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São os défices e as dívidas, estúpidos!!! (VI)

16 Outubro, 2014
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Merkel deixa aviso: “Todos os países devem respeitar as regras do Tratado Orçamental”

Estamos a assistir a um sell-off nas bolsas europeias, que ameaçam “crashar”; o petróleo desliza de forma acelerada e coloca os países produtores, que já gastaram por conta, a fazerem contas aos défices colossais que se anunciam; as taxas de juro trepam na vertical, para já só na Grécia, muito em breve em Itália, França e… Portugal; novos downgrades não tardarão, seguidos do habitual clamor contra as agências de rating.

Tudo isto após taxas de juro perto de zero (por vezes negativas) e biliões injectados pelo FED e pelo BCE para “estimular” as economias, que se mantêm irritantemente “murchas”.

A Ângela anda há vários anos a pregar no deserto, clamando por uma maior proactividade com vista ao equilíbrio orçamental. Vamos ter de assistir a novas restrições de financiamento, desta vez a atingirem também grandes países, para que Hollande e Renzi se decidam a cortes efectivos na despesa e deixem de esperar cândidamente pela almofada do crescimento, cada vez mais uma ficção. A obesidade do estado social e uma população crescentemente envelhecida explicam-na. Costa será forçosamente um diligente discípulo do novo “rigor” que se anuncia.

Preparem-se pois para uma longa década de estagnação e para cortes a doer e definitivos no estado social. A bem do crescimento, do qual só beneficiarão os nossos netos. Os nossos filhos serão bem menos egoístas que as gerações anteriores, terão sempre presente a solidariedade inter-geracional.

18 comentários leave one →
  1. lucklucky's avatar
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    16 Outubro, 2014 17:01

    LR é optimista.

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  2. Luís M's avatar
    Luís M permalink
    16 Outubro, 2014 17:52

    Pois é… a realidade é uma coisa tramada. A contenção do deficit… O controlo orçamental…

    Mas se o preço a pagar para que as pessoas deixem de ir em conversa fiada e atrás de ilusões, for a vitória do dr. António Costa (que tem sempre uma solução para todos os problemas que não lhe compete a ele resolver, porque quando são problemas cuja solução é da sua competência, nesses casos a realidade volta a ser uma coisa tramada…), então que ganhe o PS as próximas eleições.

    De uma coisa eu tenho quase a certeza absoluta: se o PS ganhar as próximas eleições, o TC passará a fazer uma leitura menos ‘minuciosa’ da Constituição. O que será uma boa ajuda para, dentro da realidade, resolver alguns problemas que este governo não foi capaz de resolver.

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  3. JP Ribeiro's avatar
    JP Ribeiro permalink
    16 Outubro, 2014 18:16

    LR: Com cortes no estado social, você refere-se a cortes nas pensões, porque “pensões é despesa” e “quem recebe mais de 1.000 euros é faxista com certeza”. Ou “se se pode viver com o salario mínimo de 505€ pode-se viver com a pensão mínima de 505€”.

    Vem aí tempos interessantes.

    O povo é quem mais ordena, e os politicos estão cá para falar em nome dele.

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    • LR's avatar
      16 Outubro, 2014 19:39

      As prestações sociais englobam pensões (cerca de 24 bi) e 13 bi de outras prestações e subsídios. O corte terá de ser transversal.

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  4. Luis Rocha's avatar
    16 Outubro, 2014 19:13

    O LR tal como a Merkel andam em negação dos dados empiricos que validam tudo o que é bem sabido da macro economia…. Ver:
    http://krugman.blogs.nytimes.com/2014/10/12/german-weakness/
    http://krugman.blogs.nytimes.com/2014/10/14/nobody-understands-the-liquidity-trap-cliff-asness-edition

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  5. Zé's avatar
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    16 Outubro, 2014 19:38

    Má hora para ir para o governo.

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  6. vortex's avatar
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    16 Outubro, 2014 19:44

    os cães são o futuro do rectângulo.

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  7. Ricciardi's avatar
    Ricciardi permalink
    16 Outubro, 2014 20:10

    As pensões (dos regimes contributivos) NÃO são despesa do estado. Pelo que o estado não as pode cortar. A única excepção tem a ver com a esperança de vida. As pensão são adiantamentos por conta.
    .
    O estado só pode cortar pensões de reg. não contributivos e subsidios.
    .
    Rb

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    • Ricciardi's avatar
      Ricciardi permalink
      16 Outubro, 2014 20:12

      «As pensão são adiantamentos por conta»

      Queria dizer: As contribuições para a SS são adiantamentos por conta para pagamento de pensões. São, em suma, propriedade de quem efectuou descontos e deve ser encarado como um direito de propriedade.
      .
      Rb

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    • PiErre's avatar
      PiErre permalink
      16 Outubro, 2014 21:29

      “O estado só pode cortar pensões de reg. não contributivos e subsidios.”
      .
      Então e as eleições, os votos, o apoio do zé-povinho?

