ancas gordas duma arquiteta. Fica de fora a pesquisa obsessiva de qualquer detalhe que possa tramar alguém, nem que seja desde o momento do nascimento, em lugares distantes como Silva Porto.
    E não é que não sai nada!

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  13. 23 Setembro, 2014 00:23

    De modo que o dito Autor, que tem publicações cientificas, que “hipotetiza” a VSL e que até vende títulos na Amazon é um exemplo de Português imprestável por oposição aos méritos de quem aqui vem zurzir-lhe sem pudor. Ele não tem valia, claro que não! Assim como se pode confundir o valor de uma proposição com a possibilidade de ser demonstrada por observação, se confundem os méritos de um Autor pelos pressupostos de desconhecimento da sua criação.

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  14. 23 Setembro, 2014 00:51

    O melhor livro que li até hoje sobre este assunto foi
    “Normas para um estrangeiro” de George Milkes publicado em Portugal pela Empresa Nacional de Publicidade 1958.
    “How to be na alien”.
    Começa assim:

    Vi aqui muito que odiar, muito que esquecer
    Mas num Mundo em que a Inglaterra esteja vencida e morta
    Não desejo viver”
    Alice Duer Niller – The White Cliffs

    Concordo.

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    • Euro2cent permalink
      23 Setembro, 2014 22:12

      > a Inglaterra esteja vencida e morta

      As más linguas dizem que isso já aconteceu.

      Trezentos anos de liberalismo dão cabo da nação mais resistente, e durante duzentos e cinquenta a coisa até não parecia correr mal de todo.

      Nós ainda só levamos duzentos, e olha como isto está …

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  15. Jorge Caiano permalink
    7 Outubro, 2014 12:32

    Mais uma pseudo vedeta que lamentavelmente teve a infeliz ideia de se referir em termos menos próprios a uma cultura que nem sequer respeitou e tão pouco entendeu. As suas frustrações são as suas frustrações e não deveriam ser expostas a público como o fez. Tenha bom senso e elegância, Sr. João. Se não tiver nada de interessante a referir remeta-se ao silêncio. Volte para a sua terrinha. Seria mais inteligente.

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