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Terrorismo não leva adjectivos

16 Junho, 2016

O João Miguel Tavares, no seu artigo no Público, “Homofóbico e terrorista”, defende a tese (partilhada por diferentes pessoas, sejam de esquerda ou direita) de que não se deve escamotear o “homofóbico” do atentado terrorista ocorrido no bar de homossexuais em Orlando, Flórida. Há uma insistência de muitas pessoas no “combate à homofobia”, como se fosse possível ou sequer desejado combater o que as pessoas pensam. A homofobia, como qualquer outra fobia, é um sentimento interior. Trata-se de uma convicção formada através de um conjunto de ideias, ideias estas que, independentemente de fazerem ou não sentido, solidificaram na mente de um ser humano. Ninguém se lembra de combater a aracnofobia ou de combater a agorafobia com a excepção do psicólogo da pessoa que, por persistir num medo que condiciona a sua vida, procura ajuda para enfrentar o dia-a-dia.

Convenhamos que, para a sociedade como um todo – uma noção que, enfim, já roça uma certa boa vontade para que a aceitemos – é indiferente se o Zé das Couves é aracnofóbico, xenófobo ou, para o caso em questão, homofóbico. Durante dezenas de anos, a população portuguesa em geral viu com uma certa desconfiança (estou a ser simpático) a comunidade cigana sem que acções de sensibilização aparecessem. A única coisa que interessa para a tal de sociedade é se o Zé cometeu ou vai cometer um crime. Ora, para prevenir o crime do Zé, campanhas de sensibilização anti-homofobia são indiferentes: o Zé é um sociopata se está disposto a cometer um crime em virtude do seu medo ou aversão. Como prevenir que o Zé chegue a cometer o crime? Se o Zé tem filiações a organizações que defendem o extermínio de pessoas – imaginemos uma hipotética Organização Para a Aniquilação da Homossexualidade por Via de Armas de Fogo (OAHVAF) – pode-se extinguir a organização, assumindo que, mesmo na ausência de crime, se viola o princípio da livre associação de pessoas. Por outro lado, se o Zé não pertence a qualquer organização desse tipo, o crime só pode ser prevenido através de um processo inquisitório. Há suspeita que o Zé não gosta de homossexuais, faz-se um julgamento e mete-se o Zé na fogueira, por bruxaria convicção de que poderá cometer um crime. Neste caso, assume-se o delito de opinião. O combate a ideias, boas ou más, se não estão instanciadas em acções, só gera resultados através de thought police.

“Combater a homofobia” é, quer se queira, quer não, incentivar o delito de opinião. Já diz o povo, e bem, que “quem vê caras não vê corações”. As acções de sensibilização são engraçadas, dispõem bem, mas não servem para mais do que nos fazer sentir bem por sentirmos que fizemos alguma coisa. Um sociopata que entra num bar e mata gente não se compadece com um arco-íris e beijinhos entre pessoas do mesmo sexo, como é óbvio. Essa é, inclusivamente, a crítica mais certeira ao feminismo moderno: alguém acha mesmo que é possível sensibilizar um selvagem com disposição para violar uma mulher para que não o faça através de cartazes ou segmentos televisivos?

Associar o “homofóbico” ao atentado terrorista não acrescenta qualquer coisa, como não acrescentaria associar o 11 de Setembro a “terrorismo antropofóbico” ou “terrorismo arranha-céu-fóbico”. Aliás, chamar-lhe “terrorismo homofóbico” não serve para mais que originar uma falsa sensação de segurança a todos os heterossexuais, a grande maioria da população. Não, não estão seguros de um ataque terrorista, como já se viu vezes sem conta. Nem sequer muçulmanos estão livres de terrorismo, o grupo religioso mais atingido pelos terroristas do Daesh. Engalfinhar na lógica de compartimentação do terrorismo é, como pretendia a malta do Baader Meinhof ao associar terrorismo ao anti-capitalismo, justificá-lo sob a égide de uma convicção. Terrorismo é terrorismo, injustificável, inaceitável, ponto final.

Apesar disto tudo ser óbvio, há um único travão: aceitar a sua obviedade implica aceitar a necessidade de desigualdade – tratar por desigual o que é diferente. E é precisamente isso que a esquerda gramsciana não quer.

