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uma cena familiar

4 Outubro, 2015
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«Não foi uma situação invulgar. Serei um sujeito de sorte, mas nunca me aconteceu ser barrado à porta de um restaurante espanhol por causa da hora (não, não fui barrado por coisa nenhuma). Serei um sujeito azarado, mas em Portugal essa é uma situação recorrente e alheia às “relações de produção”. Há duas ou três semanas, assisti, enquanto almoçava em estabelecimento transmontano de certa fama, à felicidade da proprietária por poder negar a posta na brasa a um casal de turistas (espanhóis, nem de propósito) que sonhavam alimentar-se a umas escandalosas duas e meia da tarde. Já depois disso, aconteceu-me o mesmo no centro do Porto porque faltavam dez minutos para o encerramento e a cozinha, prévia e naturalmente, terminara funções. Por cá, o cliente jamais tem razão. Com frequência, também não tem refeição.

Não digo que seja regra. A verdade é que, por cá, um número excessivo de empresários deste e dos ramos que calha vê no freguês um adversário a derrotar no instante em que, com indisfarçado gozo, se lhe recusa o serviço. A razão? Arrisco sugerir que essa gente encara o carácter privado e volátil do seu negócio como um fardo. A instabilidade do mercado não é para eles, que anseiam por uma existência que possam controlar e prever. No fundo, sentem–se vocacionados para um cargo no Estado, que a desdita lhes negou.».

Do Alberto Gonçalves, brilhante, como sempre.

32 comentários leave one →
  1. manuel branco's avatar
    manuel branco permalink
    4 Outubro, 2015 11:43

    o que é que ele queria? para serviço vinte e quatro horas tem a telepizza, o mcdonalds e os restaurantes abertos até às tantas.

    nos países civilizados, entre gente civilizada, sabe-se que o horário de abertura é X e encerra a Y convindo fazer reserva. Mesmo no Porto – e então em Trás-os-Montes – devem ter recebido algumas regras de civilidade.

    Uma das desgraças desta terra é precisamente a de se ter abandalhado em certos hábitos – como o das horas das refeições, de encerramento das discotecas, de estacionamento dos carros e por aí.

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    • Carlos Dias's avatar
      Carlos Dias permalink
      4 Outubro, 2015 12:40

      Tem toda a razão.
      É por isso que a salvação da indústria da restauração é pagar menos impostos que os outros.

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      • Daniel Marques's avatar
        Daniel Marques permalink
        4 Outubro, 2015 18:31

        Nao. A salvacao da industria e’ manter toda a equipe de cozinha, empregados de mesa, etc a trabalhar para servir duas pessoas.

        Nao sei que Espanha conhece o Alberto mas na que eu conheco e impossivel comer fora dos horarios de abertura de cozinha

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      • fado alexandrino's avatar
        5 Outubro, 2015 00:37

        Para Daniel Marques.
        Alberto Gonçalves é brilhante, é quase a única pessoa que me leva a ler o DN na internet.
        Quase nunca erra, desta vez aconteceu.
        Quando se escreve com a barriga vazia pode acontecer.
        Aconteceu.

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  2. cfe's avatar
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    4 Outubro, 2015 16:57

    A decisão de não servir um cliente faz parte da gestão de negócios de qualquer empresa.

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  3. Júlio Freire de Andrade's avatar
    4 Outubro, 2015 17:26

    Nunca me aconteceu em Portugal não me servirem por ainda não ser hora ou já ter passado da hora. Em Espanha várias vezes tive de esperar cheio de fome que chegasse a hora espanhola de comer.

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  4. ax solo's avatar
    ax solo permalink
    4 Outubro, 2015 18:09

    Regra não é de certeza e também nunca me aconteceu em restaurantes portugueses. Já falta de respeito pelo cliente não é invulgar, a maior parte das vezes por empregados. Ou são empregados a termo que sabem que, independente da sua valia, terão um emprego temporário – ou o seu contrário, empregados efectivos que sabem que, independentemente da sua incompetência, nunca poderão ser despedidos! Para mim um dos pecados capitais da nossa economia é mesmo a lei do trabalho que, mesmo com a vinda da troika, quase não foi alterada.