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    • LR's avatar
      17 Outubro, 2014 08:53

      Tretas. Isso seria assim num sistema de capitalização. Como tal não aconteceu e os descontos dos activos vão directamente para pagar as pensões dos reformados, as pensões são fixadas numa perspectiva mais política do que actuarial, não há ninguém que justifique as pensões que hoje recebe, tendo em conta as altas taxas de inflação passadas. Ou você acha que os 20 ou 30 escudos que descontou há 30 anos e que não foram capitalizados justificam a pensão que você recebe hoje? Estou a falar em tese, claro, não sei se você é activo ou reformado.

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      • Ricciardi's avatar
        Ricciardi permalink
        17 Outubro, 2014 09:30

        Pode não concordar, mas essas pensões são consideradas um direito de propriedade na Alemanha.
        .
        O sistema capitaliza os descontos. O problema é que os governos desviam essas massas (contribuições) sucessivamente para pagar subsiodios e pensões a quem nunca descontou.
        .
        O LR pode indignar-se e achar que o pessoal que nunca descontou tambem deve ter direito a um subsidio para sobrevivencia e dignidade; no entanto essas verbas não podem ser pagas ou assacadas exclusivamente a quem descontou. Se quiser fazer soliariedade então todos tipos de rendimentos devem contribuir e não apenas alguns, isto é, rendimentos de capitais, prediais, mais valias, trabalho, pensoes, jogo etc. Muito menos obrigar a quem fez adiantamentos por conta suporte exclusivamente a solidariedade.
        .
        Isto significa que quem desconta deve colher reforma actuarialmente justa. Quem não descontou deve colher reforma na justa medida das possibilidades do país como um todo.
        .
        Se se separem os dois regimes, a SS deixa de ter qualquer tipo de problema. Só ficaria com um: a esperança de vida. Seria a única variavel que podia fazer descer as pensões (ou subir).
        .
        Rb

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      • LR's avatar
        17 Outubro, 2014 12:10

        O sistema capitaliza os descontos? Tem a certeza? O fundo de estabilização financeira da Seg Social tem activos que dariam sensivelmente para 8 meses de pensões.
        De resto, faça uma simulação (começando em 74, por exemplo), considerando as taxas de inflação verificadas desde então e veja a que valores chegaria hoje com capitalização (mesmo que apenas à taxa de inflação) e sem capitalização. Por aí poderá aferir o buraco que é e será a Seg Social. Junte-lhe o aumento da esperança de vida e a regressão demográfica e verá a grandeza do barril de pólvora que irá estourar daqui a alguns anos.

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      • Ricciardi's avatar
        Ricciardi permalink
        17 Outubro, 2014 14:14

        LR,

        Não é necessário fazer grandes contas.

        Se vc guardar os descontos de 34% sobre o seu salário durante 40 anos, terá no minimo junto dinheiro para 13,6 anos. 40*34%=13,6.
        .
        Se vc deixa de trabalhar aos 65 anos e a esperança de vida for de 79 anos, vive durante 14 anos em média com o dinheiro poupando. Sem juros capitalizados.

        Se introduzir a capitalização de juros sobre juros durante 40 anos poderá viver esses 14 anos com 180% do salário médio obtido durante o periodo contributivo.
        .
        Se introduzir ainda um sistema que reduz a pensão em função do aumento da esperança de vida, o sistema é sempre superavitário. Bastante, aliás.
        .
        O que torna o sistema deficitário é usar o dinheiro que vc vai guardando e gasta-lo noutras coisas. Se o fizer chega à idade de reforma e não tem dinheiro.

        Ora, é isto que os sucessivos governos tem estado a fazer. Estão a usar o seu dinheiro para poder distribuir e fazer caridade com o objectivo de ganhar eleições.

        O que eu digo é que tem de se separar os regimes. Se os governos querem fazer caridade, então que a façam com o dinheiro de todos e não somente com o seu dinheiro enquanto contribuidor. Isto é, os governos, se quiserem fazer caridade, devem pedir a todos os rendimentos esse esforço: aos do trabalho, aos lucros, às mais valias, prediais, etc.
        .

        Rb

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      • LR's avatar
        17 Outubro, 2014 16:36

        Ricciardi, essas suas contas seriam óptimas se a inflação fosse 0% durante os 40 anos. Meta desde 74 os salários a evoluirem à taxa de inflação, some os descontos ao longo do período (sem capitalização pois, como você bem disse, eles foram usados na compra de votos) e compare o valor da hipotética pensão com o último salário (considerando, por exemplo, 15 anos de vida na situação de reforma). Lembre-se que desde 74 tivemos vários anos com inflação a 2 dígitos (em 82 ou 83 chegou a rondar os 30%). E noto-lhe ainda que os 33,75% de desconto total para a Seg Social não se destinam todos a financiar reformas. Uma parte (julgo que entre 15 e 20%) destina-se a cobrir riscos de desemprego.

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  8. PiErre's avatar
    PiErre permalink
    16 Outubro, 2014 21:26

    Uma longa década são para aí uns 100 anos e não apenas 10.

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  9. Basílio Pincel's avatar
    Basílio Pincel permalink
    16 Outubro, 2014 22:45

    O tempo é a CURA PARA TODOS OS MALES é como a natureza tudo vai ao sítio

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