38 comentários leave one →
  1. 16 Junho, 2016 00:06

    O JMTavares também considera os hooligans do futebol que perturbam a vida de cidadãos e de cidades, que saqueiam, que andam à porrada, homofóbicos…?

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  2. 16 Junho, 2016 00:45

    com esse ” combate à homofobia” conseguem o objectivo contrário , às tantas são vistos com antipatia , por serem uns chatos. e ridículos. o arco iris é patético. e não sofro de homofobia. estou é farta dessa conversa. já enjoa.

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  3. Abre-latas permalink
    16 Junho, 2016 01:20

    A minha avó resumia tudo isto numa frase:
    “Os parvos nunca se hão-de acabar”.

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  4. Abre-latas permalink
    16 Junho, 2016 01:31

    E se o JMT tivesse esperado mais uns dias percebia que não são só os tontos das redes sociais “Quem defende, em primeiro lugar, que foram assassinados seres humanos – e não seres humanos homossexuais”.
    Hoje vi um sobrevivente do massacre dizer isso mesmo “o meu amigo [que morreu] era um ser humano antes de ser gay, isto podia ter acontecido com qualquer um de vocês ou das vossas famílias”. Ainda vão dizer que este ainda não saiu do armário!

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  5. 16 Junho, 2016 01:55

    Tudo o que escreve aqui aplica-se também a quem fale em “terrorismo islâmico”, imagino.

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    • 16 Junho, 2016 03:09

      Islâmico não é uma fobia. É uma má ideia. Como em “terrorismo comunista”.

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      • 16 Junho, 2016 11:56

        E?

        Todos ou quase todos os seus argumentos (não se pode combater o que as pessoas pensam, o que interessa é se vão cometer crimes, “o combate a ideias, boas ou más, se não estão instanciadas em acções, só gera resultados através de thought police”, etc.) aplica-se a qualquer ideia (homofobia, islamismo, comunismo, etc.), não apenas a “fobias” (aliás, nem estou certo que, apesar do nome, “homfobia”, “xenofobia”, etc, sejam “fobias”)

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      • 16 Junho, 2016 12:53

        E nada. Se o Miguel Madeira mudar o significado das palavras, tratando a x-fobia como não sendo fobia, eu posso dizer que a culpa é da batata que não significa a batata.

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    • 16 Junho, 2016 03:14

      Se o camarada pedir ao garçon num restaurante, vinho e ele lhe trouxer para beber apenas a parte do vinho que é apenas e só àgua. O camarada bebeu o vinho, ou bebeu apenas e só água ?

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  6. Arlindo da Costa permalink
    16 Junho, 2016 02:47

    Leva sim. É preciso distinguir terrorismo muçulmano de terrorismo financeiro!

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  7. Mauritano permalink
    16 Junho, 2016 08:27

    O meu pai tinha uma frase que para mim é absolutamente genial. Dizia ele, e eu aplico a quem não quer aceitar a “necessidade de desigualdades”, “gastar cera com ruim defunto”

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  8. Artista Português permalink
    16 Junho, 2016 08:50

    Será que há aqui um equívoco? Nas redes sociais só é assinalado que as vítimas eram homossexuais. Mas, segundo a imprensa, o assassino também o era. Ainda para mais era muçulmano… Nada disto parece interessar. apenas a orientação sexual das vítimas…

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    • 16 Junho, 2016 08:54

      Em Madrid houve um atentado comboiofóbico. Os gajos que rebentaram aquilo também usavam comboio. É preciso acabar com o ódio a comboios.

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    • Baptista da Silva permalink
      16 Junho, 2016 09:29

      Se o gajo era Gayzola, lixou-se, porque no céu de Maomé vai ter 72 virgens femininas.

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  9. PiErre permalink
    16 Junho, 2016 09:42

    “E é precisamente isso que a esquerda gramsciana não quer.”
    .
    Entonces, vamos al tiroteo.

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  10. Eduardo permalink
    16 Junho, 2016 10:26

    Seguindo o mesmo raciocínio e a mesma lógica é uma estupidez culpar ou condenar o cleptomaníaco, o violento, o assassino e por aí fora.
    Mais… será politicamente correcto atribuir.lhe o salário mínimo e se isso não for suficiente 2 ou 3 salários .
    Os assassinos, os ladrões, etc. ditos normais, esses não deverão ser privilegiados e esses sim é que vão para as masmorras.
    Parece que o acto é justificável … o mesmo não acontece para a adjectivação… é feio, incorrecto e condenável adjectivar o autor desses acto horrendos e, criminosos e monstruosos.
    Não se esqueça de tomar uma boa dose de medicamentos para o efeito

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    • 16 Junho, 2016 10:29

      Ladrão cleptomaníaco, carrasco violento e assassino qualquer-que-fosse-o-adjectivo-que-quisesse-usar-mas-que-por-medicamentação-terá-omitido-no-comentário-inteligentíssimo são conceitos muito bons.