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  5. Renato's avatar
    Renato permalink
    4 Outubro, 2015 18:09

    Primeiro, o Alberto Gonçalves tem pouca rodagem. Segundo, quando o Alberto abrir um restaurante, serve o almoço às duas, três ou quatro horas ou serve o jantar às três da manhã, quando der a fome noturna aos clientes. Entretanto, sujeita-se às horas que os donos (aqui, em Espanha, Inglaterra, Alemanha.. ) querem servir. A não ser que queira que o estado mande fiscais.
    Também há muito menino que se queixa por em certos paises (entre os quais a Inglaterra), não se poder beber um copo depois das dez da noite em muitas cidades. Como dizia o outro, não sejam piegas!

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  6. brinkle's avatar
    brinkle permalink
    4 Outubro, 2015 18:22

    Que post tão pouco informado. Na América do Norte (tanto nos EUA como no Canadá) as cozinhas dos melhores restaurantes também têm horas de fecho e, a menos que o restaurante esteja aberto 24 horas por dia, ninguém aparece às horas que lhe dá na gana a pedir para jantar ou almoçar.

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  7. brinkle's avatar
    brinkle permalink
    4 Outubro, 2015 18:29

    Para não falar do facto de um patrão (um bom patrão, pelo menos) ter de pensar no seu negócio mas também nos seus empregados. Como é que se concilia os horários de trabalho dos empregados com estes casos de clientes ocasionais que chegam a qualquer hora e esperam ser servidos? Os empregados não têm direito a ter uma vida mais ou menos planeada?

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  8. brinkle's avatar
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    4 Outubro, 2015 18:32

    Para além de que um patrão pode fazer contas e saber se vale a pena ou não pagar horas extras a empregados por causa de um ou dois clientes ocasionais.

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  9. NdaF's avatar
    NdaF permalink
    4 Outubro, 2015 20:25

    Deve ter mesmo sorte. A mim já me aconteceu montes de vezes, no estrangeiro, ter que me adaptar às horas e costumes locais. Em Espanha come-se tarde. Em França janta-se às 08H00. Na Escandinávia o jantar começa às 18H30. Só na EuroDisney é que se come a qualquer hora.

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  10. lucklucky's avatar
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    4 Outubro, 2015 20:58

    Leram o texto?

    “…à felicidade da proprietária por poder negar a posta na brasa a um casal de turistas…”

    Um atitude percebem? de Prepotência do Poder.
    Típica de burocrata sem respeito por quem está do outro lado e nada mal lhe fez.

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    • Renato's avatar
      Renato permalink
      4 Outubro, 2015 22:46

      lucklucky, o Alberto Gonçalves acha que é uma prepotência o dono de um restaurante negarem-lhe uma refeição às horas que ele quer? Ora, isso é uma atitude infantil da parte dele. O Alberto fala de gestão de restaurantes quando abrir pelo menos uma rulote de bifanas. O homem é sociólogo, uma daquelas profissões pós modernas, e nunca deve ter criado um emprego na vida (não sei se algum postador do Blasfemias também o fez, já agora), O coitado deve andar pela Europa a queixar-se que os donos dos restaurantes são prepotentes. Isso é mas é mimo.

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    • EMS's avatar
      EMS permalink
      5 Outubro, 2015 00:33

      Uns prepotentes pá! Esses gajos só por serem proprietários de uma casa de pasto acham-se no direito de impor a fome a um pobre turista sem relógio!

      Juntem-se a revolução camaradas Lucky, Rui e Alberto. Unidos venceremos!
      Temos que colectivizar os meios da restauração. As talheres para quem mastiga!

      De pé, ó vitimas da fome.
      De pé, famélicos da terra.
      Bem unidos façamos,
      Nesta luta final,
      Uma terra sem amos
      A Internacional

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    • zazie's avatar
      zazie permalink
      5 Outubro, 2015 00:45

      Mas tem dúvidas. Nem é preciso ir às berças. Até se assiste a isso em Lisboa, em pleno centro histórico, junto ao castelo. Adoram correr com clientes e são malcriados.

      Porque são coisas de casal que está farto de se aturar e aquilo também é apenas para pequeno sustento sem impostos.

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  11. Pedro's avatar
    Pedro permalink
    4 Outubro, 2015 22:54

    hahaha isto é dos textos mais caricatos que já li. Rui A. e você também se queixa de os donos dos restaurantes não lhe servirem as refeições à hora que quer? Mas vocês não viajam pela Europa fora? Os donos e gerentes dos restaurantes não são a casa das vossas tias, ó santinhos… 😉

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    • Euro2cent's avatar
      Euro2cent permalink
      5 Outubro, 2015 00:34

      > Os donos e gerentes dos restaurantes não são a casa das vossas tias, ó santinhos…

      Genial foi esta.