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  11. manuel branco permalink
    16 Junho, 2016 10:59

    liberalismo à PNR

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  12. Rogério Martins permalink
    16 Junho, 2016 11:06

    O melhor texto do vítor. Parabéns

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  13. joão viegas permalink
    16 Junho, 2016 11:20

    As intenções não contam nada e a unica preocupação que devemos ter é prevenir a comissão de um crime na realidade, seja ele qual for, por ser um atentado à ordem social. Eis a tese. Portanto, se eu for nazi e apenas veicular a ideologia nazi em termos de debate de ideais tudo bem. E se depois vencer as eleições e fizer aprovar o sistema nazi por lei, proclamando que os judeus (etc.) não são propriamente homens e que podem ser mortos aos milhões, então por hipotese, ja não estou a cometer crime nenhum…

    E’ isso, não é ?

    Pena chegares um bocadito tarde para defender o Eichmann…

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    • 16 Junho, 2016 11:21

      Disse o estalinista, não percebendo que isso o faz parecer ainda mais asno.

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      • joão viegas permalink
        16 Junho, 2016 11:38

        Que eu seja estalinista ou não, eis o que devia ser indiferente à luz do teu post inteligente. E o artigo 132 e) do Codigo penal, que declara homicidio qualificado o homicidio “determinado por ódio racial, religiosos ou político” é também uma asneira ?

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      • 16 Junho, 2016 11:39

        É. E também QED, comunista dialético.

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      • joão viegas permalink
        16 Junho, 2016 11:53

        E’ indiferente ?!? Mas olha que quem decidiu isso foi precisamente “a sociedade”, apesar de tu defenderes no teu post que estas minudências lhe deviam ser indiferentes… Mas ja percebi, mais uma vez, a sociedade esta errada, e tu estas certo.

        Felizmente, a unica coisa que é perfeitamente indiferente para a sociedade, são as tuas baboseiras.

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      • Pita permalink
        16 Junho, 2016 16:51

        Claudio Magris: Ser laico é saber a diferença entre o Quinto Mandamento que manda não matar e o artigo do Código Penal que penaliza o homicídio.

        Esta não é para si, Vitor Cunha. Sabe bem para quem é…

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    • btt permalink
      17 Junho, 2016 02:14

      “E se depois vencer as eleições e fizer aprovar o sistema nazi por lei, proclamando que os judeus (etc.) não são propriamente homens e que podem ser mortos aos milhões, então por hipotese, ja não estou a cometer crime nenhum…”
      Está a cometer um crime. E se a coisa se der em sede constitucional, continua a estar a cometer um crime. O que ilustra com o seu exemplo são os limites do positivismo jurídico, ordinário e constitucional. A democracia e o estado de direito não são auto-referentes e devem sempre depender de valores que são exteriores ao ordenamento jurídico. Atente-se nas verdades auto-evidentes – que não precisam de constar de qualquer lei – e que nos diriam que comportamento como os que refere seriam sempre criminosos.
      Quanto às qualificações do 132º – cada vez mais numerosas! – são tão ridículas quanto as do artº 133º – que implicam a redução da pena para um máximo de 5 anos a quem matar outrém dominado por “emoção violenta” (sic).

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  14. Manuel permalink
    16 Junho, 2016 12:00

    Totalmente com o VC, coisa rara ultimamente. As lésbicas saíram a terreiro em tudo o mundo ocidental (deve ser a tarefa de hoje da agenda cultural ) para reforçar a tese do ataque homofóbico, estranho não terem vindo aqui deixar a sua impressão digital e insultar o autor.

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  15. Procópio permalink
    16 Junho, 2016 12:51

    As lésbicas não escapam ao isis, assim como a geringonça não deixará de ser julgada por terrorismo de estado. Os seus próximos passos o atestarão.
    Antes da geringonça esteve o maior atentado à nação portuguesa iniciado no século XX.
    A situação dos bancos, o seu estado de falência declarado ou não, nasceu da mão do ddt.
    O executor, o nº 1 foi bem escolhido, com ele a famiglia embarcou no bem bom.
    Os truques do nº 2 permitem-lhe prolongar a desdita.
    Contam com a bovinidade, com a colaboração de estrategas há muito colocados nos centros de decisão, independentemente dos governos, com a traição dos merdia, com os abutres de bilderberg e com a instabilidade geral numa UE sem rumo. Até ao dia D.

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  16. Procópio permalink
    16 Junho, 2016 14:38

    A DBRS, a “espada de Dâmocles” e a homofobia

    O director de economia do Commerzbank diz que as compras do BCE são “a única coisa a prevenir mais subidas das taxas de juro”. Mas alerta que estas “apenas continuarão [a incluir a dívida nacional] enquanto Portugal foi classificado com o estatuto de investimento por, pelo menos, uma agência de notação financeira”. Por isso, caracteriza, esta é a “espada de Dâmocles” que ainda paira sobre Portugal.

    É que a DBRS manteve o “rating” na revisão de Abril, pelo que não deverá haver qualquer redução nos próximos meses. Contudo, “se as actuais tendências negativas continuarem, a DBRS poderá rever o seu veredicto”. A acontecer, o BCE deixará de comprar dívida portuguesa e os efeitos serão muito negativos. “As taxas de juro das obrigações portuguesas vão subir de forma acentuada e, num cenário extremo, o país poderá mesmo perder o acesso aos mercados financeiros, como numa crise na dívida soberana”, vaticina o especialista do banco alemão. O Tesouro acumulou uma almofada financeira significativa, mas A DBRS e a “espada de Dâmocles”

    De olho na economia, surgem também alertas em relação ao “rating” da dívida portuguesa. “Uma economia estagnada, fracas perspectivas de crescimento no médio prazo e níveis de dívida pública que continuam elevados e a recuar apenas lentamente, se tanto: certamente há muitas razões para ter uma perspectiva céptica em relação às obrigações portuguesas”, atira Ralph Solveen.

    O director de economia do Commerzbank diz que as compras do BCE são “a única coisa a prevenir mais subidas das taxas de juro”. Mas alerta que estas “apenas continuarão [a incluir a dívida nacional] enquanto Portugal foi classificado com o estatuto de investimento por, pelo menos, uma agência de notação financeira”. Por isso, caracteriza, esta é a “espada de Dâmocles” que ainda paira sobre Portugal.

    É que a DBRS manteve o “rating” na revisão de Abril, pelo que não deverá haver qualquer redução nos próximos meses. Contudo, “se as actuais tendências negativas continuarem, a DBRS poderá rever o seu veredicto”, atira Ralph Solveen. E acrescenta que “mesmo uma tendência ‘negativa’ provavelmente colocaria as obrigações portuguesas sob uma enorme pressão”.

    A acontecer, o BCE deixará de comprar dívida portuguesa e os efeitos serão muito negativos. “As taxas de juro das obrigações portuguesas vão subir de forma acentuada e, num cenário extremo, o país poderá mesmo perder o acesso aos mercados financeiros, como numa crise na dívida soberana”, vaticina o especialista do banco alemão. Admite ainda que o Tesouro acumulou uma almofada financeira significativa, mas “o Governo apenas poderia sobreviver, no máximo, durante alguns meses”. Já para não falar das restrições que colocaria ao financiamento da banca junto do BCE.
    cotacao
    Caso as compras do BCE cheguem ao fim, as taxas de juro das obrigações portuguesas vão subir de forma acentuada e, num cenário extremo, o país poderá mesmo perder o acesso aos mercados financeiros, como numa crise na dívida soberana.
    RALPH SOLVEEN Director de Economia do Commerzbank
    A única solução para continuar nas compras de activos seria, por isso, Portugal pedir um novo resgate. Algo que, no entanto, “o Governo também quererá evitar a todo o custo”. “Primeiro, seria uma admissão de que as suas alterações à política voltaram a enterrar o país numa crise”, explica Ralph Solveen. Além disso, acrescenta, “os dois partidos de extrema-esquerda, que apoiam o Governo minoritário socialista, dificilmente apoiarão as novas medidas de austeridade e as reformas estruturais que seriam impingidas em qualquer programa de resgate”.