      Está tudo dito, pode fechar.

      (Pela boca morre o peixe que vai buscar lã e é tosquiado.)

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      • zazie's avatar
        zazie permalink
        5 Outubro, 2015 00:37

        Por acaso até acho que são mais como as casas deles. Não se trata de empresários mas de marido e mulher e filha a ajudar e a preta na cozinha. No máximo, porque em muitos casos a preta é a mulher.

        Ora a mulher faz manguito no restaurante, tal como faz ao marido quando chega fora de horas.

        “:OP

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      • zazie's avatar
        zazie permalink
        5 Outubro, 2015 00:39

        Qualquer pascácio abre restaurante e serve porcarias que mete dó. Há uns nos centros históricos como aposto que nem em África. Aquilo tem renda barata e serve para eles comerem e mais uns amigos e uns bêbados. Quem tiver o azar de julgar que é para o público, trama-se.

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      • Pedro's avatar
        Pedro permalink
        5 Outubro, 2015 09:23

        ?
        Zazie, o post trata das horas de funcionamento das cozinhas dos restaurantes, não da raça das cozinheiras. É o mesmo em praticamente todo o lado, seja a cozinheira africana ou dinamarquesa. Se der a larica ao menino Alberto depois de fechada a cozinha num restaurante em Copenhaga ou em Madrid, bate com o nariz na porta, a não ser que vá às linhas de montagem de hamburgueres.

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      • Daniel Marques's avatar
        Daniel Marques permalink
        5 Outubro, 2015 11:22

        Melhor criar uma alta autoridade para restaurantes e afins que analize a credibilidade, o curriculo e a capacidade dos abridores de restaurantes.

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      • Pedro's avatar
        Pedro permalink
        5 Outubro, 2015 12:21

        As pessoas inventam problemas que não lembram ao careca. Isto é um povo mimado. Eu aconselhava ao menino Alberto que fosse passar um ano a Reykjavík 😉

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  12. zazie's avatar
    zazie permalink
    5 Outubro, 2015 11:07

    Não sejas imbecil- arraçado és tu de politicamente correcto. As criadas de cozinha são pretas. Ponto. Isto é cena doméstica e tem tradição medieval com o letreiro do cão na panela. Quem não chegava a horas já não tinha rancho porque as sobras foram para o cão.

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    • Pedro's avatar
      Pedro permalink
      5 Outubro, 2015 12:31

      Qual “politicamente correto”? Você bate bem da bola? E continua com as pretas? Mas o que é que eu tenho a ver com as suas taras? Eu estava a falar dos horários de serviço de restaurante, criatura.

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      • zazie's avatar
        zazie permalink
        5 Outubro, 2015 12:56

        Panasca

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      • zazie's avatar
        zazie permalink
        5 Outubro, 2015 12:57

        ès um imbecil doutrinado que parla como um papagaio.

        Tarado és tu e preconceituoso. Pareces uma dondoca preocupada com as aparências.- preto é feio de dizer- deve dizer-se senhor de cor

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      • zazie's avatar
        zazie permalink
        5 Outubro, 2015 12:59

        ò imbecil- tu não estás a falar de nada porque nem vais a restaurantes e não conheces Portugal.

        Bastava viajar um pouco e sem ir a restaurante VIP para se saber que por cá é assim- tudo coisa familiar em que a patroa é que manda no marido e nos clientes.

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      • zazie's avatar
        zazie permalink
        5 Outubro, 2015 13:01

        ès um papagaio doutrinado nas aulas para a cidadania. Nem no Estado Novo havia gente de tal modo formatada dos cornos como há agora com esta ditadura do politicamente correcto.

        De que é que estes pascácios têm medo, sempre a branquearem as palavras e a semântica como no Admirável Mundo Novo?

        Têm medo da História. Querem apagar todos os sentidos, para inventarem um mundo asséptico e expiarem as culpas do homem branco

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  13. zazie's avatar
    zazie permalink
    5 Outubro, 2015 11:11

    É isto: o caldo entornado: http://i1.wp.com/photos1.blogger.com/blogger/5941/289/1600/caldo-entornado.jpg

    Fazia parte do imaginário medieval o cão a ir à panela quando dois brigavam. E era esta imagem que os estalajadeiro colocavam à porta a avisar quem chegasse fora de horas

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  14. brinkle's avatar
    brinkle permalink
    5 Outubro, 2015 20:17

    Abriram o portão do Conde Ferreira e saiu da lá a zazia LOL

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