    Feitas as contas, qualquer pedido de ajuda semelhante seria negativo para o Governo, além de que espoletaria “novas eleições para as quais os três partidos partiriam de uma posição de desvantagem”. “É quase impossível prever o resultado desta batalha de nervos”, atira o especialista do Commerzbank. Contudo, conclui, “uma coisa é certa: as obrigações portuguesas ficariam sob uma enorme pressão”.
    . Já para não falar das restrições que colocaria ao financiamento da banca junto do BCE.
    Caso as compras do BCE cheguem ao fim, as taxas de juro das obrigações portuguesas vão subir de forma acentuada e, num cenário extremo, o país poderá mesmo perder o acesso aos mercados financeiros, como numa crise na dívida sober
    A única solução para continuar nas compras de activos seria, por isso, Portugal pedir um novo resgate. Algo que, no entanto, “o Governo também quererá evitar a todo o custo”. “Primeiro, seria uma admissão de que as suas alterações à política voltaram a enterrar o país numa crise, os dois partidos de extrema-esquerda, que apoiam o Governo minoritário socialista, dificilmente apoiarão as novas medidas de austeridade e as reformas estruturais que seriam impingidas em qualquer programa de resgate”.

    A enorme pressão dos homofóbicos.

    A DBRS e a “espada de Dâmocles”

    De olho na economia, surgem também alertas em relação ao “rating” da dívida portuguesa. “Uma economia estagnada, fracas perspectivas de crescimento no médio prazo e níveis de dívida pública que continuam elevados e a recuar apenas lentamente, se tanto: certamente há muitas razões para ter uma perspectiva céptica em relação às obrigações portuguesas”, atira Ralph Solveen.

    O director de economia do Commerzbank diz que as compras do BCE são “a única coisa a prevenir mais subidas das taxas de juro”. Mas alerta que estas “apenas continuarão [a incluir a dívida nacional] enquanto Portugal foi classificado com o estatuto de investimento por, pelo menos, uma agência de notação financeira”. Por isso, caracteriza, esta é a “espada de Dâmocles” que ainda paira sobre Portugal.

    É que a DBRS manteve o “rating” na revisão de Abril, pelo que não deverá haver qualquer redução nos próximos meses. Contudo, “se as actuais tendências negativas continuarem, a DBRS poderá rever o seu veredicto”, atira Ralph Solveen. E acrescenta que “mesmo uma tendência ‘negativa’ provavelmente colocaria as obrigações portuguesas sob uma enorme pressão”.

    A acontecer, o BCE deixará de comprar dívida portuguesa e os efeitos serão muito negativos. “As taxas de juro das obrigações portuguesas vão subir de forma acentuada e, num cenário extremo, o país poderá mesmo perder o acesso aos mercados financeiros, como numa crise na dívida soberana”, vaticina o especialista do banco alemão. Admite ainda que o Tesouro acumulou uma almofada financeira significativa, mas “o Governo apenas poderia sobreviver, no máximo, durante alguns meses”. Já para não falar das restrições que colocaria ao financiamento da banca junto do BCE.
    cotacao
    Caso as compras do BCE cheguem ao fim, as taxas de juro das obrigações portuguesas vão subir de forma acentuada e, num cenário extremo, o país poderá mesmo perder o acesso aos mercados financeiros, como numa crise na dívida sobera
    A única solução para continuar nas compras de activos seria, por isso, Portugal pedir um novo resgate. Algo que, no entanto, “o Governo também quererá evitar a todo o custo”. “Primeiro, seria uma admissão de que as suas alterações à política voltaram a enterrar o país numa crise”. Além disso, acrescenta, “os dois partidos de extrema-esquerda, que apoiam o Governo minoritário socialista, dificilmente apoiarão as novas medidas de austeridade e as reformas estruturais que seriam impingidas em qualquer programa de resgate”.

    ” O Governo apenas poderia sobreviver, no máximo, durante alguns meses”.
    A partir de agora 2017 é o limite. Não digam nada a ninguém.
    Estou a ficar homofóbico

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  17. Procópio permalink
    16 Junho, 2016 15:01

    “Hamed Sinno é de origem árabe, vive na América, é gay e cresceu numa família muçulmana. É também líder de uma banda de indie rock e, durante um concerto em Washington na segunda à noite, revelou a sua história para lamentar o ato terrorista. “Há muitos de nós (muçulmanos) que são queer e que se sentem revoltados com o ataque mas parece que não podemos sofrer com isso, simplesmente por fazermos parte de famílias muçulmanas… É isto que é ser chamado de terrorista paneleiro”.

    Estes gajos têm é que vir para cá. Terão milhares à sua espera e poderão disfrutar de apoio pulhítico, merdias merdosos e boas escapadelas no cais sodré.

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  18. JCA permalink
    16 Junho, 2016 15:45

    .
    Quando a Ditadura de 1928 ou a grande ‘fortaleza de aço’ sovietica cairam huma noite, entre tantos e tantos similares hitoricos, tudo projetado para o Hoje sugere:
    .
    a demolição da União Europeia e do Euro parece estar pendurada no ‘quem assume o odioso’, quem sacou o que pôde, lucrou, não está interessado em pagar prejuizos consequentes dos parceiros na mema viagem,
    .
    ‘encanam a perna à rã’ com tretas de austeridades-apocalipes-fins do mundo-calões etc para dar musica a ‘gulosos agentes’ e embabacados.Chamam-se realpolitic,
    .
    e bóra, empurrados por Bruxelas para os Brexits, a que seguirão o Frexit, o Nordicexits etc,,os ratos a abandonar o barco cofiados na bola cheia de ouro à pala dos tais otários emproados dos pelotões da frente, bons alunos etc e tal a troco duma meia duzia de merdas em casitas, palcos de gabarolice e caganças desfilando ‘poder’, ‘governança etc e tal,
    .
    .
    afinal qual é o plano B que agora propoem para Portugal para o caso da derrocada da União Europeia e do Euro ? Zero, além
    .
    .
    duma nova Ditadura que só ceguetas ou iludidos não percebem os andaimes que a Corte está a construir para a instantaneamente a instalar seguir no ‘mais do mesmo’ a tragicomedia hitórica que destinam a Portugal desde à seculos,
    .
    corte a bem ou a mal, chamem-se condes-baroes-escudeiros-cavaleiro-ou-outra-coisa qualquer mais atualmente, nunca largou a teta, Portugal e os Tuga que se prostituam;
    .
    só que desta vez a mama secou e leite artificial (brasis, africas e indias) já foi. Perfila-se a maior tragedia dos nossos mil anos de História se é que isso interesse já para alguma coisa, tanta a bandalheira milenar deste ‘sangres coloridos’, ‘salvações nacionais’, ‘todos unidos’ etc etc
    .
    Acima apenas um cenário romanceado. Junho, ai Junho …. quais Caixas, Bancos, Desempregos, Economias, Fiscos etc que são ‘meninos de coro’ do que se perfilar(i)a e tão bem escolhemos cá por dentro pqara nós.
    .
    Be happy. Live and let live (not leave).
    .

    .

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  19. Pita permalink
    16 Junho, 2016 16:58

    Aristóteles (384 aC–322 aC): A igualdade consiste em tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais.

    Vitor Cunha, felicito-o pelo texto.

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  20. 16 Junho, 2016 18:15

    Islamism is simpler. There are rules to obey, a jihad to fight against the civilisation you can’t comprehend, a heaven to go to when you martyr yourself and now a real fighting force ( ISIS) in the world which you can join to simplify and solve your existence: no history to complicate your self-awareness, no art to distract you, no ambivalence and choices that ‘Western’ civilisation offers you, no doubt about the fruits of martyrdom, no allegiance to the country in which you were brought up and which gave you a free education and perhaps welfare benefits. A gun, a half-understood prayer and the simplicity that a simple and singular upbringing craves.

    That is why they go. And volunteer for death, and die.

    By V.s. Naipaul For The Mail On Sunday , 22 March 2015

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  21. Buiça permalink
    16 Junho, 2016 21:19

    Se considerarmos que não era a primeira vez que o assassino frequentava o local ainda acabamos a tipificar a coisa como crime passional…

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  22. licas permalink
    16 Junho, 2016 22:28

    Quanto a mim, tal como a Democracia, Terrorismo não leva qualificativos.
    Vejam-se as da Venezuela Chávista (D. Participativa) e a
    Cubana . . . Aprecie-se e compare-se com as Democracias Populares
    ” inspiradas” na ex-URSS.

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  1. O problema é o de que uma fobia não é uma convicção | perspectivas

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